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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências da Saúde Departamento de Enfermagem DISCIPLINA: ÉTICA e BIOÉTICA Período 2020. 3 Resumo Reflexivo do Filme - Cobaias Nome: Maria Améllia Lopes Cabral Data: 24/06/2020 De acordo com a visualização do filme, discorra um texto reflexivo que aborde as questões discutidas no vídeo a luz do referencial ético discutido em sala. O filme “Cobaias”, lançado em 1997, é baseado no estudo da sífilis não tratada de Tuskegee, ou simplesmente, “caso de Tuskegee”, que aconteceu nos Estados Unidos, mais precisamente no Alabama. Essa pesquisa científica, cujo objetivo era o de saber como a patologia comportava-se em indivíduos isentos de tratamento, foi realizada com 600 pessoas negras em contexto de vulnerabilidade social, durou 40 anos, iniciando-se em 1932 e terminando apenas em 1972 e ocorreu durante um surto de sífilis no país. A princípio, o filme mostra que a pesquisa pretendia encontrar de uma vez por todas, um tratamento eficaz para a cura da sífilis, tendo em vista que, os tratamentos conhecidos naquela época apenas amenizavam alguns dos sintomas e nada era comprovado, porém, no meio do seu desenvolvimento, o projeto perdeu seu patrocinador e foi cancelado. Entretanto, o serviço público de saúde dos Estados Unidos decidiu avançar com o programa mesmo assim, dessa vez com o objetivo de pesquisar os efeitos da sífilis não tratada, mesmo já existindo um estudo anterior feito da mesma forma e com o mesmo objetivo na Noruega, submetendo injustamente seres humanos aos terríveis efeitos da doença. A conjuntura que o filme aborda, traz à tona o claro preconceito de cunho racial enraizado nos cidadãos norte-americanos, uma vez que, a enfermeira Eunice Evers, claramente abalada, narra a trama com riqueza de detalhes, relatando as principais atitudes antiéticas praticadas por ela e outros profissionais de saúde na época do estudo, incluindo a omissão de informações e a ilusão de que o governo tinha uma preocupação especial com as pessoas que aceitaram participar do projeto, pois, segundo a enfermeira, eles estavam sendo tratados com os melhores recursos disponíveis, quando na verdade, os interesses egocêntricos dos organizadores só demonstravam seu desprezo pelos cidadãos afro-americanos daquela cidade. Então, com a promessa de que os indivíduos estudados teriam prioridade quando o tratamento fosse encontrado, eles continuaram na pesquisa na esperança de um dia se curarem. A ausência da ética na pesquisa, da empatia e do humanismo continua quando em 1942, dez anos após o início do programa, a penicilina começou a ser usada de forma eficiente em outros pacientes, e mesmo assim, os homens que participavam da pesquisa não tiveram acesso e nem mesmo em outros hospitais tinham a oportunidade de recebê-la como recurso terapêutico, pois os organizadores do projeto distribuíram uma lista de nomes aos hospitais próximos para que os indivíduos que procurassem por tratamento não fossem atendidos. Na história, acabaram se passando 40 anos de estudo e muitas mortes até que alguém o denunciasse. E é por esse e outros experimentos que surgiram os principais regulamentos da ética e bioética hoje em dia. No filme, é possível observar todos esses valores éticos serem violados com a busca egoísta e incessante por produtividade que gerou nos pesquisadores a negligência da vida de inúmeras pessoas vulneráveis utilizadas como material de estudo, além de ignorarem sua autonomia e as privarem de informações importantes sobre sua própria saúde em troca de pequenas quantias de dinheiro, um certificado de agradecimento e uma refeição quente nos dias de exames e consultas médicas, mascarando assim os procedimentos antiéticos e convencendo a população de que estavam fazendo o certo. A ética na pesquisa é exercida por pessoas sinceras e honestas, duas características que claramente o caso de Tuskegee não teve. Ao final do filme, o diálogo da audiência em que a enfermeira Eunice participa permite uma reflexão muito relevante, pois, ela sempre se convenceu de que estava participando da pesquisa por um “bem maior”, mas o juiz a pergunta “o bem de quem?” e isso remete diretamente à finalidade da produção de conhecimento por meio de pesquisas: o bem social e nunca individual ou da minoria, evitando criar exclusividade. Sendo assim, tendo em vista que o filme é de importância indubitável por trazer à tona uma realidade infelizmente ainda persistente, tanto no que diz respeito ao preconceito racial quanto às violações de condutas éticas na pesquisa, faz-se necessário destacar que para se produzir conhecimento, não é essencial apenas estudos e ciência, mas sabedoria para utilizar corretamente desses recursos, caso contrário, teremos uma ciência moralmente irresponsável, desrespeitando princípios da bioética como o da justiça, da autonomia, da beneficência e não maleficência, como aconteceu no caso de Tuskegee, tendo em vista que, os indíviduos foram tragicamente prejudicados pelos pesquisadores. Cabe à nós então, refletirmos de forma consciente e ética até onde a pesquisa pode intervir para obter resultados para grupos específicos de pessoas.
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