Buscar

Curso de Direito Constitucional Online

Prévia do material em texto

CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 1 - Constituição. Conceito. Classificação. Aplicabilidade e 
Interpretação das Normas Constitucionais. 
Olá! 
Seja bem-vindo(a) a esse nosso curso, por meio do qual iremos nos 
enfronhar no mundo maravilhoso do Direito Constitucional para 
concursos! A cada quinze dias, apresentarei uma aula, com um assunto 
diferente, seguindo aquele conteúdo programático proposto na aula zero. 
Em primeiro lugar, quero agradecer a confiança e deixá-lo tranquilo, pois, 
a cada aula, a cada assunto, abordarei os aspectos mais relevantes para 
fins de concurso, fazendo o possível para tentar deixá-lo o mais claro 
possível. Mas, sem me estender demais naquilo que tem pouca 
incidência em concursos. 
Então, após passar a teoria, apresentarei como as questões têm 
abordado o tema, o que facilitará a sua memorização. 
Em alguns casos, utilizarei a própria questão para aprofundar num tema 
tratado durante a apresentação da teoria (ou para mencionar algo ainda 
não comentado). 
Falando em questões: no final apresentarei mais exercícios de fixação. E 
eventuais dúvidas poderão ser sanadas por meio do fórum de dúvidas. 
Um esclarecimento: nosso foco é a Esaf. Entretanto, a fim de aumentar o 
número de exercícios que você deve resolver (como forma de fixação da 
matéria e reforço do aprendizado), complementarei com questões do 
Cespe, mas exclusivamente quando não houver risco de divergência 
entre as bancas (em regra, não há divergência). 
Vejamos, então, o conteúdo de hoje: 
1 – Direito Constitucional e Constituição 
1.1 Conceitos: político, sociológico e jurídico 
1.2 – Classificação das Constituições 
1.3 – Supremacia da Constituição 
2 – Aplicabilidade e eficácia: Classificação das normas constitucionais 
2.1 – Normas de eficácia plena 
2.2 – Normas de eficácia contida 
2.3 – Normas de eficácia limitada 
3 – Interpretação da Constituição 
3.1 – Princípios de Interpretação 
3.2 – Métodos de Interpretação 
4 – Exercícios de Fixação 
Vamos à aula então! 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 2
1 – Direito Constitucional e Constituição 
O que seria o Direito Constitucional? 
Bem, podemos defini-lo como o ramo do Direito Público que expõe, 
interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. 
E tem como objeto a Constituição desse Estado. 
Quanto ao conceito de Constituição, podemos relacioná-lo à noção de 
forma de organização do Estado. 
Quando eu digo Estado, temos de relacionar essa concepção à junção 
de três elementos fundamentais (território, população e governo) que 
podem ser completadas com mais um elemento: a finalidade. Assim, o 
Estado seria constituído de um governo (poder institucionalizado) que 
tem por finalidade essencial a regulamentação das relações sociais 
travadas pelos membros de uma população distribuída em determinado 
território. 
Nesse sentido, qualquer Estado tem sua Constituição, 
independentemente de estar essa organização compilada em um livro, 
um documento específico. 
Toa, o estudo sistemático da Constituição somente se desenvolve a 
partir do momento em que os Estados passam a compilar em um único 
documento as regras de organização de suas estruturas. E isso ocorre 
especialmente a partir das revoluções burguesas do fim do séc. XVIII, 
cujos ideais iluministas e liberais coincidiam com a necessidade de se 
estabelecer normas para o funcionamento do Estado (até como forma de 
limitar seu poder). 
É nesse ambiente que surge o constitucionalismo, movimento que 
concebeu a ideia de limitação do poder estatal por meio da criação de 
um documento escrito, que estabelecesse as regras fundamentais e 
supremas de organização do Estado. 
Como não podia deixar de ser, aquelas primeiras constituições eram 
sucintas. Tratavam de poucos assuntos: (i) regras de organização do 
Estado; (ii) exercício e transmissão do poder; e (iii) direitos e garantias 
fundamentais, como forma de limitação do poder estatal. 
Nesse contexto, cabe mencionar o conceito de Constituição ideal, 
decorrente do triunfo do movimento constitucional no início do séc. XIX e 
apresentado por J. J. Gomes Canotilho. Assim, essa concepção 
identifica-se com os postulados político-liberais e deve: (i) ser escrita; (ii) 
consagrar um sistema de garantias de liberdades (reconhecimento de 
direitos individuais e sistema democrático formal); e (iii) limitar o poder do 
Estado por meio do princípio da divisão dos poderes; 
Mas, se as primeiras Constituições escritas e rígidas eram de orientação 
puramente liberal; com o tempo elas começam a apresentar caráter 
social. Com isso, as Constituições passam a expandir seu objeto, 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 3
ganhando uma vertente social. Passam a traçar os fins estatais e 
estabelecer programas e linhas de direção para o futuro. 
Bem, esse início é importante para contextualizar o assunto. Mas, em 
concurso, o mais comum é serem cobrados os conceitos político, jurídico 
e sociológico de Constituição (que veremos logo adiante). 
Vamos resolver a nossa primeira questão de hoje? 
1) (ESAF/AFRFB/2010) O conceito ideal de constituição, o qual surgiu 
no movimento constitucional do século XIX, considera como um de 
seus elementos materiais caracterizadores que a constituição não 
deve ser escrita. 
A noção de Constituição ideal (oriunda do movimento constitucional do 
séc. XIX) relaciona-se a determinados elementos caracterizadores. 
Como vimos, segundo essa concepção a Constituição deve ser escrita 
(solenemente elaborada por um órgão constituinte num determinado 
momento, constituindo um documento único). 
Item errado. 
2) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição contém normas 
fundamentais da ordenação estatal que servem para regular os 
princípios básicos relativos ao território, à população, ao governo, à 
finalidade do Estado e suas relações recíprocas. 
A noção de Constituição está ligada à Organização do Estado. Ou seja, 
ordenação dos princípios básicos relacionados àqueles quatro elementos 
constitutivos: território, população, governo e finalidade. É de se observar 
que nesse núcleo concentram-se as normas de conteúdo materialmente 
constitucional. Guarde esse conceito, que será mais bem desenvolvido 
adiante. 
Item certo. 
1.1 Conceitos: político, sociológico e jurídico 
Excepcionalmente neste assunto, é importante que você memorize os 
nomes relacionados a cada uma das concepções de Constituição: 
política, sociológica e jurídica. 
Constituição em sentido POLÍTICO 
Carl Schmitt é quem desenvolve a concepção política de Constituição. 
Segundo esse conceito, a Constituição é uma decisão política 
fundamental. 
Assim, a Constituição surge a partir de uma vontade política fundamental 
de definir a forma e modo de organização do Estado. 
Carl Schmitt estabeleceu uma distinção entre Constituição e leis 
constitucionais. A Constituição disporia somente sobre as matérias 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 4
substancialmente constitucionais, materialmente constitucionais devido à 
sua grande relevância jurídica (organização do Estado, direitos e 
garantias fundamentais etc.). Essas sim seriam, por excelência, as 
decisões políticas fundamentais. 
As demais matérias integrantes do texto da Constituição, de menor 
relevância, seriam tão somente leis constitucionais. 
Ou seja, uma coisa é tratar de temas realmente “importantes”, 
substancialmente constitucionais, assunto para a Constituição. Outracoisa seriam aqueles temas menos relevantes, que constituiriam meras 
leis constitucionais. 
Com base nessa teoria, podemos mencionar um aspecto importante para 
concursos: a distinção entre Constituição em sentido material e 
Constituição em sentido formal. 
Importante: 
No sentido material de Constituição, as normas constitucionais são 
identificadas a partir do seu conteúdo (somente são constitucionais as 
normas que tratam de temas substancialmente constitucionais, como: 
organização e finalidades do Estado e direitos fundamentais, por 
exemplo). 
Já as demais normas constitucionais são apenas formalmente 
constitucionais (têm “forma” de Constituição, na medida em que integram 
um documento constitucional solenemente elaborado; mas, não têm 
conteúdo constitucional). 
Assim, é importante você saber que há: (i) temas propriamente 
constitucionais (substancialmente constitucionais); e (ii) temas que, 
apesar de menos relevantes, integram a Constituição. 
Não é pacífica a definição exata do que seja substancialmente 
constitucional. De qualquer forma, há um núcleo de temas sobre os quais 
não há muita controvérsia. Assim, seriam materialmente constitucionais 
temas como a organização do Estado, distribuição de competências, 
regulação do exercício do poder e limites ao poder do Estado (direitos 
fundamentais). 
É importante conseguir entender bem essa distinção entre os sentidos 
material e formal de Constituição. Alguns exercícios mais à frente 
auxiliarão seu aprendizado. 
Constituição em sentido SOCIOLÓGICO 
Na concepção sociológica, a Constituição é concebida como fato social, 
como resultado da realidade social do país, e não propriamente como 
norma. A Constituição seria a soma dos fatores reais de poder que 
imperam na sociedade (tais como a aristocracia, a burguesia, os 
banqueiros etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 5
Aquele documento escrito teria a função de simplesmente sistematizar 
essa correlação de forças, e só teria eficácia se, de fato, representasse 
os valores sociais da sociedade. 
Essa noção é defendida por Ferdinand Lassalle, segundo o qual há 
duas Constituições: a real e a escrita. A real é a “soma dos fatores reais 
de poder” e a escrita, mera “folha de papel”. Em caso de conflito, aquela 
sempre prevalecerá sobre esta. 
Dessa forma, Lassalle nega a força normativa da Constituição escrita. 
Afinal, para ele, se a Constituição escrita não representar a real soma 
dos fatores de poder, ela não passará de uma folha de papel. 
Constituição em sentido JURÍDICO 
Para Hans Kelsen, defensor da concepção jurídica de Constituição, a 
Constituição é norma jurídica pura, sem qualquer consideração de 
ordem social, política, moral ou filosófica. 
Nesse caso, a Constituição teria um caráter estritamente formal. 
É interessante como a visão de Kelsen contrapõe-se à concepção 
sociológica de Ferdinand Lassalle. Por um lado, Lassalle nega a força 
normativa da Constituição, ao considerar que ela só teria valor se 
representasse os fatores reais de poder. Ao contrário, na visão de 
Kelsen, a validade de uma norma independe da sua aceitação pelo 
sistema de valores sociais da sociedade. 
Kelsen estabeleceu uma distinção entre Constituição em sentido lógico-
jurídico e Constituição em sentido jurídico-positivo. 
De acordo com o sentido lógico-jurídico, a Constituição significa norma 
fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico 
transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva. Ou seja, 
trata-se de fato instaurador não positivado (já que apenas pressuposto, 
pensado, imaginado), origem de todo o processo de criação das normas. 
Já em seu sentido jurídico-positivo, a Constituição equivale à norma 
positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras 
normas, lei nacional no seu mais alto grau. 
Assim, enquanto o jurídico-positivo está corporificado pelas normas 
postas, positivadas, o lógico-jurídico situa-se em nível do suposto, do 
hipotético (haja vista não configurar norma editada por nenhuma 
autoridade). 
A partir desse conceito de Kelsen, você já pode observar algo 
interessante: há um escalonamento das normas, em que uma constitui 
fundamento de validade para a outra (hierarquicamente inferior), 
constituindo uma verticalidade hierárquica. 
Assim, podemos dizer que as normas inferiores buscam seu fundamento 
de validade numa norma superior, e esta na Constituição (lei nacional no 
seu mais alto grau), que se caracteriza como fundamento de validade de 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 6
todo ordenamento jurídico. Segundo Kelsen, essa Constituição 
positivada busca seu fundamento de validade na norma hipotética 
fundamental (sentido lógico-jurídico). 
O que você acha de esquematizarmos esses importantes sentidos da 
Constituição? Já fiz isso por você... 
Sintetizando: 
Vamos ver como a Esaf cobra esse assunto. 
3) (ESAF/AFC/STN/2005) Na concepção de constituição em seu sentido 
político, formulada por Carl Schmmitt, há uma identidade entre o 
conceito de constituição e o conceito de leis constitucionais, uma vez 
que é nas leis constitucionais que se materializa a decisão política 
fundamental do Estado. 
Carl Schmitt estabeleceu uma distinção entre Constituição (que disporia 
somente sobre as matérias substancialmente constitucionais, de grande 
relevância jurídica, as ditas decisões políticas fundamentais) e leis 
constitucionais (as demais matérias integrantes do texto da Constituição, 
de menor relevância). 
Item errado. 
4) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Para Ferdinand 
Lassalle, a constituição é dimensionada como decisão global e 
fundamental proveniente da unidade política, a qual, por isso mesmo, 
pode constantemente interferir no texto formal, pelo que se torna 
inconcebível, nesta perspectiva materializante, a idéia de rigidez de 
todas as regras. 
Ferdinand Lassalle defende o conceito sociológico de Constituição, 
enquanto a definição apresentada na questão relaciona-se com a noção 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 7
de sentido político de constituição (ao mencionar a decisão política 
fundamental). Assim, no conceito apresentado pela questão, a 
Constituição trata das matérias de grande relevância jurídica, as 
decisões políticas fundamentais. Diferentemente, as demais normas da 
Constituição são tão somente leis constitucionais. 
Item errado. 
5) (ESAF/AFTE/RN/2005) A constituição em sentido político pode ser 
entendida como a fundamentação lógico-política de validade das 
normas constitucionais positivas. 
Caro aluno, você deve observar que é comum a ESAF apresentar 
determinado conceito, trocando o sentido de Constituição que a ele se 
refere. 
Nessa questão, por exemplo, foi apresentada uma característica 
relacionada com o sentido jurídico de Constituição. Com efeito, em seu 
sentido jurídico, a Constituição é compreendida como norma fundamental 
do Estado, paradigma de validade de todo ordenamento jurídico. 
Já no sentido político, a validade da Constituição apóia-se na decisão 
política fundamental que lhe dá existência. 
Item errado. 
6) (ESAF/ENAP/2006) Na concepção sociológica, defendida por 
Ferdinand Lassale, a Constituição seria o resultado de uma lenta 
formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sóci-
opolíticos, que se cristalizam como normas fundamentais 
da organização de determinado Estado. 
Não há relação entre a concepção sociológica e uma Constituição 
resultante do lento evoluir das tradições. 
Para Lassalle, a Constituiçãorepresenta a soma dos fatores reais de 
poder que atuam no país (Constituição real), refletindo a realidade social 
e a distribuição de forças na sociedade (banqueiros, aristocracia, 
burguesia etc.). A Constituição escrita seria apenas uma folha de papel. 
Nesse sentido, por mais que decorresse da evolução histórica daquele 
país não teria validade se estivesse desconexa dos fatores reais de 
poder. 
Item errado. 
1.2 – Classificação das Constituições 
Em todo direito constitucional, há diversas formas de se classificar 
determinada Constituição. Vamos estudar aqui as classificações mais 
relevantes para fins de concurso público. 
As Constituições podem ser classificadas: 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 8
- quanto ao conteúdo; 
- quanto à forma; 
- quanto ao modo de elaboração; 
- quanto à origem; 
- quanto à estabilidade; 
- quanto à extensão; 
- quanto à finalidade; e 
- quanto à correspondência com a realidade. 
Vejamos uma a uma. 
Quanto ao conteúdo: materiais e formais 
Já falamos um pouco sobre o sentido material e formal de Constituição. 
Constituição material (ou substancial) é aquele conjunto de normas 
substancialmente constitucionais. Não importa se as normas estão ou 
não codificadas em um único documento (um livro denominado 
“Constituição”). Se a norma fala sobre temas substancialmente 
constitucionais, ela integra a Constituição material. 
A Constituição formal é aquela que está restrita a um documento 
solene, de forma escrita. Assim, independentemente do tema sobre o 
qual versem, aquelas normas ali inseridas terão status de normas 
constitucionais. 
Observem a Constituição de 1988. Ela é do tipo formal, tendo em vista 
que qualquer dos temas inseridos naquele documento revestem-se da 
mesma dignidade jurídica. Não importa se trata da organização do 
Estado (tema essencialmente constitucional, substancialmente 
constitucional) ou de qualquer outro aspecto pouco relevante, o que 
importa é o processo de formação, é o fato de aquela norma estar dentro 
daquele documento. 
Quer um exemplo para esclarecer? 
O art. 242, § 2° da CF/88 assim dispõe: “O Colégio Pedro II, localizado 
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.” 
Acho que fica claro para qualquer um que isso não tem dignidade 
constitucional. Não é um assunto essencialmente constitucional. 
Entretanto, segundo o sentido formal de Constituição, o que importa é o 
fato de ele integrar a Constituição. É dizer, o art. 242, § 2° é tão 
formalmente constitucional quanto os artigos que estabelecem os 
princípios constitucionais ou os direitos fundamentais. 
Quanto à forma: escritas e não escritas 
Constituição escrita é aquela solenemente elaborada por um órgão 
constituinte num determinado momento. Disso resulta um documento 
escrito único, integrado por todas as normas constitucionais. E aquele 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 9
documento é que rege todo ordenamento jurídico, regulando jurídica e 
efetivamente as relações da vida e dirigindo as condutas. 
Já a Constituição não escrita (costumeira ou consuetudinária) é aquela 
que surge com o lento passar do tempo, como resultado de lenta síntese 
da evolução histórica do Estado. É integrada por leis escritas esparsas, 
jurisprudências, normas costumeiras e convenções. 
A Constituição de 1988 é do tipo escrita, pois está compilada em um 
único documento elaborado por um órgão constituinte. 
Atenção! É errado dizer que a Constituição não escrita é integrada 
apenas por normas costumeiras, sem textos propriamente ditos. Observe 
que o que distingue uma da outra não é exatamente a existência ou não 
de textos escritos, mas o fato de as escritas estarem compiladas em um 
único documento, e as não escritas estarem espalhadas, sendo 
compostas também de normas não escritas. 
Quanto ao modo de elaboração: dogmáticas e históricas 
Constituição dogmática é formada em determinado momento histórico, 
baseada nas ideias, ideologias e princípios da teoria política e do direito 
daquele tempo. É o caso da Constituição de 1988 que elaborada por 
uma assembléia constituinte, em determinado momento fixo, segundo os 
dogmas reinantes àquela época. 
Ao contrário, a Constituição histórica é fruto da lenta e contínua síntese 
da história daquele povo, constituindo um longo processo de formação. 
Quanto à origem: promulgadas e outorgadas 
Constituição promulgada (democrática ou popular) é produzida pela 
participação popular, normalmente por força do regime de democracia 
representativa. Assim, a Constituição surge do trabalho de uma 
assembléia constituinte, formada por representantes do povo (eleitos 
democraticamente). 
Por outro lado, a Constituição outorgada é imposta de forma unilateral 
pelo poder da época, sem a participação popular. Trata-se de obra de um 
agente revolucionário que atua sem legitimidade para representar o 
povo. 
Há, por fim, a Constituição cesarista, que também não é democrática. 
Trata-se de uma Constituição elaborada pelo detentor do poder e 
submetida ao povo, com vistas a referendar aquele documento, dando a 
ele ares de aparente legitimidade. 
No Brasil, já tivemos tanto Constituições promulgadas, quanto 
outorgadas. Sabendo um pouquinho de história você pode ter uma noção 
inicial do perfil daquela Constituição. É só verificar o “ambiente” em que 
surge aquela Constituição. 
I) A primeira Constituição foi a 1824, que era imperial e outorgada. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 10
II) Em 1937, tivemos uma Constituição outorgada, durante o regime 
totalitário de Getúlio Vargas (Estado Novo). 
II) A Constituição de 1967 e a emenda constitucional de 1969 foram 
outorgadas logo após o golpe militar de 1964 e regeram o país até 1988. 
Em suma, na história do constitucionalismo brasileiro tivemos 
Constituições outorgadas (1824, 1937, 1967 e 1969) e Constituições 
promulgadas (1891, 1934, 1946 e 1988). 
Quanto à estabilidade (ou alterabilidade): imutáveis, rígidas, 
flexíveis e semi-rígidas 
A Constituição imutável é aquela que não admite alteração do seu 
texto em nenhuma hipótese. Atualmente, podemos dizer que esta forma 
está em desuso (constituem relíquias históricas), tendo em vista que a 
imutabilidade pode resultar na total desconexão entre a Constituição e a 
realidade à sua volta. 
A Constituição rígida é aquela que admite alteração do seu texto, mas 
somente mediante um processo legislativo solene, mais dificultoso do 
que aquele de elaboração das leis. 
A Constituição flexível admite alteração do seu texto mediante 
processo legislativo simples, igual ao de elaboração das leis. Em regra, 
são também não escritas (classificação quanto a forma), mas podem ser 
excepcionalmente escritas. 
A Constituição semiflexível ou semirrígida mescla os dois tipos 
anteriores. Exige um procedimento especial para alteração de parte do 
seu texto (parte rígida) e permite a alteração da outra parte mediante 
procedimento simples, igual ao de elaboração das leis (parte flexível). 
Destaque-se que, no Brasil, todas as Constituições foram do tipo rígida 
(inclusive a de 1988), exceto a Imperial de 1824, que foi do tipo 
semirrígida. 
A propósito, quer ver como funciona uma Constituição semi-rígida? A 
Constituição de 1824 apresentava a seguinte regra no seu artigo 178: 
“Art. 178. É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas 
dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que 
não é Constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas 
Legislaturasordinárias.” 
Ou seja, a própria Constituição traz um dispositivo que indica qual é a 
sua parte rígida (que vai exigir procedimento mais dificultoso para sua 
modificação) e qual é a sua parte flexível. 
Atenção! Apesar de a Constituição de 1988 ser do tipo rígida, há na 
doutrina (Alexandre de Moraes) quem a classifique como super rígida, 
uma vez que possui um núcleo não passível de supressão (cláusulas 
pétreas). 
Quanto à extensão: sintéticas e analíticas 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 11
A Constituição sintética (breve ou concisa) é aquela de texto 
abreviado, que trata apenas de matérias substancialmente 
constitucionais. 
De outra forma, a Constituição analítica (extensa ou prolixa) é aquela 
de texto extenso, tratando de matérias variadas, e não só de temas 
substancialmente constitucionais. 
A Constituição de 1988 é classificada como analítica, pois apresenta 
texto extenso, abrangendo normas materialmente constitucionais, 
normas apenas formalmente constitucionais e normas programáticas. 
Nesse sentido, nossa Constituição segue a tendência moderna de as 
Constituições analíticas como forma de: (i) conferir maior estabilidade a 
certas matérias, levando-as para o texto da Constituição; e (ii) assegurar 
uma maior proteção social aos indivíduos, por meio da fixação de 
programas e diretrizes de política social para a concretização futura pelos 
órgãos estatais. 
Quanto à finalidade: garantia, balanço e dirigente 
A Constituição garantia (negativa) é aquela de texto abreviado 
(sintéticas) que se limita a estabelecer as garantias fundamentais e 
limites frente ao Estado. Podemos dizer que elas “olham para o 
passado”, no sentido de garantir aquelas conquistas. 
A Constituição balanço é aquela elaborada para retratar a vida do 
Estado por um período certo de tempo. Podemos dizer que elas “olham o 
presente”. 
A Constituição dirigente (ou programática) tem texto extenso 
(analíticas) e, além de estabelecer as garantias fundamentais frente ao 
Estado, fixam programas e diretrizes para a atuação futura dos órgãos 
estatais, normalmente de cunho social. Em suma, elas “olham para 
frente, para o futuro”. 
Nasceram com o surgimento do chamado Estado Social, e passaram a 
introduzir no texto constitucional verdadeiros programas sociais a serem 
concretizados no futuro pelos órgãos estatais. Esses programas, em sua 
maioria de cunho social-democrático, correspondem às chamadas 
“normas programáticas”. 
Quanto à correspondência com a realidade: normativas, 
nominativas e semânticas 
Karl Loewenstein formulou uma classificação que leva em conta a 
correspondência entre o texto constitucional e a realidade política do 
Estado. 
A Constituição normativa é aquela que consegue efetivamente 
normatizar a vida política do Estado, limitando sua ingerência por meio 
da garantia de direitos aos indivíduos. Existe em países em que há 
perfeita correspondência entre as normas estabelecidas (pela 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 12
Constituição) e a realidade (o que, de fato, ocorre na vida política do 
Estado). 
A Constituição nominativa é aquela que tem o objetivo de regular a 
vida política do Estado, mas não consegue cumprir essa função. Ou seja, 
até que se busca essa normatização das relações em sociedade, mas 
sem sucesso. 
Por fim, há ainda a Constituição semântica, em que não há sequer o 
objetivo de limitar a ingerência estatal em favor do indivíduo. Busca-se 
apenas conferir legitimidade meramente formal aos governantes, 
servindo como instrumento em favor dos detentores do poder. 
Façamos umas questões para fixar o conteúdo; mas, antes, vamos 
organizar tudo isso que eu falei. 
Sintetizando: 
7) (ESAF/AFRFB/2010) A constituição dogmática se apresenta como 
produto escrito e sistematizado por um órgão constituinte, a partir de 
princípios e ideias fundamentais da teoria política e do direito 
dominante. 
De fato, a definição de Constituição dogmática relaciona-se ao conceito 
de constituições escritas por um órgão constituinte, segundo as ideias 
reinantes no momento histórico de sua elaboração. 
Item certo. 
8) (ESAF/AFRFB/2010) A constituição sintética, que é constituição 
negativa, caracteriza-se por ser construtora apenas de 
liberdadenegativa ou liberdade-impedimento, oposta à autoridade. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 13
As Constituições sintéticas são aquelas de texto abreviado, que tratam 
apenas da proteção do indivíduo frente ao Estado. Relacionam-se com a 
definição de “constituições negativas”, tendo em vista sua preocupação 
na fixação de limites à atuação do Estado, em respeito às garantias dos 
indivíduos. Contrapõem-se a uma Constituição positiva, concepção que 
surge junto ao conceito de Estado Social. 
Item certo. 
9) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São constitucionais as normas que 
dizem respeito aos limites, e atribuições respectivas dos poderes 
políticos, e aos direitos fundamentais. As demais disposições que 
estejam na Constituição podem ser alteradas pelo quórum exigido 
para a aprovação das leis ordinárias. 
No sentido material de Constituição, as normas constitucionais são 
identificadas a partir do seu conteúdo, isto é, nessa concepção só são 
normas constitucionais aquelas que tratam de matérias substancialmente 
constitucionais (organização e finalidades do Estado e direitos 
fundamentais, por exemplo). 
Aí você me pergunta: Afinal, quais são, exatamente, esses temas 
substancialmente constitucionais? Bom, esse assunto não é nada 
pacífico, mas você deve conhecer aquele núcleo de temas sobre os 
quais não há muita controvérsia. 
Nesse sentido, pode ser considerado materialmente constitucional 
aquele conteúdo que verse sobre organização do Estado, distribuição de 
competências, regulação do exercício do poder e limites ao poder do 
Estado (direitos fundamentais). 
A questão está errada, pois, como vimos, quando determinado Estado 
concentra a Constituição em um documento solene e rígido, escrito por 
um órgão soberano, são consideradas constitucionais não só as normas 
materialmente constitucionais, mas também as demais. 
É como a CF/88. Ao tratar de educação, saúde, cultura (ordem social), 
ela traz normas que podem não ser materialmente constitucionais, mas 
são hierarquicamente equivalentes às demais, tendo sim caráter 
constitucional. E, com isso, sua alteração requer procedimento mais 
rígido que o das leis ordinárias, como qualquer outra norma 
constitucional. Daí o erro da questão. 
Por fim, guarde os seguintes detalhes sobre esse assunto: 
I – O conceito de Constituição em sentido formal só existe em Estados 
de Constituição rígida e escrita; 
II – O fato de determinada norma não tratar de temas propriamente 
(materialmente, substancialmente) constitucionais não a torna inferior às 
demais; 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 14
III – Para fins de controle de constitucionalidade e de aplicabilidade das 
normas constitucionais não importa se a norma inserida na Constituição 
é (ou não) substancialmente constitucional. 
Item errado. 
10) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição material é o peculiar 
modo de existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a um 
documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e 
somente modificável por processos e formalidades especiais nela 
própria estabelecidos. 
Observe que a assertiva trouxe a noção de Constituição formal, que se 
relacionacom um documento solene e rígido, independentemente do 
conteúdo tratado. 
Item errado. 
11) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A constituição formal designa as 
normas escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento 
escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização dos seus 
órgãos e os direitos fundamentais. 
A assertiva trouxe a definição de constituição material. Só faz sentido 
falarmos em constituição formal caso haja um documento solene único, 
com formalidades especiais (constituições escritas e rígidas). 
Item errado. 
12) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) Assinale a opção correta relativa à 
classificação da Constituição Federal de 1988. 
a) É costumeira, rígida, analítica. 
b) É parcialmente inalterável, outorgada, sintética. 
c) É rígida, outorgada, analítica. 
d) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada. 
e) É flexível, promulgada, analítica. 
Tratando da nossa Constituição de 1988, podemos dizer que ela é 
classificada como: promulgada (elaborada com participação popular), 
dogmática (escrita por um órgão constituinte, apresentando as idéias 
reinantes no momento de sua elaboração), rígida (sua alteração exige 
procedimento mais dificultoso do que o das leis ordinárias) e analítica (de 
texto extenso, tratando das mais variadas matérias). 
Assim, a única alternativa que satisfaz corretamente a classificação da 
CF/88 é a letra “d”. 
Cabe destacar que nossa Constituição pode ser caracterizada como 
parcialmente inalterável, tendo em vista a existência de um núcleo que 
não está sujeito à supressão: as cláusulas pétreas. De qualquer forma, 
como veremos em aulas posteriores, a rigor, aquelas normas que 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 15
configuram cláusulas pétreas não podem é sofrer alteração que tenda a 
aboli-las. 
Gabarito: “d” 
13) (ESAF/AFC/CGU/2003) Em sua concepção materialista ou 
substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo de suas 
normas, sendo pacífico na doutrina quais seriam as matérias 
consideradas como de conteúdo constitucional e que deveriam 
integrar obrigatoriamente o texto positivado. 
A primeira parte do enunciado está correta, pois, de fato, na concepção 
materialista ou substancial, a Constituição se confundiria com o conteúdo 
de suas normas, haja vista que a Constituição, na concepção material, é 
identificada a partir do conteúdo das normas. Entretanto, não é pacífico 
na doutrina quais seriam as matérias substancialmente constitucionais. 
Portanto, errada a questão. 
Atenção! A CF/88 é do tipo formal (compõe-se de algumas normas 
apenas formalmente constitucionais e outras formal e materialmente 
constitucionais). Assim, não é correto afirmar que a nossa Constituição 
Federal de 1988 é parte material (parcela que trata de assuntos 
substancialmente constitucionais) e parte formal (demais assuntos). 
Item errado. 
14) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a classificação das Constituições, 
adotada por Karl Lowenstein, uma constituição nominativa é um 
mero instrumento de formalização legal da intervenção dos 
dominadores de fato sobre a comunidade, não tendo a função ou a 
pretensão de servir como instrumento limitador do poder real. 
O conceito apresentado refere-se à Constituição semântica (e não 
à Constituição nominativa, como afirmado). 
Item errado. 
15) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Uma constituição 
não-escrita é aquela cujas normas decorrem de costumes e 
convenções, não havendo documentos escritos aos quais seja 
reconhecida a condição de textos constitucionais. 
O exemplo doutrinário para a Constituição não escrita é a Constituição 
inglesa. Lá, uma lei constitucional não surge a partir da sua elaboração 
solene por um órgão constituinte. A lei é elaborada ordinariamente pelo 
parlamento e, com o passar do tempo, caso essa norma assuma 
relevância para o Estado inglês, os Tribunais passam a considerá-la uma 
norma constitucional (ela é alçada ao “status” constitucional). 
O enunciado está errado porque as Constituições não-escritas são 
formadas por normas costumeiras, jurisprudência e convenções, mas 
também por leis escritas esparsas. A diferença é que elas não foram 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 16
formalmente elaboradas como uma Constituição, num procedimento 
solene, e não estão consolidadas num único documento. 
Item errado. 
16) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São classificadas como dogmáticas, 
escritas e outorgadas as constituições que se originam de um órgão 
constituinte composto por representantes do povo eleitos para o fim 
de as elaborar e estabelecer, das quais são exemplos as 
Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
Realmente, podemos dizer que são classificadas como dogmáticas e 
escritas as Constituições que se originam de um órgão constituinte 
composto por representantes do povo, escolhidos em determinado 
momento para o fim de elaborar a Constituição como um documento 
solene. 
Toa, essa definição não se aplica às Constituições outorgadas, que 
são aquelas impostas, originadas sem a participação popular. Daí o erro 
da questão. 
Observe que todas as Constituições brasileiras citadas na questão foram 
promulgadas ou democráticas. 
Item errado. 
17) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a melhor doutrina, a tendência 
constitucional moderna de elaboração de Constituições sintéticas se 
deve, entre outras causas, à preocupação de dotar certos institutos 
de uma proteção eficaz contra o exercício discricionário da 
autoridade governamental. 
A tendência moderna é de elaboração de Constituições analíticas. Essa 
tendência decorre da necessidade de (i) conferir maior estabilidade a 
certas matérias, no intuito de limitar a discricionariedade do Estado; e (ii) 
assegurar uma maior proteção social aos indivíduos (com o surgimento 
do Estado social, a partir do estabelecimento de programas e diretrizes 
para a concretização futura pelos órgãos estatais). 
Item errado. 
18) (ESAF/Auditor-Fiscal do Trabalho/2006) Na concepção materialista 
de Constituição, é dada relevância ao processo de formação das 
normas constitucionais, que, além de ser intencional, deve produzir 
um conjunto sistemático com unidade, coerência e força jurídica 
próprias, dentro do sistema jurídico do Estado. 
Na concepção material de Constituição, é dada relevância ao conteúdo 
da norma. São normas constitucionais aquelas que tratem dos elementos 
essenciais de organização do Estado. Em nada interessa o seu processo 
de sua elaboração. 
Sobre esse assunto, guarde dois importantes aspectos: 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 17
I) o fato de determinada norma não tratar de temas propriamente 
(materialmente, substancialmente) constitucionais não a torna inferior às 
demais; e 
II) para fins de controle de constitucionalidade e de aplicabilidade das 
normas constitucionais não importa se a norma inserida na Constituição 
é (ou não) substancialmente constitucional. 
Item errado. 
19) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) Segundo a doutrina, 
são características das constituições concisas: a menor estabilidade 
do arcabouço constitucional e a maior dificuldade de adaptação do 
conteúdo constitucional. 
Ao contrário do afirmado no enunciado, as Constituições sintéticas são 
mais estáveis, exatamente por tratar apenas dos temas fundamentais, 
aqueles princípios mais basilares de organização do Estado. Não 
descem aos detalhes e, assim, se adaptam com maior facilidade à 
evolução da sociedade, na medida em que seus princípios são 
interpretados e adequados aos novos anseios. 
Segundo PauloBonavides, essas Constituições resultam numa maior 
estabilidade do arcabouço constitucional, bem como numa flexibilidade 
que permite adaptar a Constituição a situações novas e imprevistas do 
desenvolvimento institucional de um povo. 
Item errado. 
20) (ESAF/MPOG/ENAP/ADMINISTRADOR/2006) As constituições 
classificadas quanto à forma como legais são aquelas 
sistematizadas e apresentadas em um texto único. 
Com esse enunciado, vou apresentar uma classificação pouco tradicional 
(e pouco cobrada), apresentada pelo Professor André Ramos Tavares e 
que divide as Constituições em codificadas ou legais. 
As primeiras (codificadas) são aquelas sistematizadas em um único 
documento. As Constituições legais são aquelas integradas por 
documentos diversos, espalhados. Assim, são formadas por inúmeras 
leis constitucionais, redigidas em momentos distintos, tratando cada qual 
de elementos substancialmente constitucionais. 
O enunciado apresenta o conceito de Constituição codificada, e não de 
Constituição legal. 
Item errado. 
1.3 – Supremacia da Constituição 
Antes de passar para o próximo tópico, quero que você consiga 
identificar de onde surge a chamada supremacia da Constituição. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 18
Relembrando o que acabamos de falar ao tratar da classificação da 
Constituição quanto à estabilidade... Se a nossa Constituição é rígida, 
ela exige um procedimento especial para sua alteração, mais dificultoso 
do que o das demais normas. 
Ou seja, alterar a Constituição é mais difícil que alterar uma simples lei. 
Como resultado, não pode uma simples lei revogar uma norma 
constitucional qualquer, afinal a Constituição é mais forte do que as leis. 
Veja que se o procedimento de alteração da Constituição fosse o mesmo 
das demais leis, uma simples lei poderia alterar a Constituição. Afinal, 
imagine um sistema de Constituição flexível, em que tanto as normas 
constitucionais quanto as demais normas exigem apenas maioria simples 
para sua produção. Nessa hipótese, qualquer lei aprovada após a 
Constituição que esteja em conflito com ela poderá revogar seus 
dispositivos. Isso porque nos sistemas de Constituição flexível, não há 
superioridade formal entre as normas constitucionais e as demais leis. 
Assim sendo, estas (as leis) não precisam respeitar aquelas (as normas 
constitucionais). 
Daí ser importante você memorizar: a rigidez traz como conseqüência 
lógica, o posicionamento da nossa Constituição Federal no vértice, 
no topo do ordenamento jurídico. É nos ordenamentos de Constituição 
rígida que vigora o princípio da supremacia formal da Constituição. E, 
por conseqüência, todos os atos e manifestações jurídicas, para 
permanecerem no ordenamento jurídico, devem estar de acordo com a 
Lei Maior, a Constituição. 
Entretanto, você tem de saber que supremacia material e supremacia 
formal não se confundem. 
Essa superioridade que posiciona a Constituição em um plano superior e 
exige conformidade das demais normas com seus princípios e suas 
regras consiste na supremacia formal (supremacia decorrente das 
formalidades especiais exigidas para a alteração das normas 
constitucionais). 
Observe que essa força das normas constitucionais não existe devido ao 
seu conteúdo. Não é a dignidade do tema tratado que faz nascer essa 
superioridade. Ela decorre do simples fato de a norma estar dentro da 
Constituição rígida. 
Por seu turno, existe a supremacia material; aí sim, decorrente da 
matéria, do conteúdo da norma. Essa supremacia decorre do fato de 
uma norma tratar de matéria relevante, substancialmente constitucional. 
Não há qualquer relação com o processo de elaboração da norma ou 
com o fato de ela estar dentro ou fora de um documento único. 
Supremacia formal → relaciona-se ao processo de elaboração; 
Supremacia material → relaciona-se à dignidade do conteúdo; 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 19
É possível então que você já tenha formulado uma constatação 
interessante: 
I) só há que se falar em supremacia formal das normas constitucionais 
em um sistema de Constituição rígida; 
II) já a supremacia material também existe nas Constituições flexíveis, 
não-escritas, históricas e costumeiras. 
Por fim, observe que, se a noção de supremacia formal posiciona a 
Constituição acima de todas as demais normas, a Constituição funciona 
como parâmetro de validade dessas normas, que devem sempre estar 
de acordo com ela. Em outras palavras, o controle de constitucionalidade 
das leis e atos normativos decorre da noção de supremacia formal da 
Constituição. Mas, voltaremos a tratar disso nas últimas aulas; aliás, as 
mais interessantes do curso... 
21) (ESAF/AFRFB/2009) A ideia de escalonamento normativo é 
pressuposto necessário para a supremacia constitucional e, além 
disso, nas constituições materiais se verifica a superioridade da 
norma magna em relação àquelas produzidas pelo Poder 
Legislativo. 
De fato, a supremacia constitucional relaciona-se ao fato de a Carta 
Maior estar no topo do ordenamento jurídico (noção de escalonamento 
normativo), funcionando como parâmetro de validade das demais 
normas. Toa, essa noção tem relação com a Constituição formal e, 
não material. 
Item errado. 
22) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Sob o ponto de vista jurídico, a 
supremacia da Constituição sob os aspectos formal e material se 
apóia na regra da rigidez decorrente da maior dificuldade para 
modificação da Constituição do que para a alteração das demais 
normas jurídicas. 
Você deve saber distinguir “supremacia formal” (presente somente nas 
Constituições que adotam a rigidez constitucional, por resultar do 
processo especial de elaboração das normas constitucionais) de 
“supremacia material” (decorrente da dignidade do conteúdo das normas 
substancialmente constitucionais sobre as demais leis do ordenamento). 
A supremacia formal da Constituição relaciona-se com as Constituições 
escritas e rígidas. Assim, ela se apóia na rigidez da Constituição como 
um documento solene que exige mais rigor na alteração de seu texto do 
que é exigido para as demais normas. 
Toa, essa não é uma característica da supremacia no aspecto 
material, que se apóia no conteúdo da norma. 
Item errado. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 20
23) (ESAF/AFC/CGU/2003) A existência de supremacia formal da 
Constituição independe da existência de rigidez constitucional. 
Como vimos, a supremacia formal das Constituições decorre exatamente 
da rigidez do seu texto. 
Item errado. 
2 – Aplicabilidade e eficácia: Classificação das normas 
constitucionais 
Nesse tópico passarei a abordar sucintamente o assunto eficácia e 
aplicabilidade das normas constitucionais. 
Em primeiro lugar: todas as normas constitucionais possuem eficácia 
jurídica. Podemos até considerar a existência de uma variação no grau 
de eficácia e aplicabilidade dessas normas. Mas, não existem normas 
desprovidas de eficácia jurídica no texto da Constituição. 
Bem, ocorre que algumas normas já produzem seus efeitos essenciais 
com a simples promulgação da Constituição. Outras têm um grau de 
eficácia reduzido, já que só produzem os seus plenos efeitos quando 
forem regulamentados por lei. 
Já falamos sobre o Preâmbulo na aula zero, você se lembra? 
Eu cheguei a comentar que, para o STF, o preâmbulo não é norma 
constitucional e não possui a mesma força normativa das demais 
normas constitucionais. É apenas mera manifestação de cunho 
político/filosófico/ideológico que não se insere no âmbito do Direito 
Constitucional.Você pode perguntar: o mesmo pode ser afirmado quanto às normas 
integrantes do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT? 
Bem, o ADCT é uma norma constitucional como qualquer outra, 
ressalvada a sua natureza transitória. Assim: (i) as normas do ADCT são 
formalmente constitucionais; (ii) têm a mesma rigidez e situam-se no 
mesmo nível hierárquico das demais normas constitucionais (não há 
subordinação entre norma integrante do ADCT e norma do corpo 
principal da Constituição); (iii) e podem ser modificadas (ou revogadas, 
ou acrescentadas) por emenda à Constituição. 
Nesse sentido, a única diferença entre as normas do ADCT e as demais 
(parte dogmática, corpo principal da Constituição) é que a primeira tem 
natureza transitória: ocorrida a situação transitória prevista na norma do 
ADCT, esgota-se a sua eficácia. 
Vamos ver se assunto tem alguma importância... 
24) (ESAF/AFRF/2001) As normas do Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988 não se definem 
como normas formalmente constitucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 21
Como visto, o ADCT reveste-se de caráter constitucional, da mesma 
forma que as demais disposições constitucionais. Pode, até mesmo, ser 
parâmetro para controle de constitucionalidade das leis. Daí o erro da 
questão, já que o ADCT é uma norma constitucional como qualquer 
outra, ressalvada a sua natureza transitória. 
Item errado. 
Bem, de qualquer forma, quando se fala em “aplicabilidade das normas 
constitucionais”, o mais comum é serem cobradas questões sobre a 
classificação do prof. José Afonso da Silva: normas constitucionais de 
eficácia plena, limitada e contida. Esse assunto não cai.... despenca em 
concursos! E o melhor é que é bem simples de você dividi-las... 
Assim, as normas constitucionais dividem-se em três diferentes graus de 
eficácia: 
→ eficácia plena 
→ eficácia contida 
→ eficácia limitada 
2.1 – Normas de eficácia plena 
As normas de eficácia plena são aquelas que já estão aptas para 
produzirem os seus plenos efeitos com a simples entrada em vigor da 
Constituição, independentemente de regulamentação por lei. 
Assim, são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para 
produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da 
Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma 
regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); e integral 
(porque já produzem seus essenciais efeitos). 
2.2 – Normas de eficácia contida 
As normas de eficácia contida, restringida ou restringível também 
estão aptas para a produção de seus plenos efeitos com a simples 
promulgação da Constituição, mas podem ser restringidas. Promulgada 
a Constituição, aquele direito (nelas previsto) é imediatamente 
exercitável, mas esse exercício poderá ser restringido no futuro. 
Assim, são dotadas de aplicabilidade imediata (porque estão aptas para 
produzir efeitos imediatamente, com a simples promulgação da 
Constituição); direta (porque não dependem de nenhuma norma 
regulamentadora intermediária para a produção de efeitos); mas não-
integral (porque sujeitas à imposição de restrições). 
Ademais, vale a pena comentar que as restrições às normas de eficácia 
contida podem ser impostas: 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 22
a) por lei (exemplo: art. 5º, XIII, da CF/88, que prevê as restrições ao 
exercício de trabalho, ofício ou profissão, que poderão ser impostas pela 
lei que estabelecer as qualificações profissionais); 
b) por outras normas constitucionais (exemplo: art. 139 da CF/88, que 
impõe restrições ao exercício de certos direitos fundamentais, durante o 
período de estado de sítio); 
c) por conceitos ético-jurídicos geralmente aceitos (exemplo: art. 5º, XXV, 
da CF/88, em que o conceito de “iminente perigo público” autoriza a 
autoridade competente a impor uma restrição ao direito de propriedade, 
requisitando administrativamente a propriedade particular). 
2.3 – Normas de eficácia limitada 
As normas de eficácia limitada são aquelas que só produzem seus 
plenos efeitos depois da exigida regulamentação. Elas asseguram 
determinado direito, mas esse direito não poderá ser exercido enquanto 
não for regulamentado pelo legislador ordinário. Enquanto não expedida 
a regulamentação, o exercício do direito permanece impedido. 
São, por isso, dotadas de aplicabilidade mediata (só produzirão seus 
efeitos essenciais posteriormente, depois da regulamentação por lei); 
indireta (não asseguram, diretamente, o exercício do direito, dependendo 
de norma regulamentadora intermediária para tal); e reduzida. 
Podemos dizer que, com a simples promulgação da Constituição, sua 
eficácia é meramente “negativa”. É importante explicar melhor essa 
eficácia negativa. 
É que elas não produzem seus plenos efeitos ainda (já que dependem da 
regulamentação), mas já servem de parâmetro para a realização do 
controle de constitucionalidade das leis: (i) revogando a legislação 
pretérita em sentido contrário; e (ii) permitindo a declaração da 
inconstitucionalidade da legislação posterior em sentido contrário. 
Ademais, essas normas também servem de parâmetro para o exercício 
da interpretação constitucional. 
Atenção! Diante do que eu disse aqui, é errada a questão que afirme 
que até a regulamentação, as normas de eficácia limitada são 
desprovidas de eficácia. 
Continuando nossa análise sobre as normas de eficácia limitada, elas 
podem ser divididas em dois grupos: 
a) de princípio institutivo ou organizativo; 
b) de princípio programático. 
As normas definidoras de princípio institutivo ou organizativo são 
aquelas em que a Constituição estabelece regras para a futura criação, 
estruturação e organização de órgãos, entidades ou institutos, mediante 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 23
lei (por exemplo, “a lei disporá sobre a organização administrativa e 
judiciária dos Territórios” (CF, art. 33)). 
Vale comentar que essas normas constitucionais definidoras de princípio 
institutivo podem ser impositivas (quando determinam 
peremptoriamente a edição de norma) ou facultativas (quando apenas 
facultam ao legislador, não impõem). 
Ou seja: 
I) Impositivas → aquelas vinculadas, em que se determina ao legislador 
a obrigação de emissão da legislação integrativa (por exemplo, art. 20, 
§2°; art. 32, §4°; art. 33; art. 88; art. 91, § 2°); e 
II) Facultativas → aquelas que dão ao legislador ordinário a 
possibilidade (e não a obrigação) de instituir ou regular a situação nelas 
delineada (por exemplo, art. 22, § único; art. 125, § 3°; art. 195, § 4°; art. 
25, § 3°; art. 154, I). 
Já as normas constitucionais definidoras de princípios programáticos 
são aquelas em que a Constituição estabelece os princípios e diretrizes a 
serem cumpridos futuramente pelos órgãos estatais (legislativos, 
executivos, jurisdicionais e administrativos), visando à realização dos fins 
sociais do Estado. 
Constituem programas a serem realizados pelo Poder Público, 
disciplinando interesses econômico-sociais, tais como: realização da 
justiça social; valorização do trabalho; amparo à família; combate ao 
analfabetismo etc. (por exemplo, “a República Federativa do Brasil 
buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da 
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações” (CF, art. 4°, parágrafo único)). Esse grupo é 
composto pelas chamadas normas programáticas. 
Sabemos bem que não são agradáveis esses termos (normas 
definidoras de princípio institutivo e normasprogramáticas), mas o que 
importa é você saber distinguir um grupo do outro na hora da prova. Para 
isso, pense que: se a norma de aplicabilidade limitada não estiver 
relacionada à criação e à organização de órgãos ou entidades, ela será 
uma norma programática. 
Bem, esquematizei essas informações para que você possa memorizá-
las de forma mais simples. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 24
Sintetizando: 
25) (ESAF/AFT/2003) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia 
contida são de aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem 
ter seu âmbito de aplicação restringido por uma legislação futura, 
por outras normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos. 
Acredito que você não teve dificuldades em acertar essa questão. Ela 
apresenta corretamente o conceito de norma constitucional de eficácia 
contida ou restringível. 
Memorize esses conceitos: 
Se o direito pode ser restringido → eficácia restringível ou contida 
Item certo. 
26) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas 
constitucionais de eficácia contida são aquelas que apresentam 
aplicabilidade reduzida, haja vista necessitarem de norma ulterior 
para que sejam aplicadas. 
Para acertar essas questões você vai precisar saber diferenciar as 
normas de eficácia limitada e as normas de eficácia contida. 
Eficácia 
Plena 
Eficácia 
Contida 
- Só produzem seus plenos efeitos depois da exigida regulamentação 
- Aplicabilidade 
- Princípio Institutivo → regras para a futura criação, estruturação e organização de órgãos, 
entidades ou institutos, mediante lei. 
- Princípio Programático → princípios e diretrizes a serem cumpridos futuramente pelos 
órgãos estatais visando à realização dos fins sociais do Estado. 
Eficácia das normas constitucionais
Mediata (efeitos essenciais apenas após regulamentação) 
Indireta (dependem de nenhuma norma regulamentadora) 
Reduzida (com a promulgação da Constituição, sua eficácia é 
meramente “negativa”, isto é, revogam a legislação pretérita 
e proíbem a legislação futura em sentido contrário) 
- Produzem seus efeitos essenciais com a simples entrada em vigor 
Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente) 
Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora) 
Integral (já produzem seus integrais efeitos) 
- Aplicabilidade 
- Produzem seus efeitos essenciais, mas eles podem ser restringidos 
Imediata (aptas para produzir efeitos imediatamente) 
Direta (não dependem de nenhuma norma regulamentadora) 
Não integral (sujeitas à imposição de restrições) 
- Aplicabilidade 
Eficácia 
Limitada 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 25
As normas de eficácia contida são dotadas de aplicabilidade imediata e, 
por isso, não necessitam de lei posterior para que sejam aplicadas. Na 
realidade, lei posterior viria apenas para restringir o exercício do direito 
nelas previsto. 
Item errado. 
27) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) As normas 
constitucionais de eficácia limitada estreitam-se com o princípio da 
reserva legal, haja vista regularem interesses relativos à 
determinada matéria, possibilitando a restrição por parte do 
legislador derivado. 
Mais uma vez, a Esaf inverteu os conceitos tentando confundir o 
candidato. A assertiva apresenta um conceito relacionado com as 
normas de eficácia contida (e não limitada), pois é característica desse 
tipo de norma a possibilidade de restrição pelo legislador ordinário. 
Item errado. 
28) (ESAF/Auditor-Fiscal da Receita Estadual – Ceará/2007) O 
condicionamento da aplicação de direitos e garantias fundamentais 
à preexistência de lei, não retira o poder normativo do dispositivo 
constitucional, haja vista impor ao legislador e ao aplicador da norma 
limites de atuação. 
O fato de a Constituição condicionar o exercício da aplicação de certos 
direitos e garantias fundamentais à regulamentação por lei não retira a 
força normativa dessas normas constitucionais de eficácia limitada. 
É importante você ter em mente que mesmo uma norma constitucional 
dependente de regulamentação já tem alguma eficácia com a sua 
simples entrada em vigor. 
Com efeito, podem-se destacar pelo menos dois efeitos da entrada em 
vigor de uma norma constitucional de eficácia limitada: 
a) a revogação de todas as disposições contrárias ou incompatíveis com 
seus comandos; e 
b) a vedação à produção legislativa ulterior que seja com ela 
incompatível. 
Significa dizer, em simples palavras, que com a mera entrada em vigor 
da Constituição, as normas de eficácia limitada, mormente as de 
princípio programático, já servem de parâmetro para a realização do 
controle de constitucionalidade das leis. 
Ademais, mesmo antes de sua regulamentação por lei, essas normas de 
eficácia limitada servem como parâmetro para a interpretação do texto 
constitucional. 
Item certo. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 26
29) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) As normas 
programáticas não são auto-aplicáveis porque retratam apenas 
diretrizes políticas que devem ser alcançadas pelo Estado Brasileiro, 
não possuindo caráter vinculante imediato. 
A entrada em vigor de um preceito de natureza programática vincula a 
atuação do Estado no sentido de buscar o seu alcance. Tanto é assim 
que pode ser questionada a inconstitucionalidade de uma ação estatal 
em sentido contrário. Assim, está errado afirmar que não teriam as 
normas programáticas caráter vinculante. 
Item errado. 
30) (ESAF/APO/MPOG/2005) Uma norma constitucional que possua 
em seu texto a expressão “na forma da lei”, até a promulgação e 
publicação dessa lei, é classificada por José Afonso da quanto 
à sua aplicabilidade, como norma constitucional de eficácia contida. 
Não há que se estabelecer uma relação entre a expressão “na forma da 
lei” e a classificação da norma. De qualquer forma, normalmente, essa 
expressão indica uma norma constitucional de eficácia limitada (e não 
contida, como afirmado no enunciado). Entretanto, não se trata de regra 
absoluta! Diversas normas constitucionais de eficácia limitada não vêm 
acompanhadas de nenhuma dessas expressões. 
Item errado. 
31) (ESAF/AFRF/2000) As normas programáticas são, na sua maioria, 
normas auto-aplicáveis. 
Sendo espécie de normas de eficácia limitada, as normas programáticas 
não são auto-aplicáveis. 
Item errado. 
32) (ESAF/AFRF/2000) Normas constitucionais não auto-aplicáveis 
somente se tornam normas jurídicas depois de reguladas por lei, 
uma vez que, antes disso, não são capazes de produzir efeito 
jurídico. 
As normas constitucionais não auto-aplicáveis (as normas de eficácia 
limitada) não produzem os seus plenos/essenciais efeitos com a sua 
promulgação. Porém, não se pode afirmar que sejam elas totalmente 
desprovidas de eficácia jurídica, pois, como já vimos exaustivamente 
nesta aula, com a simples promulgação da Constituição, já produzem, 
pelo menos, os seguintes efeitos: 
a) revogam as disposições pretéritas em sentido contrário; 
b) impedem a produção legislativa posterior contrária aos seus 
comandos. 
Item errado. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 27
33) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) O art. 5º, inciso 
XXII, da Constituição Federal de 1988, que estabelece “Art. 5º [...] 
inciso XXII – é garantido o direito de propriedade”, é uma norma 
constitucional de eficácia contida ou restringível.O classifica o direito de propriedade (art. 5º, XXII) como típica norma de 
eficácia contida. 
Segundo o prof. José Afonso da o direito de propriedade é norma 
de eficácia contida porque, embora a Constituição Federal assegure sua 
imediata eficácia (art. 5º, XXII), o mesmo texto constitucional já autoriza a 
imposição de restrição ao seu gozo, mediante desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social (art. 5º, XXIV) e 
também mediante requisição administrativa, em caso de iminente perigo 
público (art. 5º, XXV). 
Item certo. 
34) (ESAF/ADVOGADO/IRB/2006) Uma norma constitucional 
classificada quanto à sua aplicabilidade como uma norma 
constitucional de eficácia contida não possui como característica a 
aplicabilidade imediata. 
Como vimos, uma norma constitucional de eficácia contida tem como 
característica a aplicabilidade direta e imediata, podendo o exercício do 
direito nela previsto ser restringido posteriormente por lei, por outras 
normas constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos amplamente 
aceitos. 
Item errado. 
35) (ESAF/PROCURADOR Da FAZENDA NACIONAL/2006) Uma 
norma constitucional programática pode servir de paradigma para o 
exercício do controle abstrato de constitucionalidade. 
Vimos que, com a mera promulgação da Constituição, a norma 
programática poderá ser parâmetro para o controle de 
constitucionalidade das leis (abstrato ou concreto), haja vista que nem a 
legislação pretérita, nem a legislação futura poderão contrariar os seus 
comandos programáticos. 
Assim, a legislação pretérita conflitante com a norma programática será 
por esta revogada, e a legislação futura que a contrariar poderá ser 
declarada inconstitucional. 
Item certo. 
36) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) No caso das 
normas constitucionais de eficácia contida, a atividade integradora 
do legislador infraconstitucional é vinculada e não discricionária, 
ante a necessidade, para fins de auto-execução, de delimitar o 
ambiente da sua atuação restritiva. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 28
A assertiva está incorreta, pois dá a entender que, para fins de auto-
execução das normas de eficácia contida, seria necessária atuação do 
legislador infraconstitucional. 
As normas constitucionais de eficácia contida são plenamente 
exercitáveis independentemente de regulamentação. Diante disso, 
também não há que se falar em vinculação dessa atividade legislativa. 
Item errado. 
3 – Interpretação da Constituição 
A partir de agora, tratarei da interpretação constitucional. Você precisa 
conhecer os métodos de interpretação e principalmente os princípios de 
interpretação, sendo mais comuns de serem cobrados estes últimos. 
Nesse assunto, você vai ter que aprender os conceitos de forma de geral 
e guardar determinadas expressões para identificar de qual 
princípio/método a questão está falando. 
3.1 – Princípios de Interpretação 
Vejamos um a um os principais aspectos relacionados a cada princípio. 
Princípio da Unidade da Constituição 
O texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar 
contradições (antinomias) entre suas normas. Isso porque a 
Constituição deve ser considerada na sua globalidade, exigindo-se do 
intérprete a busca da interpretação que harmonize suas aparentes 
contradições. 
Como decorrência desse princípio, temos que não existem antinomias 
normativas verdadeiras entre os dispositivos constitucionais. Cabe ao 
intérprete o exercício de eliminar as eventuais contradições (antinomias) 
aparentes. 
Princípio do Efeito Integrador 
De acordo com o princípio do efeito integrador, na resolução dos 
problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou 
pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o 
reforço da unidade política. 
Princípio da Máxima Efetividade 
Segundo o princípio da máxima efetividade (ou princípio da eficiência, ou 
princípio da interpretação efetiva), o intérprete deve extrair da norma 
constitucional o sentido que lhe dê maior eficácia, a mais ampla 
efetividade social. 
Princípio da Justeza 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 29
Também chamado de princípio da conformidade funcional, o princípio da 
justeza preconiza que os intérpretes não poderão chegar a um resultado 
que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional 
estabelecido pelo legislador constituinte, notadamente no que tange à 
alteração da repartição de funções constitucionalmente estabelecida. 
Princípio da Harmonização 
Conhecido também como princípio da concordância prática, exige a 
coordenação e combinação dos bens jurídicos quando houver conflito ou 
concorrência entre eles, a fim de se evitar o sacrifício (total) de uns em 
relação aos outros. Ou seja, decorre da inexistência de hierarquia entre 
os princípios, ocasionando uma coexistência harmônica entre eles. 
Princípio da Força Normativa da Constituição 
Desenvolvido por Konrad Hesse, esse princípio preconiza que o 
intérprete dê sempre prevalência aos pontos de vista que contribuem 
para uma eficácia ótima da Constituição (haja vista seu caráter 
normativo). Assim, devem ser valorizadas as soluções que possibilitem a 
atualização normativa, a eficácia e a permanência da Lei Maior. 
Interpretação conforme a Constituição 
Esse princípio é o mais relevante de todos, portanto, não deixe de 
conhecê-lo. 
O princípio da interpretação conforme é especialmente aplicável no 
âmbito do controle de constitucionalidade, em casos de normas 
infraconstitucionais de múltiplos significados (plurisignificativas). Assim, 
havendo vários significados para aquela norma, cabe ao intérprete dar 
prevalência àquele sentido que esteja conforme a Constituição. 
Assim, ao invés de declarar a norma inconstitucional, o intérprete deve 
dar aplicação ao seu sentido compatível com a Constituição e afastar a 
aplicação daquele sentido que seja desconforme. 
Podemos dizer que dessa forma prevalece a supremacia da 
Constituição (na medida em que repele a aplicação inconstitucional) e o 
princípio de presunção de constitucionalidade das leis (que inclui o 
esforço de conservação da norma, já que deixa de declará-la 
inconstitucional como um todo). 
Evidentemente, nesse esforço não pode o aplicador da lei chegar a uma 
interpretação que subverta o próprio sentido e teor da lei (ou seja, a fim 
de adequá-la à Constituição, não pode o intérprete seguir interpretação 
dissonante com a vontade do legislador). Isso porque essa forma de 
interpretação, na prática, transformaria o intérprete em legislador 
positivo. 
Em suma: 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 30
I) no caso de uma norma plurissignificativa, deve-se favorecer a 
interpretação que lhe compatibilize a Constituição (valorizando a 
supremacia da Constituição); 
II) o esforço é no sentido da conservação da validade da lei (e não da 
declaração de sua inconstitucionalidade); assim, a norma não deve ser 
declarada inconstitucional quando for possível conferir a ela uma 
interpretação conforme (valorizando a presunção de constitucionalidade 
das leis). 
Sintetizando: 
37) (ESAF/AFT/2010) Praticamente toda a doutrina constitucionalista 
cita os princípios e regras de interpretações enumeradas por 
Canotilho. Entre os princípios e as regras de interpretação abaixo, 
assinale aquele(a) que não foi elencado por Canotilho. 
a) Unidade da constituição. 
b) Da máxima efetividade ou da eficiência. 
c) Da supremacia eficaz. 
d) Do efeito integrador. 
e) Da concordância prática ou da harmonização. 
Vejamos uma um os princípios citados na questão. 
A alternativa “a” está correta. Segundo o princípio da unidade da 
Constituição, suas normas devem ser interpretadas de forma a se evitar 
a existência de contradições entre suas normas. 
A alternativa “b” está correta. Segundo o princípio da máxima efetividade 
ou da eficiência, a Constituição deve ser interpretada de forma a se 
extrair o sentido que dê maior eficácia às suas normas (maior efetividade 
social). 
Unidade da Constituição 
Efeito integrador 
Máxima efetividade 
Justeza (conformidade 
funcional) 
Harmonização 
Força normativa da 
constituição 
Interpretação conforme a 
constituição 
evitar contradições (antinomias) 
integração política e social e o reforço da unidade política 
sentido que dê maior eficácia, mais ampla efetividade social 
esquema organizatório-funcional 
evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros 
atualização normativa, a eficácia e a permanência da 
Constituição 
preferência ao sentido da norma que a compatibilize com o 
conteúdo da Constituição 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 31
A alternativa “c” está errada e é o gabarito. No rol dos princípios de 
interpretação da Constituição, não há menção a esse princípio da 
supremacia eficaz. 
A alternativa “d” está correta. Segundo o princípio do efeito integrador, na 
interpretação da Constituição, deve-se dar preferência aos pontos de 
vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade 
política. 
A alternativa “e” está correta. Segundo o princípio da harmonização, no 
caso de conflito entre dois bens jurídicos, não se deve afastar uns 
totalmente em relação aos outros; assim, esse princípio, em caso de 
conflito, impõe o estabelecimento de limites e condicionamentos 
recíprocos. 
Gabarito: “c” 
38) (ESAF/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2006) Na 
aplicação do princípio da interpretação das leis em conformidade 
com a Constituição, o intérprete deve considerar, no ato de 
interpretação, o princípio da prevalência da constituição e o princípio 
da conservação das normas. 
Podemos dizer que na interpretação conforme a Constituição prevalece 
a supremacia da Constituição, na medida em que repele a aplicação 
inconstitucional por contrariar na norma superior, a Constituição. 
E também prevalece o princípio da conservação das normas, como 
associado ao princípio de presunção de constitucionalidade das leis, na 
medida em que o método inclui um esforço de preservação da norma, 
segundo sua interpretação constitucional, deixando de declará-la 
inconstitucional como um todo. 
Item certo. 
39) (ESAF/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO/TCU/2006) Quando o 
intérprete, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, dá 
primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social e 
o reforço da unidade política, pode-se afirmar que, no trabalho 
hermenêutico, ele fez uso do princípio da conformidade funcional. 
Não tem jeito, você vai ter que memorizar os princípios de interpretação. 
Na verdade você tem de memorizar quais “expressões” estão associadas 
a cada um dos princípios. Para isso, dê uma olhada no esquema 
apresentado logo acima. 
A assertiva trocou os conceitos do princípio do efeito integrador com o 
princípio da conformidade funcional. Em verdade, segundo o princípio 
da conformidade funcional, ou da justeza, o intérprete deve prezar pelo 
esquema organizatório funcional estabelecido pelo constituinte, evitando 
subvertê-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 32
Já o princípio do efeito integrador preconiza que, na resolução dos 
problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou 
pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o 
reforço da unidade política. 
Item errado. 
40) (ESAF/AFRF/2003) Somente o Supremo Tribunal Federal – STF 
está juridicamente autorizado para interpretar a Constituição. 
Podemos considerar que a tarefa de interpretar as normas 
constitucionais consiste em captar, compreender o conteúdo do texto 
constitucional, buscando o seu sentido. Isso não é função exclusiva do 
STF, mas de todos os juízes e tribunais ao exercer a jurisdição. 
Aliás (e isso talvez não seja tão intuitivo), a interpretação da Constituição 
é tarefa que não se restringe nem mesmo ao Judiciário, visto que 
desempenhada pelos demais poderes no exercício de suas funções. 
Item errado. 
41) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2006) A interpretação 
conforme a Constituição consiste em procurar extrair o significado 
de uma norma da Lei Maior a partir do que dispõem as leis 
ordinárias que preexistiam a ela. 
O princípio da interpretação conforme a Constituição impõe que, no caso 
daquelas normas que admitem mais de uma interpretação, dê-se 
preferência à interpretação que lhes compatibilize o sentido com o 
conteúdo da Constituição. 
Ao contrário, o conceito apresentado na questão seria o de interpretar as 
normas constitucionais de acordo com as leis pré-existentes. Ora, não se 
interpreta a Constituição segundo as leis, mas sim estas em confronto 
com aquela! 
Item errado. 
42) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) De acordo com o 
princípio da máxima efetividade ou da eficiência, princípio de 
interpretação constitucional, a interpretação de uma norma 
constitucional exige a coordenação e combinação dos bens jurídicos 
em conflito, de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação a 
outros. 
O conceito apresentado refere-se ao princípio da harmonização. 
Item errado. 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO ON–LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR: FREDERICO DIAS 
www.pontodosconcursos.com.br 33
3.2 – Métodos de Interpretação 
Um pouco menos amigáveis, mas também menos cobrados que os 
princípios de interpretação, temos de conhecer os métodos de 
interpretação. 
Método Jurídico (hermenêutico clássico) 
O método jurídico (hermenêutico clássico) adota a premissa de que a 
Constituição deve ser encarada como uma lei. Logo, interpretar a 
Constituição é interpretar uma lei. Em suma, para a atividade de 
interpretação da Constituição, atribui-se grande importância ao texto da 
norma: a função do intérprete é desvendar o sentido do texto, sem ir 
além do teor literal dos seus preceitos. 
Assim, desvenda-se o sentido as normas constitucionais por meio da 
utilização dos elementos: (i) literal ou textual (filológico); (ii) lógico 
(sistemático); (iii) histórico; (iv) teleológico (finalidade da norma); (v) 
genético (investigação das origens dos conceitos empregados no texto 
constitucional). 
Método Tópico-Problemático 
Baseia-se na priorização do estudo do caso concreto sobre a norma, 
já que parte da premissa de que a interpretação tem um caráter prático. 
Assim, procura-se encaixar o problema na interpretação mais 
conveniente, em face de possibilidades extraídas dos diversos sentidos 
do texto constitucional. Observe que o caso concreto é o centro do 
método. Em outras palavras, o problema concreto prevalece sobre a 
norma. 
Método Hermenêutico-Concretizador 
Reconhece a importância do aspecto subjetivo, da pré-compreensão 
que o intérprete tem daquela situação. Assim, a interpretação 
constitucional dá-se pela conjugação dessa pré-compreensão (juízo 
abstrato e antecipado sobre a norma) e o caso concreto (problema em 
relação ao qual a norma constitucional é aplicada). 
Em outras palavras, a interpretação tem como ponto de partida a pré-
compreensão do intérprete, a quem compete concretizar a norma a partir 
de uma dada situação histórica. 
Assim, podemos segmentar o elemento subjetivo (a pré-compreensão) e 
o elemento

Continue navegando