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Guia de Fertilidade do Solo (completo)

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APRESENTAÇÃO
A globalização da economia força a busca da eficiência em todos os segmentos da
sociedade. Na agricultura, bem como nas atividades silvipastoris, é preciso que se busque a
produtividade máxima econômica, caso se queira competir no mercado mundial. Para tal, é
fundamental que o agente de produção tenha ao seu alcance as informações mais atuais sobre as
tecnologias disponíveis.
A crescente oferta de informações aos produtos rurais gera, ainda, a necessidade de que
essas sejam passíveis de serem pesquisadas de forma rápida e segura, uma vez que, nessa
atividade, não há espaço para o aprendizado por “tentativa-erro”.
É por isso que temos grande satisfação em apresentar a todos os segmentos do
agronegócio brasileiro o Guia de Fertilidade do Solo, o qual, em sua versão multimídia, contém
uma enorme gama de informações de forma prática e de fácil manuseio. São milhares de dados
apresentados na forma de gráficos, tabelas, fichas, painéis de cálculos, fertigramas, fotos
coloridas, além de perguntas/respostas de revisão e referências bibliográficas que compõem
uma importante fonte de consulta e que em muito contribuirão para o aperfeiçoamento das
recomendações de calagem e adubação para as mais diversas condições de clima, solos e
culturas no país.
Acreditamos que o uso inteligente das informações contidas nesse Guia de Fertilidade do
Solo - Versão Multimídia, permitirá aos profissionais que atuam na área agrosilvipastoril
contribuir para ampliar a produção, a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas
produtivos, além de aumentar a competitividade brasileira no mercado globalizado.
 Fabiano Ribeiro do Vale
 Reitor da Universidade Federal de Lavras (UFLA)
 Lavras, MG
 Nelson Pereira dos Reis
 Presidente da ANDA
 Associação Nacional para Difusão de Adubos
 São Paulo, SP
 Tsuioshi Yamada
 Diretor da Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa 
 e do Fosfato (POTAFOS)
 Piracicaba, SP
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1
Histórico da Fertilidade do Solo
(Adaptado de IMC, s.d. e Lopes et al., 1990).
O uso de fertilizantes1 e corretivos agrícolas remonta à época
pré-histórica quando o homem abandonou suas atividades
nômades, começou a alojar-se em áreas definidas e a cultivar a
terra. Civilizações desenvolveram-se no Egito, ao longo das
planícies de inundação do Rio Nilo e na Mesopotâmia, entre os
rios Tigre e Eufrates. A fertilidade desses solos era reposta
anualmente pelas enchentes dos rios que depositavam uma
camada de silte2, tornando possível a produção das culturas ano
após ano.
O valor fertilizante do esterco, das margas (materiais
calcários), e plantas leguminosas3 foi conhecido dos primeiros
gregos e passou aos romanos à medida que o império grego se
extinguiu e o império romano começou a florescer.
Xenofonte (355 A.C.) observou que o estado grego
arruinou-se porque o valor do uso dos estercos na terra não foi levado a sério. Teofrastus (372
A.C.) já recomendava o uso abundante de estercos em solos pouco profundos e chegou até a
classificar os estercos, de acordo com a sua “riqueza”. Ele listou a seguinte ordem de valor
decrescente para os estercos: homens, suínos, cabras, ovelhas, bovinos e equinos. Cato, nascido
em 234 A.C., que foi o primeiro escritor romano sobre assuntos agrícolas, declarou que o
esterco de aves era o melhor para adubar as culturas.
O valor fertilizante dos diferentes tipos de estercos foi descrito, também, pelos escritores
romanos: Varro (39 A.C.) e Columela (50 D.C.). Eles também discutiram o valor de certas
leguminosas para enriquecer o solo.
Após o declínio do império romano e durante a “época negra” que se seguiu, poucos
relatos envolvendo o uso do calcário e dos estercos, para fins agrícolas, podem ser encontrados.
2
1 FERTILIZANTE
- Qualquer material, orgânico ou inorgânico, de origem natural ou sintética que é adicionado ao solo para suprir um ou mais 
nutrientes essenciais para o crescimento das plantas.
2 SILTE
- Partículas do solo entre 0,05 e 0,002 mm em diâmetro. Refere-se ainda a uma classe textural. O termo “limo” também é
usado para caracterizar essas partículas.
3 LEGUMINOSAS
- Família de plantas produtoras de grãos, de grande importância e largamente distribuídas na superfície terrestre. O fruto é
uma vagem que se abre longitudinalmente em duas suturas quando maduro. Suas folhas são alternadas, contendo
estípulas e são usualmente compostas. Inclui muitas espécies de valor alimentício e forrageiro, tais como soja, feijões,
ervilhas, amendoim, alfafa, trevos, kudzu e guandu, além de algumas espécies arbóreas como pau-brasil, eritrina,
sibipiruna entre outras. Praticamente todas as leguminosas são plantas fixadoras de nitrogênio, sendo algumas delas muito 
utilizadas como adubo verde.
Durante esse período, que se estendeu até a Renascença nos séculos 14 e 15, todos os avanços
no campo do aprendizado e da ciência permaneceram quase que estagnados.
Com o advento do período da Renascença, o interesse científico em assuntos agrícolas foi
novamente estimulado. Pietro de Crescenzi (1230-1307) que é, às vezes, chamado de fundador
da agronomia, fez um resumo dos trabalhos agronômicos a partir de Homero. Ele também
recomendou um aumento da dose de estercos, sobre a que era usada até aquela época.
Do período do início de 1500 até o início do século 19, foram acumuladas muitas
informações sobre como as plantas crescem e que elementos são necessários para esse
crescimento.
Existem algumas conclusões errôneas que foram feitas durante esse período, como
aquelas resultantes do experimento famoso de Van Helmont. Van Helmont (1577-1644), um
físico-químico flamenco, relatou os resultados de um experimento em que ele acreditava ter
provado que a água era o único alimento das plantas. Ele colocou 90,8 kg de solo em um vaso,
umideceu o solo, e plantou uma muda de salgueiro pesando 2,27 kg. Cuidadosamente adicionou 
apenas água de chuva ou água destilada ao vaso durante 5 anos. Após esse período o
experimento terminou. A árvore pesava então 76,81 kg. Van Helmont pesou o solo original e
verificou que perdeu apenas 56,8 g dos originais 90,8 kg de peso. Como ele havia adicionado
apenas água durante todo o período do experimento, concluiu que a água era o único nutriente
da planta, e atribuiu a perda de 56,8 g de solo ao erro experimental. Evidentemente, o fenômeno
da fotossíntese não era conhecido naquela época e Van Helmont não sabia que o dióxido de
carbono (CO2) e a água contribuíam com a maior parte dos elementos necessários para a
fotossíntese4 e, conseqüentemente, para o crescimento das plantas. Ver Figura 1-F2
3
H2O
CO2
N
Ca Mg S
Fe Mn Mo ZnB Cl Co Cu
P K
Fotossíntese: o milagre da natureza. Fonte: Malavolta, 1980.
Figura 1 - F2
4 FOTOSSÍNTESE
- A síntese de carboidratos partindo do dióxido de carbono e água, pela clorofila, utilizando luz como fonte de energia e
com liberação de oxigênio.
Os fundamentos de compreensão do verdadeiro valor dos elementos químicos na nutrição
das plantas começaram quando Priestly, em 1772, descobriu que as plantas poderiam viver em
uma atmosfera deficiente de oxigênio, deficiência essa gerada pelo processo da combustão ou
pela respiração dos animais vivos. Isto foi o início para compreender o fenômeno pelo qual as
plantas invertem o processo da respiração, utilizando dióxido de carbono e liberando oxigênio.
Outros cientistas que contribuíram, no início, para o conhecimento da nutrição mineral das 
plantas e fertilidade de solo, foram: Saussure,Boussingault e Von Liebig. Theodore de
Saussure demonstrou que o ganho em peso pelas plantas era, principalmente, devido ao carbono 
absorvido do ar na forma de CO2.
Jean Baptiste Boussingault (1807-1882), um químico francês, conduziu os primeiros
experimentos de campo envolvendo o tema fertilidade do solo5. Seus experimentos, muito
cuidadosamente conduzidos, mostraram que a enorme quantidade de carbono assimilada pelas
plantas em crescimento excedia, de muito, aquela quantidade que poderia ser suprida pelo
húmus no solo. Ele também concluiu dos seus estudos que a maioria das plantas absorvia o
nitrogênio necessário do solo.
Justus Von Liebig (1803-1873), um químico alemão, é freqüentemente citado como o pai
da indústria de fertilizantes. Ele foi o primeiro a descobrir a verdadeira teoria de nutrição de
plantas. Nas suas “Aulas de Química”, publicadas em 1840, ele afirmava que os compostos que
contêm carbono e que constituem mais de 95% da matéria seca da planta vêm da atmosfera, e se
a planta for suprida com cerca de 2% de elementos minerais encontrados nas cinzas, ela irá
retirar da atmosfera todos os outros elementos que a planta contém. Liebig também desenvolveu 
a famosa “Lei do Mínimo”, que pode ser resumida no seguinte: “O crescimento das plantas é
limitado pelo nutriente presente em menor quantidade, mesmo todos os outros estando
presentes em quantidades adequadas”. 
Liebig, entretanto, não compreendeu bem o papel dos compostos nitrogenados nos
estercos. Pensava-se, naquela época, que a atmosfera continha quantidades apreciáveis de
amônia e que as chuvas levariam para a terra 30 a 40 quilos de nitrogênio por hectare6,
anualmente. Liebig pensava que o esterco, contendo nitrogênio, estimulava o crescimento das
plantas porque ele fermentava e enriquecia a amônia do ar ao redor das plantas. Concluiu que o
nitrogênio do esterco não era necessário para o crescimento das plantas se os minerais contidos
na cinza das plantas fossem devolvidos anualmente ao solo.
Um jovem proprietário de terras na Inglaterra, John Bennet Lawes, não aceitou
completamente a teoria de Liebig sobre o uso de nitrogênio pelas plantas. Com a ajuda de
Joseph Henry Gilbert, um químico que tinha trabalhado com Liebig, Lawes iniciou uma série de 
experimentos em nutrição de plantas, nas terras da família em Rothamsted, próximo a Saint
Albuns, em 1843. Esses experimentos mostraram a necessidade de fornecer nitrogênio às
4
5 FERTILIDADE DO SOLO
 1) Estudo da capacidade do solo em ceder elementos essenciais às plantas; 2) situação do solo que se refere à
quantidade e disponibilidade dos elementos necessários para o crescimento das plantas; 3) qualidade do solo que torna-o
capaz ou não de fornecer nutrientes em quantidades adequadas e apropriadamente balanceadas para o crescimento das
plantas, quando outros fatores, tais como: luz, umidade, temperatura e condições físicas do solo são favoráveis.
6 HECTARE
- Medida de área muito utilizada na agricultura e que corresponde a 10.000 m2.
plantas. Se apenas os constituintes minerais das cinzas fossem aplicados, as produções
diminuíam. Esses experimentos também demonstraram o valor do fósforo e do potássio no
crescimento das plantas. O trabalho experimental pioneiro desenvolvido em Rothamsted
provou que fertilizantes químicos poderiam ser usados para manter e aumentar a fertilidade do
solo.
A indústria de fertilizantes químicos começou com a descoberta de John Lawes, em 1842,
segundo a qual o tratamento de fosfatos de rocha com ácido sulfúrico tornava o fósforo mais
disponível para as plantas. Antes disso, ossos moídos constituíam-se nas fontes de fósforo
usadas na adubação. Liebig descobriu que o tratamento de ossos com um ácido forte, como o
ácido sulfúrico, transformava o fósforo desse material em formas mais disponíveis para as
plantas. Mas foi John Lawes que, ao patentear o processo de fabricação do superfosfato,
realmente lançou as bases da indústria de fertilizantes químicos. Depósitos de rocha fosfática
começaram a ser descobertos em todo o mundo. Nos Estados Unidos, minas de fosfato foram
descobertas primeiro na Carolina do Sul em 1837, mas a mineração não começou até 1867.
Nos primeiros estágios da indústria de fertilizantes o superfosfato era a fonte de fósforo e
as fontes de nitrogênio eram orgânicas, tais como: farinha de carne, farinha de sangue, torta de
algodão, peixes e guano do Peru. Uma fonte inorgânica de nitrogênio utilizada foi o sulfato de
amônio. Este produto foi primeiro fabricado na Inglaterra em 1840. Na produção de gás de
carvão como um combustível, observou-se que a amônia liberada poderia ser combinada com
ácido sulfúrico para produzir o sulfato de amônio. Esta foi a primeira produção sintética de
nitrogênio inorgânico. Outra fonte inorgânica de nitrogênio amplamente utilizada, como
fertilizante naquela época, foi o Salitre do Chile. Os grandes depósitos naturais de nitrato de
sódio foram descobertos no Chile, e o transporte marítimo do produto foi iniciado em 1880.
Cinzas de madeira foram as principais fontes de potássio na Europa, até o descobrimento
de jazimentos de sais potássios na Alemanha em 1839. Os primeiros sais potássios utilizados na
fabricação de fertilizantes eram de baixa concentração: kainita que continha cloreto de potássio, 
cloreto de sódio e outras impurezas. O teor de potássio nesse produto era de aproximadamente
15% na forma de K2O.
Em 1860, um típico fertilizante misto apresentava a fórmula 2 - 9 - 2. O nitrogênio era
fornecido por farinha de peixe (6% N) e salitre do Chile (15,5% N). A fonte de fósforo era o
superfosfato (12,5% P2O5) e o potássio vinha da kainita (15% K2O).
Poucas mudanças ocorreram nos processos de fabricação de fertilizantes até o
descobrimento da fixação sintética de nitrogênio atmosférico7. A primeira operação nesse
sentido, em escala comercial, foi desenvolvida por Frank e Caro, na Itália, em 1906, usando o
processo da cianamida. Amônia foi sintetizada pela primeira vez na Alemanha em 1913. Com a
produção de uma fonte de nitrogênio inorgânico relativamente barata e de alta concentração, a
indústria de fertilizantes entrou em uma era de rápida expansão. Foi então possível a produção
de fertilizantes com concentrações relativamente altas, através da amonificação dos
superfosfatos com soluções nitrogenadas com alto teor de nitrogênio. A indústria de
5
7 FIXAÇÃO SINTÉTICA DO NITROGÊNIO ATMOSFÉRICO
- É a base do processo industrial de fabricação de fertilizantes nitrogenados. O processo mais importante é a síntese da
amônia (NH3) a partir do nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2), como segue:
 N2 + 3H2 ——-> 2NH3
O H2 é geralmente obtido do gás natural. O N2 vem diretamente do ar.
fertilizantes não mais teve que depender de fontes de nitrogênio orgânico, de baixa
concentração e de lenta disponibilidade. Fertilizantes mistos podem agora ser transportados a
maiores distâncias, em decorrência das reduções dos custos de frete, nos fertilizantes de alta
concentração. Os agricultores também se beneficiaram por terem, à disposição, suprimento
abundante de fertilizantes de alta concentração, relativamente mais baratos.
A indústria de fertilizantes na América do Norte foi ainda mais estimulada pelo
descobrimento de grandes jazimentos de sais potássios de alta qualidade na área de Carlsbad no
Novo México, em 1925. A indústria americana não era mais dependente de importações de sais
potássicos da Europa.
A introdução de uréia sólida, em 1935, e o processo de granulação introduzido no mesmo
ano, deram maior impulso ao crescimento da indústria de fertilizantes nos Estados Unidos.
Classificada antigamente como uma indústria secundária, a indústria de fertilizantes agora
emerge como uma indústria química de primeira linha.
Desde o término da 2a Guerra Mundial, avanços gigantescos foram obtidos em tecnologia
de fabricação de fertilizantes: (1) o fenomenal aumento de produção de fertilizantesgranulados; 
(2) a produção do ácido superfosfórico e polifosfatos de amônio que levou a um grande aumento 
na produção e uso de fertilizantes na forma líquida ou em suspensão; (3) a introdução de
fertilizantes nitrogenados de disponibilidade controlada, tais como misturas de uréia e
formaldeído; (4) o aumento na aplicação direta de amônia anidra e outros fertilizantes líquidos;
(5) o aumento no uso de fertilizantes granulados comercializados a granel; (6) o aparecimento e
expansão de muitas empresas que operam com o fornecimento de nitrogênio, fósforo e potássio
e (7) o descobrimento e exploração de grandes reservas de potássio no Canadá e a exploração de 
depósitos de rochas fosfatadas na Carolina do Norte e estados do oeste dos Estados Unidos.
No Brasil, até a década de 70, a demanda interna de fertilizantes era atendida basicamente
pelas importações. A produção local restringia-se à exploração de uma mina de fosfato
descoberta nos anos 40, no Estado de São Paulo, e de outras de menor expressão.
A partir de 1974, com os incentivos proporcionados pelo I Plano Nacional de Fertilizantes
e Calcário Agrícola, a produção de fertilizantes no Brasil aumentou consideravelmente.
A produção de fertilizantes nitrogenados evoluiu de uma situação de 40% de atendimento
da demanda interna em 1974, para cerca de 76% em 1989.
O segmento de fosfatados partiu de uma redução gradativa de dependência de importações 
até, praticamente, a auto-suficiência nos dias atuais. Esta situação decorreu, em grande parte, do 
desenvolvimento de tecnologia nacional que permitiu o aproveitamento das reservas de fosfatos 
brasileiros, para fins de fabricação de fertilizantes fosfatados. Tais fosfatos, anteriormente
considerados inaptos para esse fim, constituem, atualmente, a base da indústria de fertilizantes
fosfatados no Brasil.
As necessidades da agricultura brasileira, quanto a fertilizantes potássicos, vêm sendo
atendidas basicamente por importações. A descoberta e exploração da mina de
Taquari-Vassouras em Sergipe, a partir de 1986, irá permitir uma redução sensível nas
importações de fertilizantes potássicos, quando a mesma estiver operando em sua capacidade
nominal. Mesmo assim, a médio e longo prazos, a perspectiva de importações é bastante alta,
uma vez que a capacidade dessa mina é de cerca de um quarto (1/4) da demanda nacional de
fertilizantes potássicos em 1989.
6
E, finalmente, cabe comentar que as reservas e capacidade instalada para moagem de
calcário8 são bastante adequadas no Brasil, permitindo um prognóstico favorável de capacidade
de suprimento desses materiais a médio e longo prazos.
7
8 CALCÁRIO
- Material corretivo da acidez do solo, obtido pela moagem de rochas calcárias. No Brasil os calcários são classificados
como calcíticos (menos de 5% de MgO), magnesianos (5 a 12% de MgO) e dolomíticos (mais de 12% de MgO).
CAPÍTULO 2
O SOLO
Conceitos Básicos sobre Fertilidade do Solo e Produtividade
Introdução
O solo é a parte superficial intemperizada1 da crosta terrestre, não consolidada, e
contendo matéria orgânica2 e seres vivos. Nele se desenvolvem os vegetais, obtendo, através
das raízes, a água e os nutrientes. (Raij, 1981 ).
O solo é, portanto, o meio no qual as culturas desenvolvem-se para produzir fibras e
madeiras para os mais diversos fins, formas de energia renovável (álcool, por exemplo) e,
sobretudo, alimentos para atender a crescente demanda decorrente da explosão
populacional.(Ver Ficha 1)
Como pode um agricultor fazer com que suas culturas produzam de modo eficiente e
competitivo sem solos férteis?
Como podem os extensionistas agrícolas ajudar os agricultores e dar-lhes informações
técnicas sem a compreensão da fertilidade do solo3?
A fertilidade é vital para a produtividade, mas um solo fértil4 não é necessariamente um
solo produtivo5. A má drenagem, os insetos, a seca e outros fatores podem limitar a produção,
mesmo quando a fertilidade é adequada. Para compreendermos completamente a fertilidade do
solo, precisamos conhecer também os outros fatores que favorecem, ou limitam, a
produtividade.
10
1 INTEMPERIZADA
- Refere-se ao processo de desintegração e decomposição sofrido pela crosta terrestre devido à ação química do ar e das
águas de chuva, das plantas e microorganismos, e da ação mecânica das mudanças de temperatura e pressão.
2 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
- Compreende os resíduos vegetais (raízes e parte aérea) e animais (incluindo os excrementos), em variados estádios de
decomposição, ocorrendo no solo em estreita relação com os constituintes minerais. Representa importante papel no solo,
melhorando suas condições físicas e químicas, e servindo de fonte de elementos minerais.
3 FERTILIDADE DO SOLO
 1) Estudo da capacidade do solo em ceder elementos essenciais às plantas; 2) situação do solo que se refere à
quantidade e disponibilidade dos elementos necessários para o crescimento das plantas; 3) qualidade do solo que torna-o
capaz ou não de fornecer nutrientes em quantidades adequadas e apropriadamente balanceadas para o crescimento das
plantas, quando outros fatores, tais como: luz, umidade, temperatura e condições físicas do solo são favoráveis.
4 SOLO FÉRTIL
- Solo que contém os nutrientes essenciais em quantidades adequadas e balanceadas para o normal crescimento e
desenvolvimento das plantas cultivadas, apresenta boas características físicas e biológicas e é livre de elementos tóxicos.
5 SOLO PRODUTIVO
- Solo fértil, ou seja, que contém os nutrientes essenciais em quantidades adequadas e balanceadas para o normal
crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas, apresenta boas características físicas e biológicas, é livre de
elementos tóxicos e está situado em uma zona com fatores climáticos favoráveis.
Para compreendermos a produtividade do solo6, precisamos conhecer as relações
solo-planta existentes. Certos fatores externos controlam o crescimento das plantas: ar, calor
(temperatura), luz, suporte mecânico, nutrientes e água. A planta depende do solo, pelo menos
em parte, para a obtenção de todos esses fatores, à exceção da luz. Cada um desses fatores afeta
diretamente o crescimento da planta e está relacionado aos demais.(Ver Ficha 2)
Uma vez que a água e o ar ocupam os espaços porosos do solo, os fatores que afetam as
relações hídricas necessariamente influenciam o arejamento. Isto faz com que as mudanças no
teor de umidade afetem a temperatura do solo. A disponibilidade de nutrientes é influenciada
pelo balanço entre solo e água, assim como pela temperatura do solo. O crescimento das raízes
também é influenciado pela temperatura do solo, bem como pela quantidade de água e pela
aeração.
 A fertilidade do solo, na agricultura moderna, é parte de um sistema dinâmico. Os
nutrientes estão sendo constantemente exportados na forma de produtos de plantas e animais.
Infelizmente, outros podem ser perdidos por lixiviação e erosão. Além disso, nutrientes como o
fósforo (P) e o potássio (K), podem ser retidos por certos tipos de argila do solo. A matéria
orgânica e os microorganismos do solo imobilizam, e depois liberam os nutrientes através do
tempo.
Se o processo produtivo da agricultura fosse um sistema fechado, o balanço nutricional
poderia ser relativamente estável. Isto não ocorre assim, entretanto, e é por isto que é essencial
compreender os princípios de fertilidade do solo para uma produção eficiente das culturas e para 
a proteção ambiental.
. As seções seguintes deste capítulo abordam a constituição do solo, bem como algumas
características deste que influenciam o crescimento das plantas. Os nutrientes essenciais para as 
plantas também são enumerados e classificados em categorias.
. Os capítulos seguintes desta publicação caracterizam cada nutriente das plantas -
incluindo a quantidade removida pelas culturas altamente produtivas, seu papel no crescimento
das plantas, seus sintomas de deficiência,suas relações no solo e os fertilizantes7 que os contêm.
Constituição do Solo
(Adaptado de Raij, 1981).
O solo apresenta quatro fases, que são: sólida, líquida, gasosa e biológica. A interação
dessas quatro fases é que torna possível o desenvolvimento de vegetais no solo, graças a um
conjunto de propriedades e processos que permitem a retenção de água e nutrientes e sua
liberação às raízes.
11
6 PRODUTIVIDADE DO SOLO
- Reflete a capacidade do solo de atingir um determinado nível de produção das culturas, através de práticas adequadas
de manejo.
7 FERTILIZANTE
- Qualquer material, orgânico ou inorgânico, de origem natural ou sintética que é adicionado ao solo para suprir um ou mais 
nutrientes essenciais para o crescimento das plantas.
O solo apresenta-se em camadas ou horizontes8, chamados O, A, E, B e C. O conjunto
desses horizontes denomina-se perfil do solo9, conforme ilustrado na Figura 2.1. (Adaptado de
EMBRAPA - SNLCS, 1988 ).
O horizonte O ocorre apenas em alguns solos. Consiste em uma camada delgada de
restos orgânicos, tais como folhas, galhos e restos de vegetais em decomposição. A parte
inferior (Od, Odo), constituída de detritos mais antigos e semidecompostos, é conhecida como
“terra vegetal”, que é de grande interesse para cultivo de plantas ornamentais em vasos. O
horizonte O, geralmente, só ocorre em florestas, constituindo a chamada serrapilheira10.
O horizonte A do solo é a camada mineral próxima da superfície. Apresenta um acúmulo
de matéria orgânica, em grande parte já humificada11, e, por esta razão, apresenta-se com cor
escurecida. Em solos cultivados forma-se uma camada arável, de constituição mais ou menos
uniforme e que pode incluir, também, parte do horizonte E.
12
o o
o
Perfil hipotético de um solo.
Oo : Material orgânico mal ou não decomposto
Od, Odo : Acentuada decomposição de material
 orgânico
O
A
E
AB ou EB : Horizontes de transição
BA ou BE : Horizontes de transição
R
C
B
BC
CB 
Horizontes de transição
Figura 2.1
8 HORIZONTE (DO SOLO)
- Uma camada do solo ou material do solo aproximadamente paralela à superfície do terreno e diferindo das camadas
geneticamente adjacentes, em propriedades físicas, químicas e biológicas, e características, tais como: cor, estrutura,
textura, consistência, tipos e quantidade de organismos presentes, grau de acidez, ou alcalinidade, etc.
9 PERFIL DO SOLO
- Seção vertical do solo que, partindo da superfície, aprofunda-se até onde chega a ação do intemperismo (horizonte C),
mostrando, na maioria das vezes, uma série de camadas dispostas horizontalmente, denominadas horizontes.
10SERRAPILHEIRA
- Folhas e outros resíduos orgânicos não decompostos ou em vias de decomposição que jazem sobre o solo.
11HUMIFICADA
- Refere-se à matéria orgânica que sofreu intensa transformação do carbono dos resíduos orgânicos em substâncias
húmicas através de processos bioquímicos e/ou químicos. A matéria orgânica humificada é também denominada húmus.
O horizonte E, também chamado eluvial, apresenta um empobrecimento relativo de
materiais sólidos (argilas12) silicatados, óxidos de ferro e alumínio ou matéria orgânica,
individualmente ou em conjunto, e que são translocados para o horizonte B.
O horizonte B situa-se abaixo do horizonte E. Apresenta-se com cores mais claras que o
horizonte A, devido a menores teores de matéria orgânica, com um máximo desenvolvimento
da estrutura13 e, freqüentemente, com acúmulo de materiais removidos do horizonte E. É
chamado de horizonte iluvial.
O horizonte C situa-se abaixo do horizonte B e é uma camada pouco influenciada pela
ação biológica. Apresenta características mais próximas do material que provavelmente deu
origem ao solo.
Finalmente, abaixo do horizonte C, encontra-se a rocha (R), em muitos casos similar à
rocha que deu origem ao solo.
Nutrientes Essenciais para as Plantas
Dezesseis elementos químicos são chamados essenciais para o crescimento das plantas.
Eles são divididos em dois grupos principais: os não-minerais e os minerais.
Os nutrientes não minerais são o carbono (C), o hidrogênio (H) e o oxigênio (O). Estes
nutrientes são encontrados na atmosfera e na água e participam da fotossíntese14 da seguinte
maneira:
 6CO2 + 6H2O — Luz —> O2 + 6(CH2O)
Dióxido de Água Oxigênio Carboidratos 
Carbono
Os produtos da fotossíntese são responsáveis pela maior parte do crescimento das plantas. 
Quantidades insuficientes de dióxido de carbono, água ou luz reduzem o crescimento. A
quantidade de água usada na fotossíntese é tão pequena que as plantas mostrarão deficiência
hídrica antes do teor de umidade ser suficientemente baixo para afetar a velocidade da
fotossíntese.
13
12ARGILA
- Partícula do solo menor que 0,002 mm em diâmetro, e que apresenta propriedades coloidais. (Vide colóide). Refere-se
ainda a uma classe textural do solo.
13ESTRUTURA
- Combinação ou arranjamento das partículas primárias (areias, silte e argila) do solo em partículas secundárias
denominadas unidades estruturais. Estas são caracterizadas e classificadas quanto ao tamanho, à forma e grau de
distinção.
14FOTOSSÍNTESE
- A síntese de carboidratos partindo do dióxido de carbono e água, pela clorofila, utilizando luz como fonte de energia e
com liberação de oxigênio.
Os treze nutrientes minerais, que são fornecidos pelo solo, estão divididos em três grupos: 
macronutrientes primários, macronutrientes secundários e micronutrientes.
Os macronutrientes primários são assim chamados porque as plantas os usam em
quantidades relativamente grandes, e, assim sendo, geralmente tornam-se deficientes no solo
antes dos demais. Os macronutrientes secundários são também utilizados em grandes
quantidades, embora geralmente menores que os macronutrientes primários. Os
micronutrientes, por sua vez, recebem este nome por serem usados em quantidades menores e,
em geral, tornam-se deficientes mais tarde. Um
exemplo quantitativo envolvendo estes conceitos
é mostrado na Tabela 2.1, a qual refere-se a uma
cultura de soja (3t de grãos e 5t de resíduos - base
matéria seca).
(maiores detalhes em Nutrientes no menu
principal).
O fato de um nutriente ser absorvido em
maior ou menor quantidade não significa que ele
tenha maior ou menor importância para as
plantas. A falta de qualquer um desses nutrientes
afeta o rendimento das colheitas conforme lembra 
a Lei do Mínimo (Ver Ficha 3).
Atualmente, as deficiências de
macronutrientes secundários, especialmente
enxofre e magnésio, têm ocorrido com
freqüência, devido à maior exportação dos
mesmos com o aumento das produções, e também 
14
Macronutrientes primários Macronutrientes secundários Micronutrientes
Nitrogênio (N) Cálcio (Ca) Manganês (Mn)
Fósforo (P) Magnésio (Mg) Cloro (Cl)
Potássio (K) Enxofre (S) Cobre (Cu)
Ferro (Fe)
Boro (B)
Molibdênio (Mo)
Zinco (Zn)
Composição elementar (kg/ha), para
produção de soja
 ( 3 t de grãos e 5 t de resíduos).
Elemento kg/ha Relativo
Carbono
Oxigênio
Hidrogênio
Nitrogênio
Potássio
Cálcio
Magnésio
Fósforo
Enxofre
Cloro
Ferro
Manganês
Zinco
Cobre
Boro
Molibdênio
3.500
3.300
450
320
110
80
35
30
25
10
 1,7
 0,6
 0,2
 0,1
 0,1
 0,01
700.000
660.000
90.000
64.000
22.000
16.000
7.000
6.000
5.000
2.000
340
120
40
20
20
2
Tabela 2.1
com o uso de adubos15 concentrados em N, P e K, que não contêm S e Mg como “impurezas”.
Embora o silício (Si) não seja considerado como elemento essencial fisiologicamente, é
essencial sob os aspectos agronômicos, notadamente para as gramíneas. Mais recentemente,
elementos como o níquel (Ni), o sódio (Na) e o vanádio (V) têm sido propostos para aumentar a
lista dos elementosessenciais. Estes quatro micronutrientes quase nunca são deficientes em
solos. O cobalto (Co) é considerado um nutriente essencial para as leguminosas16 por ser
indispensável ao Rhizobium, microorganismo responsável pela fixação biológica do
nitrogênio17.
Textura e Estrutura do Solo
O solo pode ser considerado como um 
aglomerado de partículas unitárias de vários 
tamanhos, de natureza orgânica e
inorgânica (ou mineral). A separação e a
determinação de partículas de diferentes
tamanhos estabelecem a granulometria dos
solos. As partículas são classificadas pelos
seus diâmetros, de acordo com o que está na
Tabela 2.2.
A ocorrência de pedras e cascalhos
nos solos brasileiros é bastante restrita. Para 
fins de análises de laboratório é utilizada
apenas a parte do solo que passa na peneira
com abertura de malha de 2 mm, a chamada
Terra Fina Seca ao Ar (TFSA), ou Terra
Fina Seca na Estufa a 105°C (TFSE) (Raij,
1981).
15
Frações granulométricas do solo
Fração Tamanho das 
Partículas (mm )
Pedras Maior que 20
Cascalho 20 a 2
Areia Grossa 2 a 0,2
Areia Fina 0,2 a 0,02
Silte ou Limo 0,02 a 0,002
Argila Menor que 0,002
(Fonte: Raij, 1981)
Frações granulométricas do solo
Fração Tamanho das 
Partículas (mm )
Pedras Maior que 20
Cascalho 20 a 2
Areia Grossa 2 a 0,2
Areia Fina 0,2 a 0,02
Silte ou Limo 0,02 a 0,002
Argila Menor que 0,002
(Fonte: Raij, 1981)
Tabela 2.2
15ADUBOS
- Qualquer material, orgânico ou inorgânico, de origem natural ou sintética que é adicionado ao solo para suprir um ou mais 
nutrientes essenciais para o crescimento das plantas.
16LEGUMINOSAS
- Família de plantas produtoras de grãos, de grande importância e largamente distribuídas na superfície terrestre. O fruto é
uma vagem que se abre longitudinalmente em duas suturas quando maduro. Suas folhas são alternadas, contendo
estípulas e são usualmente compostas. Inclui muitas espécies de valor alimentício e forrageiro, tais como soja, feijões,
ervilhas, amendoim, alfafa, trevos, kudzu e guandu, além de algumas espécies arbóreas como pau-brasil, eritrina,
sibipiruna entre outras. Praticamente todas as leguminosas são plantas fixadoras de nitrogênio, sendo algumas delas muito 
utilizadas como adubo verde.
17FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO
- Conversão do nitrogênio molecular (N2) em amônia (NH3) e subseqüentemente em combinações orgânicas ou formas
utilizáveis nos processos biológicos, por ação de microorganismos específicos (Exemplo: Fixação de N2 em leguminosas
por sua associação com bactérias do gênero Rhizobium).
A textura do solo18 é determinada pela quantidade de areia19, limo (silte20) e argila21 que
ele possui. Quanto menor o tamanho das partículas, mais próxima da muito argilosa e quanto
maior o tamanho das partículas, mais próxima da arenosa estará a textura.
Por exemplo:
1. Um solo com alto teor de areia é classificado como de textura “areia”;
2. quando pequenas quantidades de silte estão presentes, o solo torna-se de textura “areia 
franca” ou “franca arenosa”;
3. os solos com predominância de argila são classificados como argiloso ou muito
argiloso;
4. quando a areia, o silte e a argila estão presentes em proporções mais ou menos iguais,
o solo é classificado como tendo textura “franca” ou “barrenta”.
16
18TEXTURA DO SOLORetorna
- Representa as proporções relativas das frações areia, silte e argila do solo.
19AREIARetorna
- Partícula do solo entre 0,05 e 2,0mm em diâmetro. Na escala de frações do solo, adotada pela Sociedade Brasileira de
Ciência do Solo, ela é subdividida em areia grossa (2,0 a 0,2 mm) e areia fina (0,2 a 0,05 mm). Refere-se ainda a uma
classe textural do solo.
20SILTE
- Partículas do solo entre 0,05 e 0,002 mm em diâmetro. Refere-se ainda a uma classe textural. O termo “limo” também é
usado para caracterizar essas partículas.
21ARGILA
- Partícula do solo menor que 0,002 mm em diâmetro, e que apresenta propriedades coloidais. (Vide colóide). Refere-se
ainda a uma classe textural do solo.
As 12 classes texturais para solos são mostradas na Figura 2.2 de acordo com a
Sociedade Brasileira de Ciência do Solo). Uma simplificação, em uso no BRASIL, é mostrada
na Figura 2.3 (de acordo com a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo), a qual permite a
determinação das classes texturais.
17
Figura 2.3
o
o
o
o
Classes texturais do solo - simplificado (Fonte: Lopes, 1989)
(g/kg = % x 10)
1000
900
800
700
600
500
400
200
100
0 100
200
300
400
500
700
800
900
1000
10
00
90
0
80
0
70
0
60
0
50
0
40
0
30
0
20
0
10
0
0600
0
Areia (g/kg)
Ar
gi
la
(g
/k
g)
Silte( g/kg)
Siltosa
300
Média
(Barrenta)
Argilosa
Muito
argilosa
Arenosa
Classes texturais do solo, segundo a SBCS (Fonte: Lopes, 1989)
(g/kg = % x 10)
o
o
o
o
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0 100
200
300
400
500
700
800
900
1000
100
0
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0600
0
Franco
argiloso
Franco
Silte
Franco
arenoso
Areia (g/kg)
Ar
gi
la
(g
/k
g)
Silte
(g/kg)
Muito
argiloso
Argila
Franco
 argilo
arenoso
Argila
siltosa
Franco
siltoso
Franco
argilo
siltoso
Areia
franca
Argila
arenosa
Areia
Figura 2.2
O termo estrutura22 refere-se à agregação das partículas unitárias do solo em unidades
compostas, de forma e tamanho variável, conforme ilustra a Figura 2.4 (Soil Survey Staff,
1951).
A textura23 e a estrutura do solo influenciam a quantidade de ar e de água que as plantas
em crescimento podem obter, ou seja, estão diretamente relacionadas com a porosidade do
solo24. O tamanho das partículas é importante por duas razões:
1. As partículas menores, de argila, são mais fortemente unidas do que as partículas
maiores, de areia. Isto significa que existem pequenos poros para a água e para o ar.
18
Alguns tipos de estrutura e sua relação com a permeabilidade do
solo. Fonte: Soil Survey Staff, 1951.
22ESTRUTURAretorna
- Combinação ou arranjamento das partículas primárias (areias, silte e argila) do solo em partículas secundárias
denominadas unidades estruturais. Estas são caracterizadas e classificadas quanto ao tamanho, à forma e grau de
distinção.
23TEXTURA DO SOLO
- Representa as proporções relativas das frações areia, silte e argila do solo.
24POROSIDADE DO SOLOretorna
- Porção do solo em volume não ocupado por partículas sólidas, incluindo todo o espaço poroso ocupado pelo ar e pela
água. A porosidade total inclui a Macroporosidade e a Microporosidade, e pode ser calculada pela relação existente entre
as densidades real e aparente. O cálculo é feito por meio da seguinte expressão:
 dp - ds 
P = ——— x 100, onde 
 dp
P = porosidade total (m3/m3);
dp = densidade de partículas (t/m3);
ds = densidade do solo(t/m3).
2. As partículas menores apresentam superfícies específicas25 muito maiores do que as
partículas maiores. Por exemplo, a maior partícula de argila tem cerca de 25 vezes mais área de
superfície do que a menor partícula de areia. À medida que a área de superfície aumentar, a
quantidade de água adsorvida26 (retida) aumentará.
Conseqüentemente, as areias retêm pouca água, porque seu grande espaço poroso27
permite a drenagem livre da água dos solos28. As argilas adsorvem relativamente grandes
quantidades de água, e seus menores espaços porosos a retém contra as forças da gravidade.
Muitos solos do Brasil e da região tropical, apesar de terem altos teores de argila,
comportam-se, em termos de retenção de água, como solos arenosos29. São solos com argilas de
baixa atividade30 (caulinitae sesquióxidos - termo que inclui óxidos, oxi-hidróxidos e
19
25SUPERFÍCIE ESPECÍFICA
- É a relação entre a superfície total da micela ou partícula e o volume (ou peso) dessa mesma partícula. expressa-se em
m2/g de material.
26ADSORVIDA (Vide adsorção).
- O processo pelo qual átomos, moléculas, ou íons são captados e retidos na superfície de sólidos por intermédio de
ligações químicas ou físicas. Por exemplo, a adsorção dos cátions pelos minerais de carga negativa.
27ESPAÇO POROSO (DO SOLO)
- Percentagem do volume do solo não ocupado por partículas sólidas, incluindo todo o espaço ocupado pelo ar e água.
A porosidade total inclui a macroporosidade e a microporosidade, e pode ser calculada pelas relações entre as densidades 
real e aparente.
 dr - da
p = ( ———- ) x 100 onde:
 dr
p = porosidade total (%);
dr= densidade real (g/cm3);
da= densidade aparente (g/cm3).
28ÁGUA DO SOLO
- Água do solo é expressão que deve ser entendida como a solução em equilíbrio no solo, diferente de água pura, que se
refere ao composto H2O, quimicamente puro. A água no solo está sujeita a diversas forças de campo originadas em virtude 
da presença da fase sólida do solo, de sais dissolvidos, da ação externa da pressão de gás e do campo gravitacional.
Esses efeitos podem ser expressos de forma quantitativa, com um componente potencial para cada, sendo que o total
desses é denominado potencial total da água do solo.
29SOLOS ARENOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração areia, em geral mais de 70%.
30ARGILA DE BAIXA ATIVIDADE
- Argilas que apresentam baixa capacidade de troca de cátions, em geral do tipo 1:1 (uma camada de tetraedros de sílicio
e uma camada de octaedros de alumínio), como a caulinita e a haloisita; ou óxidos, hidróxidos ou oxi-hidróxidos de ferro e
alumínio (gibbsita, hematita, magnetita e etc). A grande maioria dos solos do Brasil apresenta, na fração argila,
predominância de materiais de baixa atividade.
hidróxidos), em geral altamente porosos. Muitos Latossolos31 sob cerrado apresentam esta
característica.
Apesar dos solos argilosos32 possuírem, em geral, maior capacidade de retenção de água
que os solos arenosos, nem toda esta umidade está disponível para as plantas em crescimento.
Os solos argilosos (e aqueles com altos teores de matéria orgânica) retêm mais fortemente a
água que os solos arenosos. Isto significa mais água não disponível. Assim sendo, os solos
argilosos retêm mais água do que os arenosos, mas a maior parte desta água não é disponível.
O termo “capacidade de campo”33 define a quantidade de água que permanece no solos
após cessar o fluxo gravitacional34. Ela é expressa em porcentagem de peso.
A quantidade de água que um solo ainda contém, após as plantas secarem de modo
permanente, é chamada de “ponto de murchamento permanente”35. A água ainda está presente
nesse ponto, mas é tão fortemente retida que as plantas não têm capacidade para utilizá-la.
A água disponível36 para as plantas em crescimento é a quantidade que o solo contém
entre a capacidade de campo e o ponto de murchamento permanente. A Figura 2.5 mostra como
a água disponível varia de acordo com a textura do solo37.
20
31LATOSSOLO
- Um grande grupo de solo, geralmente formado em regiões tropicais úmidas, sem horizonte subsuperficial de acúmulo de
argila, e caracterizado por baixas relações sílica-sesquióxidos das frações argila, baixa CTC, baixa atividade das argilas,
baixo conteúdo de minerais primários, baixo conteúdo de constituintes solúveis e alto grau de estabilidade de agregados.
São solos profundos e, em geral, apresentam cores avermelhadas e/ou amareladas e um perfil de solo com característica
bastante homogênea em profundidade.
32SOLOS ARGILOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração argila, em geral mais de 35%.
33CAPACIDADE DE CAMPO
- Quantidade de água retida em um solo, quando praticamente cessa a drenagem livre, após a saturação de suas camadas 
por excesso de água de chuva ou de irrigação. É expressa em MPa. Para Latossolos no Brasil, esse valor é de
aproximadamente 0,1 atm ou 0,01 MPa.
34FLUXO GRAVITACIONAL
- No caso, fluxo da água que se move no solo, através dele, ou para fora dele, por ação das forças da gravidade.
35PONTO DE MURCHAMENTO PERMANENTE
- Representa o maior teor de água do solo no qual plantas indicadoras crescendo no mesmo, murcham e não se
recuperam quando colocadas em uma câmara com atmosfera saturada de umidade. Em termos práticos é estimada como
água do solo retida sob tensão de 15 atm. ou 1,5 MPa representa o limite inferior da faixa de disponibilidade de água para
as plantas.
36ÁGUA DISPONÍVEL
- A porção de água no solo que pode ser absorvida pelas raízes das plantas. Normalmente é a quantidade de água
liberada entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente.
37TEXTURA DO SOLO
- Representa as proporções relativas das frações areia, silte e argila do solo.
Esse conceito de água disponível é clássico e de natureza estática. Contudo, atualmente, o
conceito de água disponível é concebido como de natureza dinâmica. A maior ou menor
quantidade de água disponível para as plantas dependerá das interações da água dentro do
sistema solo-planta-atmosfera.
Os solos arenosos38 não podem armazenar tanta água quanto os solos argilosos39, mas
uma maior porcentagem da água que está presente nos solos arenosos está disponível.
Conseqüentemente, não existe uma relação constante entre textura e água disponível, como é
mostrado na Figura 2.5.
Os solos de textura fina (argiloso e muito argiloso) são facilmente compactados. Isto
reduz o espaço poroso, o que limita o movimento do ar e da água através do solo, causando um
grande escorrimento superficial das águas da chuva. O déficit hídrico40 pode tornar-se um
problema, mesmo sob fortes chuvas. Alguns tipos de argilas são pegajosos quando molhados e
formam torrões duros quando secos. Conseqüentemente, o teor adequado de umidade é
extremamente importante quando o solo é preparado para o plantio.
Muitos solos da região tropical, mesmo apresentando altos teores de argila, apresentam
excelente agregação41 e estrutura. Isto é devido à presença de sesquióxidos de ferro e alumínio
21
o o
o o
0
25
50
75
125
m
m
H
2O
/3
0
cm
de
so
lo
Relação entre classe textural e disponibilidade de água no solo.
Fonte: Lopes, 1989.
100
Água disponível
Areia Franco
arenoso
Franco
siltoso
Franco
argiloso
Argila
Cap
acid
ade
de c
amp
o
Pon
to de
mur
cha
perm
anen
te
Figura 2.5
38SOLOS ARENOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração areia, em geral mais de 70%.
39SOLOS ARGILOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração argila, em geral mais de 35%.
40DÉFICIT HÍDRICO
- Deficiência de umidade para o normal crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas.
41AGREGAÇÃO
- O processo pelo qual as partículas primárias do solo (areias, silte e argila) se unem, usualmente em função de forças
naturais e substâncias produzidas por exudatos das raízes e atividade microbiana.
em teores elevados. Muitos Latossolos brasileiros apresentam excelentes condições de
estrutura.
Os solos arenosos são, por natureza, mais secos, porque retêm pouca água. Eles são soltos, 
com menor tendência para a compactação do que os argilosos e fáceis de preparar. Entretanto,
os solos que contêm altas proporções de areia muito fina são facilmente compactados.
Os solos com alto teor de silte são geralmente os que apresentam a pior estrutura. As
partículas se agregam e eles são compactados muito facilmente.
A estrutura do solo influencia de modo marcante o crescimento das raízes e da parte aérea. 
À medida em que o solo torna-se mais compacto, a proporção de maiores espaços porosos
decresce,o crescimento das raízes diminui e a produção declina.
A textura e a estrutura do solo e, conseqüentemente a sua porosidade, são fatores
determinantes, não somente do armazenamento de água e do desenvolvimento radicular, mas
também do armazenamento de nutrientes, mobilidade desses na fase líquida e perdas por
lixiviação42 e erosão43.
A avaliação da textura em laboratório é indispensável para que o agricultor faça uso
eficiente de fertilizantes44 e corretivos agrícolas. O conhecimento, pelo menos do teor de
argila45 de uma gleba, tem sérias implicações no manejo da adubação, citando-se, dentre outros,
os seguintes pontos (Lopes e Guilherme, 1989b):
. Necessidade de maior número de parcelamentos das adubações nitrogenadas e/ou
potássicos (Veja “Resumo de manejo do nitrogênio” e “ Resumo de manejo do potássio” ).
. Determinação da dose de adubação fosfatada corretiva, quando aplicável (Veja
“Adubação fosfatada corretiva”.).
. Avaliação prática da maior ou menor capacidade de armazenamento de água no solo.
22
42LIXIVIAÇÃO
- Processo de remoção, do solo, de sais simples e de outras substâncias solúveis em água, ou que passem rapidamente
ao estado de dispersão coloidal, sendo capazes, então, de descer por entre as partículas do solo e escapar nas águas de
drenagem.
43EROSÃO
- Fenômeno de desgaste e/ou arrastamento de partículas do solo pelas águas das chuvas (erosão hídrica), dos ventos
(erosão eólica), dos gelos ou outros agentes geológicos, incluindo processos de arraste gravitacional. No caso da erosão
causada pelas águas das chuvas, pode ela ser laminar, em sulcos ou ravinas e voçorocas.
44FERTILIZANTE
- Qualquer material, orgânico ou inorgânico, de origem natural ou sintética que é adicionado ao solo para suprir um ou mais 
nutrientes essenciais para o crescimento das plantas.
45ARGILA
- Partícula do solo menor que 0,002 mm em diâmetro, e que apresenta propriedades coloidais. (Vide colóide). Refere-se
ainda a uma classe textural do solo.
. Determinação da dose de calcário46 em sistemas de recomendação em uso em alguns
Estados e/ou regiões; (Veja “Métodos para recomendação de calagem”).
. Maior ou menor probabilidade de problemas de deficiências de micronutrientes; (Veja
“Resumo de manejo - micronutrientes”).
. Avaliação de doses de gesso agrícola na melhoria do ambiente radicular. (Veja “Gesso
agrícola na melhoria do ambiente radicular”).
A estrutura e a porosidade do solo de uma gleba, embora mais difíceis de serem avaliadas,
ajudam a determinar (Lopes e Guilherme, 1989b):
. A maior ou menor predisposição a perdas decorrentes da erosão;
. problemas de impedimentos físicos ao desenvolvimento normal das raízes;
. potencial de lixiviação47 de nutrientes, em conjunção com o conhecimento da textura do 
solo48 da área.
A avaliação da estrutura e da porosidade do solo pode ser feita através de exames locais do 
desenvolvimento de raízes, testes rápidos da capacidade de infiltração de água49, resistência à
penetração do trado50 e resistência do perfil à penetração de uma faca, por exemplo. O que é
fundamental é que o técnico que orienta o agricultor se familiarize e aplique as metodologias
para avaliação da estrutura e porosidade do solo.
O solo “ideal” para a produção das culturas deve possuir as seguintes características:
. Textura franca e teor adequado de matéria orgânica para o movimento da água e do ar;
. quantidade suficiente de argila para reter a umidade de reserva no solo;
23
46CALCÁRIO
- Material corretivo da acidez do solo, obtido pela moagem de rochas calcárias. No Brasil os calcários são classificados
como calcíticos (menos de 5% de MgO), magnesianos (5 a 12% de MgO) e dolomíticos (mais de 12% de MgO).
47LIXIVIAÇÃO
- Processo de remoção, do solo, de sais simples e de outras substâncias solúveis em água, ou que passem rapidamente
ao estado de dispersão coloidal, sendo capazes, então, de descer por entre as partículas do solo e escapar nas águas de
drenagem.
48TEXTURA DO SOLO
- Representa as proporções relativas das frações areia, silte e argila do solo.
49INFILTRAÇÃO DE ÁGUA
- No caso, a entrada de água através da superfície do solo.
50TRADO
- Equipamento de forma e tamanho variáveis, destinado à coleta de amostras de material do solo.
. subsolo permeável51 e profundo, com níveis adequados de fertilidade;
. meio ambiente adequado para as raízes se aprofundarem em busca de umidade e
nutrientes.
O manejo adequado mantém ou desenvolve a boa estrutura, que estimula um sistema
radicular extenso. O tamanho e a forma dos grânulos determinam a qualidade da estrutura. A
melhor estrutura do solo é em blocos ou granular, com partículas agregadas, para permitir o
livre movimento do ar e da água.
Algumas técnicas de manejo para a manutenção de uma adequada estrutura52 do solo são
as seguintes:
. Evitar a movimentação de máquinas e implementos em solos argilosos53 com excessiva
umidade;
. evitar práticas de preparo intensivo que levem à pulverização do solo54 ;
. fazer uso do cultivo mínimo55 ou plantio direto56, quando aplicável;
. manter cobertura vegetal durante o maior tempo possível, para evitar o impacto direto
da gota de chuva que provoca o desagregamento e posterior arrastamento superficial das
partículas de solo (erosão);
24
51SUBSOLO PERMEÁVEL
- Refere-se às camadas subsuperficiais do solo que apresentam permeabilidade adequada, ou seja, facilidade para a
penetração de gases e líquidos.
52ESTRUTURA
- Combinação ou arranjamento das partículas primárias (areias, silte e argila) do solo em partículas secundárias
denominadas unidades estruturais. Estas são caracterizadas e classificadas quanto ao tamanho, à forma e grau de
distinção.
53SOLOS ARGILOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração argila, em geral mais de 35%.
54PULVERIZAÇÃO DO SOLO
- Refere-se à quebra da estrutura do solo e até à fragmentação de partículas, devido ao excesso de mecanização no
preparo de solo para o plantio, sob condições de umidade inadequada.
55CULTIVO MÍNIMO
 - Sistema de preparo do solo que envolva um mínimo de operações que permitam criar condições adequadas para a
germinação das sementes, estabelecimento e desenvolvimento das culturas.
56PLANTIO DIRETO
- Técnica de plantio de culturas anuais sem preparo do solo com aração e/ou gradagem. Normalmente usam-se herbicidas
para o controle de plantas invasoras e sulcamento para plantio. Em algumas regiões do Brasil é conhecido por “ plantio na
palha ”.
. manter ou aumentar o teor de matéria orgânica do solo mediante práticas de adubação
verde57, rotação de culturas58, manejo dos restos culturais e adubação orgânica;
. implementar um programa adequado de conservação do solo e de água.
Colóides e Íons do Solo
À medida em que os solos são formados, durante os processos de intemperização59,
alguns minerais e a matéria orgânica são reduzidos a partículas extremamente pequenas. As
mudanças químicas diminuem ainda mais estas partículas, até o ponto em que elas não podem
ser vistas a olho nu. Estas partículas de menor tamanho são chamadas de colóides60.
Os cientistas aprenderam que os colóides minerais argilosos possuem estrutura
semelhante a placas e são de natureza cristalina. Na maioria dos solos, os colóides argilosos61
excedem em quantidade os colóides orgânicos62. Os colóides são os principais responsáveis
pela atividade química dos solos.
25
57 ADUBAÇÃO VERDE
- Prática que consiste no cultivo de uma espécie vegetal, geralmente leguminosa, com o propósito de incorporá-la ao solo
enquanto verde (por ocasião do início do florescimento), para melhoramento do mesmo.
58 ROTAÇÃO DE CULTURAS
- Prática que consiste no rodízio de diferentes culturas, em uma mesma área, a cada plantio.
59 INTEMPERIZAÇÃO
- Desintegração ou decomposição de rochas e minerais por ação químicado ar e das águas de chuva, das plantas e
microrganismos, e da ação mecânica das mudanças de temperatura e pressão.
60 COLÓIDES
- Substâncias em estado de fina subdivisão, cujas partículas estão entre 0,00001 e 0,0000001 cm de diâmetro e que
apresentam propriedades coloidais, quais sejam: 
a) grande superfície específica ou interface; b) capacidade de adsorver gases, sólidos, sais e íons; e c) catálise:
modificação (em geral aumento) de velocidade de uma reação química pela presença e atuação de uma substância que
não se altera no processo. No solo são importantes os colóides argilosos e orgânicos.
61 COLÓIDES ARGILOSOS
- Partículas de argila, em estado de fina subdivisão (0,00001 a 0,0000001 cm de diâmetro) e que apresentam propriedades 
coloidais (vide colóides).
62 COLÓIDES ORGÂNICOS
- Partículas de matéria orgânica, em estado de fina subdivisão (0,00001 a 0,0000001 cm de diâmetro) e que apresentam
propriedades coloidais.
O tipo de material de origem63 e o grau de intemperização64 determinam os tipos de
argila65 presentes no solo. Uma vez que os colóides do solo são derivados destas argilas, sua
atividade também é influenciada pelo material de origem e pela intemperização.
A maioria dos colóides (argilosos ou orgânicos) apresenta carga líquida negativa (-),
desenvolvida durante o processo de formação. Isto significa que ele pode atrair e reter materiais
com carga positiva (+), do mesmo modo que polos diferentes de um ímã se atraem. Esses
colóides repelem outros materiais de carga negativa, da mesma forma que polos idênticos de um 
imã se repelem.
A questão é: Qual a origem das cargas elétricas no solo? Apesar de ser um aspecto um
tanto teorico, algumas implicações de ordem prática, decorrentes do seu conhecimento,
justificam alguns comentários (Lopes e Guidolin, 1989):
1. Origem das cargas negativas:
As cargas negativas no solo, que, em geral, superam as cargas positivas, são consideradas
como originárias de:
1a) Faces quebradas do cristal da argila: 
Quando um cristal de argila é rompido, alguns grupos hidroxílicos (OH) podem ficar
expostos, e o hidrogênio (H+) desses radicais OH, frouxamente retido, pode ser facilmente
trocado por outro cátion, conforme exemplificado na Figura 2.6.
26
o o
o o
Uma valência do 
oxigênio é atendida por Al-O- ..........................H+
dentro do cristal
Hidrogênio trocável
mantido frouxamente
 Formação de cargas negativas nas arestas quebradas de argila.
 Fonte: Lopes & Guidolim, 1989.
Figura 2.6
63 MATERIAIS DE ORIGEM DO SOLO
- Materiais minerais ou orgânicos não consolidados, num estágio inicial de intemperismo químico, a partir dos quais se
desenvolvem os solos, por processos pedogênicos.
64 GRAU DE INTEMPERIZAÇÃO
- Intensidade de desintegração ou decomposição de rochas e minerais por ação química do ar e das águas de chuva, das
plantas e microorganismos, e da ação mecânica das mudanças de temperatura e pressão.
65 ARGILA
- Partícula do solo menor que 0,002 mm em diâmetro, e que apresenta propriedades coloidais. (Vide colóide). Refere-se
ainda a uma classe textural do solo.
1b) Substituição isomórfica: 
Em certos tipos de argilas, notadamente aquelas do tipo 2:1 como as montmorilonitas66,
alguns íons de Al3+ dos octaedros são substituídos por íons de Mg2+. Cada substituição resulta
em uma valência (carga) negativa livre não atendida, uma vez que um íon trivalente (Al3+) é
substituído por um divalente (Mg2+).
Do mesmo modo, em minerais como a ilita67 e beidelita, a substituição de um íon
tetravalente (Si4+) dos tetraedros por um íon trivalente (Al3+) deixa uma valência (carga)
negativa livre.
As cargas geradas pelo processo de substituição isomórfica são permanentes, pois não
dependem do pH do solo para ocorrerem. Em solos em que predominam esses tipos de argila,
esse processo natural é responsável pela parcela principal de sua capacidade de adsorção ou
capacidade de troca catiônica68 (CTC). (Como mostra a Figura 2.7) (Lopes e Guidolin, 1989).
27
o
o
o
o
OH OH OH
OHO O
AlMg
OH OH OH
OHO O
Al Al
Sem substituição Com substituição
Exemplo de substituição isomórfica 
(Fonte: Lopes & Guidolin, 1989).
1/2 1/2
Figura 2.7
66 MONTMORILONITA
- Argilo-mineral alumino-silicatado, com uma estrutura em lâminas do tipo 2:1 e que apresenta considerável expansão ou
contração em função da absorção ou perda de água. Estes argilo-minerais apresentam alta CTC.
67 ILITA
- Argilo-mineral silicatado, com uma estrutura do tipo 2:1 e que contém quantidades apreciáveis de potássio que atuam
como ligação adicional entre as unidades cristalinas. Apresenta certa semelhança às micas e ocorre em materiais
sedimentares.
68 CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA
- Quantidade total de cátions trocáveis que um solo pode adsorver ou reter a um valor específico de pH. Este parâmetro é
geralmente expresso em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. É também conhecido por CTC ou capacidade de troca de cátions.
1c) Dissociação do grupo OH-69:
A presença do grupo OH nas bordas de um cristal da argila ou na matéria orgânica
possibilita a formação de carga elétrica negativa.
As cargas oriundas da dissociação dos radicais orgânicos (carboxílicos e fenólicos, em
geral) e do OH presente nos minerais, principalmente sequióxidos de ferro e alumínio, são
chamadas de cargas dependentes do pH70, pois, à medida que se eleva o pH, o seu aparecimento
é favorecido. O mesmo pode ocorrer pela desobstrução de cargas da matéria orgânica ocupadas
por alumínio, ferro e manganês. É um processo que ocorre em função da calagem71 adequada
dos solos ácidos. A Figura 2.7A e a Figura 2.7B (Lopes e Guidolin, 1989), ilustram estes
fenômenos: (Veja mais sobre calagem em “Porque os solos ácidos devem receber calagem”).
Como visto, a carga negativa (-) do solo pode ser permanente ou variável. A carga
variável, que depende do pH do solo72 as únicas formas de aumentar a carga negativa variável e,
28
o
o
o
o
R C OH + OH 
O
R C O
 
 + H2O
O
OH
+ OH 
 
 
O
 
+ H2O
(1) Carboxílicos
(2) Fenólicos
Elevação do pH
(Dissociação)
(Dissociação)
Formação de cargas negativas dependentes de pH
(Fonte: Lopes & Guidolin, 1989). 
69 DISSOCIAÇÃO DO GRUPO OH
- Refere-se ao rompimento da ligação covalente entre o O e o H, por elevação do pH do solo, gerando carga negativa (-).
70 CARGAS DEPENDENTES DO pH
- Cargas negativas, resultantes da dissociação das hidroxilas de radicais orgânicos (carboxílicos, fenólicos, etc) ou de
minerais (óxidos e hidróxidos de ferro e alumínio), por elevação do pH; ou cargas positivas resultantes da produção desses 
grupos hidróxidos nos minerais, com o abaixamento do pH.
71 CALAGEM
- Aplicação de materiais corretivos ao solo, com o objetivo de corrigir a acidez, fornecer cálcio e/ou magnésio às plantas, e
eliminar a toxidez de certos elementos, tais como: alumínio e manganês.
72 pH DO SOLO
- É o logarítmo negativo da atividade do íon hidrogênio de um solo. É expresso em uma escala que
varia de 0 a 14, sendo que pH menor que 7 representa acidez (ou predomínio de íons H+), que é
tanto mais acentuada quanto menor for o valor numérico do pH. Valores acima de 7 expressam a 
alcalinidade (ou predomínio de íons OH-), que é tanto mais acentuada quanto mais elevados estes
valores.
conseqüentemente, aumentar a capacidade de troca de cátions (CTC), é através da calagem73
(elevação do pH), manejo adequado dos restos culturais, adubação verde74 e adubação
orgânica75. (Veja “Matéria orgânica do solo”).
2. Origem de cargas positivas: 
Muitos solos da região tropical apresentam também cargas positivas, muito embora na
grande maioria predominem as cargas negativas, como explicado anteriormente. Mesmo em
solos que apresentam uma grande proporção de colóides com cargas elétricas positivas,a
presença da matéria orgânica, cuja quase totalidade é formada por cargas negativas e
dependentes de pH, leva a um balanço final de cargas negativas nas camadas superiores do solo.
Isto não elimina a possibilidade de ocorrer em certos solos, nas camadas subsuperficiais, uma
predominância de cargas positivas.
29
o
o
o
o
Al + 3OH 
+ 3OH 
 + 3H2O
(3) Óxidos
(4) Complexos
Elevação do pH
R C O
O
R C O
R C O 
R C O
 
R C O
 
R C O
 
Al
Al
O
OH
OH
OH
Al
Al
O
OH
 
OH
 
OH
 
(Dissociação)
(Desobstrução)
Exemplos de formação de cargas dependentes de pH 
(Fonte: Lopes & Guidolin, 1989)
+ Al(OH)3
O
O
O
O
O
Figura 2.7B
73 CALAGEM
- Aplicação de materiais corretivos ao solo, com o objetivo de corrigir a acidez, fornecer cálcio e/ou magnésio às plantas, e
eliminar a toxidez de certos elementos, tais como: alumínio e manganês.
74 ADUBAÇÃO VERDE
- Prática que consiste no cultivo de uma espécie vegetal, geralmente leguminosa, com o propósito de incorporá-la ao solo
enquanto verde (por ocasião do início do florescimento), para melhoramento do mesmo.
75 ADUBAÇÃO ORGÂNICA
- Prática que consiste em se adicionar ao solo materiais orgânicos, tais como: estercos, chorume, palhas, lixo, “composto”,
serragem, restos de cultura, camas de estábulos e galinheiros, bagaços, turfa, adubos orgânicos comerciais ou adubos
verdes.
As cargas positivas do solo ocorrem pela protonação76 das hidroxilas (OH) dos óxidos de
ferro e alumínio, em condições de pH extremamente baixos (Veja a Figura 2.8), (Lopes e
Guidolin, 1989).
Pode parecer estranho o fato das partículas coloidais do solo apresentarem cargas
elétricas negativas (-), predominantemente, e positivas (+). Este é, sem dúvida alguma, um dos
fenômenos mais importantes da natureza, sendo o responsável pelo armazenamento e liberação
dos nutrientes, que se encontram na forma iônica no solo.
30
o o
o
Al
O
OH
OH
OH
Al
3H+ +
Diminuição do pH
Al
O
OH2+
OH2+
OH2+
Al
Exemplo de formação de cargas positivas no solo pela
 protonação de hidroxilas (OH) dos óxidos e hidróxidos de ferro e
alumínio, em condições de pH extremamente baixo. Fonte: Raij, 1981.
Figura 2.8
76 PROTONAÇÃO
- Refere-se à incorporação de prótons (íons H+) a certos argilo-minerais do solo, produzindo cargas
positivas.
Um elemento com uma carga elétrica é chamado de “íon”77. O potássio, o sódio, o
hidrogênio, o cálcio e o magnésio possuem cargas positivas. Eles são chamados de “cátions78” e
podem ser escritos na forma iônica, como é mostrado a seguir. Note-se que alguns cátions
possuem mais de uma carga positiva.
___________________________________________________
 Nutriente Símbolo Químico Forma Iônica
___________________________________________________
 Potássio K K+
 Sódio Na Na+
 Hidrogênio H H+
 Cálcio Ca Ca2+
 Magnésio Mg Mg2+
 Alumínio Al Al3+
___________________________________________________
Os colóides79 de cargas negativas atraem os cátions e os retêm, como um imã retém
pequenos pedaços de metal. Este conceito é mostrado na Figura 2.9.
Esta característica dos colóides explica porque o nitrogênio, na forma de nitrato (NO3-), é
lixiviado mais facilmente no solo do que o nitrogênio na forma de amônio. (NH4+). (Veja-se
mais sobre o assunto em “Perdas de nitrogênio"). O nitrato possui carga negativa, como os
colóides do solo. Assim sendo, o nitrato não é retido pelo solo, mas permanece como um íon na
31
77 ÍON
- Átomo, grupo de átomos, ou composto que é eletronicamente carregado, como resultado da perda de elétrons (cátion) ou 
de ganho de elétrons (ânions).
78 CÁTION
 - Átomo, grupo de átomos, ou composto que é eletricamente carregado como resultado de perda de elétrons. Sua carga é
positiva.
79 COLÓIDES
- Substâncias em estado de fina subdivisão, cujas partículas estão entre 0,00001 e 0,0000001 cm de diâmetro e que
apresentam propriedades coloidais, quais sejam: 
a) grande superfície específica ou interface; b) capacidade de adsorver gases, sólidos, sais e íons; e c) catálise:
modificação (em geral aumento) de velocidade de uma reação química pela presença e atuação de uma substância que
não se altera no processo. No solo são importantes os colóides argilosos e orgânicos.
água do solo, passível de ser lixiviado através do perfil, em alguns solos e sob certas condições
de pluviosidade80.
Os íons com cargas negativas, tais como o nitrato e o sulfato
 (SO42-) são chamados de “ânions”. A seguir são mostrados alguns ânions; comuns:
___________________________________________________
 Ânion Forma Iônica
___________________________________________________
 Cloreto CI-
 Nitrato NO3-
 Sulfato SO42-
 Fosfato PO43-
___________________________________________________
32
o o
o o
Cátions são atraídos por partículas de argila e de
matéria orgânica do solo. Fonte: PPI, 1995.
+ _
N S
 _ + 
S N
+ _
N S
+ _
N S
__
_
__
__
__Mg++
Ca++
Ca++
Na+
H+K
+
___ Al
+++
Polos iguais (cargas)
se repelem
Polos diferentes (cargas)
se atraem
NO3 SO4
Cl
NO3
Figura 2.9
80 PLUVIOSIDADE
- Quantidade de chuva caída em determinado lugar e em determinado tempo. Geralmente é expressa como Índice
Pluviométrico (mm de chuva por unidade de tempo). 1 mm de chuva equivale à queda de 1 litro de água de chuva em cada 
m2 de superfície plana.
Capacidade de Troca de Cátions (CTC)
(Ver Ficha 4, Ficha 5 e Ficha 6)
Os cátions retidos nos colóides do solo podem ser substituídos por outros cátions. Isto
significa que eles são trocáveis. O cálcio pode ser trocado por hidrogênio e/ou potássio ou
vice-versa. O número total de cátions trocáveis que um solo pode reter (a quantidade de sua
carga negativa) é chamado de sua “capacidade de troca de cátions” ou CTC. Quanto maior o
valor da CTC81 do solo, maior o número de cátions que ele pode reter.
Na Ficha 6 são comentados alguns aspectos do solo como reservatório de cátions. Um
aspecto interessante nessa ilustração é que as bases [Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+)] ocupam cerca de
50% da CTC efetiva e cerca de 20% da CTC a pH 7,0. Conseqüentemente, o conceito de
saturação por bases, representado por V%, depende do conceito de CTC envolvido.
Pode-se deduzir, portanto, que à medida que se incorpora calcário82 ao solo, aumenta-se o 
nível de Ca e Mg, e reduz-se o teor de Al, sendo que, a pH 5,6, não deve existir Al trocável no
solo e, conseqüentemente, a percentagem de saturação por Al da CTC efetiva deve ser
praticamente zero ou, em outras palavras, a percentagem de saturação por bases da CTC efetiva
deve ser 100%, ou a acidez trocável83 deixa de existir. Para certas culturas, calagem84 apenas
para neutralizar essa acidez trocável seria mais recomendável.
É importante comentar, ainda, que em grande parte da CTC a pH 7,0 é ocupada por H+,
que precisaser neutralizado pela ação da calagem, se se deseja liberar cargas negativas que se
encontram não-dissociadas. Isto somente irá ocorrer com a elevação do pH acima do valor 5,6,
em que o Al ou acidez trocável já deixa de atuar. Muitas culturas mostram efeitos benéficos da
incorporação de calcário em doses mais elevadas, que irão neutralizar parte desse H+, ou parte
33
81 CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA
- Quantidade total de cátions trocáveis que um solo pode adsorver ou reter a um valor específico de pH. Este parâmetro é
geralmente expresso em cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. É também conhecido por CTC ou capacidade de
troca de cátions.
82 CALCÁRIO
- Material corretivo da acidez do solo, obtido pela moagem de rochas calcárias. No Brasil os calcários são classificados
como calcíticos (menos de 5% de MgO), magnesianos (5 a 12% de MgO) e dolomíticos (mais de 12% de MgO).
83 ACIDEZ TROCÁVEL (cmolc/dm
3, cmolc/L ou mmolc/dm
3)
- Refere-se ao alumínio (Al3+) e hidrogênio (H+) trocáveis e adsorvidos nas superfícies dos colóides minerais ou orgânicos, 
por forças eletrostáticas. Esse tipo de acidez é, nas análises de rotina, extraído com KCl 1N, não tamponado, que também
é utilizado, em alguns laboratórios, para cálcio e magnésio trocáveis.
Uma vez que existe muito pouco H+ trocável em solos minerais (solos orgânicos já apresentam altos níveis de H+
trocável), acidez trocável e Al trocável são considerados como equivalentes. Nos boletins de análise, este tipo de acidez é
representado por Al trocável e expresso em cmolc/dm3, cmolc/L ou mmolc/dm3. A acidez trocável, também conhecida por Al
trocável ou acidez nociva, apresenta efeito detrimental ao desenvolvimento normal de um grande número de culturas.
Portanto, quando um solo apresenta toxidez de alumínio, isto significa que ele apresenta altos índices de acidez trocável
ou acidez nociva. Um dos principais efeitos da calagem é eliminar esse tipo de acidez.
84 CALAGEM
- Aplicação de materiais corretivos ao solo, com o objetivo de corrigir a acidez, fornecer cálcio e/ou magnésio às plantas, e
eliminar a toxidez de certos elementos, tais como: alumínio e manganês.
dessa acidez não-trocável. Essa é a base do método de recomendação de calcário pelo critério de 
elevação da saturação por bases da CTC a pH 7,0, uma vez que elevar a saturação por bases
corresponde a elevar o pH, diminuir a saturação por Al e gerar mais pontos de troca catiônica
dependentes de pH.
Os solos diferem na sua capacidade de retenção de K+ trocável e de outros cátions. A CTC
depende da quantidade e do tipo de argila85 e da matéria orgânica presentes. Por exemplo, um
solo com alto teor de argila pode reter mais cátions trocáveis do que um solo com baixo teor de
argila. A CTC também aumenta com o aumento no teor de matéria orgânica86.
A CTC de um solo é expressa em termos de centimoles (10-2 moles) de carga por
decímetro cúbico de solo e é escrita cmolc/dm3. A única razão pela qual isto é relatado é para
mostrar a CTC relativa das argilas e da matéria orgânica. Geralmente os minerais de argila
apresentam valores de CTC variando entre 10 e 150 cmolc/dm3. A CTC de matéria orgânica
varia de 100 a 250 cmolc/dm3. Conseqüentemente, o tipo e a quantidade de argila e de matéria
orgânica influenciam muito a CTC dos solos. Amplitudes para CTC de alguns tipos de argila e
da matéria orgânica são apresentados na Tabela 2.3. A CTC e os íons trocáveis podem, também,
ser expressos em milimoles (10-3 moles) de carga por decímetro cúbico de solo (mmolc/dm3),
que correspondem a 10 x cmolc/dm3. Nesta publicação será utilizado, principalmente, 
cmolc/dm3.
34
CTC de alguns materiais
Material
CTC
(cmolc/kg)
Superfície
Específica
(m2/g)
Tamanho
(micra)
Matéria orgânica* 100 - 250 - -
Vermiculita 100 - 150 - -
Montmorilonita 80 - 120 800 0, 01 a 1,0
Ilita 30 - 50 100 0,1 a 2,0
Clorita 10 - 40 - -
Glauconita 5 - 40 - -
Haloisita 5 - 10 - -
Caulinita 3 - 15 3 0,1 a 5,0
Óxidos de Fe e Al 2 - 5 - -
* Humificada
(Fonte: Adaptado de Fassbender, 1980)
CTC de alguns materiais
Material
CTC
(cmolc/kg)
Superfície
Específica
(m2/g)
Tamanho
(micra)
Matéria orgânica* 100 - 250 - -
Vermiculita 100 - 150 - -
Montmorilonita 80 - 120 800 0, 01 a 1,0
Ilita 30 - 50 100 0,1 a 2,0
Clorita 10 - 40 - -
Glauconita 5 - 40 - -
Haloisita 5 - 10 - -
Caulinita 3 - 15 3 0,1 a 5,0
Óxidos de Fe e Al 2 - 5 - -
* Humificada
(Fonte: Adaptado de Fassbender, 1980)
Tabela 2.3
85 ARGILA
- Partícula do solo menor que 0,002 mm em diâmetro, e que apresenta propriedades coloidais. (Vide colóide). Refere-se
ainda a uma classe textural do solo.
86 MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
- Compreende os resíduos vegetais (raízes e parte aérea) e animais (incluindo os excrementos), em variados estádios de
decomposição, ocorrendo no solo em estreita relação com os constituintes minerais. Representa importante papel no solo,
melhorando suas condições físicas e químicas, e servindo de fonte de elementos minerais.
Nas regiões tropicais, inclusive em grandes áreas no Brasil, onde os solos são mais
intemperizados, predominando argilas de baixa atividade87 e teor baixo a médio de matéria
orgânica, os níveis de CTC são baixos. Em regiões onde ocorrem argilas do grupo 2:1 (menos
intemperizadas) e os níveis de matéria orgânica são, usualmente, mais altos, valores da CTC
podem ser, por natureza, bastante elevados.
Solos argilosos88, com argilas de alta atividade89, podem reter grandes quantidades de
cátions. Solos arenosos90, com baixo teor de matéria orgânica e, conseqüentemente, baixa CTC,
retêm somente pequenas quantidades de cátions, sendo, portanto, mais susceptíveis a perdas de
nutrientes por lixiviação91. Isto faz com que a época e as doses de fertilizantes92 a serem
aplicadas sejam importantes ao se planejar um programa de adubação. (Veja mais em “Resumo
de manejo de Potássio” ).
Solos com alta CTC, no Brasil, são muito mais uma exceção do que regra. Sob condições
de baixa CTC, existe predisposição para as altas taxas de lixiviação, fazendo com que o
parcelamento da adubação nitrogenada e, às vezes, da adubação potássica, sejam determinantes
para aumentar a eficiência das adubações.
Deve-se ressaltar ser quase impossível determinar a contribuição individual dos
componentes do solo, diferentes minerais de argila, óxidos e matéria orgânica, na CTC, já que
estes materiais encontram-se intimamente associados. É possível, contudo, determinar a
contribuição da matéria orgânica e da fração mineral, conforme exemplificado na Tabela 2.4.
35
87 ARGILA DE BAIXA ATIVIDADE
- Argilas que apresentam baixa capacidade de troca de cátions, em geral do tipo 1:1 (uma camada de tetraedros de sílicio
e uma camada de octaedros de alumínio), como a caulinita e a haloisita; ou óxidos, hidróxidos ou oxi-hidróxidos de ferro e
alumínio (gibbsita, hematita, magnetita e etc). A grande maioria dos solos do Brasil apresenta, na fração argila,
predominância de materiais de baixa atividade.
88 SOLOS ARGILOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração argila, em geral mais de 35%.
89 ARGILA DE ALTA ATIVIDADE
- Argilas do tipo 2:1 (formadas por duas camadas de tetraedros de silício e uma camada de octaedros de alumínio) e que
apresentam alta capacidade de troca de cátions. Exemplos dessas argilas são a montmorilonita, a vermiculita e a ilita.
90 SOLOS ARENOSOS
- Solos que apresentam a predominância de partículas da fração areia, em geral mais de 70%.
91 LIXIVIAÇÃO
- Processo de remoção, do solo, de sais simples e de outras substâncias solúveis em água, ou que passem rapidamente
ao estado de dispersão coloidal, sendo capazes, então, de descer por entre as partículas do solo e escapar nas águas de
drenagem.
92 FERTILIZANTE
- Qualquer material, orgânico ou inorgânico, de origem natural ou sintética que é adicionado ao solo para suprir um ou mais

Outros materiais