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o caso tuskegee

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Sarah Albuquerque Bezerra 
Filme: O caso Tuskegee
O filme “Cobaias” se baseia no estudo de sífilis não-tratada em homens negros, ocorrido entre 1932 e 1972, no qual o Serviço de Saúde dos Estados Unidos promoveu um estudo clínico sobre a progressão natural da sífilis sem nenhum tratamento, com homens afroamericanos em condições de vulnerabilidade social. Não foi dito aos participantes desse experimento que eles tinham sífilis e nem dos efeitos dessa patologia. Esse caso ficou conhecido como um dos mais emblemáticos na Bioética. 
De fato, o experimento realizado pelas autoridades americanas mostradas no filme foi inadequado e antiético, tendo em vista que o recrutamento dos cobaias para o estudo era feito com base na relação pessoal que a enfermeira Eunice tinha com os infectados e com as promessas que o governo americano oferecia para esses homens, como acompanhamento médico, refeição quente no dia de exames, pagamentos de despesas com funeral e, também, alguns prêmios em dinheiro pela participação. 
A inadequação inicial do estudo não foi a de não tratar a sífilis, pois não havia uma terapêutica comprovada para essa doença naquela época, e sim foi omitir o diagnóstico conhecido e o prognóstico necessário. Tal fato, caso julgado nos dias de hoje, desrespeitaria o art.34 do Código de Ética Médica que diz que é vedado ao médico deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognósticos, os riscos e o objetivo do tratamento. 
Além disso, é válido ressaltar que, a partir de 1950, já havia uma terapêutica estabelecida para o tratamento de sífilis. No entanto, todos os participantes do estudo continuaram sem tratamento e todas as instituições de saúde dos Estados Unidos receberam uma lista com o nome dos participantes como uma forma de evitar que eles recebessem tratamento, mesmo que em outra localidade. Nota-se que de uma omissão de diagnóstico evoluiu para o impedimento de qualquer possibilidade de ajuda a esses homens. 
Dessa forma, é notório que, apesar de na década de 50 já ter sido proclamado o Código de Nuremberg, o qual estabeleceu diretrizes éticas internacionais para pesquisa em seres humanos, o caso Tuskegee violou os princípios fundamentais da bioética, como o princípio da benevolência, quando não buscou fazer o bem para as pessoas e o princípio da justiça, quando utilizou de uma população vulnerável para o estudo. Em suma, o caso foi um marco na história, mostrando a necessidade de se estabelecer limites, regras e leis para a experimentação com seres humanos, como forma de respeitar a vida e o indivíduo.

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