Buscar

DIREITO DAS OBRIGACOES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MODULO ZERO
 
Caro (a) aluno(a).
Seja bem-vindo(a) ao sistema EAD.
 
 
INTRODUÇÃO/OBJETIVOS
 
1. Nesta nossa disciplina trataremos de pagamento, modos indiretos de adimplemento obrigacional e das consequências do inadimplemento, com o objetivo de compreensão dos assuntos referidos, preparando para o domínio de doutrina, jurisprudência e legislação relacionados. É nossa expectativa que você aprenda bastante.
 
2. Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que se dedique ao menos quatro horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e realizando os exercícios de auto avaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o que estudar, semana a semana.
 
3. Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo os assuntos que deverão ser estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo, você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão será maior se você acompanhar, também, a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso ao longo dos estudos.
 
CONTEÚDOS/LEITURAS SUGERIDAS
 
	CONTEÚDOS DE ESTUDO
	BIBLIOGRAFIA BÁSICA
	BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
	VIDEOAULA
	Módulo 1
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 2
 
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 3
 
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 4
 
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 5
 
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 6
 
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 7
 
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
	Módulo 8
	VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Teoria geral das Obrigações e Teoria geral dos Contratos. São Paulo: Atlas.
	RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral das Obrigações. São Paulo: Saraiva.
	 
Nota: ver abaixo as referências bibliográficas, para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas
 
AVALIAÇÕES
Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações (NP1, NP2, SUB* e EXAME), cabendo a você tomar conhecimento do Calendário Escolar dessas avaliações divulgado no campus e do agendamento das datas das suas provas através deste sistema on line, dentro dos períodos especificados. Na data e horário agendados para a sua avaliação dirigir-se ao Laboratório de Informática ou outro setor designado pela Instituição para a realização da prova em sistema on line.
 
Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as avaliações é realizando os exercícios de auto avaliação, disponibilizados para você neste sistema de disciplinas on line. O que tem de ficar claro, entretanto, é que os exercícios que são requeridos em cada avaliação não são a mera repetição dos exercícios da auto avaliação.
 
Para sua orientação, informamos na tabela a seguir, os conteúdos e exercícios que serão requeridos em cada uma das avaliações às quais você estará sujeito:
 
Conteúdos a serem exigidos nas avaliações
 
 
	AVALIAÇÕES
	CONTEÚDOS
	EXERCÍCIOS
	NP1
	Módulo 1 ao módulo 4
	Exercícios on line respectivos
	NP2
	Módulo 5 ao módulo 8
	Exercícios on line respectivos
	Substitutiva**
	Todos os Módulos (1 ao 8)
	Todos os exercícios
	Exame
	Todos os Módulos (1 ao 8)
	Todos os exercícios
 * Apenas para a perda de umas das avaliações bimestrais.
** Idem
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
Básica – GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Vol. 2 – Teoria Geral das Obrigações. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil: teoria geral das obrigações. V.2. 25ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. V. II: Teoria Geral das Obrigações e Teoria dos Contratos. 14ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Complementar –
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. V.2: teoria geral das obrigações. 29ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
GOMES, Orlando. Obrigações. 17ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007.
MELO, Nehemias Domingos de. Lições de Direito Civil: Obrigações e Responsabilidade Civil. V.2. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. V. 4: direito das obrigações (1ª parte). 38ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. V.5: direito das obrigações (2ª parte). 40ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
NERY JUNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. V.2. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
 
DÚVIDAS 
Dúvidas deverão ser sanadas na Coordenação do Curso de Direito no horário de atendimento ao aluno.
Bons Estudos!
MÓDULO 1.
 
Do objeto de estudo.
Nesse semestre o estudo se concentra nos efeitos das relações obrigacionais.
Examinaremos os modos extintivos das obrigações e as consequências do inadimplemento das obrigações.
O credor (ou seus sucessores) pode exigir do devedor o cumprimento da prestação, ônus que se transmite aos herdeiros do devedor caso a prestação não seja personalíssima (obrigação de fazer infungível).
_____________//___________
Do pagamento.
As obrigações geram efeitos entre as partes. Vinculam aos seus efeitos legais apenas as partes e seus sucessores (que respondem apenas com a força da herança pelas obrigações do de cujus).
As obrigações personalíssimas, como as obrigações de fazer infungíveis, em que a pessoa do devedor não pode ser substituída por terceiro, por suas características peculiares, não se transmitem aos sucessores. Por exemplo, a obrigação de uma bailarina de dançar em certo espetáculo não se transmite aos seus herdeiros.
A promessa de fato de terceiro torna avalista o promitente, pois o terceiro só se vincula pela anuência e, se negá-la, o promitente arcará com as consequências do inadimplemento.
Prometer fato de terceiro não é ato ilícito, mas o promitente se compromete a alcançar a venia do terceiro – obrigação de fazer, sob pena de arcar com as perdas e danos.
Conceito:
O pagamento é espécie de adimplemento obrigacional pela via direta, em que a obrigação se extingue pela morte natural, com o cumprimento da prestação almejado pelas partes. É o desempenho voluntário da obrigação, que extingue a relação jurídica.
Do conceito se extrai que adimplemento obrigacional e pagamento não são sinônimos. Adimplemento obrigacional é gênero, do qual o pagamento é uma de suas espécies.
O adimplemento abrange todos os modos de extinção da obrigação, diretos e indiretos, como a remissão de dívida, a compensação, a dação em pagamento, a novação etc.
_________//_____________
Dos elementos do pagamento:
a) Vínculo obrigacional – capaz de justificar o pagamento, sob pena de ocorrer pagamento indevido, atounilateral que gera para o accipiens (aquele que recebe) a obrigação de restituir, já que a lei proíbe o enriquecimento ilícito.
b) Solvens – aquele que paga. Pode ser o próprio devedor, esta é a regra geral. Mas pode ser também o fiador, o sublocatário, um terceiro que tenha interesse moral no pagamento etc.
c) Accipiens – aquele que recebe. Normalmente é o próprio credor, mas veremos hipóteses em que o credor não pode receber, como no caso da incapacidade, ou ainda situações em que terceiro recebe e é válido o pagamento, como no caso do credor putativo.
________________//_________
Do solvens:
Quem deve pagar é o devedor.
Há, no entanto, o pagamento por terceiro, nas seguintes circunstâncias:
1. Terceiro interessado – é o terceiro que pode ser juridicamente responsabilizado pelo pagamento, e por isso tem interesse na extinção do vínculo obrigacional pelo adimplemento.
Trata-se do fiador, do sublocatário, do avalista, cuja obrigação em pagar não é meramente natural, mas civil.
Os efeitos da mora podem alcançar essas pessoas, de modo que elas têm interesse em pagar e o direito de alcançar a quitação. A recusa do credor ensejaria a consignação em pagamento.
O pagamento por terceiro interessado leva à sub-rogação do solvens (o terceiro, que pagou) em todos os direitos do credor. Trata-se de hipótese de sub-rogação legal, em que o terceiro no lugar de mero direito de reembolso passa a ocupar o lugar do credor originário, para cobrar do devedor o que desembolsou com todos os acessórios que privilegiavam o credor originário, como a garantia, a cláusula penal, os juros etc.
2. Terceiro não interessado – é a pessoa que, embora não possa ser responsabilizada em juízo pela prestação, tem interesse moral em solvê-la.
Nesse caso, o terceiro não tem interesse jurídico, daí ser um “não interessado”. É o pai, o noivo, a amiga, a tia, pessoa que nunca poderá ser processada para cumprir a prestação assumida pelo devedor, mas que tem interesse sentimental em livrá-lo do ônus o inadimplemento.
Há interesse das partes e da sociedade em que o pagamento seja efetuado. O inadimplemento resulta em ônus para o devedor e causa insegurança à sociedade, sobrecarregando ainda o Judiciário, com mais uma demanda.
O terceiro não interessado que paga em nome do devedor não tem direito de reembolso. Nesse caso houve o animus donandi.
Caso pague em nome próprio, pode cobrar do devedor (sem direito a sub-rogação, pois a obrigação anterior se extingue por completo, com todos os seus acessórios) o valor que desembolsou. O fundamento está no art. 305, CC. Se pagar antes de vencida a dívida, o terceiro não interessado só terá direito ao reembolso no vencimento, consoante parágrafo único do art. 305, CC.
O reembolso neste caso será pelo menor valor – se pagou menos e o credor aceitou, recebe o valor pago. Se pagou mais que o valor originário da dívida, receberá somente o valor da dívida, que foi equivalente ao benefício efetivo do devedor principal.
Obs.: é possível que o devedor se oponha ao pagamento a ser efetuado pelo terceiro não interessado. Se o fizer por mero capricho, sem justo motivo para a oposição, a relação jurídica se extingue pelo pagamento e o terceiro não interessado tem direito ao reembolso, caso pague em nome próprio, como já exposto (supra).
Caso a oposição tenha justo motivo, como no caso de uma compensação parcial, ou de uma remissão, só deverá o devedor reembolsar o terceiro da parte que tenha aproveitado, se houver.
___________________//________________
Do pagamento efetuado pela dação em pagamento:
Art. 307, CC.
A dação em pagamento será examinada como modo de adimplemento obrigacional pela via indireta. Trata-se de espécie de novação em que o credor anui receber no lugar da prestação originariamente avençada coisa móvel ou imóvel de propriedade do devedor.
A dação em pagamento depende da anuência do credor porque este não está obrigado a receber coisa diferente daquela que foi pactuada, ainda que seja mais valiosa.
A coisa dada em pagamento deve ser suscetível de alienação, não pode ser coisa fora do comércio. E deve ser coisa de propriedade do devedor.
A exceção se dá quando o pagamento for feito através da dação com coisa de terceiro, mas fungível, consumível e entregue ao credor de boa-fé que, por erro escusável a recebe e consome. Aqui o pagamento é válido, ainda que o solvens (sem capacidade ou sem legitimação para dar em pagamento tal objeto) tenha que responder perante o prejudicado (proprietário cuja coisa foi dada em pagamento).
____________________//_________________
Do accipiens:
Art. 308 e s., CC.
A regra geral é a de que o credor é o accipiens, quem deve receber o pagamento.
O credor, seu representante (legal ou convencional) ou seu sucessor deve ser o accipiens, sob pena de ter pago mal e ter de pagar de novo o devedor.
São credores legais o pai, o tutor, o curador, o síndico da massa falida, o inventariante em relação ao espólio.
São credores convencionais os mandatários, que por contrato receberam poderes do credor, podendo ou não portar a procuração, instrumento do mandato[1].
É representante convencional ainda o adjectus solutionis causa, ou adjectus solutionis gratia, pessoa designada para receber o pagamento, em seu próprio benefício – o poder desse representante não é revogável, como o do mandatário, e nem se extingue em função da morte do mandante, porque se trata de uma estipulação em favor de terceiro, quando o beneficiado é como um cessionário do crédito e tem o direito de receber em lugar do credor.
Também há o caso do mandato presumido por lei, quando o portador da quitação é presumivelmente (presunção relativa) o mandatário do credor, que se apresenta para receber a dívida. O devedor precisa neste caso ser diligente, pois a presunção é relativa e, se ficar provado que o erro foi grosseiro, pode ter que pagar duas vezes (pagar outra vez, ao verdadeiro credor).
Das exceções:
1. Pagamento ao credor e não válido:
1.1. Se o credor é incapaz o pagamento deve ser feito a seu representante, ou em juízo. O pagamento ao incapaz não vale, obrigando o devedor a novo pagamento, salvo se provar que o pagamento se reverteu em proveito do incapaz ou se provar erro escusável - o solvens não podia desconfiar da incapacidade.
1.2. Se o credor está intimado de penhora sobre o crédito e o devedor tem ciência da penhora, o pagamento é ineficaz se realizado diretamente ao credor. Para preservar os direitos dos credores do credor. Aqui o devedor precisa depositar a prestação em juízo.
2. Pagamento a terceiro que não o credor ou seu representante e válido:
2.1. Se o credor ratificar o pagamento.
O terceiro que recebe no lugar do credor atua como um gestor de negócio, em que a ratificação retroage à data do pagamento, como se tivera havido verdadeiramente um contrato de mandato. A diferença é que a gestão de negócio não é contrato, é manifestação unilateral da vontade, com apenas um centro de interesse, em que o gestor age por conta própria, mas produzindo todos os efeitos do ato (o pagamento extingue o vínculo obrigacional).
2.2. Quando o credor tira proveito do pagamento.
2.3. Pagamento ao credor putativo.
O credor putativo é aquele que aos olhos de todos passa como verdadeiro credor. É preciso que o devedor pague de boa-fé e que o erro seja escusável, pois se o solvens erra grosseiramente, deverá pagar de novo, agora ao verdadeiro credor. Por exemplo: quando o pagamento é feito à viúva do credor e o devedor não sabe que há filhos do credor; ou quando se paga a herdeiro que depois é excluído por indignidade por fato desconhecido do solvens à época do pagamento.
Ao verdadeiro credor resta apenas o direito de reclamar do credor putativo a devolução do que este recebeu.
_____________//________________
 
 
[1] A procuração não é obrigatória porque o contrato de mandato é não solene, a sua forma não está prescrita em lei. A procuração é obrigatória quando o ato a ser praticado pelo mandatário é solene.
MÓDULO 2.
 
Do objeto do pagamento.
Na obrigaçãode dar coisa certa o credor não está obrigado a receber coisa diversa daquela que foi pactuada, ainda que seja mais valiosa (art. 313, CC).
O credor não está obrigado a receber em partes o que se convencionou receber por inteiro (art. 314, CC).
Nas obrigações alternativas ou de dar coisa incerta tem certo privilégio o devedor, que por lei (salvo disposição das partes em sentido contrário) tem a prerrogativa da escolha.
O juiz pode corrigir desproporcionalidade entre as prestações, ou resolver o contrato por onerosidade excessiva, o que será tratado na teoria geral dos contratos.
O pagamento em pecúnia deve ser feito em moeda nacional, que tem poder liberatório absoluto, como fator da soberania nacional. A moeda estrangeira é aceita apenas como índice de correção monetária.
Obs.: Na indenização por ato ilícito ou na restituição de coisas havidas por ato ilícito a prestação pode ser de devolver moeda estrangeira, ouro ou prata.
____________________//________________
Da prova do pagamento:
Da quitação.
A quitação é apenas uma das provas do pagamento. É solene, escrita, e dela constam: valor recebido, a título de que, data, local e quem pagou, constando ainda a assinatura do accipiens(art. 320, CC).
A quitação libera o devedor até o valor reconhecido no escrito.
Hoje é tão comum quanto a quitação o comprovante de depósito feito pela internet, ou o documento ou recibo bancário que comprova o pagamento.
Obter a quitação é direito do solvens. Diante da recusa, o solvens tem duas alternativas: reter o pagamento ou proceder a consignação em pagamento.
Caso retenha o pagamento, não estará em mora, pois neste caso há mora accipiendi, sem culpa do devedor.
A consignação é o melhor caminho, por demonstrar a boa-fé do devedor e isentá-lo da prova da mora creditoris, ao ser cobrado da prestação com juros de mora ou multa.
________________//____________
Da presunção de pagamento.
Em três situações a lei presume o pagamento ainda que não exista a quitação ou documento equivalente.
São casos de presunção juris tantum, relativa, que admitem prova em sentido contrário, mas que favorecem o devedor (a presunção é meio de prova), onerando o credor, que deverá, se ainda quiser receber, elidir a presunção produzindo prova em sentido contrário.
1. Da devolução do titulo. Art. 324, CC.
O título que constitui a prova da existência da obrigação leva à presunção de pagamento ou de perdão da dívida quando devolvido ao devedor.
Pode ser que tenha sido devolvido por confiança, ou que tenha sido obtido de forma ilícita. O credor tem o prazo de 60 (sessenta) dias para provar que não houve o pagamento, embora o devedor esteja na posse do título.
O prazo é decadencial e se inicia quando o credor toma ciência de que o devedor está na sua posse, quando o alcançou por ato ilícito; ou quando o credor sabe que o devedor age de má-fé, quando o restituiu por relação de confiança (o credor devolveu o título porque confiava no pagamento, muitas vezes por se tratar de amigo, ou irmão, e tem ciência de que o devedor passa a se valer da posse do título para alegar presunção de pagamento).
2. No pagamento por quotas periódicas, a quitação da última estabelece a presunção de que estão pagas as anteriores (art. 322, CC).
Isso porque o credor diante de várias prestações em aberto imputará o pagamento à prestação vencida anteriormente.
3. A quitação do capital sem reserva de juros leva à presunção de que os juros já foram pagos (art. 323, CC).
Caso tenha para receber o capital e mais os juros, não dará o credor quitação do principal, se houver juros em aberto. É certo que primeiro imputará o valor recebido aos juros, que não rendem frutos, pois já consistem no fruto do capital.
_______________//______________
Das despesas com a quitação: art. 325, CC.
A lei é supletiva – cabe ao devedor arcar com as despesas, incluídas as contas com contador, medida, pesagem etc.
Os acréscimos nas despesas correm por conta do credor, quando este se encontra em local distante ou dificulta a entrega pleiteando que seja feita em lugar diverso. O mesmo ocorre quando o pagamento é realizado a herdeiros, em local diverso do pactuado na relação obrigacional originária.
_________________//________________
Do lugar do pagamento.
O art. 327 do CC é regra supletiva – diante do silêncio das partes, supre a falta de manifestação da vontade estabelecendo que o pagamento será efetuado no foro de domicílio do devedor.
Podem as partes, no entanto, ou a natureza da obrigação, a lei ou as circunstâncias, modificarem o local do pagamento.
É muito comum o pagamento efetuado via internet, ou por depósito bancário.
Quando consiste em entrega de material de construção, por exemplo, não será feita, certamente, no foro do domicílio do devedor, mas no lugar da obra, por exemplo.
· Art. 328, CC - Prestações relacionadas a direito real sobre imóvel, como a tradição, o registro da hipoteca, são cumpridas obrigatoriamente no foro de situação do bem, para conferir ao ato a devida publicidade, que é de interesse público.
Chama-se dívida querable aquela em que o credor vai ao domicílio do devedor para buscar o objeto da prestação.
Dívida portable é aquela em que o devedor leva ao domicílio do credor o objeto da prestação.
· Uma dívida pode ter o seu lugar de pagamento modificado pelo comportamento das partes, de modo portanto tácito, não expresso. Art. 330, CC.
Nesse caso não pode o credor exigir o pagamento no lugar convencionado originariamente, já que é entendida como legítima a alteração tácita.
____________________//__________________
Do tempo de pagamento:
Das obrigações puras.
Se não há acidente como termo ou condição, o pagamento deve ser efetuado de imediato.
Exceções:
Há casos em que mesmo sem prazo ou condição estipulados pelas partes não é possível o cumprimento imediato da prestação. Caso a obrigação demande tempo por sua natureza, ou tenha de ser cumprida em lugar diverso, há concessão tácita de prazo – o tempo razoável para o cumprimento da prestação pactuada.
Da interpelação:
Nas obrigações puras, é preciso interpelar o devedor, que se constitui em mora a partir da interpelação – exigência judicial do pagamento.
Das obrigações a termo ou condicionais.
Sendo a prazo ou na dependência de condição, a prestação não pode ser exigida antes do termo ou da condição. O credor, embora não possa exigir antes do prazo a prestação, pode exercer atos conservatórios de seu direito, como propor ação pauliana.
O prazo é fixado presumivelmente em favor do devedor, que pode, se assim o desejar, pagar antes do termo. Salvo em situações em que o credor também tem interesse no prazo.
Caso tenha interesse no prazo o credor, não poderá o devedor efetuar o pagamento antecipadamente. É o que ocorre quando o credor não pode receber antes alimentos perecíveis porque ainda comprará um refrigerador.
Da interpelação:
Se a obrigação é a termo, a chegada do dia do vencimento é interpelação do devedor, que passa a ser obrigado a arcar com os ônus da mora. Dies interpellat pro homine.
· Nas obrigações condicionais, cabe ao credor provar a ocorrência da condição suspensiva, para exigir do devedor o pagamento, que estava na dependência de evento futuro e incerto que subordinava a sua eficácia. Art. 332, CC – “As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve ciência o devedor”.
Da antecipação do vencimento:
Pode ocorrer por força de lei ou por conveniência do devedor, quando o prazo não for estabelecido em favor do credor.
Da antecipação do vencimento por força de lei:
Ocorre para resguardar o direito do credor, possibilitando a cobrança imediata da prestação. Os casos são de diminuição das chances de adimplemento por causa da espera.
Art. 333, CC:
I – no caso de falência do devedor ou de concurso de credores. Tais situações revelam a insolvência do devedor e o risco do credor na demora em receber.
II – se os bens hipotecados ou empenhados forem penhorados em execução por outro credor.
III– quando as garantias que asseguram o crédito cessam ou se tornam insuficientes e o devedor, intimado, se nega a reforçá-las – sejam reais ou fidejussórias as garantias.
MÓDULO 3.
 
Do pagamento em consignação:
Art. 334 e s. do CC.
Trata-se de modo de adimplemento obrigacional pela via indireta, em que o pagamento não ocorre, mas pela procedência do depósito o devedor não fica inadimplente, cumprindo a obrigação pela via indireta e de modo satisfatório para o credor.
Conceito – é modo indireto de adimplemento obrigacional em que o devedor se libera da prestação de dar depositando em instituição financeira ou em juízo o objeto pactuado.
O devedor tem o dever de pagar, mas também o direito de se eximir da prestação e das consequências da mora.
São elementos da consignação em pagamento:
1. Prestação a ser cumprida.
2. Causa legal que autorize o depósito do bem judicialmente.
3. Intenção do devedor em solver a obrigação.
A consignação em pagamento feita em banco ou em juízo é considerada pagamento e extingue a obrigação.
Deve haver justo motivo para que caiba a consignação em pagamento, mas o rol da lei não é taxativo.
Conforme art. 335 do CC:
I – se o credor não pode ou se recusa sem justa causa a dar quitação ou receber o pagamento.
Reter o pagamento é permitido neste caso (art. 319, CC), mas é opção menos interessante que consignar, porque no futuro a prova para se eximir do ônus da mora, demonstrando que foi o credor que se recusou a receber ou a dar quitação, pode ser de árdua produção.
II – se o credor não busca e não manda receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos.
É o caso de dívida querable, em que o credor deve buscar ou mandar buscar o objeto da prestação no domicílio do devedor.
III – se o credor é incapaz de receber, for desconhecido, ausente ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil.
A impossibilidade de receber pode ser física (lugar de difícil acesso) ou jurídica, em que a incapacidade pode ser por exemplo superveniente.
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento.
Pode haver dúvida sobre quem é o cessionário ou o herdeiro do crédito.
Ex.: o casal credor se divorcia e não há certeza sobre a qual dos dois ex-cônjuges deve-se pagar.
Na dúvida quanto à pessoa do credor a consignação é o melhor caminho, em que o real credor terá de provar o seu direito para levantar o objeto do depósito.
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Neste caso duas ou mais pessoas disputam em juízo o objeto do pagamento.
___________//_________
Como exposto, o rol do art. 335 não é taxativo, e outras situações podem dar ensejo à consignação em pagamento.
É o caso de depósito em juízo quando há concurso de preferência aberto contra o credor; venda de imóvel de insolvente ou falido (o preço pago é depositado em juízo); desapropriação em que o expropriado se recusa a receber o preço da indenização.
_____________//___________________
Dos requisitos para a consignação em pagamento:
Art. 336, CC.
São os requisitos do pagamento, com relação às pessoas, ao objeto, ao modo e ao tempo.
Assim, o juízo competente é o do local do pagamento; a ação deve ser proposta contra o credor ou seu representante; a prestação deve ter por objeto a coisa avençada, na quantidade devida.
Quanto ao prazo, deve ser feita a consignação na época do pagamento, ou vir acompanhada dos encargos da mora.
A prestação pode ser recusada e será julgada improcedente a consignação caso a mora tenha dado lugar ao inadimplemento absoluto, porque agora não é mais de interesse do credor o recebimento da prestação (imagine-se o vestido de noiva consignado após o casamento).
Como em regra o prazo é fixado em favor do devedor, este pode pagar antes do vencimento, mas a consignação antes do vencimento só tem cabimento diante de justo motivo.
_______________//___________________
Do levantamento do depósito pelo consignante:
1. Antes de manifestação do credor, que não o aceitou e nem o impugnou.
O devedor pode levantar o depósito, pagando as respectivas despesas (art. 338, CC), e a obrigação subsiste.
2. Após a aceitação ou impugnação do credor, que já contestou a lide.
O credor precisa dar anuência para o levantamento e, se o fizer, perde a preferência sobre a coisa e as garantias, liberando codevedores e fiadores que não tenham anuído. Conforme art. 340 do CC.
É como se a dívida pudesse ter sido extinta, com o levantamento do depósito, e, abrindo mão disto, o credor concordasse com o levantamento, fazendo surgir nova dívida, com extinção da anterior (como na novação), liberando codevedores e garantidores.
Não é justo que codevedores e fiadores que se liberariam com o levantamento do depósito voltem a se obrigar por decisão exclusiva do credor.
3. Após a sentença que julgou procedente a ação.
Neste caso só poderá levantar o depósito com a concordância do credor, fiadores e codevedores. Conforme art. 339 do CC.
_________________//___________________
Obrigação de dar coisa incerta ou obrigação alternativa:
Se a escolha por convenção couber ao credor este será citado para proceder à opção. Se não o fizer, o devedor escolherá a coisa e procederá ao depósito (art. 342, CC).
______________//___________
Julgada procedente a consignação em pagamento, o credor réu arca com as despesas da sucumbência – custas processuais e honorários advocatícios, e o devedor se libera de qualquer ônus.
Os efeitos da sentença retroagem para liberar o devedor desde a data da propositura da consignação (desde a data do depósito).
Desse modo, o devedor se livra dos juros, da multa e dos riscos de responder pela perda ou deterioração da coisa, com os quais arcaria até em caso fortuito ou na hipótese de força maior, se estivesse em mora.
Se improcedente a consignação, o devedor arca com os efeitos da mora e o risco do inadimplemento absoluto, posição em que se encontrava antes do depósito. E ainda arca o devedor com as verbas sucumbenciais. Os juros são computados como se nunca tivesse cessado a sua fluência.
___________//__________________
Se a coisa devida for imóvel ou objeto que deve ser recebido em certo local, o devedor requer a citação para que o credor venha receber ou mande recebê-la, sob pena de ser depositada.
_________________________//_________________
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO:
Art. 346 e s., CC.
O pagamento com sub-rogação é modo indireto de adimplemento obrigacional em que o terceiro interessado ou não interessado (neste caso a sub-rogação ocorre por força de convenção) cumpre a prestação no lugar do devedor, extinguindo o vínculo para o credor, mas fazendo com que persista a obrigação, agora para que no lugar do credor originário figure o solvens. Este cobrará do devedor o reembolso com todos os acessórios da obrigação originária.
O pagamento é feito mas por terceiro, de modo que não extingue a obrigação, se não para o credor. A obrigação originária passa a existir com o solvens no lugar do credor originário.
O fiador, por exemplo, se sub-roga nos direitos do credor, para receber o que desembolsou. É mais que direito de reembolso, porque o solvens tem o crédito com todos os seus acessórios (juros, multa, garantia). Substitui o credor na mesma relação jurídica, a qual só pereceu em face do credor primitivo.
Ocorre na realidade uma alteração do sujeito ativo. No lugar do credor primitivo, passa a figurar o solvens.
__________________//____________
Sub-rogação e cessão de crédito.
A cessão de crédito também envolve substituição do credor por terceiro, chamado cessionário, independentemente da anuência do cedido.
Mas há diferenças entre os institutos da cessão de crédito e da sub-rogação.
Na cessão de crédito, o cessionário tem escopo lucrativo. Quer lucrar. Paga certo valor ao credor, cedente, para no futuro receber mais do cedido (devedor).
Na sub-rogação, o solvens, que paga e passa a ocupar o lugar do credor, recebe exatamente o valor que desembolsou, não pode cobrar mais que isso. O objetivo é recuperar o seu prejuízo, mas nãolucrar.
Além disso, a cessão de crédito decorre sempre de convenção, enquanto a sub-rogação decorre de convenção ou da própria lei. E quando a sub-rogação é convencional, se dá por vontade do devedor, enquanto a cessão é feita pela manifestação de vontade do credor e de terceiro (cedente e cessionário).
______________//____________
DO INTERESSE NA SUB-ROGAÇÃO:
O direito de sub-rogação, por ser mais que reembolso, estimula o pagamento por terceiro, o que é benéfico para as partes envolvidas e para a sociedade. O inadimplemento é prejudicial para a sociedade. O devedor se livra do primeiro credor e de execução iminente, passando a dever ao solvens.
_______________//_________________
Das espécies de sub-rogação:
A classificação é quanto à fonte.
1. Sub-rogação legal – a fonte é a lei.
2. Sub-rogação convencional – emana da vontade das partes; do contrato.
__________________//___________________
Dos casos de sub-rogação legal:
Art. 346, CC.
1. Credor que paga a dívida do devedor comum.
O objetivo do credor é evitar a imediata execução do ativo patrimonial do devedor e ganhar tempo para que no futuro, em momento oportuno, o mesmo ativo patrimonial tenha condição de solver também o seu crédito.
2. Adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário, bem como de terceiro que paga para não ser privado de direito sobre o imóvel.
O credor hipotecário tem direito real, oponível em face de qualquer pessoa (erga omnes). O adquirente do imóvel hipotecado, ainda que não seja o devedor, pode perder o bem, diante de excussão promovida pelo credor com garantia real.
Paga então a dívida, o adquirente do bem hipotecado, para que o imóvel não seja penhorado e levado à praça, elidindo assim a excussão (execução judicial).
Essa hipótese é rara, porque, mesmo com a sub-rogação, a garantia será representada por imóvel de propriedade do solvens, o que não reforça as chances de adimplemento por parte do devedor principal.
3. Terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou poderia ser obrigado, no todo ou em parte.
É o caso do fiador, ou do codevedor de coisa indivisível. Ao pagar, se sub-roga nos direitos do credor para cobrar o que desembolsou, do devedor principal.
_____________________//___________________
Da sub-rogação convencional.
Não havendo previsão de sub-rogação legal, a sub-rogação convencional é necessária, pactuada entre devedor e terceiro (solvens).
Se pactuada entre credor e terceiro, a hipótese será de cessão de crédito. Conforme art. 347, I e 348 do CC.
A sub-rogação convencional é feita expressamente quando o terceiro efetua o pagamento e negocia com o credor a sub-rogação (cessão de crédito), ou quando terceiro empresta a quantia para o pagamento e estabelece a condição da sub-rogação com o devedor (art. 347, I e II do CC).
______________________//__________________
Dos efeitos da sub-rogação:
Transfere ao sub-rogado o crédito com todos os seus acessórios que eram do credor primitivo (art. 349, CC).
Não há escopo lucrativo, como na cessão de crédito. O sub-rogado recebe apenas o valor que desembolsou.
_________________________//_____________
Da sub-rogação parcial:
Art. 351, CC – se o solvens paga parte, o credor originário persiste no vínculo, para receber o restante da prestação. Neste caso, não havendo por parte do devedor condição de honrar as dívidas perante o solvens, sub-rogado, e o credor primitivo, terá este preferência.
MÓDULO 4.
 
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO.
Art. 352 e s. do CC.
Conceito – a imputação do pagamento é modo indireto de adimplemento obrigacional que se dá pela escolha, quando entre as mesmas partes há mais de um vínculo obrigacional com dívidas líquidas, vencidas e reciprocamente fungíveis, e o devedor oferece ao credor prestação suficiente para quitar mais de uma dívida, mas insuficiente para quitar todas.
Uma vez que os débitos sejam da mesma natureza, líquidos e vencidos, o devedor pode indicar qual dos dois pretende extinguir.
A prestação ofertada pode ser suficiente para extinguir uma ou outra dívida ou, às vezes, mais de uma dívida, mas não todas.
Existem casos em que a escolha será do credor ou da lei, como examinaremos nas espécies.
_________________//___________________
Dos requisitos da imputação do pagamento:
1. Pluralidade de débitos.
O pagamento parcelado não é permitido, salvo anuência do credor.
2. Identidade de sujeitos.
O mesmo devedor e o mesmo credor têm entre si dois ou mais vínculos.
3. Igual natureza das dívidas.
Os bens envolvidos nas prestações devem ser reciprocamente fungíveis, e as dívidas devem ser líquidas e vencidas.
Desse modo, é indiferente para o credor receber uma coisa ou outra. Não se pode imputar o dinheiro, ofertado, na obrigação de restituir obra de arte, por exemplo. E nem imputar o arroz na dívida que consiste na entrega de milho. Deve ser arroz por arroz; milho por milho.
As dívidas líquidas são certas quanto à sua existência e determinadas quanto ao seu objeto – existem e há certeza quanto ao seu montante.
4. Possibilidade de a prestação ofertada resgatar uma ou outra dívida; ou até duas ou mais dívidas. É insuficiente, no entanto, para quitar todas as dívidas.
_______________________//________________                           
Das espécies de imputação do pagamento:
1. Por vontade do devedor – a escolha é do devedor, que imputa a prestação oferecida na dívida mais onerosa. A lei confere tal prerrogativa ao devedor no art. 352 do CC.
Só não pode ofertar pagamento parcial para abater a dívida mais onerosa, porque o credor não está obrigado a receber em parcelas o que se convencionou receber por inteiro.
O devedor não pode, ainda, imputar o pagamento no principal, se há juros vencidos (art. 354, CC). O capital rende frutos (rendimentos; frutos civis); os juros não.
2. Por vontade do credor – é subsidiária, pois tem cabimento no silêncio do devedor, que aceita a escolha do credor, esta realizada pela quitação (art. 353,CC).
Feita a escolha pelo credor, no instrumento da quitação, o devedor só pode elidi-la provando violência (coação) ou dolo (comportamento malicioso do credor).
3. Por força de lei – não havendo escolha pelo devedor e nem declarando o credor na quitação qual dívida considera extinta, a lei determina: será extinta a que venceu primeiro.
Caso forem todas as dívidas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação do pagamento será na dívida mais onerosa.
O fundamento é o art. 355 do CC.
_______________//________________
 
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO.
Art. 356 e s. do CC.
Conceito – A dação em pagamento é modo indireto de adimplemento obrigacional em que o devedor, diante da anuência do credor, oferece coisa móvel ou imóvel de sua propriedade para extinguir o vínculo obrigacional.
· A anuência do credor – é imprescindível, já que ele não está obrigado a receber coisa diversa daquela que fora pactuada, ainda que seja mais valiosa.
__________________//____________
Da natureza jurídica:
As regras da venda e compra se aplicam, ensejando a responsabilidade civil por evicção ou por vício redibitório, por exemplo (art. 357, CC).
A evicção, perda parcial ou total da coisa dada em pagamento, para terceiro que demonstra melhor direito (evictor), acarreta o restabelecimento da obrigação primitiva, porém sem prejudicar direitos de terceiros (como fiadores ou codevedores), já que fica sem efeito a quitação dada.
· Sendo título de crédito o bem dado em pagamento (coisa não corpórea), as regras da cessão de crédito são aplicáveis (art. 358, CC).
· Faz-se importante ressaltar que a dação em pagamento é espécie de novação objetiva, em que as partes concordam com o novo elemento (novo objeto) e extinguem a obrigação anterior, criando um segundo vínculo pelo animus novandi. O anterior se extingue com os acessórios.
______________//_______________
Da origem:
Surge no Direito Romano para proteger o devedor que, na falta de condição para honrar a prestação, poderia usar o seu ativo patrimonial para liquidar a dívida, sem necessitar se desfazer de seus bens a preçovil.
__________________//______________
Requisitos:
1. A coisa dada em pagamento não é o objeto originário da prestação.
2. Anuência do credor.
MÓDULO 5.
 
Da novação.
Art. 360 e s. do CC.
Conceito – trata-se de extinção da obrigação pelo modo indireto, espécie de adimplemento, em que nova obrigação é criada com a modificação de objeto ou de sujeito da obrigação originária (elemento novo), enquanto esta se extingue com todos os seus acessórios.
A nova obrigação, criada por vontade das partes, substitui e extingue a anterior, com todos os seus acessórios.
Trata-se de economia e simplificação negocial – no lugar de extinguir uma obrigação e por novo instrumento criar-se outra, num único ato se extingue a obrigação e cria-se a nova.
________//_________________
Das espécies:
1. Objetiva –
Ocorre pela modificação do objeto e é muito comum. As partes podem renegociar dívida, convencionando no lugar da prestação originária entregar coisa diversa, ou proceder a parcelamento etc.
É possível, ainda como exemplo, que no lugar da prestação de fazer o credor aceite receber certo valor em dinheiro.
2. Subjetiva ativa –
Dá-se pela substituição do credor por terceiro e na prática é rara, pois perde espaço para a cessão de crédito.
A cessão de crédito permite a alteração do sujeito ativo sem a necessidade de anuência do devedor, obrigatória na novação, e com todos os acessórios repassados ao novo credor, o cessionário.
Na novação, a obrigação originária se extingue com todos os seus acessórios, e o novo credor não tem direto, por exemplo, às garantias, salvo nova convenção com fiadores.
Na evolução histórica dos institutos, observa-se que a novação precedeu a cessão de crédito, já que no Direito Romano os vínculos obrigacionais eram personalíssimos e não se admitia a substituição de devedor e nem de credor, este com poderes, à época, inclusive sobre a pessoa (não apenas sobre o patrimônio) do devedor.
Quando se permite a alteração, esta é tolerada no início apenas pela novação, com a anuência de todos os envolvidos. Com a evolução e a humanização do direito, o credor passa a ter direito apenas sobre o ativo patrimonial do devedor, de forma que é indiferente para o devedor se obrigar perante este ou aquele. Assim tem início a cessão de crédito, em que o credor transfere o crédito a terceiro com todos os seus acessórios (multa, juros, garantia) e sem a anuência do devedor (este é apenas notificado para opor exceções e pagar ao novo credor).
3. Subjetiva passiva –
O devedor com a anuência do credor se faz substituir por terceiro. Os acessórios da obrigação anterior se extinguem, liberando-se então o fiador. Este só garantirá a nova obrigação se der anuência.
A novação subjetiva passiva pode ocorrer:
3.1. Por delegação – o devedor indica terceiro para resgatar o seu débito, com o que concorda o credor.
3.2. Por expromissão – sem a ciência do devedor, o próprio credor aceita que terceiro assuma o débito do devedor principal. Art. 362 do CC.
______________//________________
Dos pressupostos da novação:
1. Existência de obrigação anterior.
A finalidade da novação é o adimplemento obrigacional pela criação de nova obrigação. Se a obrigação não existe, não há finalidade para a novação.
Por isso não se pode novar obrigação nula ou inexigível, como por exemplo dívidas de jogos (jogos lícitos, contratos).
Obs.1: A obrigação anulável pode ser novada, momento em que se ratifica.
O fundamento está no art. 367 do CC.
Obs.2: A obrigação natural pode ser novada se se tratar de dívida prescrita, posto que a novação é tomada como renúncia à prescrição. Vimos que a dívida de jogo ou de aposta (espécies contratuais) não pode ser objeto de novação, porque a novação tornaria exigível obrigação que a lei determina inexigível com o propósito de desestimular tais espécies contratuais.
2. Criação de nova obrigação.
A nova obrigação que substitui e extingue a anterior.
Sendo nula a nova obrigação, não há extinção da obrigação anterior com os seus acessórios. A anulação por conta de nulidade relativa também indica que sobreviveu a obrigação anterior, originária, com todos os seus acessórios.
3. Elemento novo.
O chamado aliquid novi incide sobre objeto, sujeito ativo ou sujeito passivo da obrigação anterior.
4. Animus novandi.
É a intenção das partes de criar nova obrigação para extinguir a anterior.
Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação simplesmente confirma a primeira (art. 361 do CC).
5. Capacidade e legitimação das partes.
O art. 104 do CC exige partes capazes para o negócio jurídico, e a novação é negócio jurídico.
Diante da incapacidade, não havendo representação ou assistência, a novação não vale e subsiste a obrigação anterior.
O mandatário só pode novar se houver legitimação, poder suficiente para tanto. É preciso ter poder para novar, sob pena de invalidade da novação.
____________________//_______________
Dos efeitos da novação:
Extinção da obrigação inovada, com todos os seus acessórios.
As garantias da obrigação anterior só persistem se houver concordância de garantidores – art. 364 e 366 do CC.
Conforme art. 365 do CC –
“Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores ficam por esse fato exonerados”.
_________________//____________________
Da compensação.
Art. 368 e s. do CC.
Conceito – é a extinção da obrigação total ou parcial pelo adimplemento através do modo indireto, ocasionada pelo fato de haver reciprocidade entre as dívidas, sendo ao mesmo tempo credor e devedor os sujeitos envolvidos.
Se X deve a Y e Y deve a X, prestações da mesma natureza, as duas dívidas se extinguem até o valor em que corresponderem.
Art. 378 do CC – dívidas que são pagas em lugares diversos não podem ser compensadas sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 379 do CC – sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis devem ser observadas as regras da imputação do pagamento (Ex.: se o devedor e o credor ficarem silentes, a lei considera extinta a dívida vencida em primeiro lugar).
____________________________//__________________
Das espécies:
1. Legal – opera-se automaticamente, por força de lei, sine facto hominis; desde que presentes os requisitos que examinaremos.
2. Convencional – faltando requisito previsto em lei para a compensação legal, os quais serão examinados na sequência, tem cabimento a compensação convencional, desde que haja manifestação de vontade.
_______________________//________________
Dos efeitos da compensação:
Uma vez que a compensação legal se opera sem manifestação de vontade, bastando a reciprocidade entre as dívidas, temos os seguintes efeitos.
a) Não há necessidade de que as partes sejam capazes para que se opere a compensação.
b) A compensação retroage à data em que a situação de reciprocidade se configurou. Ainda que alegada tempos depois, operou-se no momento em que houve reciprocidade, elidindo juros e demais consequências da mora.
_______________//______________
Da compensação como elemento de garantia:
Se as partes são reciprocamente credora e devedora entre si, trata-se de economia evitar-se o pagamento e a quitação de uma para outra.
Caso houvesse por parte de um dos sujeitos envolvidos o pagamento, este poderia jamais receber o seu crédito. É assim que a compensação ao considerar extintas as dívidas pelo menos até o ponto em que se equivalerem evita o pagamento por parte de quem pode jamais conseguir resgatar o seu crédito.
Trata-se de elemento de garantia, pois cada um assegura com o próprio débito o seu crédito.
Ex.: O credor de empresa falida se ao mesmo tempo é devedor com relação à mesma empresa, não paga, pois tem extinta a sua dívida até o ponto em que ocorrer equivalência. Garante assim que não irá pagar assumindo o risco de jamais receber o seu crédito. Garante com a própria dívida o seu crédito, ou ao menos partedesse.
________________________//________________
Dos requisitos:
Para que se opere a compensação legal, sem necessidade de manifestação de vontade, devem estar presentes os requisitos seguintes.
1. Reciprocidade das obrigações.
Por causa da reciprocidade (duas pessoas são ao mesmo tempo devedora e credora uma da outra) é que “obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever” (art. 376 do CC).
Por conta da necessidade de reciprocidade é que na cessão de crédito o cedido (devedor) é notificado para que possa opor as suas exceções (como a compensação que extinguia a sua dívida perante o cedente) ao cessionário. Se não o fizer, no futuro não poderá opor compensação perante o cessionário, já que a compensação era oponível apenas em face do cedente, devendo ser comunicada de imediato, quando da notificação, ao cessionário, sob pena de caducidade desse direito.
A oposição ulterior de exceção de compensação só pode ser feita pelo cedido que não fora notificado. Conforme art. 377do CC. A não oposição de compensação perante o cessionário é vista como renúncia à compensação. O cedido terá que pagar ao cessionário e, se não receber o seu crédito, tem ação contra o cedente.
Obs.: o fiador pode compensar a sua dívida com o que o credor deve ao afiançado (devedor). Conforme art. 371 do CC.
2. As dívidas são reciprocamente fungíveis (art. 369, CC).
Obs.: não basta que as coisas sejam fungíveis. Elas devem ser suscetíveis de substituição uma pela outra, sem prejuízo ao credor.
Havendo diferença de qualidade entre as coisas envolvidas, a compensação só pode ocorrer pela via contratual (art. 370 do CC).
3. As dívidas devem ser líquidas.
Para que ocorra a compensação as obrigações devem ser certas quanto à existência e determinadas quanto ao montante.
4. As dívidas devem ser vencidas.
Para a compensação, as dívidas devem ser exigíveis. Nenhuma das partes pode ser forçada a abrir mão do prazo para que ocorra a compensação.
Pode ocorrer de uma das partes conceder prazo de favor à outra, e este prazo não pode obstar a compensação. Conforme art. 372 do CC.
______________//_________________
Da impossibilidade de compensação:
Art. 373, I, II e III do CC.
A diferença de causa geradora das dívidas não é empecilho para a compensação, salvo nas hipóteses abaixo, em que mesmo presentes os pressupostos, não pode operar a compensação:
I. Se uma das obrigações tem como causa o ilícito (esbulho, furto ou roubo).
II. Se uma das obrigações é decorrente de dívida de alimentos, ou de depósito ou comodato.
III. Se a dívida for de coisa não suscetível de penhora.
· Não e possível a compensação se as partes a excluíram por acordo ou se houve por parte de um dos sujeitos renúncia prévia. O fundamento está no art. 375 do CC.
· Não se admite a compensação em prejuízo de terceiro – não pode ocorrer a compensação convencional se uma das partes, credora e com prerrogativa de receber de imediato, aceita a compensação, abre mão do crédito e, com isso, prejudica os seus próprios credores. Conforme art. 380 do CC.
Caso ocorra penhora do crédito, por terceiro, e o devedor tenha, portanto, que depositar em juízo a sua prestação, não pode mais opor compensação, para elidir a dívida, se esse devedor (depois da penhora) se tornar também credor de seu credor. Consoante art. 380, segunda parte, do CC.
________________//____________
Da renúncia à compensação:
Renunciar à compensação é fazer ressurgir obrigação que já era por força de lei considerada extinta. Com a renúncia, não pode haver prejuízo a terceiro – garantidores se liberam e não podem voltar a se obrigar por conta da renúncia à compensação realizada por manifestação de vontade do devedor.
A renúncia à compensação não pode fraudar credores. Ex.: o renunciante impede a extinção da dívida e prejudica outros credores, já que é insolvente ou está na iminência da insolvência civil.
Deve ser prévia a renúncia à compensação, para que impeça no futuro a compensação legal ou convencional (art. 375 do CC).
MÓDULO 6.
 
Da confusão:
Art. 381 e s. do CC.
Conceito: trata-se de modo indireto de adimplemento obrigacional, em que a dívida se extingue, total ou parcialmente, porque a mesma pessoa passa a ser ao mesmo tempo credora e devedora.
Na mesma pessoa confundem-se as qualidades de credor e devedor. Pode ser parcial ou total a confusão conforme art. 382 do CC.
Ex.: a empresa x deve à empresa y. Após aquisição da empresa x pela empresa y, esta assume as dívidas da empresa x. A dívida que existia perante a própria empresa y estará extinta.
É assunto comum em matéria de direito sucessório, em que o autor da herança deixa dívida ou crédito para os próprios sucessores, que eram, por sua vez, os credores ou os devedores. Ao receber por herança um crédito do qual é o próprio devedor, não irá se auto executar o sucessor. A dívida é considerada extinta.
Da mesma maneira, ao receber por herança uma dívida da qual o sucessor é o próprio credor, não irá o sucessor promover o pagamento a si próprio.
Pode ocorrer confusão quando uma pessoa sucede a um tempo devedor e credor.
__________//______________
Da neutralização da obrigação.
Para parte da doutrina a obrigação com a confusão se neutraliza, visto que pode voltar a existir caso a fonte da confusão seja extinta. Por exemplo o herdeiro era credor do de cujus e fica com a herança, recebendo a dívida que fica extinta por confusão. Caso se descubra, no futuro, testamento que subtraia do primeiro herdeiro tal condição, este volta a ser credor e pode cobrar do herdeiro testamentário o seu crédito.
Prescreve o art. 384 do CC:
“Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior”.
No fideicomisso (art. 1951 e s. do CC), se o fiduciário é credor ou devedor do fideicomitente, autor da herança, fica neutralizada a obrigação enquanto não for repassada a herança ou legado ao fideicomissário.
___________________//____________
Nas obrigações solidárias:
A confusão na solidariedade ativa ou passiva só extingue a obrigação concernente à parte do credor ou devedor solidário em relação ao qual ocorreu a confusão, persistindo no mais a obrigação e a solidariedade. É o que prescreve o art. 383 do CC.
________________________________//__________________
DA REMISSÃO DE DÍVIDAS
Art. 385 e s. do CC.
Conceito – adimplemento obrigacional pela via indireta quando o credor libera o devedor no todo ou em parte, sem receber o pagamento. Extingue a obrigação com todos os seus acessórios (mas pode haver remissão quanto à garantia e isto não extingue o principal).
É o perdão.
Remitir é perdoar (remissão é o perdão). É diferente de remir; remição (resgatar; resgate).
Depende da vontade (anuência) do devedor[1], por isso é diferente da renúncia, que é unilateral. Para Venosa, no entanto, a remissão é espécie de renúncia.
O devedor pode querer pagar por questões morais; e, se ingressar com uma ação de consignação em pagamento, vencerá.
A anuência do devedor pode ser presumida, expressa ou tácita.
Requisitos: capacidade e legitimação para dispor do crédito. Isso porque a remissão diminui o patrimônio do credor, subtraindo direito (crédito).
Pode configurar, a remissão, fraude contra credores. Por isso não pode ser feita com prejuízo a terceiro[2]. Pode ser feita com benefício a terceiro, como quando beneficia o fiador.
___________________//___________
A REMISSÃO NÃO ADMITE CONDIÇÃO.
Remissão é diferente de desistência de ação.
· Remissão nas obrigações solidárias e indivisíveis:
Quando feita a um dos codevedores solidários ou a codevedor de coisa indivisível, não extingue a dívida dos demais, que pagam abatendo-se a parte o remitido (o codevedor entrega a coisa indivisível e recebe em dinheiro a parte do remitido). Conforme art. 388 e 272 do CC.
_______________________//_______________
Espécies –
1. quanto à abrangência: total ou parcial.
2. quanto ao modo como é efetuada:
2.1. Expressa (não há necessidade de mencionar a palavra remissão).Pode ser feita em testamento.
2.2. Tácita – ex.: restituição do título particular (não pode ser público) ao devedor, com a intenção de perdoar a dívida, desde que o credor possa dispor e o devedor possa receber. Art. 386 do CC.
Obs.1: a presunção criada com a devolução do título é relativa, pode ser desfeita com a prova em sentido contrário, a ser produzida pelo credor.
Obs.2: remissão é diferente de pagamento presumido, pois na remissão não houve o pagamento. Trata-se, a remissão, de adimplemento pela via indireta.
Obs.3: se o titulo é representado por escritura pública, a remissão expressa é obrigatória.
__________________//_____________
DA INTERPRETAÇÃO DA REMISSÃO:
· A interpretação da remissão é restritiva, pois se trata de ato de disposição, por parte do credor.
____________//__________
RENÚNCIA À GARANTIA:
Art. 387, CC. – a restituição da coisa empenhada é renúncia à garantia, ao acessório, e não à dívida. Não se trata de remissão.
______________________//_____________________
Divida pública:
A dívida pública é irrenunciável, salvo autorização legislativa.
_____________________________//___________________
 
 
[1] Art. 385 do CC.
[2] Art. 385 do CC.
MÓDULO 7.
 
DO INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES.
Após exame das modalidades, da transmissão e do adimplemento e extinção das obrigações, trataremos do inadimplemento.
Trata-se do Título IV do Livro I da parte especial do CC – Do Direito das Obrigações.
Disposições gerais: art. 389 a 393 do CC.
O art. 389 do CC que inaugura a parte das disposições gerais do inadimplemento das obrigações é o fundamento geral para a responsabilidade civil contratual. Não cumprida a obrigação, prescreve o dispositivo, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo os índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários advocatícios.
O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES É ESSENCIAL PARA A SATISFAÇÃO DAS PARTES ENVOLVIDAS E DA SOCIEDADE. O Estado através da função Judiciária compele o devedor à prestação, para que o credor alcance a prestação almejada e para que seja realizado o interesse da sociedade com relação à circulação dos bens, indispensável para a subsistência e para o desenvolvimento social.
Caso seja a prestação de não fazer, o devedor é inadimplente quando executa o ato de que se devia abster (art. 390, CC).
DO PATRIMÔNIO:
O art. 391 estabelece que é o ativo patrimonial do devedor que responde pelas obrigações assumidas na ordem civil. A exceção a essa regra ocorre com a impenhorabilidade de bens assim clausulados na sucessão testamentária ou na hipótese de impenhorabilidade do bem de família.
DA RESPONSABILIDADE NOS CONTRATOS BENÉFICOS:
O art. 392 do CC traz regra para os contratos benéficos, como a doação, o comodato, o depósito gratuito etc. Determina esse dispositivo que em contratos gratuitos o autor da liberalidade só responderá por dolo, enquanto o outro contratante, beneficiado e sem ônus, responde por mera culpa.
DA AUSÊNCIA DE CULPA:
Nos contratos onerosos, respondem as partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei[1] (art. 392, segunda parte, do CC).
São casos em que ocorre ausência de culpa e inevitabilidade do evento danoso: caso fortuito, força maior, culpa exclusiva de terceiro, mora accipiendi.
A regra do art. 393 do CC é a de que por caso fortuito ou força maior não se pode responsabilizar o devedor, salvo cláusula contratual expressa em sentido contrário. É exceção também a situação de mora, em que o devedor responde ainda que o dano (perda ou deterioração) decorra de caso fortuito ou força maior, desde que não possa provar que, ainda que não estivesse em mora, os danos teriam ocorrido[2].
_________________________//_________________
DA MORA: art. 394 e s. do CC.
O descumprimento da obrigação pode ser absoluto ou relativo.
A mora é o cumprimento imperfeito (descumprimento relativo) da obrigação, em lugar diverso, fora do prazo ou de modo diferente do que fora originariamente determinado por lei ou pactuado pelas partes, por culpa do devedor ou por ato do credor. Conforme art. 394 do CC.
O inadimplemento em caso de mora é relativo porque a prestação ainda pode ser cumprida de forma proveitosa para o credor.
O descumprimento absoluto da obrigação se dá quando a obrigação não foi cumprida e nem poderá sê-lo de modo proveitoso para o credor.
___________________//_______________
Mora e inadimplemento absoluto:
Tanto na mora quanto no inadimplemento absoluto decorrente de fato do devedor há culpa ou dolo e, como efeito, a responsabilidade civil (art. 389 c.c/ art. 394 do CC) pelas perdas e danos.
Como regra geral, o caso fortuito e a força maior elidem a responsabilidade civil. A obrigação simplesmente se extingue quando o seu objeto se torna impossível sem culpa das partes.
A diferença é que na mora a prestação ainda pode ser cumprida de modo proveitoso para o credor. Já no inadimplemento absoluto o não cumprimento é definitivo.
O critério é subjetivo, considerando-se a posição do credor – se este ainda tem interesse em receber, o caso é de mora (ex.: atraso no pagamento do aluguel); se o credor não tem mais interesse em receber, a hipótese é de inadimplemento absoluto (ex.: encomenda do vestido de noiva).
Mora e inadimplemento absoluto são espécies do gênero inadimplemento de obrigação.
___________________//_________________
Mora do credor e mora do devedor:
Nos termos do art. 394 do CC, a mora pode ser solvendi ou accipiendi.
Mora do devedor – ocorre quando este por culpa não efetua o pagamento no tempo, lugar e modo devidos por força de lei ou convenção.
Art. 396 do CC – a mora do devedor depende de culpa.
Mora do credor – ocorre pela recusa do credor em receber no tempo, lugar e forma estabelecidos em lei ou convenção.
A mora do credor não depende de culpa, bastando o não recebimento para excluir a mora do devedor. É a interpretação do art. 396 do CC, a contrário sensu, que determina ser apenas a mora do devedor fundada em culpa.
O credor só pode se recusar a receber se tiver justo motivo para tanto.
______________________//__________________
Mora e retardamento:
Uma vez que a mora do devedor só se configura pela culpa (art. 396 do CC), o mero retardamento não implica os efeitos da mora.
O retardamento é objetivo e pode decorrer da mora accipiendi, do caso fortuito, da força maior ou da culpa exclusiva de terceiro.
A mora é subjetiva, envolve a culpa. Como o atraso no pagamento gera a presunção de culpa, é o devedor que têm o ônus da prova – deve provar que não teve culpa para se eximir dos efeitos da mora. Deve provar, o devedor, caso fortuito ou força maior, por exemplo.
_________________//___________________
Dos efeitos da mora do devedor:
Art. 395, CC – o devedor em mora responde por prejuízos, juros, correção monetária e honorários advocatícios.
Arca ainda com o risco de a prestação se tornar inútil para o credor, situação em que deverá pagar as perdas e danos decorrentes do inadimplemento absoluto (art. 395, parágrafo único do CC).
Cabe ao credor provar a inutilidade da prestação, ao alegar que a hipótese é de inadimplemento absoluto e não mais de mora.
Conforme art. 399 do CC, o devedor em mora ainda responde pela impossibilidade da prestação decorrente de caso fortuito ou de força maior, salvo se provar que mesmo havendo cumprido pontualmente com a prestação teria ocorrido o dano.
_________________________//_________________
Dos efeitos da mora do credor:
Art. 400 do CC.
A mora do credor subtrai do devedor a responsabilidade pela conservação da coisa, desde que não aja de má-fé o devedor, deixando-a perecer ou deteriorar. Ex.: o devedor responderá se propositalmente abandonar a coisa e deixá-la perecer ou se deteriorar.
Não é o devedor obrigado a arcar sozinho com as despesas de conservação, diante da mora do credor. Este fica obrigado a ressarcir as despesas com conservação.
O credor fica sujeito a receber a coisa na estimativa mais favorável ao devedor, se o valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e asua efetivação.
________________//____________
Do início da mora:
Nos termos do art. 397 do CC, nas obrigações a termo a mora se inicia do vencimento da obrigação, sem a necessidade de interpelação. Por exemplo: se vence dia 10 a prestação, não sendo paga a dívida estará em mora o devedor a partir desse momento, caso seja a obrigação positiva e líquida.
O parágrafo único do art. 397 regula a obrigação pura, sem termo, em que a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial promovida pelo credor em face do devedor.
· Obrigação decorrente de ato ilícito – o devedor está em mora desde o dia em que praticou o ato ilícito.
____________________________//________________
DA PURGAÇÃO DA MORA:
A purgação ou emenda da mora é ato espontâneo do devedor ou do credor para remediar a situação e arcar com os efeitos da mora, livrando-se de consequências ainda mais prejudiciais, como por exemplo o despejo, para o locatário em mora.
Art. 401 do CC.
I. O devedor purga a mora oferecendo a prestação e mais os prejuízos decorrentes do dia da oferta, como juros, multa, danos, verbas sucumbenciais (estas devidas se houver ação proposta).
Ressalte-se que se a mora deu espaço ao inadimplemento absoluto não é mais cabível a purgação da mora.
II. O credor purga a mora recebendo o pagamento e sujeitando-se aos seus efeitos até a data do recebimento.
_________________________//____________________
Das perdas e danos.
Art. 402 e s. do CC.
As perdas e danos abrangem lucros cessantes e danos emergentes (art. 402 do CC).
Em regra, ainda que tenha agido com dolo, o devedor precisa tornar indene o credor, reparar o seu prejuízo. Não deve o prejudicado ter lucro com a indenização. Daí serem devidos lucros cessantes e danos emergentes. O art. 403 do CC é o fundamento.
______________________//____________________
Danos emergentes:
São os danos morais e materiais experimentados e provados pelo credor, que deve demonstrar que resultaram do inadimplemento (nexo causal).
Quando o pagamento é em dinheiro, a perda consiste no pagamento dos juros de mora , multa (pena convencional), correção monetária, custas e honorários advocatícios. É o que determina o art. 404 do CC.
O art. 404, parágrafo único do CC ainda determina que provado que os juros de mora não cobrem o prejuízo do credor o juiz, não havendo pena convencional, pode conceder ao credor indenização suplementar.
Os juros de mora contam-se desde a citação inicial (art. 405 do CC).
____________________//______________
Lucros cessantes:
São os valores que o credor razoavelmente deixou de lucrar por causa do inadimplemento.
É difícil a prova do lucro futuro, que não pode ser superestimado pelo credor. Deve este calcular a média dos seus lucros em situação normal, considerando os antecedentes.
Não pode o credor incluir em seu cálculo possíveis ganhos excepcionais absolutamente imprevisíveis.
____________________//_______________
Dos juros legais.
Art. 406 e 407 do CC.
O juro é o preço pelo uso do capital, o fruto civil, rendimento do dinheiro. O juro é capaz de remunerar o credor que ficou privado de seu capital e pagar-lhe o risco em que incorre de o não receber de volta.
Há dois tipos de juros moratórios:
1. Convencionais - frutos do capital empregado previstos em contrato, estipulados pelas partes envolvidas. Os juros convencionais podem nem ser moratórios, previstos em contrato para remunerar o dono do capital. São moratórios quando constituem indenização pelo prejuízo resultante do retardamento culposo.
Conforme art. 591 do CC, no mútuo os juros convencionais não podem exceder a taxa do art. 406 do CC – a taxa em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
2. Legais – São os definidos pela lei, na falta de convenção ou quando a convenção estipular juros sem mencionar a taxa: são fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
______________//___________________
Quando começam a correr os juros de mora:
Art. 407, CC.
Ainda que não se alegue prejuízo, os juros de mora são obrigatórios para dívidas em pecúnia ou em espécie, desde que fixado a estas valor pecuniário por acordo entre as partes, arbitramento ou sentença judicial.
· Nas obrigações a termo o vencimento é interpelação. A partir do vencimento são devidos os juros (art. 397, caput, CC).
· Nas obrigações puras a mora se caracteriza pela interpelação e os juros de mora são devidos desde a citação inicial (art. 405 do CC).
____________________________//____________________
 
 
[1] Há hipóteses de responsabilidade civil sem culpa, pela teoria do risco (responsabilidade civil objetiva).
[2] Art. 399 do Código Civil.
MÓDULO 8.
 
Da cláusula Penal.
Art. 408 e s. do CC.
Tratada no CC de 1916 como matéria de modalidade das obrigações, como se fosse mero modo de apresentação de obrigação, com estipulação de multa como penalidade para o inadimplemento, em cláusula contratual, agora o tema encontra lugar mais apropriado no CC de 2002, dentro do Título IV do Livro I da Parte Especial do CC – o Título IV cuida do inadimplemento das obrigações.
Conceito – a cláusula penal é disposição contratual acessória em que as partes estabelecem uma penalidade para o descumprimento absoluto ou relativo (mora) da obrigação assumida, com o escopo de reforçar o vínculo, causando nas partes receio em descumprir o contrato, já que a multa é ainda mais onerosa.
A cláusula penal amplia as chances de adimplemento e por isso é interessante ao credor, que ainda tem a vantagem de não precisar demonstrar perdas e danos para fazer jus ao valor estabelecido em cláusula penal.
Contratos como o de locação, mútuo etc. preveem com frequência a cláusula penal.
__________//________________
Natureza jurídica:
Trata-se de obrigação acessória, a sua existência pressupõe uma prestação principal, cujo cumprimento a cláusula penal visa justamente assegurar.
Por ser obrigação acessória, será nula se for nula a obrigação principal; anulável (e suscetível de ratificação) se assim o for a obrigação principal.
A nulidade e os vícios do acessório não contaminam a obrigação principal, de modo que se for nula a cláusula penal, ou anulável, a obrigação principal pode ser plenamente válida.
É por ser acessória que a cláusula penal pode ser elaborada junto com a obrigação principal ou ulteriormente (art. 409, CC).
Também é por ser prestação acessória que o valor estipulado em cláusula penal não pode exceder o valor da obrigação principal (art. 412 do CC).
____________________//________________
Da finalidade da cláusula penal.
1. Reforço à obrigação principal, porque o devedor teme a pena e fica compelido, assim, ao cumprimento da prestação principal.
2. Pré-avaliação das perdas e danos devidos pelo inadimplemento do contrato. Com o inadimplemento, o credor tem alternativa: recorre ao cálculo das perdas e danos ou pleiteia, independentemente da prova de prejuízo, o valor estipulado na cláusula penal.
____________________//_________________
Das vantagens ao credor:
1. Aumento das chances de adimplemento do contrato.
2. Facilidade no recebimento da indenização em caso de inadimplemento. O credor não precisa alegar ou fazer prova de seu prejuízo (art. 416, caput do CC). A cláusula penal é pré-avaliação das perdas e danos.
O art. 410 do CC prescreve que, quando a cláusula penal é estipulada para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa em benefício do credor.
Obs.: Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, o credor só pode pedir indenização suplementar se esta estiver convencionada. E neste caso a multa estipulada vale como mínimo da indenização, cabendo ao credor provar o prejuízo excedente (art. 416, parágrafo único do CC).
____________________//___________________
Das espécies:
1. Compensatória: refere-se à inexecução completa da obrigação. A multa compensatória não pode ser cumulada com a prestação principal, posto que a substitui, tornando-se alternativapara o credor (art. 410 do CC).
2. Moratória: para os casos de inadimplemento relativo da prestação ou descumprimento de cláusula especial estipulada pelas partes (art. 411 do CC). Nesse caso, o credor pode exigir a prestação principal mais a multa fixada em razão da mora.
________________//________________
Do valor fixado em cláusula penal:
O valor não pode exceder o da obrigação principal (art. 412 do CC) e deve ser reduzido pelo juiz se a obrigação principal for cumprida parcialmente de forma proveitosa para o credor (art. 413 do CC).
A redução proporcional da multa prevista no art. 413 do CC é norma cogente, não pode ser elidida por cláusula em sentido contrário.
A multa moratória não sofre redução por cumprimento parcial, pois sua finalidade é indenizar o credor justamente pelo descumprimento parcial. A redução proporcional é feita em caso de cláusula penal compensatória.
____________________//___________________
Cláusula penal em obrigação indivisível.
Se a obrigação é indivisível e por causa do inadimplemento os codevedores estão obrigados a pagar o valor estabelecido em cláusula penal, cada codevedor só pode ser cobrado de sua quota. O valor total da multa compensatória só pode ser cobrado de quem deu causa ao inadimplemento. É o que determina o art. 414 do CC.
E os não culpados ainda têm ação regressiva contra o que deu causa à aplicação da pena (art. 414, parágrafo único do CC).
_____________________//_____________________
Cláusula penal em obrigação divisível.
Art. 415 do CC – só incorre na pena o devedor ou herdeiro do devedor que descumprir a obrigação, e no que concerne à sua parte.
_________________//____________
Da exigibilidade da multa:
Obrigações a termo – a partir do vencimento estará inadimplente ou em mora o devedor, conforme o caso, sendo exigível desde então o valor estabelecido na cláusula penal.
Obrigações condicionais – ocorrendo a condição, cuja prova cabe ao credor, pode ser exigido o cumprimento da obrigação ou a multa estipulada em cláusula penal.
_______________//_______________
Da cláusula penal e da multa penitencial:
Ambas são cláusulas acessória no contrato, mas não se confundem. Quando as arras são ajustadas como valor a ser perdido em caso de arrependimento, não há reforço da obrigação principal. É o caso da multa penitencial, que na realidade enfraquece a obrigação principal ao permitir que ocorra a desistência sem risco de prejuízo maior que a perda do chamado sinal ou a sua restituição “em dobro”, quando se restitui o valor recebido e ainda se paga valor equivalente ao outro pré contratante.
A cláusula penal, por sua vez, reforça o contrato ao estabelecer multa (vista como onerosa a ponto de compelir ao cumprimento da obrigação principal) para a sua inexecução.
_________________//_____________
Das arras ou sinal.
Art. 417 e s. do CC.
Tratadas na parte geral dos contratos no CC/1916, as arras ou sinal vêm disciplinadas hoje junto à matéria de inadimplemento das obrigações no CC/2002.
Conceito: as arras são a importância em dinheiro ou a coisa móvel dada por um contratante ao outro, na conclusão do contrato, com o escopo de firmar a presunção de acordo final e tornar obrigatório o ajuste. É frequente, porém, que, por convenção expressa, as arras sirvam para assegurar a cada contratante o direito de arrependimento, com a perda apenas do valor correspondente ao sinal.
No Direito Romano o consenso sem formalidade não vinculava o contratante e as arras surgem para reforçar o liame contratual, provando o negócio jurídico.
Quando a força do consentimento passa a aperfeiçoar por si o contrato, as arras perdem o caráter de elemento de reforço do vínculo para servirem apenas de prova da existência do contrato.
Hoje as arras são usadas mais como direito de arrependimento, com a perda do sinal, ou a sua devolução em dobro, que como indício da conclusão do contrato (prova do acordo final, com caráter confirmatório).
_______________//____________
Das espécies de arras:
1. Arras confirmatórias: têm a finalidade de demonstrar a existência da composição final de vontades. Tais arras são computadas na prestação principal devida, se do mesmo gênero da principal; ou devem ser restituídas (art. 417 do CC).
2. Arras penitenciais (art. 420 do CC): asseguram às partes o direito de se arrepender, com a perda do sinal (quem ofereceu o sinal o perde e, que o recebeu, o devolve e ainda paga valor correspondente ao outro pré contratante – daí se dizer que se devolve em dobro o sinal). A devolução em dobro ainda seguirá com correção monetária, juros e honorários advocatícios.
Obs.: sem convenção expressa em sentido contrário, as arras serão (no silêncio das partes) confirmatórias. Diante do descumprimento do contrato ocorre a perda do sinal, ou a sua restituição em dobro, e mais as perdas e danos; ou o pleito de execução do contrato e mais perdas e danos (art. 419 do CC).
A faculdade de arrependimento decorre do contrato e não da natureza das arras.
_____________________//______________
Natureza Jurídica:
Tem natureza de pacto acessório, para demonstrar a existência e tornar obrigatório (confirmar) o vínculo principal, ou permitir o desfazimento da obrigação principal (arras penitenciais).
Por ser pacto acessório, depende do principal e se contamina pelo vício do principal.
Ainda, trata-se de pacto real, que existe a partir da entrega da res. A promessa do sinal não gera os efeitos atribuídos pela lei ao ajuste arral.

Outros materiais