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Educação em Direitos Humanos - Fichamento Vera Maria Candau

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FOCCA-FACULDADE DE OLINDA
CURSO DE DIREITO
Fichamento 
Educação em direitos humanos no Brasil: 
Realidade e perspectivas
Ana Carolina da Silva Correia
OLINDA, 2016.
Educar em direitos humanos: Educação em direitos humanos no Brasil: realidade e perspectivas (p.72-99)
CANDAU, Vera Maria. Educação em direitos humanos no Brasil: realidade e perspectivas. 
 A educação em direitos humanos no Brasil é recente. Surge no período da transição entre o fim da ditadura militar e o começo da democracia.
“ [...] a educação em direitos humanos está chamada a contribuir para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática no nosso país e em todo o continente latino-americano, que se depara com uma encruzilhada histórica marcada pela hegemonia de um projeto em que a lógica econômica na perspectiva neoliberal predomina, reforçando a exclusão e restringindo a cidadania”. (p.72)
 No Brasil, como processo de redemocratização do país, surgiu na metade dos anos 80, um trabalho internacional que versava sobre a educação em direitos humanos.
“É no contexto das buscas de construção de um novo estado de direito que emerge a preocupação com a construção de uma nova cultura política e uma cidadania ativa, profundamente atravessadas pelo reconhecimento e afirmação dos direitos humanos”. (p.73)
 Em 85, vários profissionais participaram do 3° Curso Interdisciplinar de Direitos Humanos, promovido pelo IIDH, na Costa Rica. Os trabalhos iniciados no país se focaram em três polos, sendo um deles o NE, na Universidade Federal da Paraíba, no Departamento de Ciências Jurídicas da Puc- Rio e pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.
 Em 90, devido a inúmeras dificuldades, o IIDH deixou de apoiar economicamente o grupo, que provocou uma divisão, devido às dificuldades financeiras e a dimensão do país. 
 Nessa época, a maior dificuldade enfrentada foi à continuidade do trabalho. Vale salientar que, além do IIDH, a UNESCO e a Rede latino-americana de Educação para a Paz e os Direitos Humanos do Conselho de Educação de Adultos da América Latina (CEAAL), também tiveram influência no desenvolvimento dos direitos humanos no Brasil.
 Algumas tendências da educação em direitos humanos da década de 90, foram identificados em dois movimentos:
“ [...] O primeiro se situa na perspectiva da continuidade e ampliação do realizado na década anterior e o segundo se especifica pela incorporação de novos atores, particularmente o governo federal, ao qual se incorporam em alguns de seus órgãos oriundos de organizações e grupos acima mencionados, significativas na introdução da educação em direitos humanos no país”. (p.76)
 Com o advento da Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, a incorporação dos direitos humanos no Brasil começa a se fazer presente no plano jurídico, mostrando o início de uma evolução nesse sentido.
 Em 1995, foi criada a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos. Como destaques da rede, podemos citar os encontros realizados em julho de 95 e de 5 a 7 de maio de 97, o 1° Congresso Brasileiro de Educação em Direitos Humanos e Cidadania e o 1° Congresso Brasileiro de Educação, que contou com 1.280 participantes.
“Essa rede se apresenta como “um espaço de encontro, apoio, intercâmbio, articulação e coordenação de organizações que desenvolvam trabalhos sistemáticos na área de educação em direitos humanos no Brasil” (Estatuto Rede)”. (p.77)
 No sentido de definir seus princípios, métodos e objetivos, a Rede Brasileira, no 1° Congresso de Educação: 
“ [...] envio de um questionário aberto para 51 entidades que haviam participado do referido Congresso [...]. As repostas a esse questionário [...] serviram de base para uma reflexão conjunta [...] organização de um Encontro de educadores em direitos humanos, [...] com a finalidade de discutir e elaborar um documento[...].” (p.79)
“O documento final, depois de uma breve apresentação que descreve sua gênese, objetivos e participantes no encontro, na introdução situa sinteticamente o desenvolvimento do movimento em prol da educação em direitos humanos no plano internacional e nacional.” (p.79)
 Ainda sobre a Rede Brasileira, um segundo momento é registrado, com o ingresso do governo federal na educação em direitos humanos e suas principais iniciativas: Programa Nacional de Direitos Humanos e os Parâmetros Curriculares Nacionais, pelo Ministério da Educação. 
 Em relação ao Programa:
“[...] propostas referem-se à garantia ao direito e à proteção da vida e a aumentar a segurança das pessoas, lutar contra a impunidade, eliminar o trabalho forçado, garantir o tratamento igualitário diante da lei, proteger os direitos das crianças e dos adolescentes, das mulheres, da população negra, dos povos indígenas, dos idosos, dos estrangeiros, refugiados e migrantes brasileiros, das pessoas portadoras de deficiência, assim como a aprimorar o sistema de penas privativas de liberdade. “ (p.81)
“A partir da aprovação do Programa, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça vem desenvolvendo uma política ativa de promoção e apoio a diferentes iniciativas, [...] com ênfase na parceria entre o poder público e entidades da sociedade civil [...].” (p.82)
“No bojo dessa política são elaborados também vários Programas Estaduais e Municipais de Direitos Humanos, com o objetivo de traduzir aos diferentes contextos regionais as propostas de Programa Nacional.” (p.83)
 Nos anos 90, a reforma curricular educacional incorpora a preocupação com a cidadania e direitos humanos, pregadas por diferentes organizações internacionais. Nesse contexto, surge a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais, apoiada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de dezembro de 96.
 Em 97, os Parâmetros foram publicados como “referência nacional para o ensino fundamental”, organizando o conhecimento escolar em áreas e temas transversais.
“Os temas transversais são propostos na perspectiva da educação para a cidadania, como estratégia de introdução na escola das demandas atuais da sociedade [...](p.84)
“ Nessa perspectiva, para a proposta dos Parâmetros eleger a cidadania como eixo vertebrador da educação escolar supõe assumir três grandes diretrizes: posicionar-se em relação às questões sociais e interpretar a tarefa educativa como uma intervenção na realidade no momento presente; não tratar os valores apenas como conceitos ideais e incluir essa perspectiva no ensino das áreas de conhecimento escolar.” (p.84)
“[...] no âmbito da educação formal, [...] construir formas de desenvolvimento de uma educação em direitos humanos no âmbito dos sistemas de ensino básico e superior. “ (p.85)
“ Para o processo de Reorientação Curricular foram propostos os seguintes eixos: a construção coletiva, a autonomia da escola, a valorização da unidade teoria-prática e a capacitação permanente dos profissionais de ensino, a partir da análise crítica do currículo em ação.” (p.85)
 De acordo com a realidade local das escolas, as mesmas foram estimuladas a criar projetos e realizar ações para que o projeto se realizasse.
“Para as escolas que aderiram ao projeto, organizou-se o Projeto de Educação em direitos humanos em convênio com a Comissão Justiça e Paz.” (p.86)
“ A articulação entre educação e direitos humanos pela via da interdisciplinariedade ocupou o lugar central desses cursos [...] Em 1991, realizou-se o primeiro encontro [...] dos cursos de educação em direitos humanos [...] “ (p.86)
“ Assim como essa primeira experiência destacada foi de iniciativa do poder público, no nível municipal, a segunda [...] vem sendo promovida por uma organização não-governamental - Novamérica - , que promove um programa intitulado Direitos Humanos, Educação e Cidadania , desenvolvendo atividades no âmbito da educação formal e não formal.
 Em uma de suas propostas, a Novamérica afirma que:
“ [...] a educação em direitos humanos não pode ser reduzida à introdução de alguns conhecimentosnas diferentes práticas educativas. [...] Propõe que as dimensões sejam concebidas e trabalhadas de maneira integrada e global. “ (p.87)
“O Programa oferece para os educadores uma proposta de formação estruturada em três ciclos de oficinas. O primeiro, de fundamentação, [...] O segundo ciclo, de aprofundamento, [...], O último ciclo, de enriquecimento, [...] .
Quanto ao trabalho com jovens, adolescentes e crianças, se desenvolve em torno de sete direitos básicos: vida, alimentação, saúde, meio ambiente saudável, moradia, participação e educação.” (p.88)
 A Novamérica afirma que os direitos humanos devem fazer parte das diversas esferas da ação educativa. Quanto ao ensino superior, uma iniciativa é o curso de especialização (pós-graduação) lato sensu, em direitos humanos e a segunda é introduzir a matéria de direitos humanos em cursos de graduação. Essas disciplinas são mais comuns na área de Direito, mas há iniciativas para implementação em outros cursos, na área da educação. 
 “As iniciativas de educação em direitos humanos no âmbito da educação não formal também tem se multiplicado ao longo do território nacional, sendo impossível elencar todas as iniciativas [...] . Muitos são grupos, movimentos e ONGs [...].“ (p. 90)
“Destacaremos duas experiências que por sua abrangência e caráter articulador consideramos especialmente significativas: o Projeto Serviço Civil Voluntário e as ações desenvolvidas por iniciativa do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do cidadão do Estado da Paraíba.
O Serviço Civil Voluntário é um projeto de iniciativa do governo federal, formulado em 1997 no marco do Programa Nacional de Direitos Humanos. [...] tem por objetivo “oferecer, a jovens de ambos os sexos, um caminho de acesso à maioridade, entendida como pleno exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e solidária[...] .” (p.90,91)
“[...] Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do cidadão do Estado da Paraíba, [...] promoveu no nível estadual inúmeras parcerias com órgãos públicos, [...] o Conselho tem procurado em sua ação educativa alcançar toda a população, mas, ao mesmo tempo, tem privilegiado alguns públicos em função de sua importância na promoção e defesa da lei e dos direitos do cidadão, tais como a polícia militar e civil, educadores e servidores do sistema penitenciário.” (p.92,93)
 O Conselho ainda contribui com o aprofundamento sobre os direitos humanos no país, sendo responsável por diversas publicações sobre o tema.
 São muitos os desafios e perspectivas em face aos direitos humanos, como cita:
“ O discurso dos direitos humanos está marcado hoje por uma forte polissemia e, consequentemente, as maneiras de se entender a educação em direitos humanos também. É possível distinguir pelo menos dois grandes enfoques.
 O primeiro, marcado pela ideologia neoliberal, tende a ver a preocupação com os direitos humanos como uma estratégia de melhorar a sociedade dentro do modelo vigente, sem questioná-lo. Enfatiza os direitos individuais, as questões éticas e os direitos civis e políticos, estes centrados na participação nas eleições. São enfatizados temas como discriminação racial e de gênero, preconceito, violência, segurança, drogas, sexualidade, tolerância, infância e adolescência, meio ambiente. O horizonte da cidadania passa pela formação de sujeitos produtores e empreendedores, assim como consumidores. Do ponto de vista pedagógico propõe a incorporação de temas relativos aos direitos humanos no currículo escolar a partir de um enfoque construtivista e da perspectiva da transversalidade, privilegiando as dimensões psico-afetiva, interacionista e experiencial.” (p. 95,96)
“ O segundo [...], os direitos humanos são vistos como mediações para a construção de um projeto alternativo de sociedade: inclusiva, sustentável e plural. Enfatiza uma cidadania coletiva, que favorece a organização da sociedade civil, privilegia os atores sociais comprometidos com a transformação social e promove o emponderamento dos grupos sociais e culturais marginalizados [...] . Coloca no centro de suas preocupações a inter-relação entre os direitos de primeira, segunda e terceira geração e se coloca na perspectiva da construção de uma quarta geração de direitos que incorpora questões derivadas do avanço tecnológico, da globalização e do multiculturalismo [...] . “ (p.96)
 Com o passar dos anos, os direitos humanos passaram a abranger diversas áreas, em face dos mais variados grupos que defendem direitos das mulheres, crianças, portadores de deficiência, meio ambiente e etc. Essa diversidade pode levar também a uma fragmentação.
 As frequentes parcerias entre órgãos públicos e ONGs também são questões que merecem atenção. Cita-se que:
“ [...] as politicas publicas devem incorporar os diferentes agentes sociais em função de sua função publica. No entanto, essa incorporação deve acontecer não somente na etapa de execução dos programas e planos. Ela deve estar presente desde a sua concepção, de maneira ampla [...].” (p.98)
 Por fim, pedagogicamente, a educação em direitos humanos deve ser inserida na escola básica, fundamental e média, além da formação dos professores e educadores em geral. Os direitos humanos já tem um caminho traçado no Brasil e América Latina.
“ [...] o desafio fundamental é avançar em sintonia com sua paixão fundante: seu compromisso histórico com uma mudança estrutural que viabilize uma sociedade inclusiva e a centralidade dos setores populares nessa busca [...]. “ (p.99)

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