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extrusao ortodontica

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AKEMI ELISABETE TAMURA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXTRUSÃO ORTODÔNTICA LENTA COM FINALIDADE DE GANHO 
ÓSSEO PARA REABILITAÇÃO COM IMPLANTE DENTÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2009 
Akemi Elisabete Tamura 
 
 
 
 
 
 
Extrusão Ortodôntica Lenta com Finalidade de Ganho Ósseo para 
Reabilitação com Implante Dentário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curitiba 
2009 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
Especialização em Ortodontia da 
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito 
para a obtenção do título de especialista. 
Área de concentração: Ortodontia 
Orientadora: Profa. Dra. Ana Cláudia Moreira 
Melo 
 
 DEDICATÓRIA 
 
 
 
 Aos meus familiares que sempre me incentivaram na minha formação 
profissional e pessoal. 
 Aos colegas do curso, pelo companheirismo e amizade. 
 Aos mestres, por todo conhecimento e experiência que foram passados ao 
longo deste curso, em especial à Profa. Ana Cláudia Moreira Melo, que me orientou, 
apoiando-me nas minhas dificuldades com muita dedicação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tamura AE. Extrusão ortodôntica lenta com finalidade de ganho ósseo para 
reabilitação com implante dentário [Monografia]. Curitiba: Curso de 
Especialização de Ortodontia da Universidade Tuiuti do Paraná; 2009. 
 
RESUMO 
 
 Na clínica ortodôntica, pacientes adultos são cada vez mais comuns e para 
que esse tratamento seja realizado com sucesso, é essencial um planejamento 
multidisciplinar. Em dentes com doença periodontal avançada e com extração 
indicada, uma opção de tratamento é a extrusão ortodôntica lenta, para o 
desenvolvimento da gengiva e osso. O objetivo deste trabalho foi revisar a literatura 
sobre a extrusão ortodôntica lenta com finalidade de ganho ósseo para reabilitação 
com implante dentário, considerando indicações, contra indicações e aspectos 
mecânicos da técnica que será ilustrada por meio de um caso clínico. Este 
procedimento é indicado para dentes sem lesão periapical endodôntica, com perda 
parcial de osso e quando a estética é um fator determinante. Em relação à mecânica 
aplicada para a extrusão ortodôntica, várias são as possibilidades em termos de 
aparatologia ortodôntica, contudo é consenso que a força aplicada deve ser leve, de 
25 a 30g. Ainda, na extrusão lenta, além da formação óssea, a gengiva também 
segue o movimento vertical da raiz, promovendo inclusive redução de profundidade 
de bolsa. De acordo com a literatura revisada e com os resultados observados no 
caso apresentado, pode ser concluído que a extrusão lenta é um procedimento 
viável desde que bem planejado. 
 
 
Tamura AE. Slowly orthodontic extrusion for bone increase to dental implant 
rehabilitation [Monograph]. Curitiba: Curso de Especialização de Ortodontia da 
Universidade Tuiuti do Paraná; 2009. 
 
 
ABSTRACT 
 
In orthodontic practice, adult patients are becoming even more frequent and to 
have a successful approach it is essential a multidisciplinary treatment planning. In 
teeth presenting advanced periodontal disease and periodontally lost, a treatment 
option is orthodontic extrusion to gingival and bone development. The aim of this 
study was a literature review about orthodontic extrusion for bone development and 
dental implant placement, considering indications, non indications and mechanical 
aspects of the technique that will be illustrated with a clinical report. This procedure is 
indicated for teeth with no periapical lesion and partial bone deficiency and in esthetic 
area. In relation to the applied mechanic for orthodontic extrusion, many are the 
possibilities, but a general consent is the light force between 25 and 30 g. 
Furthermore, during orthodontic extrusion, besides bone increase, the gingival tissue 
also accompanies vertical movement of the roots, even reducing pocket depth. 
According to the reviewed literature, and the observed results in the case presented, 
it can be concluded that orthodontic extrusion is a viable procedure if carefully 
planned. 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO................................................................................ 01 
2. PROPOSIÇÃO ............................................................................... 03 
3. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................... 04 
4. RELATO DE CASO CLÍNICO.......... ............................................. 18 
5. DISCUSSÃO................................................................................... 22 
6. CONCLUSÃO................................................................................. 26 
7. REFERÊNCIAS .............................................................................. 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 Pacientes adultos são cada vez mais comuns na clínica ortodôntica e, 
freqüentemente, apresentam perdas dentárias, dentes com comprometimento 
periodontal, reabsorção do osso alveolar, entre outros problemas. Nesses pacientes 
é essencial um planejamento multidisciplinar para que a ortodontia seja realizada de 
forma a buscar um maior equilíbrio da oclusão previamente ao tratamento 
reabilitador¹. Ainda, a busca cada vez maior dos pacientes pela estética tem 
desafiado a odontologia a unir esforços para satisfazer o desejo dos pacientes, 
contudo sem esquecer que a saúde ainda é o objetivo principal de qualquer 
tratamento odontológico². Por outro lado, a reabilitação estética e funcional com a 
utilização de próteses sobre implantes também requer esforços de vários 
profissionais para que o planejamento da posição ideal dos implantes seja 
alcançado³. Os fatores fundamentais para a realização de um plano de tratamento 
ideal, é uma ótima oclusão associado com altura e largura do osso alveolar 
adequada e o bom relacionamento das estruturas dentárias com a linha do sorriso4. 
 Em situações em áreas estéticas, nas quais há indicação de extração de 
dentes periodontalmente comprometidos e sem lesão periapical endodôntica, uma 
opção de tratamento é a extrusão ortodôntica para o desenvolvimento da gengiva e 
osso na direção coronal antes da reabilitação com implantes dentários5,6. Tal 
indicação se deve ao fato de que a extrusão ortodôntica, desde que bem controlada, 
não envolve a perda óssea ou da sustentação periodontal, como ocorre geralmente 
durante a extração e uma cirurgia de aumento de coroa que pode envolver a 
recessão óssea na região dos dentes adjacentes7. 
O movimento de extrusão de um dente envolve a aplicação de forças de tração 
em toda a região do ligamento periodontal de forma a estimular a aposição óssea 
marginal na crista óssea. A formação de osso novo deve-se à presença de coágulo 
de sangue, preservação de osteoclastos e contato com tecido vivo8. Como o tecido 
gengival está unido à raiz pelo tecido conjuntivo, a gengiva segue o movimento 
vertical da raiz durante o processo de extrusão7. Quando a tensão é aplicada ao 
ligamento periodontal, as fibras de feixes periodontais são alongadas e osteoblastos 
são induzidos a depositar osso novo nas áreas de alvéolo, onde as conexões 
periodontais existem. O mesmo efeito também é visto na altura do osso alveolar. Há 
um grande potencial de redução na profundidade da bolsa e mudanças na 
arquitetura do tecido mole e duro9. 
Após a fase de extrusão, é seguido um período de estabilização, para 
remodelamento ósseo, antes da extração do dente “condenado” para a instalação do 
implante dentário. Dessa forma objetiva-se
promover um aumento no volume ósseo, 
reduzindo a necessidade de enxerto ósseo7. 
 Em função da importância e das dúvidas a respeito do tema acima descrito, 
decidiu-se realizar uma revisão da literatura científica ilustrada por meio de um caso 
clínico. 
 
 
 
 
 
 
 
2. PROPOSIÇÃO 
 
 O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura, considerando 
indicações, contra indicações e aspectos mecânicos da técnica de extrusão 
ortodôntica. A revisão de literatura será ilustrada por meio de um caso clínico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
A fim de facilitar a leitura deste trabalho, a revisão de literatura foi dividida em 
tópicos: 
• Reações teciduais à extrusão ortodôntica 
• Aspectos mecânicos da extrusão ortodôntica com finalidade de ganho 
ósseo 
 
 
3.1 Reações teciduais à extrusão ortodôntica 
 
O conhecimento das reações teciduais responsáveis pela movimentação 
dentária é essencial no desenvolvimento do tratamento ortodôntico e tem atraído a 
atenção de pesquisadores há muitos anos10-12. O movimento dentário ocorre quando 
uma força é aplicada e implica em resposta celular no ligamento periodontal e 
remodelação no osso alveolar13,14. Dessa forma, o ligamento periodontal tem papel 
fundamental para o início e regulação do processo de modelação e remodelação 
óssea durante o movimento dentário, seja ele de origem fisiológica (migração 
dentária) ou ortodôntica14. 
Reitan10-12 publicou alguns trabalhos na década de 60, nos quais descreveu as 
reações que ocorrem clinicamente e histologicamente durante a movimentação 
ortodôntica. A reação tecidual depende do envolvimento anatômico e das variações 
nas características do osso alveolar e tecido fibroso. Segundo o autor, na 
movimentação dentária durante o período inicial, pode se observar vários estágios: 
1. compressão gradual do ligamento periodontal (4 a 7 dias); 2. período de 
hialinização, (4 a 5 dias); 3. período secundário durante o qual há principalmente 
reabsorção direta do osso de forma que o dente sofre movimentação. 
Conforme o dente se movimenta, o osso ao redor do alvéolo dentário sofre 
remodelação, processo esse constituído por sítios de aposição e reabsorção14. No 
sítio de reabsorção, osteoclastos removem a camada de osso fascicular, a linha de 
cemento e formam cavidades no osso de suporte. Em seguida, uma nova linha de 
cemento é formada registrando o limite exato da reabsorção. A partir daí, 
fibroblastos iniciam a secreção de fibras colágenas e restabelecem a integridade do 
feixe de fibras do ligamento periodontal e uma nova camada de matriz óssea é 
formada. A falta de equilíbrio entre o processo de reabsorção e formação óssea no 
lado da reabsorção, é o responsável pelo movimento dentário. Por outro lado, na 
zona de aposição, a quantidade de osso depositado é equivalente àquela 
reabsorvida no lado oposto. Aposição óssea ocorre na superfície entre o osso 
fasciculado e o ligamento periodontal14. 
A aplicação de carga mecânica é um fator regulatório importante na 
homeostase do osso alveolar, com papel fundamental para a manutenção estrutural 
do processo alveolar15. Assim, em pacientes com perda óssea, o tratamento 
ortodôntico pode ser de extrema utilidade para melhorar a saúde periodontal, desde 
que não haja doença ativa, já que osteoclastos são células resistentes e prosperam 
em meio inflamatório16. Por outro lado, o componente osteogênico da resposta do 
ligamento periodontal à força ortodôntica, envolve a diferenciação de células do 
ligamento periodontal em osteoblastos16. 
Polson et al17, em 1984 estudaram os efeitos do movimento dentário no nível 
do tecido conjuntivo, quando associados com defeito periodontal intra-ósseo. O 
estudo confirmou que a alteração substancial da morfologia óssea ocorreu após o 
movimento dentário, no lado da tensão, mas estas alterações não foram 
acompanhadas por nenhuma mudança no nível do tecido conjuntivo após aplicação 
das forças ortodônticas. No lado da pressão, o desaparecimento do defeito ósseo 
angular resultou no aparecimento de um nível mais coronal do osso alveolar. Exame 
histológico revelou a presença de epitélio interposto entre o osso e a superfície 
radicular. No lado da tensão, o desaparecimento do defeito ósseo angular foi 
resultado do movimento de corpo do dente. A parede óssea do defeito angular não 
acompanha o movimento do dente, devido a uma falta de fibras de inserção da 
superfície radicular. Este desaparecimento transformou o defeito intra-ósseo em 
uma bolsa supra-óssea. 
van Venrooy e Yukna18, em 1985, estudaram em cães, o efeito do movimento 
de extrusão ortodôntica em dentes com doença periodontal avançada. Foram 
seccionadas as raízes dos primeiros pré-molares e apenas a raiz mesial foi utilizada 
no experimento, sendo a raiz distal extraída. Cada um dos constituintes da amostra 
foi seu próprio controle. No lado direito (controle), havia lesão periodontal induzida e 
do lado esquerdo (experimental), lesão periodontal induzida seguida pela extrusão 
ortodôntica. Antes de induzir a lesão, os animais exibiram uma leve gengivite com 
bolsa de 2 mm ou menos no dente a ser tratado. A extensão da destruição 
periodontal foi marcada pelo corte da raiz no nível mais apical da remoção do osso. 
Um elástico de ligadura foi colocado ao redor de cada raiz no nível do osso para 
prevenir reencaixe e perpetuar a lesão. Após 90 dias a ligadura foi removida para 
verificar a natureza crônica e irreversível da lesão induzida. Depois de induzida e 
mantida a lesão, foi observado perda de 1/3 a 1/2 do suporte periodontal original dos 
dentes, sangramento na sondagem, eritema marginal e a profundidade da bolsa de 
2 a 3 mm. A mobilidade foi classificada como de 0 a 1 em todos os dentes. A força 
utilizada para a extrusão foi de 20 a 25 g, aplicada entre um gancho soldado em 
segmento de fio e um gancho cimentado dentro do canal de cada raiz. Para delinear 
a calcificação de tecidos, foi injetado intraperitonealmente Procion Brilhante 
Vermelho H8BS, 5 dias antes de iniciar a extrusão. O movimento requereu de 14 a 
21 dias, obtendo-se uma extrusão de 3 a 4 mm e aumento do grau de mobilidade de 
1 para 3. Os dentes foram estabilizados por um período de 21 dias, mantendo o grau 
de mobilidade entre ½ a 2, a profundidade da bolsa de no máximo 1mm e sem 
sangramento na sondagem. Entretanto, nos dentes controle verificou-se aumento 
da bolsa de 2 a 4 mm e sangramento. Radiograficamente não foi observada 
mudança no nível ou forma da crista óssea alveolar ao redor do dente extruído. O 
exame histológico indicou que o tecido marginal do grupo experimental era similar 
ao do controle, exceto pela diminuição da profundidade do sulco e formação de um 
colar de osso superior na crista óssea alveolar original, de aproximadamente metade 
da distância da extrusão. Similarmente, a região apical apresentou uma faixa larga 
de deposição óssea nova entre o ápice do dente e a parede alveolar original. 
 Berglundh et al19, em 1991, realizaram um estudo experimental a fim de 
descrever a reação do tecido periodontal à extrusão ortodôntica quando combinada 
com fibrotomia supracrestal. Cães com saúde periodontal foram usados no 
experimento. Os segundos, terceiros e quartos pré-molares inferiores foram 
obturados e seccionados. A raiz mesial de cada pré-molar foi selecionada como 
grupo experimental, enquanto a raiz distal correspondente serviria como grupo 
controle. Após quatro semanas, um dispositivo para extrusão foi instalado em ambos 
os lados da mandíbula, de forma a gerar força de 5 a 10g reativada a cada 2 
semanas durante
o período de 8 semanas. No quadrante esquerdo da mandíbula, 
as raízes mesiais foram expostas e submetidos a fibrotomia supracrestal. Este 
procedimento foi repetido na unidade da raiz mesial a cada segunda semana 
durante o período ativo. Após a extrusão das raízes, foi realizada contenção por um 
período de 8 semanas. O resultado demonstrou que o processo de extrusão resultou 
em 4 mm de deslocamento vertical e foi acompanhado pela recessão do tecido 
periodontal e remodelamento, recessão da gengiva marginal, aumento na largura do 
anexo gengival, perda mínima de tecido periodontal e deposição de tecido ósseo na 
crista alveolar. Na extrusão ortodôntica combinada com fibrotomia supracrestal, o 
deslocamento coronal foi mais evidente, mas a recessão da gengiva marginal e a 
perda do tecido conjuntivo foi maior do que o movimento dentário sem fibrotomia. O 
resultado da análise histológica confirmou o resultado clínico e revelou que a altura 
do anexo supracrestal permaneceu estável durante o processo de extrusão. 
Mantzikos e Shamus5,20, em 1997 e 1999, observaram as respostas 
osteofisiológicas e dos tecidos moles, quando incisivos superiores, que 
apresentavam defeito alveolar vertical e perda óssea horizontal maior que a metade 
do comprimento da raiz ao longo das superfícies mesial e distal, foram submetidos a 
extrusão ortodôntica com o objetivo de aumentar verticalmente a altura óssea 
disponível, para posterior colocação do implante dentário. Os autores observaram 
que quando o dente é submetido à extrusão ortodôntica, há redução da 
profundidade de bolsa e o epitélio sulcular aparece na gengiva marginal coronal 
(aspecto avermelhado), devido a uma eversão do revestimento da bolsa. A redução 
da bolsa periodontal no tecido mole, ocorre como resultado do deslocamento coronal 
do anexo dos feixes de fibras apicais do epitélio, causando uma porção substancial 
da parede da bolsa. Durante a fase eruptiva, quando o ligamento periodontal 
acomoda a posição alterada do dente, as principais fibras do ligamento periodontal 
na área de tensão, funcionam como um mecanismo de acoplamento, para prender 
as fibras de colágeno recentemente produzidas a outras fibras já existentes. 
Conseqüentemente ocorre um sincronismo na criação da matriz óssea e no 
processo de remodelamento do ligamento periodontal, que permite a movimentação 
dentária e mantém a integridade do tecido circunjacente. O mecanismo inicial 
envolve a estimulação de células mesenquimais indiferenciadas do ligamento 
periodontal na diferenciação em osteoblastos. O mínimo de exigências teciduais 
para a movimentação dentária é um sistema vascular intacto e o potencial das 
células que sejam ligeiramente ativados. Tecido ósseo é formado na superfície 
interna do alvéolo, diretamente adjacente ao ligamento. Os autores concluíram que, 
se as fibras dos feixes são densas, a matriz é geralmente depositada ao longo do 
estiramento dos feixes das fibras, resultando na formação de nova lamela. Quando 
as fibras são delgadas, uma camada de matriz mais uniforme é formada ao longo da 
superfície óssea. 
 Durante o período de reabsorção solapante, nenhuma atividade formativa 
acontece no lado da tensão, a não ser o deslocamento secundário do dente. O 
ligamento periodontal é comprimido e células livres das áreas hialinizadas são 
desenvolvidas como resultado de isquemia localizada. A hialinização é causada pela 
compressão excessiva do ligamento periodontal. Quando a reabsorção solapante for 
alcançada, é removido o tecido hialinizado e o dente começa o deslocamento devido 
ao espessamento do ligamento periodontal. Aposição pode começar no lado da 
tensão, seguindo por uma hialinização ou a continuação do movimento dentário por 
reabsorção direta da parede alveolar21,22. Após um período de latência de poucos 
dias ou semanas, inclui-se um período de hialinização, ocorre extrusão lenta em 
uma taxa de aproximadamente 1mm ou menos por semana. É importante manter a 
constância da força entre as fases de extrusão e hialinização, caso contrário, o 
movimento desejado não ocorrerá7. 
Nozawa et al23, em 2003, relataram um caso clínico com indicação de 
tratamento periodontal de um segundo pré-molar inferior esquerdo. Após iniciar o 
tratamento periodontal, era observada profundidade de sondagem na face vestibular 
do segundo pré-molar esquerdo inferior de 6 mm e na face lingual de 3 mm, a 
espessura da gengiva queratinizada era de 1 mm e a mobilidade dentária grau 1. Foi 
indicada cirurgia periodontal, da qual resultou uma severa reabsorção óssea e 
defeitos ósseos angulares interproximais. Cinco meses após a cirurgia inicial, o 
defeito ósseo angular interproximal estava aumentado e sete meses após a cirurgia 
inicial, as profundidades de sondagem eram de 3 mm nas faces vestibular e lingual e 
a mobilidade grau 2. Foi então proposta a extrusão ortodôntica do dente envolvido 
após tratamento endodôntico. A mecânica proposta constou de colagem do braquete 
do dente a ser extruído, apical em relação aos adjacentes. Além da força extrusiva, 
foi aplicado torque vestibular de raiz. A posição do braquete era gradualmente 
deslocada em direção apical e a porção vestibular da raiz exposta. Doze semanas 
depois, radiografias mostraram 15 mm de extrusão do dente que foi estabilizado por 
um período de 8 semanas por meio de fio de amarrilho. A distância entre a raiz e 
osso era 3,5 mm em 12 semanas, e diminuiu para 1 mm em 20 semanas. Após a 
extração, o defeito ósseo praticamente desapareceu, verificou-se a formação óssea 
do ápice à direção coronal e nas regiões vestibular e lingual. 
Lin et al24, em 2006, publicaram um caso clínico, no qual era observado defeito 
gengival da papila interdental entre o incisivo central e lateral direito superior, com 
severa destruição periodontal no terço cervical da superfície distal da raiz e com 
uma reabsorção externa da raiz. A profundidade de sondagem era de 6 mm na 
superfície distal do incisivo central e 4mm na superfície mesial do incisivo lateral. O 
incisivo central foi considerado periodontalmente perdido. Devido à altura da linha do 
sorriso e a fim de prevenir a reabsorção óssea e recessão gengival, foi decidido pela 
extrusão ortodôntica do incisivo central. O objetivo da movimentação em reconstruir 
a papila interdental, no nível da gengiva marginal é aumentar a largura da gengiva 
queratinizada. Com uma força leve e contínua, após 8 semanas observou-se uma 
extrusão de 2 a 2,5 mm do incisivo e um aumento de gengiva queratinizada. Depois 
da extração, um implante dentário foi imediatamente instalado, com o diâmetro 
similar ao do dente extraído, para reduzir a abertura entre a parede óssea e reduzir 
o uso de membrana regenerativa, aumentando o sucesso da implantação. 
 A fim de determinar as diferenças na movimentação dentária quando em 
maxila ou mandíbula, Deguchi et al25, em 2008, estudaram as propriedades 
histomorfométricas do osso alveolar de ambos os maxilares durante o movimento 
ortodôntico em cachorros. O estudo mostrou que na maxila a velocidade de 
formação óssea é mais elevada do que na mandíbula. Uma razão para o movimento 
dentário ser mais rápido na maxila é a sua cortical óssea delgada. Por outro lado, na 
análise histomorfométrica, maior erosão da superfície óssea foi observada na maxila 
se comparada a mandíbula. A taxa de aposição mineral e a superfície mineralizada, 
aumentaram somente no lado da tensão em ambas as arcadas, em função do 
movimento dentário. 
 
3.2 Aspectos mecânicos da extrusão ortodôntica com finalidade de ganho 
ósseo 
 
De acordo com a literatura revisada, a extrusão ortodôntica é indicada nas 
seguintes situações: 
• para tratamento de lesão intra óssea ou subgengival
de dentes entre a 
junção cemento esmalte e o terço cervical da raiz (ex. cáries, fraturas 
oblíquas e horizontais, perfuração causada por pino ), quando a estética for 
um fator importante7; 
• para o restabelecimento da largura biológica (espaço entre a crista óssea e 
a base da bolsa), quando houver comprometimento com restaurações, 
perfuração endodôntica ou reabsorção radicular externa26 ; 
• para redução de defeito ósseo angular e bolsa periodontal isolada4; 
• para manter ou restabelecer a integridade do rebordo alveolar com a 
finalidade de instalação de implante dentário7. 
 
Como contra indicações da extrusão ortodôntica podem ser citadas as 
seguintes situações: 
• anquilose e hipercimentose, onde o excesso de força pode causar intrusão 
dos dentes de ancoragem7; 
• fratura vertical de raiz7; 
• em molares, onde a proximidade de raízes é maior7. 
 
Uma dúvida freqüente ao se considerar a extrusão ortodôntica com finalidade 
de ganho ósseo é a magnitude de força indicada. A força necessária para a extrusão 
deve ser leve, de 25 a 30g, não excedendo mais que 30g, prevenindo a reabsorção 
radicular extensa e anquilose. O tempo total para extrusão pode variar de uma a oito 
semanas. A duração da mecânica vai depender da quantidade de extrusão 
necessária e idade do paciente12. 
 Um importante parâmetro é a velocidade da movimentação dentária. 
Potashnick e Rosenberg27, em 1982, sugeriram que a quantidade de força usada e a 
velocidade do movimento determinam o resultado da movimentação dentária. Se a 
força é elevada e o movimento do dente rápido, as alterações nos tecidos 
circunjacentes são menores. Portanto, se a intenção é ganho ósseo, o movimento 
deverá ser mais lento. Os autores evidenciam ainda que na presença de inflamação 
periodontal, a movimentação ortodôntica contribui para o aumento do defeito ósseo. 
Também em dentes posteriores, a extrusão ortodôntica não é indicada, devido ao 
risco de exposição da furca. 
 Segundo Bondemark et al28, em 1997, para uma extrusão rápida de dente 
uniradicular, a força necessária é de 50 a 240g. Este movimento está indicado em 
casos onde a linha de fratura está posicionada abaixo da margem do osso alveolar, 
no terço coronal ou se o fragmento da raiz for suficiente para suportar uma 
restauração coronal com tratamento endodôntico. Na extrusão rápida, ocorre o 
estiramento e a reorganização das fibras do ligamento, sem o remodelamento 
ósseo, e para evitar recidiva, geralmente a fibrotomia supracrestal é executada para 
que as fibras possam reorganizar na nova posição da raiz. 
Mantzikos e Shamus9, em 1998, relataram o tratamento de uma paciente com 
perda óssea horizontal generalizada e perda óssea vertical localizada com bolsa de 
2 mm a 10 mm nos incisivos centrais superiores. O tratamento ortodôntico foi 
iniciado no arco superior com braquetes colados de canino a canino e adaptação de 
fio Twist Flex 0.0175”. Os braquetes dos incisivos centrais foram colados mais 
cervicalmente para provocar a extrusão dos incisivos centrais. Após a instalação do 
aparelho, o paciente retornava a cada 2 semanas para reduzir a borda incisal do 
dente que começava a extruir, para controlar o processo inflamatório e monitorar o 
progresso do movimento. Radiografias periapicais mensais foram tiradas para 
observação. Foi observado durante a extrusão, um aspecto avermelhado na região 
vestibular da gengiva, que era um epitélio sulcular não queratinizado evertido. Após 
16 semanas os braquetes dos incisivos centrais foram reposicionados mais 
apicalmente e um fio de níquel titânio 0.016” foi colocado e mantido por mais 8 
semanas. Em seguida, os dentes foram estabilizados por um período de 4 a 6 
meses, para permitir a própria reorganização do tecido mole e remodelação óssea. 
Subsequentemente, os incisivos centrais foram extraídos e depois de 4 semanas 
foram fixados os implantes. 
Moreira et al29, em 2002, relataram um caso, em que a paciente apresentava 
com doença periodontal avançada nos incisivos centrais superiores e primeiro molar 
superior, e ausência de vários elementos dentários. Foi indicada a extrusão 
ortodôntica lenta nestes dentes, por apresentarem 1/3 de remanescente ósseo 
apical, tendo o cuidado para não movimentar os dentes adjacentes. O período entre 
o início do tratamento e o seu término não ultrapassou 120 dias, com uma média de 
90 dias para a reabilitação protética no local. O resultado apontou para o 
crescimento ósseo, sem a necessidade de enxerto ósseo, melhorando o 
posicionamento do implante dentário, tanto no aspecto axial como no seu 
posicionamento cervical. O progresso do tratamento foi avaliado pelas radiografias 
panorâmicas inicial, intermediárias e pós-tratamento. 
Bach et al7, em 2004, citaram vários métodos utilizados para a técnica de 
extrusão dentária. Uma das técnicas propostas foi a colocação de braquetes na 
face vestibular do dente adjacente ao dente que foi indicado para a extrusão, numa 
posição passiva que não causam nenhum movimento ortodôntico aos dentes de 
ancoragem. No dente indicado para extrusão, o braquete foi posicionado mais 
apicalmente. A diferença nas distâncias representava a extrusão desejada. Um 
segmento de fio 0.016” de níquel titânio foi inserido nos braquetes. Os autores 
sugerem que, se for desejado um movimento mais acentuado, um fio de aço 
inoxidável (0.016”x 0.022”) seja inserido nos dentes adjacentes para sua 
estabilização. Seguindo a extrusão, um segmento de fio de aço inoxidável (0.018”) é 
introduzido por um período mínimo de contenção de 12 semanas. Este sistema pode 
produzir movimento de 1mm por mês. Outra opção citada pelos autores consiste em 
inserir um fio rígido de aço inoxidável (0.7mm), com um gancho soldado e o outro 
gancho cimentado dentro do canal do dente que é submetido à extrusão. Por meio 
de elástico em cadeia o mecanismo é ativado. O elástico deverá ser trocado a cada 
2 semanas. 
Moreira et al30, em 2005, avaliaram em humanos os aspectos clínicos e 
radiográficos da neoformação do tecido ósseo alveolar em direção oclusal, em 
portadores de doença periodontal avançada com prognóstico de exodontia, por meio 
da extrusão ortodôntica. O registro da evolução do tratamento foi feito utilizando-se 
radiografias panorâmicas. O resultado demonstrou neoformação óssea que variou 
de 0 mm a 4,5 mm, num período de tempo de 49 a 244 dias, além de aumento da 
largura da gengiva queratinizada e diminuição da bolsa periodontal. Em alguns dos 
pacientes avaliados, a quantidade óssea neoformada não foi o suficiente, 
necessitando de complementação com o enxerto ósseo. Os melhores resultados 
teciduais gengivais e ósseos foram para aqueles dentes movidos em conjunto de 
dois ou mais dentes. 
Chambrone e Chambrone6, em 2005, relataram um caso com fratura vertical na 
porção radicular ao nível da crista alveolar e bolsa de 4mm no incisivo lateral direito 
superior. Foi decidido que a raiz deveria ser substituída por um implante dentário. O 
tratamento ortodôntico foi iniciado no arco superior com arco passivo, no mesmo 
plano horizontal, do primeiro pré-molar direito ao incisivo central esquerdo e 
adaptação de fio de níquel titânio 0.016”. Um pino metálico e provisório foi colocado 
na raiz para servir de apoio à movimentação. O braquete do incisivo lateral direito foi 
posicionado mais apicalmente, no local da junção cemento-esmalte, e aplicada força 
de aproximadamente 50g. Para evitar a intrusão dos dentes de ancoragem, um 
segmento de fio de aço inoxidável 0.019” x 0.025” foi usado para estabilização. O 
paciente retornou a cada 2 semanas, para desgaste da superfície incisal e 
reposicionamento do braquete do incisivo lateral mais para cervical. Após 10
semanas, houve estabilização da movimentação por um período de 10 semanas. 
Radiograficamente foi observada melhora na altura do osso alveolar. Em seguida à 
extração, foi colocado o implante dentário. 
 Wang et al8, em 2005, relataram o caso de uma paciente com trauma no 
incisivo central superior direito, que ocorreu seis meses antes do exame inicial. O 
plano de tratamento inicial constou de endodontia e confecção de pino e coroa e 
restauração final. Inicialmente, o dente permaneceu assintomático, contudo após a 
realização dos exames de acompanhamento, a profundidade da bolsa havia 
aumentado para 9 mm e foi observado processo infeccioso na região palatina do 
dente. Ao exame clínico e radiográfico foi observada fratura na raiz e extração foi 
recomendada para posterior colocação do implante dentário. A fim de se obter 
melhor estética, foi indicada extrusão ortodôntica para o desenvolvimento dos 
tecidos duro e mole. A extrusão foi executada com a colocação do braquete mais 
apical em relação aos dentes adjacentes e após dois meses notou se a migração do 
tecido mole. O dente foi movido coronalmente e quatro meses após, ambos os 
tecidos duro e mole acompanharam o movimento. No entanto, radiograficamente 
observou-se um granuloma na região apical, devido ao movimento ortodôntico, que 
foi removido com uma incisão intrasulcular na face vestibular e palatina deste dente 
e dos dentes adjacentes. Após a extração, foi executado o enxerto ósseo em 
camadas para imitar a estrutura do próprio osso, facilitando a formação de tecido 
ósseo. Segundo os autores, a correção do defeito ósseo, não permite apenas a 
colocação do implante ideal, mas também promove um aspecto mais natural do 
tecido mole, influenciando na anatomia da coroa e conseqüentemente, a estética. 
De acordo com Ferrazzo et al 31 (2007), na extrusão lenta, o deslocamento do 
dente varia de 0,5 mm a 1 mm com um período de repouso de 8 a 12 dias, e há 
tendência da movimentação do tecido ósseo e gengival, pelo estiramento das fibras. 
Por outro lado, no processo de extrusão rápida, o deslocamento varia de 2,0 mm a 
3,0 mm e o período de repouso de 3 a 5 dias. 
 Contudo, segundo Wang et al8, a fibrotomia supracrestal não deve ser 
executada quando a intenção é movimento lento para ganho ósseo, já que esse 
procedimento acelera a movimentação dentária. Por fim, a realização ou não de 
procedimento de fibrotomia associado à movimentação ortodôntica tem sido 
amplamente considerada na literatura4,8,32. 
 
 
 
 
 
4. RELATO DE CASO 
 
Paciente B.L.A.A, gênero feminino, com 46 anos de idade, foi atendida pela 
equipe de periodontia e implantodontia do ILAPEO e, depois de realizado o exame 
clínico e radiográfico, foi sugerido a extração dos incisivos centrais e laterais 
superiores e posteriormente a reabilitação com implante dentário, devido a grande 
perda óssea e conseqüente mobilidade (Figura 1). 
 Em função da importância estética na região e pelo fato dos dentes, embora 
periodontalmente comprometidos, não apresentarem lesão periapical e situação 
gengival saudável, optou-se pela extrusão ortodôntica lenta para a formação óssea 
e, posteriormente enxerto ósseo e instalação de implante dentário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Situação clínica e radiográfica inicial. A. Vista lateral do lado direito. B. 
Vista frontal. C. Vista lateral do lado esquerdo. D. Radiografia periapical do lado 
direito. E. Radiografia periapical do lado esquerdo. 
A B C 
D E
 E 
 A mecânica proposta constou de colagem dos braquetes dos incisivos mais 
para cervical (0,5mm), em comparação com os dentes adjacentes. Um fio de arco 
NiTi .014” foi inserido nos braquetes, para promover uma força extrusiva leve e 
contínua, e um arco com fio de aço inoxidável .019 ”x .025” passivo com bypass da 
região dos incisivos a serem extruídos, foi sobreposto a fim de evitar a ação de força 
de reação no segmento de ancoragem. O braquete do incisivo central do lado 
esquerdo foi colado apenas por razões estéticas, mas em nenhum momento foi 
aplicada força diretamente sobre ele em função do nível de perda óssea observado. 
A paciente retornava a cada 4 semanas para a ativação. A cada consulta os 
braquetes dos incisivos eram recolados 0,5 mm a mais na direção cervical, ou em 
algumas situações o fio de Niti foi apoiado sobre a base cervical do braquete a fim 
de gerar a força extrusiva (Figura 2). Conforme a extrusão, a incisal dos incisivos foi 
desgastada para permitir a movimentação. No caso apresentado não foi realizada a 
mensuração mensal da força aplicada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. A e B. Mecânica aplicada. 
 
 
A 
B 
BB 
 Após 3 meses, notou-se radiograficamente, uma linha radiopaca ao redor da 
raiz do incisivo central direito, indicando formação óssea e espessamento do 
ligamento periodontal na porção apical do incisivo lateral direito (Figura 3). Nesse 
momento também já podia ser observada diminuição na mobilidade clínica do 
incisivo lateral do lado direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. A e B. Radiografias periapicais após 3 meses de início da aplicação da 
força. 
 
Sete meses após o início do tratamento, num primeiro instante, a equipe de 
Implantodontia decidiu pela extração dos incisivos centrais direito e esquerdo e 
incisivo lateral esquerdo, e instalação imediata do implante dentário. No entanto, 
posteriormente, a mesma equipe optou por continuar o movimento de extrusão. No 
planejamento inicial, o incisivo lateral direito foi considerado um dente “condenado” 
pela sua perda óssea e conseqüente mobilidade, mas durante o processo de 
extrusão não havia mais a mobilidade, sendo assim, foi considerado 
periodontalmente viável. 
A B 
 Na fase atual (Figuras 4 e 5), o movimento está sendo realizado de acordo 
com a mecânica inicial, e será mantido até a extrusão completa do alvéolo dentário. 
 
 
Figura 4. Situação clínica após 10 meses do início da movimentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5. A e B. Radiografias periapicais após 10 meses do início da movimentação. 
 
 
 
 
 
 
A B 
5. DISCUSSÃO 
 
Em dentes em áreas estéticas e com grande perda óssea vertical, 
periodontalmente condenados, onde a formação e manutenção do tecido duro e 
tecido mole são essenciais para a reabilitação com implantes dentários, uma opção 
de tratamento é a extrusão ortodôntica 5-7,9,20,26,27. 
A extrusão ortodôntica é indicada nas seguintes situações: para tratamento de 
lesão intra óssea ou subgengival de dentes entre a junção cemento esmalte e o 
terço cervical da raiz7; para o restabelecimento da largura biológica26; para redução 
de defeito ósseo angular e bolsa periodontal isolada4 e para manter ou restabelecer 
a integridade do rebordo alveolar com a finalidade de instalação de implante 
dentário7. 
Como contra indicações da extrusão ortodôntica podem ser citadas as 
seguintes situações: anquilose e hipercimentose7; fratura vertical de raiz7 e em 
molares, onde a proximidade de raízes é maior7. 
 Segundo Roberts16 e Potashnick e Rosenberg27, em pacientes com perda 
óssea, o tratamento ortodôntico pode melhorar a saúde periodontal, desde que não 
haja doença ativa. Na presença de inflamação periodontal, a movimentação 
ortodôntica contribui para o aumento do defeito ósseo15. 
 A magnitude da força aplicada é essencial para o sucesso do tratamento. De 
acordo com Reitan12, para uma extrusão lenta deve ser utilizada entre 25 a 30g para 
que seja obtida a formação de novo osso. Por outro lado, Bondemark et al28 indicam 
de 50 a 240 g de força para
extrusão rápida de dente uniradicular. Se a quantidade 
de força é maior, mais rapidamente o dente é extruído para fora do alvéolo, porém 
sem apresentar ganho ósseo27. 
 Diferentes quantidades de movimentação têm sido relatadas na literatura. 
Nozawa et al23 em seu estudo, observaram que após 12 semanas do início da 
extrusão ortodôntica, o dente extruiu 15 mm e seguindo um período de estabilização 
de 8 semanas, a distância entre a raiz e osso era de 3,5 mm. Para Lin et al24, uma 
extrusão ortodôntica foi realizada com força leve e contínua e, depois de 8 semanas 
observou-se uma extrusão de 2 a 2,5 mm. Segundo van Venrooy e Yukna18 em seu 
estudo, foi utilizada uma força para extrusão ortodôntica de 20 a 25 g, obtendo-se 
uma extrusão de 3 a 4 mm em 14 a 21 dias, seguindo um período de estabilização 
de 21 dias. Berglundh et al19, realizaram o procedimento de extrusão ortodôntica 
com uma força de 5 a 10 g e reativada a cada 2 semanas durante o período de 8 
semanas, que resultou em 4 mm de deslocamento vertical e seguindo uma 
contenção de 8 semanas. 
 Moreira et al29, em seu estudo afirmou que o período entre o início do 
tratamento de extrusão ortodôntica e seu término, não deve ultrapassar 120 dias. 
Porém, em outro estudo dos mesmos autores, foi relatado que o tempo de 
tratamento foi de 49 a 244 dias com neoformação óssea de 0 mm a 4,5 mm30. 
 Segundo Ferrazzo et al31, na extrusão lenta, os movimentos ativos são de 0,5 
mm a 1,0 mm com um período de repouso de 8 a 12 dias. Na extrusão rápida, os 
movimentos ativos são de 2,0 mm a 3,0 mm e o período de repouso de 3 a 5 dias. 
 A resposta do tecido periodontal à movimentação também tem sido avaliada. 
O movimento dentário ocorre quando uma força é aplicada e implica em resposta 
celular no ligamento periodontal e remodelação no osso alveolar13,14. A reação 
tecidual depende do envolvimento anatômico e das variações nas características do 
osso alveolar e tecido fibroso10,11,12. Segundo Polson et al17, após a aplicação das 
forças ortodônticas, no lado da tensão não houve mudança no nível do tecido 
conjuntivo e no lado da pressão, o desaparecimento do defeito ósseo angular 
resultou no aparecimento de um nível mais coronal do osso alveolar. Para 
Melsen21,22 nenhuma atividade formativa acontece no lado da tensão, acontece 
somente o deslocamento secundário do dente. Segundo Mantzikos e Shamus5,20, 
quando o dente é movido na extrusão ortodôntica, na presença de bolsa periodontal, 
parece mover-se coronalmente antes da gengiva marginal, assim, a profundidade da 
bolsa é reduzida e o epitélio sulcular aparece na gengiva marginal coronal, devido a 
uma eversão do revestimento da bolsa. 
Segundo van Venrooy e Yukna18, após a extrusão ortodôntica, o aparelho de 
inserção continua intacto com todos os componentes, mas encontrou-se um 
espessamento do ligamento periodontal, a largura do cemento maior e aumento na 
altura óssea na área da crista. A erupção forçada também pode ser usada para 
corrigir um defeito na papila interdental, conseqüência de uma severa destruição 
periodontal, e aumentar a largura da gengiva livre5,9,20,24. 
Deguchi et al25 confirmou em seu estudo que a taxa de formação óssea é maior 
na maxila do que na mandíbula, devido a sua cortical óssea ser mais delgada e a 
taxa de reabsorção óssea é maior na região, porém, uma maior erosão da superfície 
óssea foi observada. 
Rinaldi32 e Smidt et al4, concordam que a extrusão ortodôntica combinada com 
fibrotomia supracrestal, auxilia na movimentação dentária sem nenhuma mudança 
ao redor dos tecidos duro e mole. O procedimento não resulta em dano ao 
periodonto, nem alteração da profundidade do sulco ao redor dos dentes. Ao 
contrário, Berglundh et al19 em seus estudos, demonstraram que a extrusão 
ortodôntica combinada com a fibrotomia supracrestal, resultou em um maior 
deslocamento coronal do dente, mas também, observou-se uma recessão da 
gengiva marginal e extensa perda do tecido conjuntivo. Para Wang et al8, se o 
procedimento de extrusão ortodôntica é sugerido para o desenvolvimento dos 
tecidos duro e mole, a fibrotomia supracrestal não deve ser executada. 
No caso clínico apresentado, a mecânica proposta constou de colagem dos 
braquetes do incisivo central superior direito e dos incisivos laterais superiores 
direito e esquerdo mais para cervical (0,5 mm), em relação aos dentes adjacentes. 
Um fio de arco NiTi .014” foi inserido nos braquetes, para promover uma força 
extrusiva leve e contínua, e um arco com fio de aço inoxidável .019” x .025” passivo 
com bypass da região dos incisivos a serem extruídos foi sobreposto a fim de evitar 
a ação de força de reação no segmento de ancoragem. A cada consulta os 
braquetes dos incisivos eram recolados 0,5 mm a mais na direção cervical, ou em 
algumas situações o fio de NiTi foi apoiado sobre a base cervical do braquete a fim 
de gerar a força extrusiva. No planejamento inicial, o incisivo lateral direito foi 
considerado um dente “condenado” pela sua perda óssea e conseqüente 
mobilidade, mas durante o processo de extrusão não havia mais a mobilidade, 
sendo assim, foi considerado periodontalmente viável. 
Por fim, apesar de já ter sido demonstrado a possibilidade de ganho ósseo com 
o movimento de extrusão ortodôntica lenta, muitas vezes, após o procedimento de 
extrusão ortodôntica, o enxerto ósseo é necessário para maximizar a formação 
óssea8. 
 
 
 
 
 
6. CONCLUSÃO 
 
De acordo com a literatura consultada pode ser concluído que áreas com 
dentes periodontalmente comprometidos em região estética, a extrusão ortodôntica 
lenta, desde que bem controlada e com forças leves (de 25 a 30g ), é uma opção de 
tratamento indicada para o desenvolvimento da gengiva e osso, para tratamento de 
lesão intra óssea ou subgengival de dentes entre a junção cemento esmalte e o 
terço cervical da raiz, para o restabelecimento da largura biológica e para redução 
de defeito ósseo angular e bolsa periodontal isolada, desde que não haja fratura, 
anquilose ou qualquer outra alteração que inviabilize a movimentação dentária. Uma 
possibilidade mecânica é a utilização de aparatologia fixa, com braquetes colados 
em alturas de acordo com a necessidade de movimentação dentária, e fio ativo de 
NiTi e passivo (de ancoragem) de aço inoxidável. No caso apresentado, essa 
abordagem de tratamento foi realizada a fim de viabilizar o processo de enxertia 
óssea, prévia a reabilitação com implantes dentários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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