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3 - Bioq Clin - Aula 6 - NNP - 2013 - PDF

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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas
Bioquímica Clínica I
PROVAS DE FUNÇÃO RENAL:
Nitrogênio Não-Protéico
Prof. Rafael Noal Moresco
Santa Maria-RS
RINS
• Órgãos pares localizados no espaço retroperitoneal
• Cada rim apresenta cerca de 1 a 1,5 milhão de néfrons
• Principais funções:
- Excreção
- Regulação da homeostase (eletrólitos, água,...)
- Endócrina (eritropoetina, prostaglandinas, renina,...)
SANGUE
• Formados a partir do catabolismo das proteínas e ácidos 
nucléicos.
NITROGÊNIO NÃO-PROTÉICO (NNP)
Proteína
Aminoácidos
Amônia
Uréia
Proteólise, principalmente enzimática 
Transaminação e desaminação oxidativa 
Síntese enzimática no “ciclo da uréia” 
NITROGÊNIO NÃO-PROTÉICO (NNP)
• Principal produto metabólico nitrogenado do catabolismo 
protéico.
• Responsável por mais de 75% do NNP excretado.
• Produzida no fígado a partir na amônia (ciclo da uréia). 
• Excreção predominantemente renal (>90%).
• Uma ampla variedade de doenças renais pode provocar 
um aumento da concentração sérica de uréia.
• Sua utilidade como indicador independente da função 
renal é limitada pela variabilidade de fatores não-renais 
que podem afetar os seus níveis.
URÉIA
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• Vários fatores extra-renais influenciam na circulação de 
uréia circulante, limitando a sua aplicação como um teste 
da função renal:
- dieta rica em proteínas
- catabolismo protéico aumentado
- reabsorção de proteínas sangüíneas após hemorragias 
- perfusão renal diminuída
• Valor de referência: 15 a 40 mg/dL 
• � em neonatos e � em idosos
URÉIA
• Aumento da concentração 
sangüínea de uréia. 
• Pode ser de três tipos: pré-
renal, renal e pós-renal.
HIPERUREMIA (AZOTEMIA)
HIPERUREMIA PRÉ-RENAL
• Choque traumático
• Reabsorção de proteínas após hemorragia gastrointestinal
• Desidratação grave ou perda de eletrólitos
• Insuficiência cardíaca congestiva
• Ingestão excessiva de proteínas ou degradação intensa
HIPERUREMIA RENAL
• Doença renal bilateral (glomerulonefrite crônica ou 
pielonefrite bilateral crônica)
• Glomerulonefrite aguda
• Lesão glomerular ou tubular devido a choque, IRA, 
reações alérgicas, entre outros
• Necrose tubular aguda
• Síndrome nefrótica
HIPERUREMIA PÓS-RENAL
• Distúrbios obstrutivos do trato urinário
• Obstrução ureteral ou uretral (cálculos, tumores pélvicos,...)
• Tumores de bexiga
• Defeitos congênitos na bexiga ou uretra
CREATININA
• Formada principalmente nos músculos
• Quantidade total de creatinina produzida é relativamente 
constante e proporcional à massa muscular
• A dieta pode influenciar sua concentração (dieta rica em carnes)
• A taxa de excreção é relativamente constante e se correlaciona 
com a produção endógena
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CREATININA
• A concentração plasmática de creatinina e sua depuração renal 
(“clearence de creatinina”) são utilizados como marcadores da 
taxa de filtração glomerular (TFG). 
• A sua concentração plasmática está inversamente relacionada 
com a TFG. 
• Valor de referência (creatinina sérica): 
- 0,6 a 1,5 mg/dL (homens)
- 0,5 a 1,2 mg/dL (mulheres)
CREATININA
• Qualquer condição que reduz a taxa de filtração glomerular (TFG) 
promove uma menor excreção urinária de creatinina.
• Valores aumentados indicam a deterioração da função renal
• Níveis séricos geralmente acompanham a severidade da doença
• Os níveis de creatinina muitas vezes não ultrapassam os limites 
de referência até que haja um comprometimento superior a 50% 
na filtração glomerular
• Embora uma concentração elevada de creatinina no plasma 
geralmente está associada a uma redução da função renal, uma 
creatinina plasmática normal nem sempre indica uma função renal 
normal, indicando que o uso isolado da creatinina plasmática para 
avaliar a função renal não é recomendado. 
Burtis CA, Ashwood ER, Bruns DE. Tietz Fundamentos de Química Clínica. 6ed. 2008 
HIPERCREATINEMIA
• Causas pré-renais:
- insuficiência cardíaca congestiva 
- trauma
• Causas renais: 
- lesão renal (glomérulo, túbulos, vasos sangüíneos ou tecido 
intersticial renal)
• Causas pós-renais:
- obstrução das vias renais
- monitoramento de pacientes após o transplante renal
• Melhor método disponível para avaliar a presença de lesão 
glomerular difusa de grau leve a moderado. 
• Medida da velocidade de remoção de uma substância 
presente no sangue durante a sua passagem pelos rins.
Depuração = U x V
P
U: concentração urinária (mg/dL)
V: taxa de fluxo urinário (mL/min)
P: concentração plasmática ou sérica (mg/dL)
DEPURAÇÃO (Clearence)
• Inulina (polímero da frutose)
- Determinada por HPLC 
- Padrão-ouro para a avaliação da taxa de filtração glomerular
• Compostos marcados com radioisótopos
-
51Cromo-EDTA
• Depuração da Creatinina Endógena (DCE)
- Correção pela superfície corporal (normograma)
DEPURAÇÃO (Clearence)
• Indicador da TFG
• Historicamente, a DCE constitui uma medida mais sensível 
para a detecção da disfunção renal do que a medida da 
creatinina plasmática isolada
• DCE melhor índice do que a depuração da uréia
• Valor de referência: 90-120 mL/min (adultos jovens)
• ↑ idade: ↓ TGF 
• Cuidados com a colheita (padrão: urina de 24 horas)
• Correção pela superfície corporal: normograma
DEPURAÇÃO DA CREATININA ENDÓGENA (DCE)
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DEPURAÇÃO DA CREATININA ENDÓGENA (DCE)
• Há mais de 25 fórmulas diferentes que estimam a TFG usando a 
creatinina plasmática corrigida para algumas ou para todas as 
variáveis de sexo, superfície corporal, raça e idade.
• Existem também fórmulas que utilizam a cistatina C isoladamente 
ou em combinação com a creatinina.
• As fórmulas podem apresentar algumas restrições de uso, 
incluindo a aplicação em pacientes com insuficiência renal aguda, 
crianças,...
• Principais fórmulas:
- Cockcroft-Gault
- MDRD
- CKD-EPI
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA
• National Kidney Foundation dos Estados Unidos recomenda que 
as estimativas sejam realizadas com base na fórmula abreviada 
de CKD-EPI.
• EUA: aproximadamente 90% dos laboratórios relatam a eTFG por 
fórmulas.
• Europa: aproximadamente 80% dos laboratórios relatam a eTFG 
por fórmulas.
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA
http://www.kidney.org/professionals/kdoqi/gfr_calculator.cfm
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA
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TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR ESTIMADA
1. Identificar o método para a análise de creatinina sérica usado
no laboratório.
2. Identificar se o método foi estabelecido com o uso de um
calibrador rastreável a ID-MS (espectometria de massas com
diluição isotrópica)
3. Estabelecer qual multiplicador inserir na fórmula para o cálculo
da eTFG, conforme o método utilizado.
3.1. Laboratórios que usam métodos com calibradores não rastreáveis
ao ID-MS: Fórmula MDRD com fator de correção “186”.
3.2. Laboratórios que usam métodos colorimétricos com calibradores
rastreáveis ao ID-MS: Fórmula MDRD com fator de correção “175”.
PASSO A PASSO DA IMPLANTAÇÃO DA ESTIMATIVA DA 
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR (eTFG)
CISTATINA C
• Proteína de baixo peso molecular (13 kDa) encontrada em
todas as células nucleadas, cuja concentração sérica depende
quase que exclusivamente da capacidade de filtração
glomerular.
• Inicialmente sugerida como novo biomarcador de função renal
em 1985.
• Sua concentração independe da massa muscular, do sexo ou
da alimentação.
• Alguns estudos têm demonstrado a superioridade da cistatina
C em relação às dosagens séricas de uréia e creatinina, e
também à DCE.
CISTATINA C
• Apresenta maior sensibilidade e especificidade quando
comparada à creatinina sérica na detecção de alterações
discretas da função glomerular.
• Elevações da cistatinaC, sem correlação com a diminuição da
taxa de filtração glomerular, foram descritas em pacientes com
mieloma múltiplo, tumores malignos, cirrose hepática e alguns
hipertensos e diabéticos com proteinúria.
• Dosada especialmente por turbidimetria ou nefelometria.
Le Bricon, T. et al. Clin Chem 1999;45:2243-2249
CISTATINA C
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ÁCIDO ÚRICO
• Principal produto do catabolismo dos nucleosídeos purínicos 
(adenina e guanina)
• Formado principalmente no fígado a partir da xantina pela 
ação da enzima xantina oxidase 
• Não é utilizado como teste primário para a avaliação da 
função renal
• Resultados tendem a ser mais elevados nos homens e em 
indivíduos obesos
• Hiperuricemia é definida comumente pelas concentrações de 
ácido úrico plasmático acima de 7,0 mg/dL
ÁCIDO ÚRICO
• Principal aplicação: diagnóstico de gota
• GOTA: desordem clínica caracterizada por hiperuricemia, 
deposição de cristais de uratos monossódicos insolúveis nas 
articulações das extremidades, ataques recorrentes de artrite 
inflamatória aguda, nefropatia, cálculos renais, entre outros.
• Níveis elevados (insuficiência renal, terapia com alguns 
medicamentos, intoxicação por chumbo, hipotireoidismo e 
hipertireoidismo, síndromes mieloproliferativas, defeitos 
enzimáticos específicos)
ÁCIDO ÚRICO
• Níveis séricos elevados de ácido úrico constituem um fator 
de risco independente para doenças cardiovasculares.
• Níveis elevados estão associados ao aumento do risco de 
mortalidade por insuficiência cardíaca congestiva e AVC em 
homens (n = 83.683). Strazak et al., Clin Chem 54:273-84, 2008. 
ÁCIDO ÚRICO
Figura 1. Gota
EXCREÇÃO URINÁRIA DE PROTEÍNA
• A excreção urinária normal do total de proteínas é inferior a 150 
mg/24 horas, sendo estas compostas principalmente pela 
albumina (50% a 60%).
• A proteinúria acima de 300 mg/24 horas geralmente é patológica.
• É crescente a aceitação de que a proteinúria não é apenas uma 
conseqüência da progressão da insuficiência renal, mas que ela 
contribui diretamente para isso.
• Vários estudos demonstraram que a proteinúria é um potente 
marcador de risco para a progressão da insuficiência renal tanto 
diabética quanto não-diabética.
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OUTROS BIOMARCADORES
• Albumina urinária (albuminúria)
• N-acetyl-beta-d-glucosaminidase (NAG)
• Kidney injury molecule-1 (KIM-1)
• Neutrophil gelatinase-associated lipocalin (NGAL)

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