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Contribuições de Franz Boas a Antropologia Cultural -Valdeir Oliveira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO-UNIVASF
COLEGIADO DO CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Valdeir Gomes de Oliveira1
Contribuições de Franz Boas para uma nova compreensão do ser humano e suas relações dinâmicas.
Resumo
Este Artigo tem como objetivo discutir ideias, e argumentos propostos por Franz Boas como forma de reflexão para construção do conhecimento acerca da Antropologia e suas contribuições para formação crítica do indivíduo a partir de leituras de textos impressos e virtuais de Franz Boas, como também de autores que seguem sua linha de pesquisa. Trata-se então de uma pesquisa de caráter bibliográfico que possibilitou ao autor deste artigo uma melhor compreensão sobre Boas, e de como se faz necessário se basear em seus métodos e estratégias de investigação para atividades de pesquisas futuras.
Palavras-chave: Antropologia moderna; Métodos de investigação; Crítica boasiana; Culturas. 
Introdução
Como contribuição a antropologia moderna descobriu o fato de a sociedade humana crescer e se desenvolver a ponto de se estabelecer comparações e quanto de outras épocas ou de outros lugares. Para explicar tal fato, surgem 
1 Licenciando do curso de Ciências Sociais-Universidade Federal do Vale do São Francisco.
teorias que tentam mostrar o porquê de variações entre povos, suas culturas. Como e de que forma o indivíduo se relaciona com sua cultura, como se dá essa relação de interdependência? Diversos pesquisadores apontam caminhos para explicação destes fatos. Contudo, ao longo dos anos se percebe que estas são vagas, fragmentadas. Tornando assim, um enorme desafio para Franz Boas a partir de suas críticas a tais teorias fragmentadas, tentar explicar sob um novo método como se deu a similaridade e particularidade de cada cultura.
Crítica boasiana à Antropologia evolucionista e o difusionismo
Com a antropologia moderna, inúmeros questionamentos estavam sendo postos à prova: o porquê das semelhanças entre artefatos e costumes em diferentes sociedades e épocas? Como explicar essas similaridades? Dessa forma, Franz Boas a partir de seus estudos, aponta os métodos traçados por antropólogos sobre a origem da cultura-suas relações e influências com os seres humanos.
Indo em desencontro à teoria evolucionista que estava pautada nas leis naturais e que pregava a existência de leis que regiam o desenvolvimento humano, Franz Boas discursa em suas obras sobre o questionamento dessa teoria, duvidando de uma unidade na mente humana-conceito esse defendido pelos evolucionistas, e que para Boas não era suficiente e nem consistente para explicar as mais variadas formas de culturas, suas particularidades e similaridades. Pois o evolucionismo tendo como método, o comparativo, partia da hipótese de haver um único caminho de desenvolvimento para sociedade humana, que por sinal, estaria ligada a três níveis distintos de estágios de evolução, sendo que seria possível aplicar e comparar tais níveis com qualquer grupo social humano. Dessa forma para Boas 2009: “[...] o método comparativo... tem sido estéril com relação a resultados definitivos[...]” (p. 38) 
Para Boas não era possível apresentar evidências de que um mesmo fenômeno cultural necessariamente iria se desenvolver em todos os lugares sob uma única forma. O que significa um tanto pretensioso achar um mesmo estágio de evolução para toda sociedade humana. 
Ainda, refutando métodos até então propostos pelos antropólogos modernos, Boas faz crítica também ao método difusionista que tinha em sua metodologia a ideia de difusão cultural: haveria uma cultura como se fosse a inicial-matriz e a partir desta haveria sua difusão, propagação em outras culturas através de relações comerciais, de conflitos entre grupos e em migrações de povos. O que para Boas, neste aspecto, a validade destas suposições não poderiam ser demonstradas. E que para Castro 2009:
“[...] o resultado dos difusionistas acabava sendo semelhante ao dos evolucionistas... limitava sua pertinência explicativa apenas a áreas relativamente próximas, onde se pudesse reconstituir com razoável segurança a história das transmissões culturais.” (p.17)
Assim, para Franz Boas, havia falhas nos argumentos tanto dos evolucionistas, quanto dos que eram adeptos do difusionismo, por serem vagos e fragmentados.
Método proposto por Franz Boas
Partindo então, de uma preocupação e uma inquietação, Boas além de ter apontado os problemas dos procedimentos de estudos dos antropólogos modernos, propõe mudanças nos métodos de pesquisa sobre o desenvolvimento da história das civilizações, como forma de tornar sólida a compreensão dos fenômenos culturais.
Dessa forma, rejeita o propósito de construir uma história sistemática da evolução da cultura, para assim, reconstruir historicamente culturas particulares, analisadas em seus próprios termos, enquanto totalidades. Pois Boas compreendia que a cultura é um sistema. Uma totalidade. E ao usar o termo “culturas” (no plural) estava querendo então, tornar claro que a mesma é um produto da ação humana, portanto, cada sociedade, cada civilização tem sua própria cultura, já que esta é produto da ação humana. 
Assim, desenvolve o método histórico como alternativa para estudos, análises e compreensão dos muitos símbolos e significados que as culturas apresentam aos seus membros nas mais diversas sociedades. Quanto a este novo método, Eriksen e Nielsen (2007) apud Silveira (2011) discursam que: 
“[...] Boas propôs o princípio do particularismo histórico. Como sustentava que cada cultura continha sua própria história única.[..]Ele via valor intrínseco na pluralidade das práticas culturais no mundo e era profundamente cético com relação a qualquer tentativa, política ou acadêmica, de interferir nessa diversidade.” ( Eriksen e Nielsen, 2007)
O Método Histórico tinha como interesse, mais precisamente nos fenômenos dinâmicos da mudança cultural. E se esforçava em esclarecer a história da cultura. Já que um questionamento fundamental precisava encontrar caminhos para respostas plausíveis: de que forma cada indivíduo interfere na cultura de seu grupo, e como essa cultura interfere na vida de seus membros? 
Para buscar tais respostas Boas vai a campo observar, analisar, verificar de perto, fazendo parte do grupo, logo vivenciando sua cultura. O que é preciso reforçar que se tratou de pesquisa na prática, empírica se utilizando do método indutivo e pautado no relativismo cultural-perceber o outro, esforçar-se em compreendê-lo sob a cultura do mesmo, sob a vivência do outro em seu grupo social.
Refutação as teorias racialistas e aos determinismos
Nos estudos de Franz Boas, é perceptível também perceber críticas aos determinismos geográfico e biológico pregados pelos evolucionistas como forma de explicação e limitação de certas características, presença e ausência de elementos em determinado lugar ou em determinados povos. Pois para o antropólogo em questão, não se pode explicar uma determinada cultura, ou indivíduos, nem limitá-los por condições hereditárias ou geográficas do ambiente em que vivem. Assim:
“Outra linha de investigação com a qual se tem buscado explicar as formas culturais é o estudo de suas relações com as condições geográficas. [...] Não há dúvida de que a vida cultural do homem é de muitos e importantes modos limitada pelas condições geográficas [...] Por outro lado, pode-se também mostrar que, numa dada cultura, a presença de condições geográficas favoráveis talvez ajude o desenvolvimento de traços culturais existentes [...] Desse modo, é infrutífero tentar explicar a cultura em termos geográficos, pois não conhecemos sequer uma cultura que tenha se desenvolvido como resposta imediata às condições geográficas...” (Boas, 2009, p. 61-62)
Também para este Antropólogo moderno a genética também não poderia ser considerada fator determinante, para se compreender uma cultura e seus indivíduos. Dessa forma:
“[...] Não há unidade de descendência em qualquer das raças existentes, e nada nos autoriza a supor que as características mentaisde algumas poucas linhagens familiares selecionadas seja compartilhadas por todos os membros de uma raça. Pelo contrário, todas as grandes raças são tão variáveis [...] E qualquer tentativa de explicar as formas culturais numa base puramente biológica está fadada ao fracasso. (Boas 2009, p. 60)
	Ainda quanto ás críticas feitas por Franz Boas a tentativas de explicar as variações de culturas, nota-se em suas obras a refutação as teorias racialistas, esta defendiam que as diferentes civilizações e seus “níveis de desenvolvimento” eram explicados por questão da raça que estaria presente nos indivíduos de determinado grupo social. Portanto:
“Não acredito que se tenha dado até hoje qualquer prova convivente de uma relação direta entre raça e cultura. É verdade que as culturas humanas e os tipos raciais são tão distribuídos, que toda área tem seu próprio tipo e sua própria cultura; mas isso não prova que um determine a forma da outra [...]” (Boas, 2009, p. 60)
Propostas de Franz Boas na pesquisa antropológica
Buscando de forma mais sólida, Boas apresenta um programa de pesquisa. Agora, se entende que é preciso estudar a história das culturas (no plural) e não mais da Cultura. Pois cada cultura é uma totalidade, e só se pode conhecê-la e conhecer seus artefatos, elementos, peculiaridades, dentro dela mesma.
A partir de então, para se estudar um grupo social para o autor, era preciso primeiro analisar, conhecer as partes que o compõe-Particularismo histórico, para depois o todo. Boas frisa também que para o pesquisador, a utilização de um instrumento metodológico essencial para se realizar qualquer análise e compreensão sobre culturas: o relativismo cultural. Castro, 2009 reforça essa afirmação:
“[...] o relativismo cultural não era, para Boas, apenas um instrumento metodológico. A percepção do valor relativo de todas as culturas [...] servia também para ajudar a lidar com as difíceis questões colocadas para humanidade pela diversidade cultural.” (Castro, 2009, p.18)
Portanto, não se pode tentar estudar o outro/outra, sua cultura e sua relação de interdependência sem que não se tente o esforço de compreendê-los a partir das formas que se expressam para o outro, é dentro da tribo, no meio do povo, da comunidade que Boas propõe esse estudo. Tal estudo por sinal, precisa também reconhecer a singularidade, a particularidade de cada cultura e a representação e o significado que ela tem para seus membros.
Porque dessa forma, os estudos pertinentes à compreensão e busca de questionamentos relacionados às variedades de culturas possam responder a estes questionamentos que ainda hoje são motores para estudos de nossas raízes, e suas ramificações. 
Como afirma Boas 2009:
“Talvez possamos definir melhor o nosso objetivo como uma tentativa de compreender os passos pelos quais o homem tonou-se aquilo que é biológica, psicológica e culturalmente. Desse modo, fica claro desde logo que nosso material precisa necessariamente ser histórico, no sentido mais amplo do termo. Cumpre que ele inclua a história do desenvolvimento da forma corporal do homem, de suas funções fisiológicas, sua mente e sua cultura [...] (Boas, 2009, p. 88)
Considerações Finais
A partir de estudos sobre escritos, métodos de investigação e ideias defendidas por Boas, é possível compreender que o mesmo traçou estratégias de pesquisa como forma de embasar e tornar mais límpido os caminhos que possivelmente chegariam a tentativa de responder questionamentos sobre nós seres humanos. Questionamentos estes que ainda habitam em nossas mentes, mas que a partir do método histórico proposto por Boas, pôde-se ter um norte e como proposto pelo mesmo, deve ser pautado em um relativismo cultural para assim então compreender as mais variadas manifestações culturais existentes. Já que a partir dos estudos desse Antropólogo moderno, foi possível entender que não há uma Cultura, mas sim há culturas, cada uma com sua singularidade, sua particularidade-é aí por sinal que está a diversidade cultural e que precisa ser respeitada e considerada. Não sendo possível assim, admitir que todas a civilizações estariam sujeitas a estágios de evolução. Pelo contrário, é necessário conhecer como determinada cultura-que neste caso engloba o sentido de sociedade-se tornou o que é e como se deu e se dá o fenômeno da dinâmica cultural.
Referências Bibliográficas
BOAS, Franz. Antropologia cultural. Org. Celso Castro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
SILVEIRA, D. S. Da. Franz Boas e o Particularismo Histórico.
Disponível em: http://antroposimetrica.blogspot.com.br/2011/09/franz-boas-e-o-particularismo-historico.html Acesso em: 18/08/13 às 13:54

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