Buscar

relatório eugenia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1- Tanto no texto, Raça Pura de Pietra Diwan, como no documentário Homo Sapiens 1900 do sueco Peter Cohen é revelado a constituição histórica da eugenia no mundo, trazendo à tona as relações entre conceitos científicos e a ideologia dominante nos séculos XIXe XX.									A eugenia nasce na Inglaterra do século XIX, onde as transformações desencadeadas pela segunda fase da Revolução Industrial alteram profundamente a vida social. O medo burguês da multidão nascente, aliado ao triunfo do discurso científico, encontra na biologia um meio de pôr ordem no aparente caos social: reurbanização, disciplina e políticas de higiene pública deveriam ser aplicadas com a finalidade de prevenir a degradação física dos trabalhadores para evitar prejuízos na economia. Ela se estrutura nos Estados Unidos e se espalha por toda a América, no século XX. A eugenia se inspirou nas ideias sobre superioridade, natureza e sociedade que foram construídas ao longo dos séculos pelo pensamento ocidental.
Buscando revelar o que denominou o palimpsesto que compôs o pensamento do século XIX e que proporcionou a emergência da eugenia, Diwan encadeou as leis de Licurgo em Esparta, que determinavam que “todo espartano varão pertencia ao Estado”; a circuncisão e a importância da “descendência do sangue puro” para os judeus; “a noção de superioridade do povo cristão sobre os muçulmanos em relação à posse da Terra Santa”; o extermínio de populações indígenas nas Américas; as guerras de conquista; os livros de Francis Bacon(Novum Organum), Thomas Morus (Utopia) e Tommaso Campanella (A Cidadedo Sol), desembocando no Contrato social de Rousseau e no Ensaio sobre as populações, de Malthus. 					Segundo Diwan todos os períodos históricos têm exemplos nesse sentido. De modo geral o século XV foi marcado pela valorização das potências humanas pelo desenvolvimento da ciência e pela filosofia.
Em meio ao clima de crença inabalável na ciência, o naturalista inglês Charles Darwin publica em 1859 o livro fundador do evolucionismo: A origem das espécies. As descobertas de Darwin mostravam que no mundo animal, na permanente luta pela vida, só os mais bem adaptados sobrevivem e os mais bem “equipados” biologicamente têm maiores chances de se perpetuar na natureza. As teses de Darwin logo são transportadas para outros campos do conhecimento em uma tentativa de explicar o comportamento humano em sociedade. Surge assim o darwinismo social, que apresenta os burgueses como os mais capazes, os mais fortes, os mais inteligentes e os mais ricos.
O cenário estava armado para que o primo de Darwin, o pesquisador britânico Francis Galton, se apropriasse das descobertas do naturalista para desenvolver uma nova ciência. O termo “eugenia” foi cunhado por Francis Galton em 1883, eugenia que significa “bem nascido” foi definida por ele como o “estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente”. Galton propôs a “seleção artificial”, que seria o controle sobre as “forças cegas da natureza” da “seleção natural” para melhoramento da espécie humana conforme seus ideais. 
No documentário fica claro que a eugenia obteve aceitação esmagadora dos cientistas da época, dividida em “Eugenia Positiva” e “Eugenia Negativa” e aceita pelas duas principais correntes de pensamento da época, Lamarckistas e Mendelistas.			 A “Eugenia Positiva” consistia na reprodução de casais seletivos, com as características ideais, na crença de que com a soma das características do casal se obteria ao longo das gerações a melhoria da raça. A “Eugenia Negativa” consistia no impedimento da reprodução de indivíduos considerados “não-aptos” ou “degenerados”, evitando assim o empobrecimento genético da raça como um todo. Os Lamarckistas acreditavam que as características adquiridas eram transmitidas para os descendentes alimentando a esperança de criar um “novo homem”. Os Mendelistas acreditavam que apenas as características herdadas eram transmitidas aos descendentes através da hereditariedade, que posteriormente foi comprovada.					Inicialmente com pouca repercussão na Inglaterra, a doutrina começou a ganhar espaço nos meios intelectuais e acadêmicos mundiais a partir do início do século XX. Foi nos Estados Unidos e na Alemanha que as palestras e conferências de divulgação realizadas por Galton tiveram maior repercussão e os princípios da nova ciência começaram a ser colocados em prática. Hoje, quando pensamos em eugenia, é inevitável a associação imediata à Alemanha nazista, mas foram os Estados Unidos que implementaram o mais bem-sucedido e organizado plano de eugenização social da história, que segue ativo até os nossos dias.
2- Uma das principais características do filme “Homo Sapiens 1900”, dirigido por Peter Cole em 1998 é a tentativa de desmistificar a eugenia enquanto fenômeno exclusivo da sociedade moderna alemã. Respeitando as características peculiares das sociedades alemã, sueca, norte-americana e soviética, o diretor nos mostra que essa percepção da humanidade está muito veiculada às mudanças sociais advindas com a Modernidade.											O fortalecimento da eugenia não aconteceu sem controvérsias. A principal contenda retratada no documentário foi entre os lamarckistas e os mendelianos. Cada corrente teve mais ou menos força dependendo do lugar e da época. Na então URSS, nos EUA e na Suécia, a eugenia ganhou força até mesmo sob a forma de política de estado, bem antes da estruturação do nazismo na Alemanha.				Na Suécia, por exemplo, houve a fundação do Instituto de Biologia Racial em 1922. Nos EUA, a lei de esterilização forçada implantada em 1907 em um dos estados estendeu-se posteriormente para outros 20 estados.						Os Estados Unidos foram pioneiros na aplicação prática da Eugenia, sendo os criadores da Eugenia Negativa e o primeiro a criar leis proibindo a reprodução dos até então considerados “degenerados”. 								Os EUA eliminavam os seus recém-nascidos portadores de alguma má formação congênita ou qualquer tipo de deficiência. Essa decisão era tomada após a convocação de uma reunião de médicos que tinha o objetivo de decidir sobre o destino do bebê, tão natural quanto uma reunião de negócios. Médicos e biólogos especializados na eugenia viajavam por entre países europeus e EUA para divulgar e dissipar essa política de extermínio como se fossem as ultimas inovações da medicina. 				 As pesquisas que estimulavam o pensamento eugênico recuaram por volta de 1942, em decorrência do impacto da divulgação das atrocidades ocorridas na Alemanha, além da crescente contestação dessa concepção de ciência dentro da própria comunidade científica. Já sobre a Suécia podemos citar a lei de esterilização , que encontrava-se em vigor mesmo após a Segunda Guerra e a fundação do Instituto de Biologia Racial em 1922 nesse mesmo país . 							Na Alemanha, essas teorizações associavam-se à beleza estética do corpo. Os padrões de beleza da Grécia Antiga em seu período clássico foram resgatados e inseriram-se na ideologia eugênica alemã. A cultura da beleza visava unir o conceito de belo à estética de força do homem. A Alemanha cultivou essa busca pelo homem fisicamente perfeito personificado na figura do ariano, ou seja, aquela raça considerada por eles superior, que deveria seguir de molde para outros homens.				Foi na Alemanha nazista que a pratica assumiu sua faceta mais radical. Os alemães acreditavam no mendelismo, em que as características herdadas dos pais não se fundem, mas são herdadas como unidades discretas de informação que se mantém integras ao longo das gerações. Com isto eles pretendiam selecionar o as raças, sendo que ariano só podia procriar com ariano evitando assim a degeneração (mestiçagem) da raça, pois o filho herdara só os genes da raça pura.						Para isto, centenas e milhares de pessoas consideradas impróprias para procriação foram esterilizados compulsoriamente e milhões perderam a vida em nome da higiene de raça assim como na Suécia e nos EUA. Na Alemanha foram criadas casasem que abrigariam mulheres que dariam a luz a futuros super-homens. Essas cobaias chocadeiras terminaram criando problemas no próprio seio do nazismo, em que o cruzamento sexual entre machos e fêmeas para reprodução desses seres humanos ideais entravam em choque com o conceito de família que estava na base do regime.		Outra pratica utilizada por Hitler foi à eutanásia, que foi regulamentada ainda antes da segunda guerra mundial. Muitas pessoas foram sentenciadas a morte nesta época, principalmente pessoas com problemas mentais e deficiência física. Com a organização de um sistema de campos de concentração no inicio da década de 40, judeus, ciganos, homossexuais e oponentes do regime foram assassinados nas camarás de gás, por meio de injeções letais ou abandonados a morte por desnutrição.		Enfim o nazismo esterilizou e matou, sob os argumentos de raça e por meio da eugenia centenas e milhares de pessoas pra eles indesejáveis. Com o fim da segunda guerra a eugenia foi interada viva na Alemanha a partir de 1948. 				Na URSS, a superioridade estava relacionada à inteligência humana, e a fundação em 1924 de um instituto cuja finalidade era estudar o cérebro de indivíduos altamente capacitados intelectualmente (o primeiro foi o cérebro de Lênin) comprava tal fato.												Os soviéticos ao contrario dos alemães, acreditavam na teoria da evolução lamarckiana em que as características adquiridas pelos seres humanos ao longo da vida seriam passadas para sua prole a teoria da herança dos caracteres adquiridos. Assim, a engenharia social e a educação poderiam produzir, no espaço de apenas uma geração, uma nova população de seres humanos superiores, que herdariam de seus pais a inteligência e até mesmo a etiqueta. Segundo os pregadores desta ideia, a melhoria da raça aconteceria de forma rápida e veloz se ensinássemos na escola aquilo que "deveria ser ensinado".										Contudo nesse país as pesquisas científicas que confirmavam a eugenia sofreram diversas interrupções. A eugenia era entendida por parte do Kremlim como um pensamento reacionário e contra –revolucionário.Para muitos políticos e intelectuais ela representava bem os interesses do sistema capitalista, porque fundamentava o indivíduo a partir de sua linhagem ancestral,valorizando mais o passado do que as futuras gerações .Por isso, o lamarckismo foi muito valorizado e alguns cientistas soviéticos defenderam-no veementemente , como Krammeler. Alguns revolucionários acreditavam que o lamarckismo devolvia aos indivíduos do presente às características que poderiam compor um possível futuro.
Podemos ver então os impactos da Modernidade, que estimularam a busca por alternativas sobre o futuro e um seguro para a humanidade que através de uma perfeição física perduraram ao longo do século XX. Ainda hoje, observamos outras concepções muitas vezes advindas da ideia de raças, status de superioridade e inferioridade sócio-culturais. 
3- "A arvore da Eugenia" foi o logo da Segunda Conferência Internacional de Eugenia, realizada em 1921, retratando-o como uma árvore que reúne uma variedade de diferentes campos. A analogia a arvore seria como se suas raízes representassem cada uma das ciências, o caule seria a eugenia que elabora a seiva que alimenta os frutos, por sua vez os frutos seriam o ideal de homem, sendo preciso podar os frutos inapropriados para fortalecer a arvore.

Outros materiais