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Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 343 RAPP – Volume 12, 2004 INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA EM DOENÇAS PÓS-COLHEITA EM FRUTAS E HORTALIÇAS Sônia Maria Alves de Oliveira Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia, Área de Fitossanidade, 52171-900 Recife, PE Suzana Alencar Freire Dantas Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA, 50751-000 Recife, PE Luciana Melo Sartori Gurgel Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia, Área de Fitossanidade, 52171-900 Recife, PE RESUMO Do mesmo modo que em plantas, os produtos pós-colheita têm potencial capacidade de expressar mecanismos de defesa contra fitopatógenos, por meio de fenômeno da resistência sistêmica induzida (RSI), como resultado da aplicação de agentes químicos, físicos, antagonistas e isolados não patogênicos. Assim sendo, a RSI revela-se como tecnologia alternativa ao uso de fungicidas no controle de doenças pós-colheita, possibilitando a redução das perdas e disponibilizando ao mercado consumidor frutas e hortaliças de qualidade, sem a contaminação de microrganismos e resíduos de agrotóxicos. Nesta revisão são abordados aspectos relacionados a mecanismos de defesa ativados na RSI e com maior destaque, a elicitores bióticos e abióticos, sendo considerado a eficiência, formas de aplicação, bioquímica da interação e avaliação de perspectivas de uso no manejo de doenças pós-colheita. Além de questões de ordem técnica e biológica, a serem superadas, há necessidade de informação mais concisa sobre a natureza da RSI e possíveis riscos em termos de segurança alimentar. Esse conhecimento tornará possível melhor entendimento do fenômeno da RSI em pós-colheita, possibilitando o uso deste método alternativo no manejo de doenças pós-colheita de frutas e hortaliças. 344 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 SUMMARY INDUCED RESISTANCE IN POSTHARVEST DISEASES ON FRUIT AND VEGETABLES The same way on plants, the postharvests have a potencial capacity to express defense mechanisms against phytopathogens, through phenomenon of induced systemic resistance (ISR), as a result of chemical, physical, antagonists microorganisms and non pathogenics strains agents applications. Thus, the ISR turn out to be an alternative technology to use of fungicide on postharvest disease control, reducting losses and increasing availability of fruits and vegetables to consumen market, without microorganisms contamination and agrotoxics residue. Into this review it will be discussed aspects related to defense mechanisms actived on ISR, with enphases to the biotics and abiotics elicitors considering efficiency, kinds of application, biochemistry of the interation and evaluation of perspective of the use on postharvest disease manegement. Beyond of questions of technical and biological order to be over pass, there is necessity of more information about the nature of ISR and possible risks in terms of food security. This knowledge will became possible a better understanding of the ISR phenomenon in postharvest procedures, possibiliting the use of this alternative method on postharvest disease management of fruits and vegetables. INTRODUÇÃO A produção de frutas e hortaliças tem aumentado consideravelmente em todo o mundo, e apesar de amplamente produzidas, estima-se que perdas em pós-colheita possam atingir até 10% a nível mundial (FAO, 2004). Perdas qualitativas e quantitativas em produtos vegetais colhidos podem ter causas diversas, e variar de região para região, sendo ocasionadas por deteriorações fisiológicas, injúrias mecânicas, pragas e principalmente por doenças (Ventura & Costa, 2002; Benato, 2003). Práticas de manipulação utilizadas com o propósito de reduzir danos mecânicos e físicos, bem como o uso de instalações adequadas no armazenamento, pode reduzir as infecções pós-colheita, no entanto não asseguram uma proteção prolongada do produto (Forbes-Smith, 1999). A redução de doenças pós-colheita é um dos grandes desafios para minimizar as perdas, que até então, vem se utilizando principalmente fungicida, e em menor escala tratamentos físicos associados ao controle químico. Contudo, a exigência crescente por produtos vegetais de qualidade, Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 345 RAPP – Volume 12, 2004 livres de contaminação por microrganismos e resíduos químicos, o que restringe o uso de produtos fitossanitários em pós-colheita, vem incrementando o desenvolvimento de pesquisas que buscam métodos alternativos químicos, físicos e biológicos, para controlar as podridões pós- colheita (Benato, 2003). Dentre os métodos de controle que vem sendo estudado, considerável atenção tem sido dada a métodos que promovem a indução de resistência. Antagonistas, isolados não patogênicos, compostos sintéticos e naturais, tratamento térmico, radiação ultravioleta e atmosfera modificada, tem demonstrado resultados positivos como elicitores de resistência em frutas e hortaliças na pós-colheita (Wilson et al., 1994; Forbes-Smith, 1999; Benato, 2003; Terry & Joyce, 2004). INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA Frutas e hortaliças possuem vários mecanismos de defesa altamente coordenados que as protegem contra a invasão de microrganismos. O desenvolvimento dos mecanismos de resistência em produtos pós-colheita pode incluir respostas localizadas em torno do sítio de infecção ou sistemicamente distante destes sítios (Forbes-Smith, 1999). A resistência induzida foi inicialmente descrita em plantas com os trabalhos de Carbone & Arnaudi (1930), Chester (1933) e Gaumann (1946) apub Métraux (2001), sendo denominada resistência sistêmica adquirida (RSA), devido a translocação de uma molécula sinal da folha infectada para outras partes da planta. Mais recentemente, Pieterse & Van Loon (1999) descreveram a indução de resistência por bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCP) por meio de rota de indução independente do ácido salicílico. Em função disto, descreveram este fenômeno como resistência sistêmica induzida (RSI) para diferenciar da RSA. Métraux (2001) com base em trabalhos realizados com mutantes de Arabidopsis demonstra a complexidade e interligação entre as rotas de síntese de respostas de defesa e relata que a RSI e RSA foram consideradas como sinônimos durante o “First International Symposium on Induced Resistance to Plant Diseases”, realizado na Grécia em 2000. Nesta revisão a RSI será utilizada para indicar a resistência induzida em interações incompatíveis, compatíveis, elicitores bióticos e abióticos. Em produtos pós-colheita, a RSI tem sido ressaltada como tecnologia alternativa ao uso de fungicidas no controle de doenças e comprovada em respostas sistêmicas resultantes do tratamento com agentes biológicos, químicos e físicos. Em diversos trabalhos foi constatada a 346 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 expressão da RSI em produtos pós-colheita pelo tratamento com CO2, radiação ultravioleta, elicitores químicos e bióticos (Wilson et al., 1994; Forbes-Smith, 1999; Barkai-Golan, 2001, Terry & Joyce, 2004). Em plantas, a RSI envolve mecanismos de defesa relacionados a barreiras estruturais e, principalmente, síntese de compostos antimicrobianos. A lignificação é uma das mais importantes respostas ativas de defesa da planta. Induzida por agentes bióticos ou abióticos é provavelmente, uma característica de resistência que confere reforço a parede celular. A lignificação ocorre com a acumulaçãoda lignina e sua biossíntese se dá na via metabólica dos fenilpropanóides, envolvendo as enzimas fenilalanina amonia liase – FAL envolvida na etapa inicial, responsável pela conversão da fenilalanina em ácido cimânico, hidroxilases, O-metiltransferase, CoA-ligases, desidrogenases em etapas intermediárias e peroxidase, na etapa final (Heldt, 1997). A deposição sobre ou dentro da parede celular de outros compostos (suberina, glicoproteinas ricas em hidroxiprolina “extensinas”, lignanas, caloses, ceras, cutina, fenóis monoméricos e poliméricos) também contribuem para a formação da barreira (Punja, 2001). Além disso, muitos compostos precursores da lignina têm atividade antifúngica, desempenhando importante função de defesa na planta (Hammerschmidt et al., 1982; Nicholson & Hammerschmidt, 1992). No tocante a mecanismos bioquímicos, os principais compostos são PR-proteínas (proteínas relacionadas com a patogênese), fitoalexinas, peptídeos, inibidores de proteinases e lecitinas (Sticher et al., 1997; Punja, 2001; Atkinson et al., 2003). A síntese das PR-proteínas é ativada em tecidos de plantas por agentes bióticos ou abióticos, que participam ativamente da resistência induzida e acumulam-se principalmente entre as células, em locais de infeção e em sítios distantes (Sticher et al., 1997; Neuhaus, 1999). Algumas dessas proteínas incluem enzimas hidrolíticas como a -1,3-glucanase e quitinase, as quais são capazes de degradar paredes de fungos e bactérias. As produções dessas proteínas somadas a outras respostas de defesa da planta levam a um aumento da resistência contra diversos fitopatógenos (Moraes, 1998). Na RSI em pós-colheita, mecanismos estruturais e bioquímicos são evidenciados em muitos trabalhos envolvendo elicitores bióticos e abióticos. Em frutos cítricos, Porat et al. (2002) referem-se ao etileno, jasmonato, ácido -aminobutírico (BABA), células de Candida oleophila Montrocher, radiação ultravioleta (UV-C) e tratamento térmico como ativadores de vários mecanismos de defesa contra a podridão causada por Penicillium digitatum (Pers.Fr.)Sacc., destacando a síntese de fitoalexinas e acumulação induzida de quitinase e -1,3-glucanase. Em relação à UV-C, deve ser destacado que Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 347 RAPP – Volume 12, 2004 Mercier et al. (2000) evidenciaram, em cenoura, que a UV-C não teve efeito sistêmico, sendo a resistência a Botrytis cinerea Pers.:Fr. induzida apenas nos tecidos diretamente expostos à radiação e devida a produção de compostos antifúngicos (6-methoxymellein), considerando como uma fitoalexina. A redução de fitoalexinas, PR-proteínas e outros compostos antifúngicos tem sido detectada em frutos pós-colheita de abacate (Persea americana Mill.), manga (Mangifera indica L.), uva (Vitis spp.) e maçã (Malus domestica L.) expressando a RSI (Sarig et al., 1997; Yakoby et al., 2002; El Ghaouth et al., 2003). A caracterização de mecanismos estruturais de defesa induzida em produtos pós-colheita é relatada em alguns trabalhos. Em maçã, El Ghaouth et al. (1998; 2003) verificaram que a indução de resistência a B. cinerea com Candida saitoana Nakasa & Suzuki promoveu respostas estruturais de defesa nos tecidos de frutos. Da mesma forma, Wilson et al. (1994) relataram o efeito da quitosana na formação de barreiras estruturais em frutos de pimentão (Capsicum annum L.) contra patógenos causadores de podridões. ELICITORES BIÓTICOS E ABIÓTICOS Resistência induzida em frutas e hortaliças tem seguido o conceito geral da resistência empregada em plantas cultivadas que pode ser aumentada pela modulação dos mecanismos naturais de defesa. A ativação de respostas de defesa em pós-colheita tem sido demonstrada em várias interações patógeno-hospedeiro, pela aplicação de elicitores bióticos e abióticos (figura 1) (Wilson et al., 1994; Barkai-Golan, 2001). ELICITORES BIÓTICOS Microrganismos antagonistas como leveduras, bactérias e isolados não patogênicos de fungos (Hammerschmidt, 1984; Wilson & Chalutz, 1989; Wilson & El Ghaouth, 1993; Droby et al., 1996; Elad, 1996; Prusky, 1996; Benato, 2002) são capazes de induzir reações de defesa em frutas e hortaliças contra doenças em pós-colheita. A reação de defesa induzida no hospedeiro pode ser restrita ao local de estímulo ou ser expressa sistemicamente através dos tecidos (El Ghaouth et al., 2003). Atualmente alguns microrganismos antagonistas encontram-se disponíveis comercialmente com nomes técnicos de Aspire ® (Candida 348 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 ELICITORES BIÓTICOS ELICITORES ABIÓTICOS Figura 1. Agentes de indução de resistência em pós-colheita de frutas e hortaliças. (Adaptado de Wilson et al., 1994). Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 349 RAPP – Volume 12, 2004 oleophila), Agro-Mos que é um mananoligossacarídeo fosforilado derivado da parede da levedura Saccharomyces cerevisae 1026 (Hansen) e Messenger™ (Erwinia amylovora (Burrill)Winslow et al.) hrpN proteína harpin), e são considerados indutores de resistência a doenças pós-colheita (De Capdeville et al., 2002; Gardener & Fravel, 2002; Dantas, 2003; De Capdeville et al., 2003). A indução de resistência ativada por esses microrganismos depende da concentração do antagonista, época de aplicação, antes e/ou após o patógeno e em pré e/ou pós-colheita, assim como o estádio fenológico de maturação do fruto. A resistência em frutas e hortaliças está intrinsicamente relacionada com o estádio de maturidade e nível de senescência. Em geral, frutos amadurecidos e senescentes são mais suscetíveis as podridões pós-colheita. Isto está provavelmente associado com o declínio da habilidade dos tecidos dos frutos em produzir compostos e estrutura de defesa (Wilson et al., 1994; Terry et al., 2004). Leveduras Dentre esses organismos, os mais utilizados para tratamento de doenças pós-colheita são as leveduras antagonistas, onde estas fazem parte da micota epifítica das plantas e são ativas consumidoras de nutrientes, efetivas como colonizadoras de ferimentos e indutoras de resistência no hospedeiro (Wilson & Chalutz, 1989; Chalutz & Wilson, 1990; Lima et al., 1997; Ippolito & Nigro, 2000). Aplicação de C. saitoana em frutos de maçã contra B. cinerea reduziu a doença no local tratado e sistemicamente em tecidos distantes, porém foi maior próximo ao local do tratamento do que distante do mesmo, sugerindo que ocorreu uma ativação de um sinal produzido sistemicamente a partir da inoculação primária, o que induziu o acúmulo das enzimas hidrolíticas quitinase e -1,3-glucanase. A redução na podridão cinzenta somente ocorreu quando os frutos de maçã foram tratados com C. saitoana 48 e 72 h antes da inoculação de B. cinerea, com o máximo de acúmulo de -1,3- glucanase e quitinase 96 h após elicitação com a levedura. O acúmulo desses compostos foi decrescendo com o tempo de armazenamento, sendo superior nos frutos frescos. O decréscimo do acúmulo dessas enzimas pode ser devido à diminuição dos tecidos do fruto para responder as condições de estresse impostas pelo elicitor biótico, visto que a habilidade de sintetizar respostas de defesa declina com o amadurecimento do fruto, indicando que a infecção e amadurecimento estão correlacionados (El-Ghahout et al, 2003). Investigação anterior demonstrou que C. saitoana foi capaz de degradar a parede celular de hifas de B. cinerea através da ruptura da mesma, pela produção das enzimas hidrolíticas -1,3-glucanasee quitinase, bem como 350 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 estimular a reação de defesa estrutural com a formação de papilas nos tecidos de frutas de maçã, sendo estas restritas a área invadida pelo patógeno (El Ghaouth et al, 1998), o que denota a capacidade desta levedura induzir resistência sistêmica e indiretamente que as hidrolases antifúngicas estão envolvidas nesta indução. Em adição, C. saitoana aplicada em frutos de maçã distantes do ponto de inoculação (1 cm) de Penicillium expansum Link, apresentou um controle eficiente. A levedura não teve um crescimento hábil para atingir diretamente o patógeno, o que exclui qualquer possibilidade do efeito direto da levedura sobre o patógeno, sugerindo que a redução na severidade da doença foi devido à expressão de mecanismos de resistência sistêmica (De Capdeville et al., 2002). Da mesma forma, aplicação de C. oleophila, levedura base do produto Aspire ® , em tecidos de frutos de toranja (Citrus paradise MacFad.) induziu resistência a P. digitatum, mesmo distante do local de aplicação, sendo evidenciado resistência máxima no local próximo a elicitação. A indução de resistência somente ocorreu quando a aplicação da levedura antecedeu a inoculação do fitopatógeno, sendo mais eficiente em concentrações maiores e próximos do local de aplicação. A resposta da resistência aumentou a biossíntese de etileno, a atividade de FAL, os níveis de -1,3-glucanase, quitinase e o acúmulo de fitoalexinas, o que mostra evidências no aumento da produção de metabólitos secundários que são necessários para inibir a infecção do patógeno direta ou indiretamente (Droby et al., 1991; Droby et al., 2002). Aplicação de Aspire ® isoladamente e em combinação com quitosana ou Margosan-O (produto derivado de sementes de Azadirachta indica A. Juss), também reduziu a incidência, mas não a severidade do mofo verde em frutos de Citrus sinensis (L.)Osheck cv. „Valencia‟, concomitante com a expressão das enzimas -1,3-glucanase, quitinase e peroxidase (Fajardo et al., 1998). Em estudos posteriores, através da análise de hibridação, Porat et al. (2002) identificaram o gene gns1 responsável pela expressão da enzima -1,3-glucanase, demonstrando a capacidade de C. oleophila induzir a produção de -1,3-glucanase em frutos cítricos, sendo a expressão desse gene mais pronunciada dois dias após o tratamento. Tratamento de frutos com Aspire ® associado ao aditivo de alimentos como bicarbonato de sódio, aumenta a eficiência de C. oleophila no controle de podridões pós-colheita de frutos de maçã (B. cinerea e P. expansum) e pêssego (Prunus persica (L.) Batsch) (Monilinia fructicola (Wint)Honey) e Rhizopus stolonifer (Ehrenb. Ex Fr.)Lind). Antagonistas microbianos têm pouca habilidade para erradicar infecções pré-existentes, enquanto que tratamento com fungicidas, bicarbonato de sódio e tratamento Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 351 RAPP – Volume 12, 2004 térmico podem controlar infecções recentemente estabelecidas. Bicarbonato de sódio e tratamento térmico não oferece proteção para uma re-infecção no fruto, enquanto que a aplicação do antagonista microbiano conjuntamente ou após estes tratamentos protege a superfície do fruto de uma re-infecção. Pesquisas futuras são necessárias para identificar estas combinações (Droby et al., 2003). El Ghaouth et al. (2000 a,b) também mostraram que C. saitoana combinada com glioquitosana ou com o açúcar 2-deoxy-D-glucose aumentou a atividade protetora e curativa desta levedura para controlar doenças pós- colheita em frutos de maçã e citros (Citrus spp.). O controle das podridões pós-colheita por agentes biocontroladores torna-se mais eficiente quando são feitas aplicações em pré-colheita (Ippolito & Nigro, 2000). Dantas (2003) com aplicações pré e pós-colheita de Agro- Mos ® (S. cerevisiae 1026) em mamão (Carica papaya L.) verificou redução expressiva na incidência da antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides (Penz.)Sacc. Nesse estudo, os tratamentos pré-colheita favoreceram a redução da podridão por C. gloeosporioides devido à diminuição das infecções quiescentes (Prusky, 1996; Ippolito & Nigro, 2000). Níveis elevados da enzima hidrolítica -1,3-glucanase foram constatados nos frutos de mamão, concomitantemente à redução da doença (figura 2). A atividade de -1,3-glucanase nos tecidos dos frutos tratados decresceu com o tempo de aplicação, onde o nível máximo dessa enzima foi expresso nos tratamentos onde S. cerevisiae foi aplicado em pré e pós-colheita. A natureza sistêmica e persistente de enzimas de defesa em tecidos de plantas pode ser importante em retardar a ativação de infecções quiescentes que tipicamente ocorre quando a resistência dos tecidos declina (Wendehenne et al., 1998). O tratamento com Agro-Mos ® também induziu resposta de defesa estrutural, sendo detectado elevados níveis das enzimas FAL, peroxidase e deposição de lignina nas paredes das células epidérmicas nos frutos de mamão (figura 3) (Dantas, 2003). A FAL é responsável pela conversão da fenilalanina em ácido cinâmico sendo uma enzima chave na via de produção da lignina, e peroxidase está envolvida na polimerização dos álcoois cinâmicos para formação da lignina (Dixon et al., 1994), sugerindo o envolvimento de barreiras estruturais na indução conferida pelo Agro-Mos ® . A eficiência de antagonistas aplicados em pré-colheita também foi demonstrada por Lima et al. (1997), onde C. oleophila e Aureobasidium pullulans (De Bary)Arnaud foram mais eficientes contra B. cinerea e R. stolonifer em morango (Fragaria ananassa Duch.) quando aplicados em pré e pós-colheita, que embora tenham evidenciado a competição de nutrientes como um dos possíveis modo de ação desse organismo, relataram que a 352 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Controle P.AM-750 AM-750 AM-500 P.AM-500 pe rc en ta ge m d e fru to s do en te s (% ) 0 10 20 30 40 50 60 m gd e gl ic os e/ pr ot ei na /m im Figura 2. Relação entre a atividade de -1,3-glucanase e incidência da antracnose em frutos de mamão após a quarta aplicação com elicitor em pré-colheita e pós-colheita. AM = Agro-Mos ® . O número após cada sigla representa a dosagem utilizada em g.mL- 1 ou L.mL-1 e o P antes representa pré mais tratamento em pós- colheita. Fonte: Dantas (2003). Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 353 RAPP – Volume 12, 2004 Li Li Dt Ac Co A B C Figura 3. Micrografia ótica de amostras de frutos de mamão tratados com elicitores e inoculados com Colletotrichum gloeosporioides. A – Amostra com Agro-Mos ® (Saccharomyces cerevisae 1026), células epidérmicas com deposição de lignina (Li); B – Amostra de tecido tratado com Acibenzolar-S-metil, células epidérmicas com deposição de lignina (Li); C – Testemunha: (Ac) acérvulo, (Co) conídio e (Dt) desintegração do tecido. Barra=25m. Fonte: Dantas (2003). A B C 354 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 indução de resistência no hospedeiro pode estar envolvida na proteção às podridões pós-colheita de morango. Fungo semelhante à levedura, A. pullulans reduziu expressivamente as podridões em maçã causadas por B. cinerea e P. expansum, sendo essa redução atribuída a multicomponentesenvolvidos no modo de ação desse agente biocontrolador, inclusive indução de resistência (El Ghaouth et al., 1998). Ippolito et al. (2000) verificaram que A. pullulans controlou a podridão cinzenta e o mofo azul em maçã, mostrando habilidade de induzir a acumulação de quitinase, -1,3-glucanase e peroxidase nos frutos. Ocorreu um aumento transitório nas atividades enzimáticas, iniciando-se 24 h após o tratamento e alcançando níveis máximos 48 e 96 h após aplicação de A. pullulans. Isso sugere que a elicitação induziu as hidrolases de glucano e peroxidase, junto com a capacidade de A. pullulans competir por nutrientes e espaço, pode ser à base do biocontrole de A. pullulans. No entanto, é difícil determinar a magnitude da ativação de quitinase e -1,3-glucanase, liberada como resposta de defesa pelo fruto na proteção de doenças pós-colheita por leveduras e fungos semelhantes a leveduras, haja vista que esses microrganismos também são capazes de produzirem essas enzimas (Hahn & Albersheim, 1978; Wisniewski et al., 1991; Castoria et al., 1997; Ippolito et al., 2000). Outros trabalhos envolvendo leveduras e doenças pós-colheita são relatados na literatura, sem detalhar os fatores envolvidos na ativação dos mecanismos de indução, relacionando a indução de resistência apenas com a da presença dos metabólitos de defesa do hospedeiro. Tecidos de toranja, uva de mesa ou cenoura (Daucus carotae L) quando tratados com leveduras, mostraram a produção de etileno, molécula sinal que ativa a FAL e catalisa as reações da via shiquimato, levando à síntese dos fenilpropanóides, que são compostos antifúngicos (fenóis, fitoalexinas e ligninas), todos associados com a indução de resistência (Halbrock & Grisebach, 1979; Kuc, 1982). A levedura Pichia guilliermondi Wickerham, que é eficiente contra muitas podridões pós-colheita em maçã, pêssego e citros, induziu atividade de FAL e da fitoalexina scoparone em frutos cítricos, indicando indução de resposta de defesa nos frutos tratados (Wisniewski & Wilson, 1992). C. saitoana induziu a produção de quitinase e causou deposição de papilas nas paredes da célula do hospedeiro em frutos de maçã (Wilson et al., 1994). Bactérias Harpin, proteína produzida pelo gene hrpN da bactéria E. amylovora é o primeiro produto viável para elicitar resposta de hipersensibilidade em plantas, resistência induzida em fumo (Nicotiana Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 355 RAPP – Volume 12, 2004 tabacum L.), Arabidopsis sp. e em frutos de maçã, onde o nível de resistência exibido pelos frutos depende da concentração do produto e intervalo entre tratamentos e inoculação do patógeno (De Capdeville et al., 2003). Poucos estudos têm sido realizados com harpin para induzir resistência em produtos colhidos. Harpin induziu resistência em maçã contra P. expansum quando aplicado nos frutos frescos, na concentração de 80 g.mL-1 aplicado 96 h antes do patógeno, reduzindo significativamente o apodrecimento provocado por P. expansum (De Capdeville et al., 2002). Em adição, frutos de maçã com quatro meses de armazenamento e tratados nas concentrações de 0, 20, 40 e 80 mg.L -1 apresentaram redução na área abaixo da curva do progresso da doença (AAPCD), que dependeu das concentrações de harpin e do inóculo de P. expansum. Elevadas concentrações de harpin resultaram num maior controle, sendo o surgimento e desenvolvimento das lesões diretamente proporcional a concentração do inóculo. Estudos com E. amylovora e a expressão de genes de PR-proteínas sugerem que aplicação de harpin em pré- colheita aumentaria o transporte e acumulação ou síntese de fatores de resistência, levando a um aumento da resistência no fruto (De Capdeville et al., 2003). Isolados não patogênicos Estudos com frutos de abacate imaturos apresentaram resistência à antracnose (C. gloeosporioides), relacionada à presença de composto antifúngico diene no hospedeiro, indicando que a resistência à infecção pode ser modulada não apenas pelo declínio normal do composto antifúngico que ocorre durante o amadurecimento do fruto, mas também pelo aumento da síntese do mesmo (Barkai-Golan, 2001). Frutos tratados com um mutante não patogênico de Colletotrichum magna (Prusky et al., 1994) levou ao aumento dos níveis deste composto antifúngico diene, mostrando que esse isolado não patogênico foi capaz de ativar os mecanismos naturais de defesa do fruto de abacate, por induzir o prolongamento do período de quiescência do patógeno, inibindo assim a doença. Posteriormente, Yakoby et al. (2002) verificaram que mutante não patogênico de C. gloeosporioides em abacate, ativou os eventos de sinalização na produção de FAL e do antioxidante epicatechin que protege a redução do antifúngico diene pela inibição da lipoxigenase. Adicionalmente, o epicatechin também foi encontrado inibindo as enzimas, poligaracturonase e as pectinas liases, produzidas pelo patógeno (Wattad et al., 1994). Os mecanismos de ação atribuídos aos elicitores bióticos não se encontram bem elucidados, uma vez que os antagonistas podem utilizar mais de um mecanismo para promover o controle (Janisiewiez, 2004). A ativação 356 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 dos mecanismos de defesa na indução de resistência em frutas e hortaliças por antagonistas é possível e apresenta potencial na redução de doenças pós- colheita. ELICITORES ABIÓTICOS: QUÍMICOS E FÍSICOS Químicos Vários compostos sintéticos e naturais ativam a resistência sistêmica em frutas e hortaliças como o acibenzolar-S-metil (ASM) (Dantas, 2003), ácido -aminobutírico (BABA) (Porat et al., 2002), ácido jasmônico e metil jasmonato (Tripathi & Dubey, 2004) e quitosana (Reddy et al., 2000). Assim, ativadores químicos modificando a interação planta-patógeno assemelham-se a uma interação incompatível com os mecanismos relacionados à defesa induzida antes e após o desafio (Durrant & Dong, 2004). Relatos com ativadores químicos têm sido demonstrados em doenças pré-colheita (Joyce & Jonhson, 1999), contudo elicitores químicos aplicados em pré e/ou pós-colheita têm também mostrado aumentar ou manter a resistência natural do hospedeiro nos produtos colhidos (Terry & Joyce, 2004). Acibenzolar-S-metil Acibenzolar-S-metil (ASM), conhecido comercialmente como Bion ® ou Actigard TM é, provavelmente, o mais potente ativador sintético da RSI (Kessmann et al., 1994). ASM ativa a acumulação de alguns genes da RSI e das PR-proteínas (Terry & Joyce, 2004). Aplicação em pré-colheita com ASM nas dosagens de 0,25 – 2,00 mg de i.a. mL-1 retardou o desenvolvimento da infecção do mofo cinzento em frutos de morango armazenados a 5 ºC, aumentando o período de incubação de B. cinerea por dois dias, o que prolongou em 15 a 20 % a vida de armazenamento dos frutos (Terry & Joyce, 2000). Similarmente, a aplicação de ASM na dosagem de 50 mg de i.a. mL -1 antes do florescimento no meloeiro (Cucumis melo L.) ofereceu proteção completa a podridão de Fusarium quando os frutos foram armazenados por três meses a temperatura de 2 – 8 ºC seguido de dois dias em temperatura ambiente, sugerindo que a RSI foi expressa nos frutos. Portanto, ocorre forte possibilidade de que ASM ou um mensageiro secundário induziu mudanças nas células que vão originar os frutos, promovendo proteção em pós-colheita. Não ficou evidente o mecanismo de resistência envolvido na indução. No entanto, quando os frutos foram armazenados à temperatura ambiente por nove dias, o controle da podridão de Fusarium decresceu, apresentando Induçãode resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 357 RAPP – Volume 12, 2004 infecção em 45 % dos frutos de melão. Isso evidencia que o tempo de armazenamento e a temperatura influenciaram na resposta de defesa do fruto (Huang et al., 2000). A associação da expressão da resistência por ASM e hidrolases antifúngicas e defesas estruturais foi demonstrada por Dantas (2003), onde aplicações em pré e/ou pós-colheita nas dosagens de 50 e 100 g.mL-1 em mamão, resultaram em redução na incidência das podridões pós-colheita de C. gloeosporioides, Fusarium anthophilum (A. Braun) Wollenw. e Lasiodiplodia theobromae (Pat.) Griffon & Maulb, sendo mais expressiva para a antracnose (89 %). Adicionalmente, foi verificada uma maior atividade das enzimas -1,3-glucanase, peroxidade e FAL, e deposição de lignina nas paredes das células epidérmicas dos frutos (figura 3). Após a quarta aplicação de ASM, a redução das doenças decresceu, principalmente na dosagem mais elevada, sugerindo que isso ocorreu, provavelmente, devido a existir um custo energético para a planta ativar seus mecanismos de defesa (Heil, 2001). Ácido -aminobutírico O indutor ácido -aminobutírico (BABA) possui várias propriedades que o classificam como ativador de resistência em plantas, que inclui atividade pós-infecção, habilidade de induzir resistência via ácido salicílico, jasmonatos ou etileno, de potencializar acúmulo de PR-proteínas e induzir reação de hipersensibilidade (Cohen, 2002). Recentemente, trabalho com aplicação de BABA na concentração de 20 mM foi hábil em induzir resistência contra P. digitatum em toranja. O mofo verde é a causa de acentuadas perdas pós-colheita em frutos cítricos e somente é capaz de infectar o fruto através de ferimentos. O tratamento com BABA 24 h antes da inoculação do patógeno sobre toranja reduziu significativamente o desenvolvimento de P. digitatum nos ferimentos. Posteriormente, Porat et al. (2002) verificaram que o BABA elicitou a expressão do gene gns1, responsável pela produção de -1,3-glucanase, um a três dias após o tratamento, bem como induziu a atividade da FAL e acumulação de fitoalexinas. Jasmonatos Ácido jasmônico (AJ) e metil jasmonato (MJ), normalmente referidos como jasmonatos (J), ocorrem naturalmente como reguladores de crescimento em plantas e desempenham uma importante função como molécula sinal na resposta de defesa de plantas contra infecções por fitopatógenos (Tripathi & Dubey, 2004), sendo relatado o uso de jasmonatos no controle de doenças pós-colheita pela ativação de mecanismos de defesa 358 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 (Droby et al., 1999; Porat et al., 2002). A volatilidade de MJ permite a aplicação sem o uso da imersão dos frutos. Aliado a este fato, MJ apresenta aroma agradável e propriedades químicas que o torna hábil para prolongar sua permanência em ambientes de armazenamento ou câmara de fumigação. Enquanto que, o AJ é mais solúvel em água, sendo apropriado para uso em imersão dos frutos (Tripathi & Dubey, 2004). Aplicação de jasmonatos reduziu a podridão verde em toranja cv. „Marsh Seedless‟, após inoculação artificial ou natural de P. digitatum, pela acumulação de fitoalexinas, não sendo detectada atividade antifúngica direta sobre o patógeno (Droby et al., 1999). Em adição, AJ aplicado 24 h após inoculação de P. digitatum reduziu a podridão sobre toranja cv. „Marsh Seedless‟. O tratamento induziu a expressão do gene gns1 e uma ampla resposta de defesa, incluindo a indução da enzima chave da via dos fenilpropanóides (FAL), síntese de fitoalexinas e acumulação de PR-proteínas (Porat et al., 2002). Quitosana Quitosana é um composto natural, biodegradável, não tóxico, extraído da carapaça de crustáceos ou exoesqueleto de artrópodes e da parede celular de fungos pela fragmentação ou desacetilação da quitina (Forbes- Smith, 1999). Apresenta habilidade de formar películas que podem ser usadas como protetoras na superfície de frutas e hortaliças, regula a troca de gás e umidade, retarda o amadurecimento, mantêm os frutos e hortaliças mais firmes e induz resistência nos tecidos em pós-colheita, podendo atuar também como fungicida (El Ghaouth et al., 1992a; Benato, 2002). A quitosana como elicitor de resistência, pode induzir respostas de defesa estrutural e bioquímica no hospedeiro (El Ghaouth et al., 1992b), sendo bastante observado em pós-colheita de frutas e hortaliças (Wilson et al., 1994; El Ghaouth et al., 1997; Reddy et al., 2000; de Capdeville et al., 2002). Tratamento com quitosana em frutos de pimentão e morango estimulou barreiras estruturais de defesa, evidenciadas pelo engrossamento da parede celular do hospedeiro, formação de papilas e deposição de materiais fenólicos antifúngicos nos espaços intercelulares, proporcionando eficiente redução nas podridões causada por B. cinerea e R. stolonifer (El Ghaouth et al., 1992b). Em tecidos tratados de pimentão também foi observadas acumulação de quitinase, -1,3-glucanase e quitosanases, permanecendo com níveis elevados até 14 dias após elicitação. As atividades das enzimas hidrolíticas foram seguidas por uma redução substancial do conteúdo de quitina na parede celular das hifas de B. cinerea. A natureza sistêmica e persistente dessas enzimas nos tecidos elicitados pela quitosana, torna-se ativas quando a Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 359 RAPP – Volume 12, 2004 resistência dos tecidos declina com o amadurecimento (Wilson et al., 1994). Estudos posteriores mostraram também o efeito da quitosana na inibição da enzima poligalacturonase produzida por B. cinerea, prevenindo a maceração dos tecidos de pimentão e causando danos celulares na hifa do fungo (El Ghaouth et al., 1997). Tecidos de batata-doce (Ipomoea batatas (Lam.) L.), nabo (Brassica napus L.) e abóbora (Cucurbita pepo L.) tratados com quitosana na dosagem de 10 mg.mL -1 mostraram acumulação de lignina 8 e 12 h após a elicitação, continuando por mais 36 h, exceto em tecidos de abóbora que não responderam a elicitação com quitosana. A acumulação de lignina, pelo método de diferença de cor nos tecidos tratados, iniciou 4 h após a elicitação, sendo completada com 24 h, enquanto que pelo método do ácido tioglicólico a acumulação da lignina ocorreu entre 8 - 12 h, mostrando que vegetais respondem diferentemente ao tratamento com quitosana e também depende do método empregado para a determinação da lignina (Stange & McDonald, 1999). O efeito de aplicações de quitosana em pré-colheita na concentração de 6 g.L -1 reduziu significativamente a podridão cinzenta, mantendo a qualidade de frutos de morango durante quatro semanas armazenados a temperatura de 3 ºC, podendo ser atribuído a propriedade fungistática de quitosana, da habilidade para induzir enzimas envolvidas na resposta de defesa e acumulação de fitoalexinas ou a combinação desses fatores (Reddy et al., 2000). No entanto, El Ghaouth et al. (1992a) demonstraram que a ação fungistática foi mais evidente do que a habilidade de induzir enzimas hidrolíticas quando a quitosana foi aplicada como uma película protetora em morango cv. Chandler contra B. cinerea e R. stolonifer. Por outro lado, quando a quitosana foi utilizada contra o mofo azul em maçã, foi demonstrado que a indução de resistência do fruto foi maior do que meramente a inibição direta do patógeno (Tripathi & Dubey, 2004). A natureza sistêmica e persistente de quitosana poderá ser importante para retardar o surgimento de infecções quiescentes, as quais tornam-se ativas quando a resistênciado tecido diminui, pois muitas doenças pós-colheita surgem sob forma de infecções quiescentes (Wilson et al., 1994). Os efeitos de quitosana têm sido atribuídos a atividade antifúngica direta, efeito sobre atmosfera modificada e/ou indução de resposta de resistência em pós-colheita (Terry & Joyce, 2004). 360 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 FÍSICOS Ultravioleta Dosagens elevadas de radiação ultravioleta (UV-C), geralmente, provocam danos nos processos fisiológicos e no DNA dos tecidos de frutas e hortaliças (Stapelbon, 1992). No entanto, doses baixas ou sub-letais de UV-C (0,25 – 8,0 kJ m-2, no comprimento de onda entre 190 – 280 nm) (Terry & Joyce, 2004) podem induzir resistência em produtos pós-colheita (Droby et al., 1993; Mercier et al., 1993; Nigro et al., 1998; Stevens et al., 1996), pelo estimulo de várias processos biológicos como respiração, biossíntese de flavonoides e fitoalexinas, e proteínas relacionadas a patogênese (Mari & Guizzardi, 1998). Diversos fatores influenciam a eficiência do tratamento UV- C em vários produtos colhidos (Wilson et al., 1994). As doses de UV-C utilizadas na indução de resistência dependerão do tipo, cultivar, idade fisiológica do tecido a ser tratado e temperatura de armazenamento (Stevens et al., 1990; Lu et al., 1991; Mercier et al., 1993; Mari & Guizzardi, 1998). Vários trabalhos comprovaram a eficiência da aplicação de radiação UV-C ( 254 nm) induzindo resistência numa grande gama de produtos colhidos (Mercier et al., 1993; Sarig et al., 1997; Porat et al., 2002; Terry & Joyce, 2004). Outros pesquisadores (Chalutz et al., 1992; Droby et al., 1993; Wilson et al., 1994) demonstraram que tecidos de frutos cítricos com resistência induzida por UV-C a P. digitatum coincidiram com a indução da atividade das enzimas FAL e peroxidase, onde a FAL induz a síntese de compostos fenilpropanóides, resultando na acumulação de fitoalexinas (Heldt, 1997). Tubérculos de batata-doce previamente tratados com UV-C na dose de 3,6 kJ m -2 e armazenados por 30 dias e, em seguida inoculados com Fusarium solani (Sacc.)Mart. Emend. Snyd. & Hanse.), promoveu a produção de FAL, reduzindo o desenvolvimento da podridão de Fusarium sobre os tubérculos (Stevens et al., 1999). Sarig et al. (1997) verificaram que bagas de uva tratadas com radiação UV-C por 10 minutos na intensidade de 0,28 mW.cm -1 diminuiu a infecção causada por R. stolonifer, devido ao aumento da fitoalexina resveratrol. A acumulação da fitoalexina declinou com a maturação das bagas, coincidindo com o aumento da suscetibilidade. Brown et al. (2001) demonstraram que sementes de repolho (Brassica oleracea var. capitata L.) tratadas com doses baixas de UV-C (3,6 kJ m -2 ) mostraram resistência a podridão negra (Xanthomonas campestris pv. campestris (Pammel) Dowson), aumentando a qualidade e retardando a maturidade dos repolhos. A Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 361 RAPP – Volume 12, 2004 resposta da resistência induzida em repolho seguida da radiação UV-C diminuiu com o avanço da maturação. O aumento na resistência em cenoura contra B. cinerea foi devido ao acúmulo da fitoalexina 6-methoxymellein, expressa após uma semana de armazenamento em temperatura baixa (1 – 4 ºC), quando a concentração desta fitoalexina atingiu níveis inibitórios ao patógeno, permanecendo alto até 35 dias após o tratamento (Mercier et al., 1993). Em estudo posterior, Mercier et al. (2000) verificaram que ocorreu acumulação local da fitoalexina em cenouras tratadas com UV-C (0,88 kJ m -2 ) e quando os tecidos foram inoculados com B. cinerea seguido do tratamento com a radiação, a acumulação de 6-methoxymellein foi sistêmica e ocorreu maior acumulação da quitinase. Similarmente, quando frutos de toranja foram elicitados com UV-C (254 nm) e inoculados com P. digitatum, houve maior acumulação de quitinase e -1,3-glucanase, sugerindo que a resistência ao patógeno induzida por UV-C foi mediada pela acumulação dessas enzimas que hidrolizam a parede celular do fungo (Porat et al., 1999), sendo comprovada posteriormente a expressão do gene gns1 responsável pela produção da enzima -1,3-glucanase (Porat et al., 2002). Efeitos de doses baixas de UV-C (0,25-0,5 kJ m -2 ) sobre bagas de uvas (Vitis vinifera L. cv. „Italia‟) reduziu o desenvolvimento do mofo cinzento e não apresentou efeito negativo sobre a população microbiana epifítica, mostrando um aumento significativo na população de leveduras, bactérias e fungos semelhantes a leveduras (Nigro et al., 1998), os quais podem ser utilizados dentro do controle biológico natural de patógenos em pós-colheita (Barkai-Golan, 2001). Tratamento em combinação com radiação UV-C e quitosana, levedura antagonista e harpin em frutos de maçã na dosagem de 7,5 kJ m -2 , reduziu a podridão de P. expansum, o mesmo sendo observado quando utilizada a radiação UV-C isolada, onde UV-C mais quitosana gerou um efeito aditivo quando comparado com os outros tratamentos sozinhos (De Capdeville et al., 2002). No entanto, Stevens et al. (1997) verificaram que a aplicação de UV-C (1,26 mW cm -2 ) em combinação com Debaryomyces hansenii (Zopf.)Lodder & Kreger van Rij. reduziu as podridões pós-colheita em frutos de pêra, citros, tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) e tubérculos de batata-doce, em relação ao tratamento isolado com radiação UV-C. Tratamento térmico Nos últimos anos tem aumentado o interesse no uso do tratamento térmico para o controle das podridões pós-colheita (Adaskaveg et al., 2002), 362 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 podendo inibir diretamente o crescimento do patógeno e acelerar respostas de defesas naturais dos frutos e hortaliças (Fallik et al., 1995). Tratamento térmico pode induzir PR-proteína como quitinase e -1,3-glucanase, elicitar compostos antifúngicos ou inibir a síntese de enzimas hidrolíticas da parede celular (poligalacturonases) (Schirra et al., 2000). Em adição, o tratamento térmico pode inibir o amadurecimento do fruto, retardar a senescência dos tecidos e a degradação de compostos antifúngicos pré-formados presentes na fruta imatura (Prusky, 1996; Barkai-Golan, 2001). A resposta ao calor pelo patógeno pode ser influenciada pelo conteúdo da umidade do esporo, concentração e idade do inóculo (Sommer, 1982; Prusky, 1996). A formação de barreiras estruturais e substâncias antimicrobianas induzidas pelo tratamento térmico no controle de podridões pós-colheita tem sido estudada (Ben-Yehoshua et al., 1995; Bonnas et al., 1995; Lurie et al., 1997). Em frutos cítricos, o tratamento térmico conferiu aumento de resistência a P. digitatum, promovendo a biossíntese da fitoalexina scoparone nas células adjacentes a inoculação (Kim et al., 1991). Frutos de tomate que receberam tratamento térmico a 38ºC por três dias aumentaram a resistência a B. cinerea, pela ativação da produção da enzima peroxidase (Lurie et al., 1997). Tratamento com água quente a 62 ºC por 20 segundos foi eficiente contra a infecção produzida por P. digitatum em toranja, onde se observou que um a três dias após o tratamento ocorreu aumento na concentração das enzimas quitinase e -1,3-glucanase, concomitante a uma maior resistência dos frutos ao patógeno. Isso pode ser devido, em parte, pelo complexo mecanismo de resistência no fruto induzido pelo tratamento térmico (Pavoncello et al., 2001). No entanto, é necessário avaliar os custos dos benefícios do tratamento térmico no pré-armazenamento para podridões pós-colheita e ospossíveis efeitos indesejáveis sobre o produto colhido (Barkai-Golan & Phillips, 1991). O tratamento de frutos cítricos a 36 ºC por três dias foi eficiente para inibição de P. digitatum. Entretanto, ocasionou amolecimento indesejável ao fruto (Forbes-Smith, 1999). A sensibilidade de certos frutos e hortaliças ao aquecimento e a energia requerida pelo produto no tratamento térmico e subseqüente refrigeração, ainda não está bem esclarecida (Mari & Guizzardi, 1998; Adaskaveg et al., 2002). Atmosfera modificada O efeito da atmosfera modificada nas doenças pós-colheita pode ser direto e indireto, retardando o metabolismo, taxa de respiração, processos bioquímicos, mudança de coloração, desenvolvimento de podridões e, conseqüentemente, prolongando a vida pós-colheita das frutas e hortaliças Indução de resistência em doenças pos-colheita em frutas e hortaliças - 363 RAPP – Volume 12, 2004 (Adaskaveg et al., 2002; Waller, 2002) e pode ser conseguida pela utilização de películas protetoras como ceras, parafinas, lecitinas ou através da embalagem de frutas e hortaliças com materiais plásticos (Kluge, 2000). Atmosfera modificada no armazenamento de frutas e hortaliças pode induzir respostas de defesa e aumentar a resistência aos produtos em pós-colheita. Frutos de abacate embalados em sacos plásticos com atmosfera enriquecida de CO2, mostraram que esse tratamento retardou o amadurecimento dos frutos, a decomposição normal do composto antifúngico pré-formado diene e o desenvolvimento de C. gloeosporioides (Prusky et al., 1991). Em adição, Ardi et al. (1998) relataram que a exposição de frutos de abacate a CO2 resultou em concentrações elevadas do antioxidante epicatechin e do composto antifúngico diene nos tecidos. O decréscimo normal da atividade antifúngica nos tecidos do fruto durante o amadurecimento tem sido atribuído a atividade da lipoxigenase, que oxida o composto antifúngico tornando-o não ativo, onde a atividade dessa enzima é regulada pela presença natural do epicatechin durante o amadurecimento. A produção de uma atmosfera rica em CO2 pode levar ao aumento da atividade antifúngica no hospedeiro e, assim manter o estado de quiescência do fungo, reduzindo o desenvolvimento de podridões (Barkai-Golan, 2001). Atmosfera com alto teor de CO2 pode induzir níveis elevados do composto antifúngico resorcinol em manga, reduzindo a infecção provocada por Alternaria alternata (Fr.:Fr.) Keissl. por retardar o amadurecimento do fruto (Prusky et al., 1993). Em uvas de mesa expostas ao ozônio, ocorreu a produção de fitoalexinas, o que reduziu a podridão de R. stolonifer (Sarig et al., 1996). CONCLUSÕES A proposta para a supressão de doenças pós-colheita através da aplicação de indutores de resistência é uma área de estudo recente, que requer pesquisas mais elucidativas. Uma variedade de questões técnica e biológica deverá ser superada antes que se possa utilizar a resistência induzida por elicitores como uma linha prática para o controle de doenças pós-colheita. Para que esta tecnologia seja aplicada efetivamente, um entendimento fundamental da natureza da resistência induzida em frutas e hortaliças, bem como a segurança alimentar, deverão ser estabelecidas. Assim, num futuro próximo, elicitores de resistência bióticos e abióticos poderão consistir em mais uma importante ferramenta no manejo de doenças pós-colheita de frutas e hortaliças. 364 – Sônia Maria Alves de Oliveira et al. RAPP – Volume 12, 2004 LITERATURA CITADA ADASKAVEG, J.E.; FORSTER, H. & SOMMER, N.F. 2002. Principles of postharvest pathology and management of decays of edible horticultural crops. In: Kader, A. (Ed.). Postharvest technology of horticultural crops. 3 rd ed. Riverside: UC Regents, p.163-95. ARDI, R.; KOBILER, I.; JACOBY, B.; KEEN, N.T. & PRUSKY, D. 1998. Involvement of epicatechin biosynthesis in the activation of the mechanism of resistance of avocado fruits to Colletotrichum gloeosporioides. Physiol. Mol. Plant Pathol. 53:269-85. ATKINSON, H.J.; URWIN, P.E. & McPHERSON, M.J. 2003. Engineering plants for nematode resistance. Annu. Rev. Phytopathol. 41:615-39. BARKAI-GOLAN, R. 2001. Postharvest diseases of fruits and vegetables: development and control. 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