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Relatório de bioética 1

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INTRODUÇÃO
O principialismo da Bioética é proveniente, sobretudo da comissão que elaborou o Belmont Report, em 1978, e foi denominada “Comissão Nacional para a Proteção dos Sujeitos Humanos da Pesquisa Biomédica e Comportamental” instituída pelo Governo norte-americano, em 12 de julho de 1974, para identificar os princípios éticos básicos aplicáveis na pesquisa em seres humanos. As conclusões finais do relatório acabaram transpondo os objetivos iniciais da comissão e formatando princípios que seriam utilizados não só na experimentação em pessoas, como também em todas as projeções da Bioética.
Os três princípios impressos pelo Relatório e referendados pela Bioética são os da autonomia, da beneficência e da justiça. Todavia, a incidência de um quarto princípio, o da não-maleficência, é reconhecida por muitos pesquisadores. Portanto, podemos afirmar que os princípios contribuem para a concepção de uma Bioética pluralista, aberta e receptiva. Além disso, pragmaticamente, a aplicação e a confrontação dos princípios em cada caso concreto é poderoso instrumento para direcionar as decisões a um viés eticamente ajustado.
 A concretização desses objetivos depende de inúmeros fatores ligados à pesquisa científica,dentre os quais um que é o ponto central deste relatório: a experimentação em seres humanos. De fato, o progresso do nosso conhecimento, no passado e no futuro, está intimamente ligado à necessidade de observação do funcionamento e da reação do corpo e da mente humanas. Ou seja, é preciso tomar o ser humano como sujeito de pesquisa.No entanto esse fato apesar já ocorrer desde os tempos de Galileu Galilei, não levavam em consideração as questões éticas relevantes em cada estudo. 
A prática de inúmeras violações ao ser humano, sob o álibi do interesse científico por exemplo, no período da Segunda Guerra, no qual eram realizadas métodos desumanos, e que posteriormente trouxeram à tona a questão da ética na pesquisa, evidenciando a necessidade de priorizar a dignidade humana e de refletir acerca da regulamentação e dos limites da pesquisa em seres humanos. Como resposta às atrocidades praticadas na Segunda Guerra, foi instituído em 1947, no âmbito internacional, pelo Tribunal de Nuremberg, que julgou criminosos ligados à experimentação em pessoas. Não obstante o estabelecido no Código de Nuremberg não impediu que as violações continuassem a ocorrer, inclusive nos países signatários. 
 Nos Estados Unidos, por exemplo, teve continuidade, como se nada houvesse acontecido, a famosa pesquisa sobre sífilis, em Tuskegee, no condado de Macon, Alabama. O presente relatório tem por objetivo relatar o comportamento não ético neste caso, objetivando, portanto, a discussão  sobre temas  como valores morais e éticos, e o papel dos sujeitos envolvidos na  construção  do  conhecimento  científico. 
DESENVOLVIMENTO
O filme “Cobaias” (Miss Ever’s Boys) reflete  muito  bem os aspectos éticos envolvidos  no  projeto de  pesquisa conhecido  como Estudo Tuskegee, realizado  em seres humanos no período  de  1932  a  1972, pelo Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos da América. Nesse  estudo uma comunidade  negra  do Estado  do Alabama,  de  aproximadamente 400 negros,  foi utilizada como  cobaia  num experimento  sobre  a  evolução  da  sífilis não tratada. Essas pessoas nunca foram informadas que tinham sífilis e  tiveram o  tratamento  negado mesmo  depois da  descoberta  da  penicilina Elas acreditavam que estavam sendo tratadas da doença do “sangue ruim”. Como  compensação,  eram avaliadas periodicamente  pelo médico,  recebiam uma  refeição quente no dia dos exames e o pagamento das despesas do funeral.  
 No projeto de tratamento de pessoas com Sífilis  (inicio das ações em Tuskegee)  o Fundo Rosenwald foi procurado pelo Serviço de Saúde Pública do Governo Norte-Americano buscando recursos para sanar as dificuldades econômicas no tratamento dos pacientes com sífilis. A coordenação da divisão médica do projeto era chefiada pelo médico Michael M. Davis, um dos precursores da medicina comunitária e da economia médica, que tinha implantado um sistema de clínicas para tratamento de sífilis em Boston.  Um de seus objetivos era o de integrar profissionais de saúde negros no atendimento das doenças venéreas. Vale lembrar que naquela época existiam faculdades de medicina para formar médicos brancos e outras para médicos negros. O representante do Serviço de Saúde Pública no projeto era o Dr. Taliaferro Clark. O custo estimado para tratar uma comunidade era de US10.000,00 por ano. O Fundo Rosenwald alocou US$50.000,00 para este programa. Foram escolhidas cinco comunidades, sendo que uma delas era o condado de Macon, no Alabama, onde já ocorria o projeto Tuskegee. 
    Em 1931 o Fundo Rosenwald retirou o seu suporte para o projeto de desenvolvimento, em consequência da crise econômica iniciada em 1929. Os Drs. Taliaferro Clark e Raymond A. Vondelehr decidiram acompanhar a evolução dos homens que não haviam sido tratados de sífilis, com o objetivo de levantar novos fundos para tratá-los. 
    Em 1932 já haviam organizado um acompanhamento de 399 homens com sífilis e 201 sem doença. Todos estes homens eram avaliados periodicamente em suas condições físicas e era dito a eles que estavam sendo tratados.
Participação nessa pesquisa de profissinais de saúde negros 
    O administrador do Projeto Tuskegee, Robert Motin, concordou com a realização do projeto, desde que profissionais negros fossem diretamente envolvidos e que o projeto recebesse os devidos créditos pela participação.
 A enfermeira Eunice Rivers, contratada como assistente de pesquisa, e o Dr. Eugene H Dibble, ambos negros, foram incorporados ao grupo  para serem facilitadores na integração com a comunidade. 
    De 1947 a 1962, 127 alunos negros de medicina tiveram participação no estudo. 
Como os fundos para o tratamento não foram obtidos o acompanhamento deste grupo de 600 homens continuou como uma pesquisa. Este talvez tenha sido um dos motivos pelos quais nunca foi encontrado um projeto de pesquisa referente ao estudo de sífilis não tratado em Tuskegee, pois teve início com uma finalidade e continuou com outra. 
  Efeitos diretos e indiretos na saúde dos participantes nessa experiência
    Após 40 anos de acompanhamento, ao término do projeto, haviam apenas 74 sobreviventes, sendo que 28 morreram diretamente de sífilis e 100 pessoas de complicações decorrentes da doença. Ao longo do estudo 40 esposas e 19 recém-nascidos se contaminaram. A instituição responsável pela condução do projeto, na suas últimas etapas, foi o Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta.
 O governo norte-americano pagou mais de dez milhões de dólares em indenizações para mais de 6.000 pessoas, mas não se desculpou pelo abuso. 
     Uma comissão de pessoas vinculadas a história da medicina e a bioética, liderada pelo Dr. James Jones, exigiu que o governo norte americano pedisse desculpas públicas e formais aos 8 sobreviventes e as famílias dos demais participantes. Em 16 de maio de  1997 o Presidente Bill Clinton pediu desculpas formais para os cinco sobreviventes que compareceram à solenidade na Casa Branca. 
O filme não faz somente uma critica ao racismo nos Estados Unidos, mas também evidencia o desrespeito aos direitos humanos, a falta de ética entre os profissionais da saúde, cuja função primordial é cuidar do ser humano, sem qualquer distinção. A enfermeira Eunice Evers demonstrou ao longo do filme uma posição ingênua, perante o governo, mas muito persistente em manter-se fiel ao seu juramento, de ajudar e tratar das pessoas que necessitassem de seus préstimos, mesmo ao ver-se enganada pelo Governo Federal e saber que não poderia mais retroceder em suas decisões a experiente enfermeira galga cada colina, como ela mesma cita em parte do filme, sem olhar para trás, uma após outra, mas não perde a sua sensibilidade com o sofrimento alheio 
CONCLUSÃO
De acordo com essa perspectiva, é possível refletir  sobre os aspectos éticosenvolvidos  no  projeto da pesquisa relatada no decorrer do filme. Nessa pesquisa, houve estudos com uma comunidade  negra, no qual  foram utilizados como  cobaias  num experimento  sobre  a  evolução  da  sífilis não tratada. Essas pessoas nunca foram informadas que tinham sífilis e  isso evidencia a total falta de respeito aos pacientes, além da omissão dos objetivos da pesquisa. Além disso, tiveram o  tratamento  negado mesmo  depois da  descoberta  da  penicilina.
   O estudo que foi patrocinado pelo governo americano e só foi interrompido quando a  imprensa trouxe a público, mostra a despreocupação do governo com uma classe pobre e desprotegida pela lei. Entretanto, essas descobertas causaram uma série de protestos e indignação na população americana. 
O consentimento voluntário é pré requisito essencial para a participação do ser  humano em pesquisas médicas. O sujeito de pesquisa deve receber todas as informações necessárias para exercer sua autonomia e decidir se participa ou  não,  sendo  responsabilidade  do  pesquisador  a qualidade  do  consentimento.  Mas à comunidade negra de Macon County foi negado esse direito, isso porque nunca  foram informadas que estavam sendo usadas como sujeitos de pesquisa. Elas acreditavam que estavam sendo tratadas da doença do “sangue ruim”. Como  compensação,  eram avaliadas periodicamente  pelo médico,  recebiam uma  refeição quente no dia dos exames e o pagamento das despesas do funeral.  Fica claro, portanto, que o Código de Nuremberg não foi suficiente para impedir o abuso nas pesquisas médicas envolvendo seres humanos. No entanto é importante ressaltar a importância da pesquisa para o desenvolvimento da raça, tendo como base
padrões bioéticos, que zelam pela integridade e respeito do ser humano.
[ A doutrina destaca como principais conquistas do código o reconhecimento do direito do sujeito de pesquisa em retirar-se do experimento e de ser devidamente informado de todas as conseqüências deste, bem como a necessidade de estudos prévios sobre a importância da pesquisa e os seus riscos, além da comprovação da capacidade dos pesquisadores. ]
REFERENCIAS
BIOÉTICA E PESQUISAS EM SERES HUMANOS. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/67739/70347>. Acesso em: 17 de dezembro de 2015, às 15:35.
COBAIAS - Miss Evers' Boys (Original). Direção: Joseph Sargent. Gênero: Drama/Guerra. Duração: 118min. EUA, 1997. 
	
Ética na pesquisa: uma abordagem do filme “Cobaias”. Disponível em: <http://web.unifil.br/docs/Congresso_Multiprofissional_III/artigo63.pdf> . Acesso em: 20 de dezembro de 2015, às 16:56.
UNESCO. Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos. Paris, 2005. Disponível em: < HTTP://www.sbrafh.org.br/eventos/Declaracao_Bioetica_UNESCO.doc> . Acesso em: 19 de dezembro de 2015, às 11:00.

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