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TRABALHO SOBRE MEDIDA PROVISÓRIA

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Curso de Direito Constitucional III
1º Trabalho – Medida Provisória
“Aí está, senhores, como se prefigura o que ocorreria, no País donde trouxemos
a nossa Constituição, nos Estados Unidos, se um Presidente, ensandecendo no
seu cargo, se descocasse ao extremo de fazer leis. Uma gargalhada ultra-
homérica abalaria o continente, e o mentecapto seria obrigado a internar-se
num hospício de alienados.” RUY BARBOSA (“Comentários à Constituição de
1891”, coligidos por Homero Pires, vol. 2, p. 9) 
No Estado Democrático, a lei é, em regra, feita pelos órgãos de representação popular – no
Brasil, o Congresso Nacional (no âmbito federal), as assembleias legislativas (no âmbito estadual) e
as câmaras de vereadores (no municipal). Em períodos excepcionais, porém, ao Executivo se
confere o poder legiferante e é quase universal a designação de “decreto-lei”, dada a este tipo de lei
material. A medida provisória derivou do decreto-lei, que foi criação da Constituição de 1937.
Previa-se no diploma constitucional que este instrumento seria usado, mediante autorização do
parlamento ou durante períodos de recesso ou dissolução da Câmara dos Deputados. Como o
parlamento não se reuniu, o uso do decreto-lei foi absoluto. 
Os pressupostos de relevância e urgência exigidos no art. 62 da Constituição vigente
nasceram ainda na constituição de 1967, que após ressuscitar este instrumento legislativo – uma vez
que não teve sua previsão continuada na Carta de 1946 – atribuiu-lhe matéria específica, e,
prescreveu que a não apreciação do seu texto dentro de certo período tornava-o definitivo. Mesmo
quando rejeitado, as relações formadas durante a sua vigência permaneciam eficazes.
Apesar de indicar uma continuidade institucional, a MP apresenta um grau de delegação
muito menor do que o decreto presidencial do regime anterior. Os constituintes de 1988 sentiram
necessidade, devido aos pressupostos já citados, de permitir ao Presidente da República a edição de
medidas com força de lei. A medida provisória foi talhada pelo constituinte segundo o modelo
italiano dos decretos-leis, adotados em casos extraordinários de necessidade e urgência, devendo
ser, imediatamente, comunicados ao parlamento, que é convocado se não estiver reunido. O
decreto-lei perde efeito se não convertido em lei no prazo de sessenta dias da sua publicação.
Admite-se, nesse caso, que a Câmara possa regular, por lei, as relações jurídicas surgidas com base
no decreto não convertido em lei.
Porém, em 2001, a EC 32 – chamada durante os seis anos de tramitação por “PEC das MPs”
– foi promulgada, regulamentando a matéria, restringiu temas e definiu prazos para a votação das
MPs no Congresso. Entre as principais mudanças estavam o fim das reedições de medidas não
apreciadas no prazo, era esperado que o presidente se tornasse mais criterioso no uso do
instrumento extraordinário e, ao mesmo tempo, que a análise obrigatória no Plenário das duas casas
recuperasse o controle sobre o processo decisório. Até o advento da EC n. 32/2001, havia polêmica
em torno das limitações materiais ao uso de medida provisória, já que o constituinte não o fizera
expressamente, como ocorria com o decreto-lei anteriormente.
Em resumo, a medida provisória é um ato normativo primário, sob condição resolutiva, e
feição cautelar, que uma vez editada produz efeito de norma vinculante. Logo que publicada no
Diário Oficial da União pelo Presidente, nas primeiras quarenta e oito horas, a Presidência da Mesa
do Congresso Nacional fará publicar e distribuir avulsos da matéria e designará Comissão Mista,
integrada por doze senadores e doze deputados e igual número de suplentes, para emitir parecer
sobre ela. Durante os seis dias posteriores à publicação da MP, poderão ser oferecidas emendas a
ela, como também, solicitar o trâmite de projetos de lei, sob forma de emenda, em conjunto com a
mesma. O parecer deverá ser emitido quatorze dias após a publicação em DOU.
A Câmara dos Deputados fará publicar em avulsos e no Diário da Câmara dos Deputados o
parecer da Comissão Mista e, a seguir, dispensado o interstício de publicação, a medida provisória
será examinada por aquela Casa, que, para concluir os seus trabalhos, terá até o vigésimo oitavo dia
de vigência da medida provisória, contado da sua publicação. Aprovada na Câmara dos Deputados,
a matéria será encaminhada ao Senado Federal, que, para apreciá-la, terá até o quadragésimo
segundo dia de vigência da medida provisória, contado da sua publicação.
Esgotado o prazo de 45 dias como prevê o §6º do art. 62 da CF/88, entrará em regime de
urgência, trancando a pauta da casa em que se encontra. Se a medida provisória não tiver sua
votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional, no prazo de sessenta dias de sua
publicação no DOU, estará automaticamente prorrogada uma única vez a sua vigência por igual
período. Se a Câmara ou o Senado rejeitar a medida provisória ou se ela perder sua eficácia, os
parlamentares têm que editar um decreto legislativo para disciplinar os efeitos que tenha gerado
durante sua vigência. Se o conteúdo de uma medida provisória for alterado, ela passa a tramitar
como projeto de lei de conversão. 
Aprovada medida provisória, sem alteração de mérito, será o seu texto promulgado pelo
Presidente da Mesa do Congresso Nacional para publicação, como lei, no Diário Oficial da União.
Aprovado projeto de lei de conversão será ele enviado, pela Casa onde houver sido concluída a
votação, à sanção do Presidente da República. O Presidente tem a prerrogativa de vetar o texto
parcial ou integralmente, caso discorde de eventuais alterações feitas no Congresso. Rejeitada
medida provisória por qualquer das Casas, o Presidente da Casa que assim se pronunciar
comunicará o fato imediatamente ao Presidente da República, fazendo publicar no Diário Oficial da
União ato declaratório de rejeição de medida provisória.
Bibliografia
MENDES, Gilmar ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito Constitucional. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2015.
ASSESSORIA DE IMPRENSA Câmara dos Deputados. Medida Provisória. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/comunicacao/assessoria-de-imprensa/medida-provisoria. Acesso em: 04/02/2016 
MACHIAVELI, FERNANDA. Medidas Provisórias: os efeitos não antecipados da EC 32 nas relações
entre executivo e legislativo. 2009. 150 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Política) – Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
CâMARA DOS DEPUTADOS (Brasil). Congresso Nacional. Normas Conexas ao Regimento Interno da
Câmara dos Deputados. 4. ed. Brasília: Edições Câmara, 2011.

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