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Anotac¸o˜es sobre Ane´is . Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡ rodrigo.uff.math@gmail.com ‡ 1 Suma´rio 1 Ane´is . 3 1.1 Relac¸o˜es, aplicac¸o˜es e operac¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.1 Relac¸o˜es de equivaleˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Ane´is . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1.2.1 Subanel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3 Propriedades ba´sicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.3.1 x2 = x para todo x implica que o anel e´ comutativo . . . . . . . . 10 1.3.2 Domı´nio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.4 Corpo de frac¸o˜es de um domı´nio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.5 Anel ordenado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.5.1 Valor absoluto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.5.2 Domı´nio bem ordenado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.5.3 Princ´ıpio da induc¸a˜o Matema´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 1.5.4 Propriedade arquimediana em Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 1.6 Divisa˜o Euclidiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.7 Polinoˆmios com coeficientes num anel comutativo com unidade. . . . . . . 25 1.8 Homomorfismo de ane´is . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2 Cap´ıtulo 1 Ane´is . 1.1 Relac¸o˜es, aplicac¸o˜es e operac¸o˜es m Definic¸a˜o 1 (Operac¸a˜o). Uma operac¸a˜o de A em A e´ toda aplicac¸a˜o de A × A em A. m Definic¸a˜o 2 (Lei de composic¸a˜o externa). Dados dois conjunto A e B, uma lei de composic¸a˜o externa sobre B toda aplicac¸a˜o f : A×B → B. O conjunto A e´ chamado de conjunto dos operadores ou escalares. m Definic¸a˜o 3 (Operac¸a˜o no sentido amplo). E´ toda aplicac¸a˜o f : A × B → C, onde A,B e C sa˜o conjuntos dados. 1.1.1 Relac¸o˜es de equivaleˆncia Uma relac¸a˜o ∼ num conjunto G e´ dita de equivaleˆncia quando sa˜o satisfeitas as se- guintes propriedades Reflexividade a ∼ a. Simetria Se a ∼ b implicar b ∼ a. 3 CAPI´TULO 1. ANE´IS . 4 Transitividade Se a ∼ b e b ∼ c implicar a ∼ c. Para quaisquer a, b e c ∈ G. Classes de equivaleˆncia m Definic¸a˜o 4 (Classes de equivaleˆncia). Seja ∼ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em G. Para cada a ∈ G, a classe de equivaleˆncia a de G e´ a = {x ∈ G | x ∼ a} A classe de equivaleˆncia de a e´ o conjunto de todos elementos de G que se relacionam com a. $ Corola´rio 1. x 6= ∅ pois x ∈ x. b Propriedade 1. Seja ∼ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em A vale a seguinte propriedade a ∩ b 6= ∅ enta˜o a ∼ b. ê Demonstrac¸a˜o. Se a ∩ b 6= ∅, existe c tal que c ∈ a e c ∈ b. Logo c ∼ a e c ∼ b pela definic¸a˜o de classe, usando a simetria em c ∼ a temos, a ∼ c e c ∼ b usando transitividade temos a ∼ b. b Propriedade 2. a ∼ b⇐⇒ a = b Temos que mostrar que a = b =⇒ a ∼ b e a ∼ b =⇒ a = b vamos mostrar primeiro que a = b =⇒ a ∼ b. Se a = b temos a ∩ b 6= ∅, pore´m pela propriedade anterior isso implica que a ∼ b. Agora supondo a ∼ b vamos mostrar a = b. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 5 Agora vamos mostrar que a ∼ b implica a = b. Seja x um elemento qualquer de a temos x ∼ a mas como temos a ∼ b por transitividade segue x ∼ b logo esse elemento qualquer x de a tambe´m pertence a` b, a ⊂ b . De forma ana´loga seja y um elemento qualquer de b tem-se y ∼ b mas a ∼ b implica b ∼ a e por transitividade y ∼ a logo y e´ elemento de a, b ∼ a, logo pelas duas incluso˜es b ∼ a e a ⊂ b segue a = b. $ Corola´rio 2. Existem enta˜o duas possibilidades para a e b ou a = b ou a ∩ b = ∅. b Propriedade 3 (Propriedade de cobertura). A = ⋃ a∈A a. ê Demonstrac¸a˜o. ⋃ a∈A a ⊂ A pois a e´ um conjunto formado de elementos de A. A ⊂ ⋃ a∈A a pois dado a ∈ A a ∈ a, isto e´, a pertence a sua classe a. m Definic¸a˜o 5 (Representante e conjunto dos representantes). Sejam A um conjunto e ∼ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em A. Dizemos que b ∈ A e´ um representante de uma classe de equivaleˆncia a sse b ∼ a. Definimos o conjunto A∼ como o conjunto que possui um (e somente um) representante de cada classe de A pela relac¸a˜o ∼, assim |A∼| e´ o nu´mero de classes distintas de A pela relac¸a˜o ∼ . $ Corola´rio 3. ⋃ a∈A∼ a e´ uma partic¸a˜o de A, A = ⋃ a∈A∼ a, ⋂ a∈A∼ a = ∅, pois temos que a unia˜o cobre o conjunto A e as classes sa˜o disjuntas. Z Exemplo 1. Seja Z o conjunto dos inteiros e ∼ a congrueˆncia mod 3, escolhemos os representantes 0, 1 e 2, temos o conjunto dos representantes A∼ = {0, 1, 2} e A = ⋃ a∈A∼ a = 0 ∪ 1 ∪ 2. F Teorema 1. Dada uma partic¸a˜o de A = ⋃ k∈B Ak, enta˜o existe uma u´nica relac¸a˜o de equivaleˆncia ∼ em A tal que as classes de equivaleˆncia distintas de ∼ sa˜o os subconjuntos Ak 6= ∅. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 6 ê Demonstrac¸a˜o. Como temos uma partic¸a˜o do conjunto A, existe para cada a ∈ A um ı´ndice t ∈ B tal que a ∈ At e tal conjunto e´ u´nico pois cada a unia˜o e´ disjunta. Definimos a ∼ b sse existe t tal que a e b ∈ At. A relac¸a˜o definida assim e´ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia pois a ∼ a, pois a e a pertencem ao mesmo conjunto. Se a ∼ b enta˜o a e b pertencem ao mesmo conjunto logo b ∼ a. Se a ∼ b e b ∼ c enta˜o a pertence ao mesmo conjunto de b que por sua vez pertence ao mesmo conjunto de c, logo a pertence ao mesmo conjunto de c. Temos enta˜o uma relac¸a˜o de equivaleˆncia. m Definic¸a˜o 6 (Conjunto quociente). Seja A um conjunto na˜o vazio e ∼ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em A. O conjunto quociente A/ ∼ e´ definido por A/ ∼= {a | a ∈ A} e´ o conjunto que conte´m as classes de A por ∼. 1.2 Ane´is m Definic¸a˜o 7 (Anel). Um anel e´ uma estrutura (G,+,×) formada por um conjunto G munido de duas operac¸o˜es, uma adic¸a˜o + e um produto × que satisfazem as propriedades seguintes A1 Associatividade Para todos elementos a ,b e c ∈ G temos (a + b) + c = a + (b + c) A2 Existeˆncia de elemento neutro Existeˆncia de elemento neutro , existe um elemento neutro que simbolizaremos por 0, tal que a + 0 = a A3 CAPI´TULO 1. ANE´IS . 7 Existeˆncia do sime´trico Para todo elemento a em G existir a′, que sera´ simbolizado por −a, tal que a + (−a) = 0 A4 Comutativa Para todo a e b ∈ G temos a + b = b + a Isso significa que (G,+) e´ um grupo abeliano. Tem-se tambe´m uma operac¸a˜o × que simbolizaremos por . (um ponto), satisfazendo M1 Associatividade (a.b).c = a.(b.c) e as duas operac¸o˜es se relacionarem da seguinte maneira AM Distributividade a` esquerda (a + b).c = a.c + b.c Distributividade a` direita c.(a + b) = c.a + c.b Se temos essas propriedades verificadas, o conjunto G munido operac¸o˜es × e +, sim- bolizado por (G,+, .), sera´ chamado de Anel. Diremos que se forem satisfeitas a distributividade a` esquerda e a direita enta˜o a pro- priedade sera´ chamada de totalmente distributiva. Enta˜o um anel possui as propriedades Abeliano com a adic¸a˜o. Produto associativo e totalmente distributivo. m Definic¸a˜o 8 (Anel com unidade). Se o Anel tiver um elemento simbolizado por e tal que CAPI´TULO 1. ANE´IS . 8 a.e = a = a.e para todo e qualquer a ∈ G, temos uma anel com unidade. m Definic¸a˜o 9 (Anel comutativo). Se o para todos elementos a e b ∈ G tivermos a.b = b.a Temos um anel comutativo. Z Exemplo 2. O conjunto N dos nu´meros naturais na˜o e´ um anel, pois na˜o existe sime´trico para cada elemento x ∈ N. Os conjuntos Z,Q,R,C sa˜o ane´is comutativos com unidade. O conjunto das matrizes n por n com entradas reais Mn×n(R) e´ um anel . 1.2.1 Subanel m Definic¸a˜o 10 (Subanel). Um conjunto B ⊂ A e´ um subanel de A, quando satisfazas propriedades Fechado pra adic¸a˜o Fechado pelo produto 0 ∈ B Para todo elemento a ∈ A enta˜o −a ∈ A. b Propriedade 4. Seja A um anel com unidade . A′ ⊂ A e´ subanel de A ⇔ dados a, b ∈ A′ tem-se 1 ∈ A′ a− bi ∈ A′ CAPI´TULO 1. ANE´IS . 9 a.b ∈ A′. ⇒). Se A′ e´ subanel de A enta˜o as propriedades dadas sa˜o verificadas . ⇐ .) Se em A′ ⊂ A sa˜o verificadas tais propriedades enta˜o Elemento neutro . 0 ∈ A′ pois 1− 1 = 0 ∈ A′. Inverso aditivo . 0− a = −a ∈ A′. Fechado para adic¸a˜o. a, b ∈ A′ ⇒ −b ∈ A′ ⇒ a + b = a − (−b) ∈ A′. Como o conjunto tambe´m e´ fechado para o produto enta˜o segue que A′ e´ subanel de A. ê Demonstrac¸a˜o. 1.3 Propriedades ba´sicas b Propriedade 5 (Lei do corte da adic¸a˜o). Se a + b = a + c enta˜o b = c. ê Demonstrac¸a˜o. b = (−a + a) + b = −a + (a + b) = −a + (a + c) = (−a + a) + c = c da´ı b = c. b Propriedade 6. Para qualquer a em um anel, vale que a.0 = 0. ê Demonstrac¸a˜o. a.(0) = a(0 + 0) = a(0) + a(0), por lei do corte segue a.0 = 0. b Propriedade 7 (Unicidade). Em um anel sa˜o u´nicos O elemento neutro aditivo. O elemento neutro multiplicativo, se o anel possui unidade. O inverso aditivo. ê Demonstrac¸a˜o. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 10 Se x + z = 0 e x + y = 0 enta˜o y = z, segue da lei do corte pois x + z = 0 = x + y. b Propriedade 8. −(a.b) = (−a).b = a.(−b). ê Demonstrac¸a˜o. −(a.b) e´ inverso aditivo de a.b, sendo u´nico. Vale a.b + (−a).b = (a− a).b = 0 a.b + a.(−b) = a(b− b) = 0 enta˜o (−a).b e a.(−b) sa˜o inversos aditivos de a.b, sendo portando iguais a` −(a.b) pela unicidade. b Propriedade 9. Vale que x2 = (−x)2 para qualquer elemento x em um anel . ê Demonstrac¸a˜o. Mostrar que x2 = (−x)2 equivale a mostrar que (−x)2− x2 = 0, pore´m −x2 = −(x.x) = (−x).x e da´ı (−x)2 − x2 = (−x)(−x) + (−x)(x) = (−x)(−x + x) = (−x)(0) = 0. Por isso (−x)2 − x2 = 0 e portanto x2 = (−x)2. ê Demonstrac¸a˜o. Provamos os dois primeiros items de uma vez, tomando uma operac¸a˜o ∗ com elemento neutro e e e′, tem-se e ∗ e′ = e = e′, logo elemento neutro e´ u´nico. Supondo que existam dois inversos aditivos b e c para um elemento a, tem-se a + b = 0 = a + c por lei do corte segue que b = c logo o inverso e´ u´nico. m Definic¸a˜o 11 (Subtrac¸a˜o). Definimos a operac¸a˜o − : A×A→ A por a−b := a+(−b). 1.3.1 x2 = x para todo x implica que o anel e´ comutativo b Propriedade 10. Se em um anel vale x2 = x para todo elemento x do anel, enta˜o o anel e´ comutativo. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 11 ê Demonstrac¸a˜o. Vale (x + y)2 = x + y = x2 + xy + yx + y2 = x + xy + yx + y logo xy = −yx , como z2 = (−z)2 em ane´is, enta˜o (−yx)2 = −yx = (yx)2 = yx, portanto xy = −yx e usando −yx = yx segue que xy = yx e o anel e´ comutativo. m Definic¸a˜o 12 (Divisor de zero). Um elemento a 6= 0 um anel A e´ dito divisor de zero se existe b 6= 0 em A tal que a.b = 0. Z Exemplo 3. O anel das func¸o˜es cont´ınuas em [0, 1] possui divisores de zero. Considere as func¸o˜es f : [0, 1]→ R dada por f(x) = 0 se x ≤ 1 2 e f(x) = 2(x− 1 2 ) se x > 1 2 e g : [0, 1]→ R dada por g(x) = −2(x− 1 2 ) se x ≤ 1 2 e g(x) = 0 se x > 1 2 . Nenhuma delas e´ identicamente nula , se x ≤ 1 2 temos g(x). f(x)︸︷︷︸ =0 = 0 e se x > 1 2 , f(x). g(x)︸︷︷︸ =0 = 0, sendo que ambas sa˜o cont´ınuas em [0, 1] m Definic¸a˜o 13 (Elemento nilpotente). Um elemento x de um anel e´ dito nilpotente se existe algum natural n tal que xn = 0. Z Exemplo 4. 0 e´ sempre nilpotente. O anel na˜o comutativo das matrizes 2× 2 possui infinitos elementos nilpotentes A = a b −a 2 b −a a matriz A com b 6= 0 e a real sempre satisfaz A2 = 0. b Propriedade 11. Se x e y sa˜o elementos nilpotentes e satisfazem x.y = y.x enta˜o x + y e´ um elemento nilpotente de A . ê Demonstrac¸a˜o. Suponha que xn = 0 = ym pela comutatividade do produto vale (x+y)n+m = n+m∑ k=0 ( n + m k ) xkyn+m−k = n∑ k=0 ( n + m k ) xk ym︸︷︷︸ =0 yn−k+ m+n∑ k=n+1 ( n + m k ) xk︸︷︷︸ =0 ymyn−k = 0 enta˜o x + y e´ nilpotente. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 12 b Propriedade 12. Se um anel A possui unidade e x e´ nilpotente enta˜o 1 − x possui inverso em A. ê Demonstrac¸a˜o. Seja n+ 1 o nu´mero tal que xn+1 = 0 enta˜o o inverso de 1− x e´ dado por n∑ k=0 xk pois ( n∑ k=0 xk)(1− x) = −( n∑ k=0 ∆xk) = −(xk ∣∣∣∣n+1 0 ) = −(xn+1 − 1) = 1. 1.3.2 Domı´nio m Definic¸a˜o 14 (Domı´nio-Domı´nio de integridade). Um anel comutativo com unidade A e´ chamado domı´nio ou domı´nio de integridade quando acontece a.b = 0⇒ a = 0 ou b = 0 que por contrapositiva e´ equivalente a` a 6= 0 e b 6= 0⇒ a.b 6= 0. m Definic¸a˜o 15 (Domı´nio fatorial -Domı´nio de fatorac¸a˜o u´nica). Um domı´nio de in- tegridade (D,+, ) e´ chamado de domı´nio fatorial ou domı´nio de fatorac¸a˜o u´nica (DFU) se todo elemento na˜o nulo e na˜o invert´ıvel de D se escrever de modo u´nico, a na˜o ser pela ordem e pela existeˆncia de elementos associados, como produto finito de elementos irredut´ıveis. Z Exemplo 5. O anel Z[√−5] e´ noetheriano , pois e´ isomorfo a um quociente de Z[x]] pore´m na˜o tem fatorizac¸a˜o u´nica, pois por exemplo 6 = 2 · 3 = (1 +√−5)(1−√−5). b Propriedade 13 (Lei do corte para o produto). Seja A um domı´nio. Se a.b = a.c com a 6= 0 enta˜o b = c. ê Demonstrac¸a˜o. De a.b = a.c tem-se a.b− ab = a.c− ab logo 0 = a(c− b) como A e´ domı´nio enta˜o c− b = 0 da´ı c = b. Um domı´nio na˜o e´ um grupo em relac¸a˜o a operac¸a˜o×, pore´m com a relac¸a˜o distributiva do produto com a soma e a propriedade de domı´nio conseguimos provar a lei do corte para CAPI´TULO 1. ANE´IS . 13 o produto. Precisamos enta˜o nessa demonstrac¸a˜o de grupo (A,+) (na˜o necessariamente comutativo), da distributividade a` esquerda e da propriedade de domı´nio. b Propriedade 14. a.0 = 0 = 0.a. ê Demonstrac¸a˜o. a(0 + 0) = a.0 + a.0 = a.0 + 0, pela lei do corte da adic¸a˜o segue que a.0 = 0. $ Corola´rio 4. Em um domı´nio vale a2 = 0 sse a = 0. ⇒. a2 = 0 implica a = 0, e´ equivalente a` a 6= 0 implica a2 6= 0, usamos a definic¸a˜o de domı´nio a 6= 0 e b 6= 0⇒ a.b 6= 0., tomando a = b e da´ı a2 6= 0. ⇒. Temos 0.0 = 0 por propriedade ba´sica de ane´is. $ Corola´rio 5. Se a.b = 0 e b 6= 0 enta˜o a = 0. Pois se pela definic¸a˜o tem-se a = 0 ou b = 0, como na˜o vale b = 0 enta˜o a = 0. $ Corola´rio 6. a2 = a sse a = 0 ou a = 1 pois a(a− 1) = 0 da´ı segue por propriedade de domı´nio que a = 0 ou a− 1 = 0 implicando a = 1. b Propriedade 15. Seja A um anel e um elemento a ∈ A fixo, definimos a.A = {a.x | x ∈ A}. Tal conjunto munido com as operac¸o˜es de A e´ um subanel de A. ê Demonstrac¸a˜o. A soma e´ fechada, pois dado ax, ay ∈ A vale ax + ay = a(x + y) ∈ aA pela distributividade. O produto e´ fechado, pois ax(ay) = a(xay) ∈ aA. 0 esta´ no conjunto pois a.0 = 0. Dado ax enta˜o a(−x) ∈ A cuja soma da´ ax + a(−x) = a(x− x) = a.0 = 0. b Propriedade 16 (Produto cartesiano de ane´is). Sejam (Ak)n1 ane´is enta˜o o produto cartesiano n∏ k=1 Ak e´ um anel com as operac¸o˜es (ak) n 1 + (bk) n 1 := (ak +k bk) n 1 CAPI´TULO 1. ANE´IS . 14 (ak) n 1 ∗ (bk)n1 := (ak ∗k bk)n1 onde +k e ∗k sa˜o adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o do k-e´simo anel. ê Demonstrac¸a˜o. No texto de grupos mostramos que com a definic¸a˜o de adic¸a˜o temos um grupo abeliano, seguindo o mesmo esquema mostramos que o produto e´ asso- ciativo, falta mostrar enta˜o a distributividade a` esquerda e a` direita. (ak) n 1 ∗ [(bk)n1 + (ck)n1 ] = (ak)n1 ∗ [(bk +k ck)n1 ] = (ak ∗k [bk +k ck])n1 = (ak ∗k bk +k ak ∗k ck)n1 (ak) n 1 ∗ (bk)n1 + (ak)n1 ∗ (ck)n1 = (ak ∗k bk)n1 + (ak ∗k ck)n1 = (ak ∗k bk +k ak ∗k ck)n1 sa˜o iguais! $ Corola´rio 7. Se cada Ak possui unidade enta˜o n∏k=1 Ak possui unidade, pelo caso que ja´ provamos para grupos. $ Corola´rio 8. n∏ k=1 Ak possui divisores de zero. Tomamos (ak) n 1 com ak = 0 se k par e ak 6= 0 com k ı´mpar. (bk)n1 com bk = 0 se k ı´mpar e bk 6= 0 se k par. Ambos elementos sa˜o na˜o nulos pois na˜o possuem todos elementos iguais a zero , pore´m tem-se (ak) n 1 ∗ (bk)n1 = (ak ∗k bk)n1 = (0)n1 pois se k e´ par temos 0 ∗k bk = 0 se k ı´mpar tem-se ak ∗k 0 = 0 enta˜o tal anel possui divisores de zero. m Definic¸a˜o 16 (Elemento invert´ıvel). Um elemento a ∈ A de um anel com unidade e´ dito invert´ıvel ⇔ existe a′ tal que a.a′ = 1 = a′.a. a′ e´ dito inverso de a. $ Corola´rio 9. 1 e´ invert´ıvel e seu inverso e´ 1, pois 1.1 = 1. mDefinic¸a˜o 17. Sendo A um anel com unidade, definimos A∗ = {a ∈ A | a e´ invert´ıvel}. Z Exemplo 6. Se A = M2×2(Z). Enta˜o A∗ e´ o conjunto das matrizes do tipo a b c d onde ad− bc = 1 ou ad− bc = −1 pois a b c d d −b −c a 1 ad− cb = 1 0 0 1 . CAPI´TULO 1. ANE´IS . 15 Z Exemplo 7. Se A = Z ×Z, enta˜o A∗ = {(1,−1), (1, 1), (−1,−1), (−1,−1)} pois se (a, b)(c, d) = (1, 1) enta˜o a.c = 1 e b.d = 1, logo a e b devem ser invert´ıveis. Cada elemento listado e´ invert´ıvel pois (1,−1)(1,−1) = (1, 1) (1, 1)(1, 1) = (1, 1) (−1, 1)(−1, 1) = (1, 1) (−1,−1)(−1,−1) = (1, 1). Z Exemplo 8. Seja A = Z[i] = {a+ bi ∈ C | a, b ∈ Z}, enta˜o A∗ = {1,−1, i,−i} pois (a + bi) (a− bi) a2 + b2 = 1 temos que ter a a2 + b2 , −b a2 + b2 ∈ Z. Vale a2 + b2 ≥ 0, para que seja a2 + b2 = 1, temos que ter a = ±1, b = 0 ou b = ±1, a = 0 que fornecem os nu´meros 1,−1, i,−i. No caso de a, b 6= 0 vale a2 + b2 > 1. Com a > 0, a2 + b2|a enta˜o a2 + b2 ≤ a, pore´m a2 + b2 > a que e´ absurdo, no caso a < 0, a2 + b2|(−a), mas a2 + b2 > −a que e´ absurdo tambe´m, enta˜o as u´nicas possibilidades sa˜o as ja´ listadas. Z Exemplo 9. Se A = Q enta˜o A∗ = Q \ {0}, pois o u´nico elemento na˜o invert´ıvel em Q e´ 0. b Propriedade 17. Se o inverso existe ele e´ u´nico. ê Demonstrac¸a˜o. Suponha existeˆncia de dois inversos c e b para a, enta˜o c = c(a.b) = (c.a).b = b da´ı c = b. m Definic¸a˜o 18 (Corpo). Um corpo e´ um anel comutativo com unidade onde todo elemento na˜o nulo e´ invert´ıvel. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 16 1.4 Corpo de frac¸o˜es de um domı´nio F Teorema 2. Para cada domı´nio D e´ poss´ıvel construir um corpo K, chamado corpo de frac¸o˜es de D tal que D ⊂ K. As operac¸o˜es de adic¸a˜o e multiplicac¸a˜o de K sa˜o as de D. K e´ o menor corpo contendo D. ê Demonstrac¸a˜o. Definimos S = D × (D \ {0}). Para (a, b), (c, d) ∈ S definimos (a, b) ∼ (c, d) ⇔ a.d = b.c. Para lembrar a definic¸a˜o dessa relac¸a˜o podemos chamar em (a, b) ∼ (c, d) os elementos a, d de extremos e b, c de meios , enta˜o a relac¸a˜o diz que o produto dos meios e´ igual ao produto dos extremos, na ordem em que aparecem. b Propriedade 18. A relac¸a˜o ∼ em S e´ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia. ê Demonstrac¸a˜o. Vale a reflexividade (a, b) ∼ (a, b) pois a.b = b.a. Propriedade que vale pois domı´nios sa˜o comutativos. Simetria. Se (a, b) ∼ (c, d) enta˜o (c, d) ∼ (a, b). Pois da primeira tem-se a.d = b.c que implica por comutatividade que c.b = d.a logo vale (c, d) ∼ (a, b). Transitividade. Se (a, b) ∼ (c, d) e (c, d) ∼ (e, f) enta˜o (a, b) ∼ (e, f). Da primeira relac¸a˜o temos a.d = b.c e da segunda c.f = d.e multiplicando a primeira por f a` direita temos a.d.f = b.(c.f) como c.f = d.e substitu´ımos na anterior, de onde segue a.d.f = b.d.e como d 6= 0 podemos aplicar a lei do corte cancelando d, que implica a.f = b.e da´ı tem-se (a, b) ∼ (e, f). Tomando o conjunto quociente pela relac¸a˜o de equivaleˆncia K = S/ ∼ K = {(a, b) | (a, b) ∈ S}. Denotamos a b := (a, b), da´ı a b = c d ⇔ (a, b) ∼ (c, d)⇔ ad = bc. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 17 m Definic¸a˜o 19 (Frac¸a˜o). Chamamos o elemento a b ∈ K de frac¸a˜o, a e b de numerador e denominador (Respectivamente) da frac¸a˜o a b . Iremos agora munir K de uma estrutura de corpo, definido as operac¸o˜es m Definic¸a˜o 20 (Adic¸a˜o). a b + c d := ad + bc bd m Definic¸a˜o 21 (Multiplicac¸a˜o). a b . c d = a.c b.d onde no numerador e denominador as operac¸o˜es + e × sa˜o as do domı´nio D. b Propriedade 19. (K,+, .) e´ um corpo. ê Demonstrac¸a˜o. Propriedades da adic¸a˜o. A adic¸a˜o e´ comutativa pois a b + c d = a.d + c.b b.d = c.b + a.d d.b = c d + a b Existe elemento neutro 0 = 0 1 da adic¸a˜o 0 1 + a b = 0.b + 1.a 1.b = a b . Vale a b = 0 1 sse a.1 = b.0, a = 0. Existe inverso aditivo para todo elemento a b , sendo −a b , pois −a b + a b = −a.b + b.a b2 = 0 b2 = 0. Vale a associatividade ( a1 b1 + a2 b2 ) + a3 b3 = a1b2 + a2b1 b1b2 + a3 b3 = a1b2b3 + a2b1b3 + b1b2a3 b1b2b3 a1 b1 + ( a2 b2 + a3 b3 ) = a1 b1 + a2b3 + a3b2 b2b3 = a1b2b3 + b1a2b3 + b1b2a3 b1b2b3 que sa˜o iguais logo a adic¸a˜o e´ associativa. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 18 O produto e´ comutativo pois a b . c d = a.c b.d = c.a d.b = c d . a b O elemento neutro do produto e´ 1 1 := 1 pois 1 1 a b = 1.a 1.b = a b . Se a 6= 0 enta˜o existe inverso de a b que e´ b a tal elemento e´ inverso multiplicativo pois a b . b a = a.b b.a = 1 e a.b b.a = 1 1 pois a.b.1 = b.a.1. Associatividade da multiplicac¸a˜o ( a b . c d ). e f = ac bd . e f = ace bdf a b .( c d . e f ) = a b . ce df = ace bdf Antes de mostrar a distributividade vamos mostrar que bc bd = c d , isto e´, podemos anular elementos iguais que aparecem no numerador e no denominador. Tal identidade vale pois b.c.d = b.d.c. Agora a propriedade que liga a multiplicac¸a˜o com a adic¸a˜o, a distributividade. a b ( c d + e f ) = a b c.f + e.d df = acf + aed bdf a b c d + a b e f = a.c b.d + a.e b.f = a.c.b.f + .d.b.e.a b.f.d = a.c.f + .d.e.a b.f.b.d b Propriedade 20. D pode ser visto como subanel de K. ê Demonstrac¸a˜o. Associamos a 1 com a ∈ D, sabemos que a 1 = b 1 sse b.1 = a.1, logo b = a. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 19 A soma e´ fechada, pois a 1 + b 1 = a.1 + b.1 1.1 = a + b 1 = a + b. Existe inverso aditivo −a 1 tal que a 1 + −a 1 = a.1 + (1)(−a 1.1 = 0 1 = 0. A multiplicac¸a˜o e´ fechada, pois a.b = a 1 . b 1 = a.b 1.1 = a.b b Propriedade 21. Se K e´ um corpo e D e´ um subanel de K enta˜o Q(D) e´ subcorpo de K. (Q(D) e´ o menor corpo gerado por D.) ê Demonstrac¸a˜o. 1.5 Anel ordenado m Definic¸a˜o 22 (Anel ordenado). Seja A um anel comutativo com unidade. A e´ dito um anel ordenado quando existe uma relac¸a˜o bina´ria entre seus elementos denotada por ≥, que satisfaz as seguintes propriedades (Reflexiva) a ≥ a. (Antisime´trica) Se b ≥ a e a ≥ b enta˜o a = b. (Transitiva) Se c ≥ b e b ≥ a enta˜o c ≥ a. (Total) Vale b ≥ a ou a ≥ b. Monotonicidade da adic¸a˜o. Se b ≥ a enta˜o b + c ≥ a + c. Monotonicidade da multiplicac¸a˜o . Se b ≥ a e c ≥ 0 enta˜o c.b ≥ c.a . Denotamos b ≤ a para a ≥ b. a < b para a ≤ b e a 6= b. Vale apenas uma das propriedades a > b , a < b ou a = b. m Definic¸a˜o 23 (Elemento positivo). Um elemento a e´ dito positivo se a > 0. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 20 m Definic¸a˜o 24 (Elemento negativo). Um elemento a e´ dito negativo se a < 0. b Propriedade 22. Se 0 ≥ a enta˜o −a ≥ 0. ê Demonstrac¸a˜o. De 0 ≥ a , somamos −a de ambos lados deonde segue −a ≥ 0. b Propriedade 23. Se a ≥ 0 enta˜o 0 ≥ −a. ê Demonstrac¸a˜o. Novamente somamos −a de ambos lados. b Propriedade 24. a2 ≥ 0. ê Demonstrac¸a˜o. Dividimos a demonstrac¸a˜o em dois casos, o primeiro se a ≥ 0. Tem-se pela monotonicidade da multiplicac¸a˜o a ≥ 0 =⇒ a.a ≥ 0.a =⇒ a2 ≥ 0. Agora se temos 0 ≥ a implica −a ≥ 0 usando a monotonicidade da multiplicac¸a˜o −a ≥ 0 =⇒ (−a)(−a) ≥ (−a)0 =⇒ a2 ≥ 0. b Propriedade 25. 1 > 0. ê Demonstrac¸a˜o. 1 = 12 ≥ 0 e 1 6= 0 =⇒ 1 > 0. b Propriedade 26. Se a < b e c < d enta˜o a + c < b + d. ê Demonstrac¸a˜o. De a < b tem-se a + c < b + c e de c < d tem-se c + b < d + b por transitividade segue a + c < d + b. 1.5.1 Valor absoluto m Definic¸a˜o 25 (Mo´dulo ou Valor absoluto). Seja A um anel ordenado. Definimos o valor absoluto de a ∈ A por | a | = a, se a ≥ 0−a, se 0 > a CAPI´TULO 1. ANE´IS . 21 b Propriedade 27. |a| ≥ 0 ∧ |a| = 0 sse, a = 0. b Propriedade 28. −|a| ≤ a ≤ |a| b Propriedade 29. | − a| = |a| b Propriedade 30. |ab| = |a||b| b Propriedade 31. |a|+ |b| ≥ |a + b| b Propriedade 32. Se b + c ≥ a + c enta˜o b ≥ a. ê Demonstrac¸a˜o. Somando −c em ambos os lados, pela monotonicidade da adic¸a˜o segue b + c− c ≥ a + c− c =⇒ b ≥ a. Se b ≥ a e d ≥ c enta˜o b + d ≥ a + c, tomando a primeira desigualdade e somando d pela compatibilidade com adic¸a˜o b + d ≥ a + d tomando a segunda desigualdade e somando a, ficamos com d + a ≥ c + a pela transitividade ficamos com b + d ≥ c + a m Definic¸a˜o 26 (Mı´nimo ou menor elemento). O menor elemento de A, quando existe, denomina-se mı´nimo de A e indica-se por mı´nA. x = mı´nA⇐⇒ ∀ t ∈ A =⇒ x ≤ t m Definic¸a˜o 27 (Conjunto limitado inferiormente). Seja S 6= ∅ um subconjunto de um anel ordenado A. Dizemos que S e´ limitado inferiormente se existir um elemento a ∈ A, tal que ∀s ∈ S temos s ≥ a. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 22 b Propriedade 33 (Unicidade do menor elemento). Quando o menor elemento existe ele e´ u´nico. ê Demonstrac¸a˜o. Suponha que o conjunto S possua dois mı´nimos a e b, pela definic¸a˜o de mı´nimo temos a = mı´nS ⇐⇒ ∀ t ∈ S =⇒ a ≤ t Como b ∈ S temos a ≤ b e como b e´ mı´nimo temos b = mı´nS ⇐⇒ ∀ t ∈ S =⇒ b ≤ t Como a ∈ S temos b ≤ a, pela propriedade antisime´trica da relac¸a˜o de ordem temos a = b. 1.5.2 Domı´nio bem ordenado m Definic¸a˜o 28 (Domı´nio bem ordenado). Um domı´nio ordenado A e´ chamado bem ordenado sse todo subconjunto na˜o vazio de A limitado inferiormente teˆm mı´nimo. b Propriedade 34. Seja A um domı´nio bem ordenado e seja a ∈ A. Se a > 0 enta˜o a ≥ 1, isto e´, vamos provar que na˜o existe elemento entre x tal que 0 < x < 1. ê Demonstrac¸a˜o. Suponha por absurdo que exista elemento a ∈ A tal que 0 < a < 1, enta˜o o conjunto S = {x ∈ A | 0 < x < 1} possui menor elemento, por ser limitado inferiormente por 0, suponha que tal elemento seja y, da´ı temos 0 < y < 1 , multiplicando por y tem-se y.0 < y2 < y, que compromete a minimalidade de y, o que e´ absurdo, enta˜o tal conjunto deve ser vazio. $ Corola´rio 10. a > b enta˜o a ≥ b+ 1, pois a− b > 0 implica a− b ≥ 1 e da´ı a ≥ 1 + b. Z Exemplo 10. Num domı´nio se vale xp+1 = xp com p natural e x no domı´nio, temos duas possibilidades, p = 0, da´ı x0 = 1 = x, enta˜o x = 1 ou p > 0 temos os casos x = 0 ou se x 6= 0 podemos aplicar lei do corte em xp cortando tem-se x = 1. Enta˜o caso p > 0 temos duas soluc¸o˜es x = 0 ou x = 1. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 23 b Propriedade 35. Se a.b = 1 num domı´nio bem ordenado, enta˜o a = b = 1 ou a = b = −1. ê Demonstrac¸a˜o. a nem b podem ser nulos. Suponha que a > 0, enta˜o a ≥ 1, deve valer tambe´m b > 0 pois o produto e´ positivo, logo b ≥ 1. Supondo por absurdo que b > 1 enta˜o b ≥ 2, ab ≥ 2a ≥ 2, logo na˜o pode ser b > 1, sendo b = 1, b.a = 1.a = a = 1. Se a < 0 enta˜o b < 0 logo (−1)(−1)a.b = 1, (−a)(−b) = 1, sendo −a > 0 e −b > 0 reca´ımos sobre o primeiro caso, enta˜o −a = −b = 1 implicando a = b = −1. 1.5.3 Princ´ıpio da induc¸a˜o Matema´tica Vamos adotar o princ´ıpio da boa ordenac¸a˜o como um axioma. Todo subconjunto na˜o vazio A de inteiros na˜o negativos possui um elemento mı´nimo (isto e´, existe n0 ∈ A tal que n ≥ n0, para todo n ∈ A). b Propriedade 36. Se um subconjunto na˜o vazio de inteiros e´ limitado inferiormente enta˜o ele possui um elemento mı´nimo. ê Demonstrac¸a˜o. Seja A 6= ∅ um conjunto de nu´meros inteiros limitado inferior- mente por um nu´mero t. Considere o conjunto T = {x− t | x ∈ A} tal conjunto e´ na˜o vazio, pois existe a ∈ A e da´ı a− t ∈ T , como ∀x ∈ A vale t ≤ x enta˜o 0 ≤ x− t o conjunto T e´ formado por nu´meros na˜o negativos, enta˜o pelo PBO ele possui um menor elemento t0, tal que t0 = x0 − t e da´ı t0 + t = x0. Tal elemento x0 e´ o menor elemento de A, pois caso na˜o fosse, existiria x ∈ A tal que x < x0 = t0 + t e da´ı x− t < t0 o que contraria a minimalidade de t0, enta˜o na˜o pode existir x tal que x < x0 vale enta˜o x ≥ x0. b Propriedade 37 (Propriedade Arquimediana em Z). Dados m e n 6= 0 ∈ Z enta˜o existe p ∈ Z tal que p.n ≥ m. ê Demonstrac¸a˜o. Como n 6= 0, enta˜o |n| ≥ 0 e da´ı |n| ≥ 1, temos tambe´m que |m| ≥ 0 e da´ı por monotonicidade |m||n| ≥ |n| ≥ n. Se m > 0 temos |m| = m e da´ı podemos tomar p = |n| tal que p.m ≥ n. CAPI´TULO 1. ANE´IS . 24 Se m < 0 enta˜o |m| = −n e da´ı podemos tomar p = −|n|, pois −|n|m = |n|(−m) = |n||m| ≥ n. b Propriedade 38 (Propriedade arquimediana de Q). Dados a, b ∈ Q com b 6= 0, enta˜o existe n ∈ Z tal que n.b ≥ a. ê Demonstrac¸a˜o. Podemos tomar a = c d , b = r s com r 6= 0, d, s positivos, enta˜o d.s > 0 e 1 d.s > 0, pela propriedade Arquimediana em Z existe n ∈ Z tal que nr.d ≥ c.s como 1 d.s > 0, podemos multiplicar por ele de ambos lados de onde tem-se n r s ≥ c d ⇒ na ≥ b. Induc¸a˜o matema´tica primeira forma Seja N = {n0, n1, n2, . . . } um conjunto de inteiros na˜o negativos (suponha tambe´m n0 < n1 < n2 < ...) e seja Sn uma proposic¸a˜o que depende de n ∈ N , tal que: Sn0 e´ verdadeira; Se m ∈ N e Sn e´ verdadeira para todo n ∈ N tal que m > n, ena˜o Sm e´ verdadeira. Ena˜o Sn e´ verdadeira para qualquer n ∈ N . Demonstrac¸a˜o por contradic¸a˜o. F = {l ∈ N | Sl F} suponha por absurdo que F 6= ∅ pelo princ´ıpio da boa ordenac¸a˜o existe l0 ∈ F , l0 > n0 1.5.4 Propriedade arquimediana em Z Dados a, b ∈ Z com b 6= 0 existe n ∈ Z tal que n.b ≥ a. Pela propriedade total da desigualdade temos um dos casos verificados b ≥ a ou a ≥ b, no primeiro caso, na˜o temos nada fazer (basta tomar n = 1) CAPI´TULO 1. ANE´IS . 25 1.6 Divisa˜o Euclidiana 1.7 Polinoˆmios com coeficientes num anel comutativo com unidade. Iremos considerar A como um anel comutativo com unidade nessa sec¸a˜o, a na˜o ser que citado o contra´rio. 1.8 Homomorfismo de ane´is m Definic¸a˜o 29 (Homomorfismo de ane´is). Uma func¸a˜o f : A → A′, onde A e A′ sa˜o ane´is, e´ chamada de homomorfismo de ane´is se vale f(a.b) = f(a)f(b). f(a + b) = f(a) + f(b). b Propriedade 39. Seja f : Z → Z tal que f(x + y) = f(x) + f(y) f(x.y) = f(x).f(y) para quaisquer, x, y ∈ Z, da´ı f(x) = 0 ou f(x) = x∀x ∈ Z. ê Demonstrac¸a˜o. f(1.1) = f(1)f(1) da´ı f(1) = f(1)2 e portanto f(1) = 1 ou f(1) = 0. Se f(1) = 0 enta˜o f(x.1) = f(x)f(1) = 0, portanto f(x) = 0∀x ∈ Z. Se f(1) = 1 enta˜o por induc¸a˜o f(x) = x∀x ∈ N , pois f(x+1) = f(x)+f(1) = x+1 e f(0) = 2f(0)⇒ f(0) = 0. f(0) = f(1) + f(−1)⇒ f(−1) = −1 da´ı segue tambe´m que dado x natural f(−x) = f(−1)f(x) = −x, da´ı vale para todo inteiro x, f(x) = x. Anéis . Relações, aplicações e operações Relações de equivalência Anéis Subanel Propriedades básicas x2=x para todo x implica que o anel é comutativo Domínio Corpo de frações de um domínio Anel ordenado Valor absoluto Domínio bem ordenadoPrincípio da indução Matemática Propriedade arquimediana em Z Divisão Euclidiana Polinômios com coeficientes num anel comutativo com unidade. Homomorfismo de anéis
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