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441 Litíase urinária e endourologia Introdução Litíase urinária é uma doença altamente prevalente, com incidência que varia de 5% a 12% na população mun- dial. Sua manifestação clínica mais comum, a cólica renal, afeta aproximadamente 1,2 milhão de pessoas anualmente e é responsável por cerca de 1% do atendimento médico emergencial e por aproximadamente 1% de todas as hos- pitalizações.1,2 A grande maioria dos cálculos urinários são pequenos, em geral inferiores a 5 mm e não requerem intervenção ci- rúrgica, sendo passíveis de eliminação espontânea em até 98% dos casos.1 Medidas auxiliares podem facilitar e redu- zir o tempo de eliminação de cálculos ureterais, assim como obter o controle da dor recorrente. Uma parcela significativa da população litiásica é portadora de cálculos pequenos ou microcálculos assintomáticos, muitos diagnosticados oca- sionalmente pela realização de exames de imagem do ab- dômen. Nessas situações, investigação e acompanhamento clínico periódico associados a medidas gerais de prevenção representam a conduta terapêutica mais adequada.3 Tratamento da cólica renal A abordagem clínica da cólica renal, assim como qual- quer paciente apresentando-se com dor abdominal, requer história clínica detalhada e exame físico minucioso. A clássica apresentação da cólica renal é a forte dor paroxís- tica em flanco, aguda, com ou sem irradiação para região inguinal ipsilateral secundária à obstrução ureteral parcial ou total. A dor resultante é decorrente do súbito estiramen- to e distensão do ureter, pelve e cápsula renal causada pela violenta contração da musculatura ureteral sobre a zona obstruída pelo cálculo. Hematúria, em geral microscópi- ca, está presente numa parcela bastante significativa dos pacientes. Sintomas miccionais irritativos, como disúria, urgência e polaciúria são muitas vezes decorrentes da ir- ritação vesical ocasionados pela presença do cálculo em ureter inferior. Assim como a obstrução de qualquer órgão oco, a dor renal em cólica está frequentemente associada a náuseas e vômitos, gerando por vezes confusão com mani- festações clínicas derivadas de outros órgãos abdominais, fazendo com que seja associada a uma vasta gama de pato- logias no seu diagnóstico diferencial.4 Pacientes que não apresentam febre, taquicardia e não mostram sinais de sepses podem ser manejados mais con- servadoramente do que aqueles com sinais de infecção aguda, que em geral requerem avaliação e terapia imediata. Coexistentes condições clínicas que podem complicar ou alterar a terapia deverão ser consideradas. Estas incluem rins solitários, gravidez, imunossupressão, diabetes, doen- ças cardíacas ou pulmonares e idade do paciente. Desde que o diagnóstico clínico esteja claro, na ausência dos fatores complicadores como os citados anteriormente e se obtenha um controle adequado da dor, o paciente pode ser manejado clinicamente em domicílio sem a necessidade de internação hospitalar. Nessa situação, exames de imagem devem ser realizados para confirmar o diagnóstico e avaliar a possibilidade de eliminação espontânea do cálculo. Os pa- cientes deverão ser informados dos riscos de recorrência da dor e eventual necessidade de retorno ao hospital. Interna- ção hospitalar para eventual desobstrução está indicada aos pacientes incapazes de tolerar a hidratação oral de cerca de Capítulo 42 Tratamento médico da litíase urinária Dr. Luiz Sergio Santos Dr. Mauricio de Carvalho Dr. Rafael Cavalheiro Cavalli Palavras-chave: litíase urinária, cólica renal, terapia médica expulsiva 442 2-3 litros de fluidos por dia, dor de difícil controle com anal- gésicos de uso oral, dilatação do trato urinário progressiva ou infecção urinária concomitante.5 A intervenção terapêutica inicial em pacientes com có- lica renal é o alívio da dor. Os anti-inflamatórios não hor- monais (AINH) e opioides são, em geral, os medicamen- tos de escolha para uma boa analgesia. Diversos estudos clínicos4-6,7 têm mostrado que os AINH promovem maior redução da dor com menor necessidade de utilização de analgésicos adicionais do que quando comparados ao uso de opioides. Estes, apesar do seu grande efeito analgési- co, estão associados com altos índices de efeitos adversos como náuseas e vômitos. Sendo assim, os AINH deverão ser usados como drogas de primeira linha de analgesia em cólica renal a menos que o paciente apresente contraindi- cações ao seu uso (úlcera péptica, déficit de função renal, asma severa, entre outros). A decisão de qual AINH utili- zar não está ainda definida segundo revisão dos dados da literatura.7 Alguns autores sugerem o uso de diclofenaco oral ou parenteral como primeira escolha de tratamento da cólica renal, bem como na terapia profilática de dor recor- rente.8 O emprego de diclofenaco sódico, 100 a 150 mg/dia de 3 a 10 dias reduz o risco a inflamação ureteral e facilita a eliminação da cálculos menores.4,8 Outros AINH como cetorolaco em dose de 30 mg endovenoso, ibuprofeno, te- noxicam e indometacina também podem ser utilizados na fase aguda ou em regime profilático.5,7 Há baixo nível de evidência na literatura para o uso de antiespasmódicos como hioscina na cólica renal, com pouco benefício observado em estudos randomizados comparando a droga a placebo.4 No Brasil, vários serviços de emergência ainda utilizam de rotina analgésicos como dipirona associado ao antiespasmódico (escopolamina + dipirona) no tratamento da cólica renal com resultados satisfatórios.2 Já o emprego de drogas alfabloqueadoras como a tansulosina tem se mostrado eficaz na redução da intensidade e número de recorrências da cólica renal em pacientes com cálculos de ureter inferior.9,10 O incremento da hidratação na vigência da cólica renal pode auxiliar na eliminação de cálculos, no entanto, tende a levar a um aumento do desconforto do paciente e con- sequente utilização de mais analgésicos. Sendo assim, a hidratação abundante não é recomendada na fase emergen- cial, sendo reservada subsequentemente quando o controle da dor for alcançado e a confirmação diagnóstica da possi- bilidade de eliminação espontânea do cálculo confirmada.5 Tratamento da doença litiásica Tratamento conservador Observação clínica de cálculos renais Boa parte dos pacientes portadores de litíase renal são assintomáticos.11 Em geral, cálculos renais pequenos, medindo < 5 mm e não obstrutivos podem ser manejados clinicamente sem nenhum tipo de intervenção cirúrgica. No entanto, os pacientes devem ser informados quanto ao risco eventual de cólica renal bem como medidas pre- ventivas a serem adotadas. Investigação clínica e retorno periódico com especialista na área deve ser fortemente recomendado aos pacientes para melhor controle evolu- tivo da doença.7 Terapia médica expulsiva - TME Os principais fatores associados à retenção de cál- culos no ureter incluem espasmo da musculatura lisa ureteral, edema submucoso e infecção urinária. Aliado a esses fatores, o sucesso da terapia conservadora depen- derá principalmente do tamanho e localização do cálcu- lo. Em estudo relatado por Coll et al. em 2002 foram analisados 172 pacientes com cálculos ureterais avalia- dos com tomografia computadorizada. De acordo com a localização foi observada taxa de eliminação de 48%, 60%, 75% e 79% para cálculos proximais, de ureter mé- dio, distal e no nível da junção ureterovesical respecti- vamente. Quando da análise pelo tamanho do cálculo, as taxas foram de 78%, 60%, 48% e 25% para cálculos inferiores a 4 mm, 5-7 mm, 7-9 mm e > 9 mm de diâme- tro respectivamente. Nenhum cálculo superior a 10 mm foi eliminado nesse estudo.12 Em estudo de meta-análise com 328 pacientes, Preminger et al. (2007) demonstraram que a taxa de eli- minação global foi de 68% para cálculos menores do que 5 mm em diâmetro e de 47% para cálculos entre 5-10mm. Neves et al. (2010) relataram em estudo ob- servacional de evidência clínica que cálculos inferiores a 5 mm em ureter distal estão associados a taxas de eli- minação espontânea que variam de 71 a 98%. Interven- ções cirúrgicas em geral são mais frequentes com cál- culos maiores do que 6 mm. O tempo de eliminação é variável, sendo que para cálculos menores do que 6 mm o tempo médio permaneceu entre 4-6 semanas com tra- tamento clínico associado. Sendo assim, cálculos ure- terais inferiores a 10 mm sem complicações associadas que indiquem intervenção cirúrgica, observação clínica periódica além de terapia para facilitar a eliminação do cálculo durante a observação, podem ser medidas indi- cadas inicialmente como opção terapêutica.3,6 É para este grupo de pacientes que surgiram, ao longo do tempo, algumas opções farmacológicas com o objetivo de facilitar a eliminação de cálculos – terapêutica médica expulsiva (TME) – particularmente na presença de litíase ureteral não complicada, ou seja, sem necessidade inequí- voca de derivação, sintomatologia controlável clinicamen- te, ausência de infecção, sem dilatação excessiva das vias excretoras, ausência de disfunção renal significativa e em situações nas quais o tamanho, forma e localização do cál- culo sejam favoráveis.1 Os medicamentos utilizados para facilitar a elimi- nação dos cálculos atuam basicamente no processo in- 443 Litíase urinária e endourologia flamatório da mucosa ureteral em torno do cálculo e no relaxamento da musculatura lisa do ureter por meio da inibição das bombas de canal de cálcio ou pelo bloqueio de receptores alfa-1 e 2-adrenérgicos.13 Tais agentes al- fabloqueadores, como tansulosina, doxasozina, alfusozi- na, entre outros, podem ser utilizados no relaxamento da musculatura lisa ureteral, principalmente em ureter dis- tal onde a concentração de receptores alfa-adrenérgicos é maior.10 Dentre essas drogas alfabloqueadoras a tansulo- sina na dose de 0,4 mg ao dia é a mais empregada e es- tudada.9,10 Os efeitos esperados dos alfabloqueadores são, além do aumento da taxa de eliminação, a redução do tempo de expulsão, redução dos episódios de dor e menor uso de analgésicos.9,14,15 A nifedipina, agente bloqueador de canal de cálcio que atua relaxando a musculatura lisa do ureter, pode também ser empregada como facilitadora na eliminação dos cálculos ureterais, mas estudos clíni- cos não demonstraram sua superioridade sobre a tansulo- sina.6 Quando indicada a terapia com alfabloqueadores, os pacientes devem ser informados sobre os seus efeitos adversos e sua indicação off-label.4 Em combinação com os agentes alfabloqueadores, os AINH devem ser empregados quando as condições clíni- cas do paciente permitirem. Diclofenaco sódico oral na dose de 100 a 150 mg/dia, cetorolaco trometamol (20 a 30 mg/dia) por 3 a 10 dias poderá auxiliar na redução da inflamação e do risco de dor recorrente.4,8,10 O uso de cor- ticosteroides em combinação com alfabloqueadores pode ser uma alternativa, porém, considerando-se o reduzido número de estudos comparativos não apresenta ainda evi- dências que suportem seu emprego como terapia medica- mentosa expulsiva.6,15 O período de observação e terapia medicamentosa ex- pulsiva ainda são controversos. Numa revisão recente de Porpiglia et al., a duração média de TME tem variado entre 10-45 dias, com taxas de eliminação espontânea díspares entre 33-100% e tempos médios de eliminação entre três a doze dias.16 Os guidelines preconizam avaliação perió- dica do paciente quando o cálculo é tratado conservado- ramente para monitorar a posição do cálculo e avaliação de hidronefrose. Se a eliminação não ocorrer dentro de 4 a 6 semanas, a intervenção cirúrgica provavelmente será necessária.4,6,10 Dissolução química dos cálculos A dissolução química dos cálculos como tratamen- to medicamentoso via oral é bem estabelecida para os cálculos de ácido úrico.6 A dissolução é realizada utili- zando secitrato ou bicarbonato de sódio com o objetivo de manter o pH entre 7,0 e 7,2. O alopurinol pode ser usado como tratamento adjuvante para prevenção de recorrência de cálculos de ácido úrico. Taxa de suces- so de até 86% em um ano foi descrita por Chugtai et al. (1992), com a estratégia de aumento do pH uriná- rio para cálculos de ácido úrico.17 Honda et al. (2003) também afirmam em seu relato que o uso de litotripsia extracorpórea com a alcalinização da urina (uso de ci- trato) pode diminuir o tempo para livrar pacientes com cálculos de ácido úrico.18 A dissolução química por meio de irrigação percutânea é pouco utilizada atualmente em função do caráter invasivo (necessidade de nefrostomia), custos e tempo prolongado de irrigação. O comprometimento das atividades por um longo período reduziu muito a aceitação pelos pacientes quanto a esse tipo de procedimento.19 Prevenção Medidas gerais Há muitos fatores envolvidos na litogênese, dentre eles estão os hábitos alimentares e o estilo de vida que envol- vem o ambiente em que o indivíduo está inserido.20 Talvez sejam os fatores de menor custo para intervenção na lito- gênese, já que dependem unicamente do policiamento do paciente em controlar sua dieta e manter hábitos de vida saudável. Ingestão de água Há vários trabalhos na literatura que associam a desi- dratação com a litíase urinária.21-23 O aumento da ingestão de líquidos, em especial a água, é o tratamento mais antigo para a litíase urinária, havendo recomendação de ingestão de líquidos suficientes para uma diurese de pelo menos 2 litros diários.24 O aumento da ingesta hídrica reduz a concentração uriná- ria do cálcio, oxalato e ácido úrico com a consequente redu- ção na supersaturação do oxalato de cálcio, fosfato de cálcio e ácido úrico, além de aumentar o clearance de cristais.20 Pro- gramas como o Equil2 podem simular mudanças na saturação com o aumento do volume urinário, mantendo constantes os outros parâmetros, mostrando a queda significativa na concen- tração dos componentes litogênicos. A urina altamente concentrada também pode diminuir o efeito dos principais agentes inibidores da litogênese (ci- trato e magnésio). Em estudo in vitro, Guerra et al. (2006) evidenciaram que a adição de citrato e magnésio em amos- tras de urina concentrada apresenta menor efeito na satura- ção de oxalato de cálcio em relação à mesma adição desses componentes em urina diluída.25 O aumento da ingesta hídrica com o consequente aumento do volume urinário pode diminuir o risco de litíase na população em geral em até 39%.20 Porém, ape- sar de ser um tratamento barato e de fácil acesso, o au- mento de ingesta hídrica não é obtido de maneira tão fácil, como mostram Parks et al. (2003) em seu traba- lho, com 2.877 pacientes, apresentando um aumento no volume urinário modesto (de apenas 0,3 l/dia).26 Portan- to, o médico assistente deve ser incisivo ao orientar seu paciente para a ingesta hídrica na prevenção da litíase urinária. 444 Outros líquidos Acredita-se que o consumo de suco de laranja e limão são fatores protetores contra a litogênese, já que esses sucos podem oferecer uma excreção urinária de citrato suficiente evitar a nucleação e agregação de cristais de oxalato de cálcio ou mesmo elevar o pH e oferecer prote- ção contra a formação de cálculos de ácido úrico, efeitos semelhantes à terapia com citrato de potássio. Wabner et al. (1993) demonstraram no seu trabalho que a ingestão de suco de laranja (1,2 litros/dia contendo 90 mEq de po- tássio e 160 mEq de citrato) foi semelhante à ingestão de cápsulas de citrato de potássio (60 mEq/dia) no aumento do pH e na mensuração do citrato urinário, porém o suco de laranja apresentou aumento da excreção de oxalato.27 Odvina (2006) também encontrou resultados favoráveis ao emprego de suco de laranja na prevenção da litogêne-se, mostrando que este pode aumentar a excreção urinária de citrato, entretanto o mesmo resultado não foi eviden- ciado com o suco de limão nesse estudo.28 Outros estu- dos, porém, apresentam benefício do consumo de suco de limão para o aumento da citratúria.29,30 O uso de outros líquidos para a prevenção da litíase uri- nária é controverso. Há evidências de que o uso de chá ver- de possa inibir a formação de cálculos de oxalato de cál- cio.31,32 Outros estudos ainda relacionam menores taxas de incidência de litíase com uso de café, vinho e cerveja.33,34 Já o uso de grape fruit juice, refrigerantes (principalmente bebidas à base de cola) e outros chás são associados com maiores taxas de litíase.33,35-37 Dieta/alimentos Proteínas Há vários estudos epidemiológicos que associam o alto consumo de proteína ao aumento da incidência de li- tíase.38-41 Porém, estudos randomizados associando dietas com baixo consumo de proteína animal não apresenta- ram resultados convergentes. Hiatt et al. (1996) randomi- zou 99 pacientes com o primeiro episódio de cálculo de oxalato de cálcio em um grupo com baixo consumo de proteína, alto consumo de fibras, 75 mg de purina (prin- cipalmente à base de proteína animal e leguminosas), su- plemento de farelo de trigo, frutas e legumes e um grupo controle, ambos os grupos foram aconselhados a manter um consumo adequado de água e cálcio. Ao contrário da hipótese inicial do trabalho, o grupo com baixo consu- mo de proteína, apresentou maior reincidência de litía- se após 4,5 anos de seguimento (12 pacientes no grupo que sofreu intervenção na dieta x 2 pacientes do grupo controle), apresentando risco relativo para recorrência 5,6 comparado ao grupo controle.42 Borghi et al. (2002) randomizaram 120 pacientes com história de cálculos de oxalato de cálcio no grupo 1 (dieta com teor normal de cálcio, redução no consumo de proteína animal e sal) e no grupo 2 (dieta com baixo teor de cálcio). O grupo 1 apresentou reincidência de cálculo sem 12 pacientes con- tra 23 no grupo 2 após um seguimento de 5 anos, com risco relativo de recorrência entre o grupo 1 de 0,49 para o grupo 2.43 Apesar de esses estudos apresentarem resultados opos- tos quanto ao consumo de proteína animal e incidência de litíase, ainda é recomendado o consumo moderado de proteína animal após um episódio de litíase, já que uma dieta com elevado teor proteico pode causar hipercalciúria, hiperoxalúria, hiperuricosúria e hipocitratúria.20 Sódio Há uma correlação direta entre o consumo de sódio e a calciúria. Existem dados que o aumento de 100 mmol de Na (2.300 mg) aumenta 1 mmol (40 mg) na excreção de cálcio urinário em indivíduos saudáveis e esse au- mento pode ser de até 2 mmol em indivíduos formado- res de cálculo de cálcio.44 Nouvenne et al. (2010) rando- mizaram 210 pacientes com história prévia de cálculos de cálcio de origem idiopática em um grupo controle (sem intervenção dietética) e no grupo intervenção (me- nor ingestão de sódio). Após três meses de acompanha- mento os pacientes do grupo com menor sódio na dieta apresentaram menores taxas de: sódio urinário, cálcio urinário e oxalato urinário.45 Borghi et al. (2002) tam- bém apresentaram resultados favoráveis para diminui- ção da taxa de reincidência de cálculos após intervenção na dieta com diminuição de proteína animal e sal na dieta.43 Portanto a restrição de sal deve ser recomendada a pacientes com história de litíase. Cálcio Estudos prospectivos em grandes populações apontam para uma menor taxa de litíase nos pacientes com maior aporte de cálcio na dieta.33,46 Acreditava-se que o aumento do cálcio na dieta poderia gerar um incremento na excreção do cálcio urinário, ele- vando assim a chance de formação de cálculos com esse componente. Porém, com a redução do cálcio na porção distal do intestino delgado, ocorre o aumento da absorção de oxalato e consequentemente hiperoxalúria. Portanto a restrição de cálcio na dieta de pacientes com história de litíase não está recomendada. Frutas e vegetais As frutas e vegetais apresentam benefício contra a for- mação da litíase urinária graças às características nutricio- nais e pela alta quantidade de líquido nesses alimentos. Meschi et al. (2009) mostraram, em seu relato, que nos indivíduos normais uma dieta privada de frutas e vegetais pode levar a diminuição da excreção urinária de potássio, magnésio, citrato e oxalato e em contrapartida pode au- mentar a excreção urinária de cálcio e amônia, levando a maior saturação de oxalato de cálcio e fosfato de cálcio. Nesse mesmo trabalho o autor também demonstrou que na formação de litíase em decorrência de hipocitratúria, a adição de frutas e vegetais à dieta, aumentou a excreção 445 Litíase urinária e endourologia urinária de citrato e diminuiu a saturação relativa de oxa- lato de cálcio e ácido úrico.47 Siener et al. (2003) demons- traram em seu trabalho que uma dieta predominantemente vegetariana com moderado consumo de carnes e alimentos contendo purina, e ingestão adequada de líquidos pode apresentar um menor risco de cristalização de ácido úrico comparado com uma dieta onívora.48 Obesidade Vários estudos têm destacado as alterações urinárias relacionadas ao paciente obeso49-53, alterações estas que fa- vorecem a formação de litíase urinária, como o aumento da excreção urinária de sódio, oxalato, cálcio e ácido úri- co. Taylor et al. (2005) demonstraram em seu trabalho um aumento do risco de nefrolitíase associado ao aumento de peso e a obesidade.54 Outra associação vista frequentemente no paciente obeso é a resistência a insulina e o diabetes tipo 2. Estudos apontam para uma correlação positiva entre resistência in- sulínica/diabetes tipo 2 e a formação de cálculos de ácido úrico.55,56 A etiologia para esta associação seria a dimi- nuição do pH urinário e alterações na aminogênese renal relacionados com a resistência insulínica. Medidas específicas Hipercalciúria No presente, a única terapêutica médica dirigida es- pecificamente para redução do cálcio urinário é o empre- go de diuréticos tiazídicos.57 Os tiazídicos diminuem a calciúria por atuarem tanto no túbulo proximal como no túbulo distal. A reabsorção acoplada entre o sódio e o cál- cio no túbulo proximal sugere que o volume do espaço ex- tracelular é um fator importante na reabsorção de cálcio. Portanto, em situações de diminuição do sódio extracelular ocorre maior absorção de cálcio e sódio pelo cotransporta- dor Na+Cl- proximal. Quando o espaço extracelular não se apresenta diminuído, o túbulo distal parece assumir um pa- pel predominante como indutor da hipocalciúria. Os me- canismos postulados nesse caso são: inibição da expressão do canal luminal NCC (Na+Cl--cotransportador), o que levaria a diminuição do sódio intracelular e consequente aumento da saída de cálcio (e entrada de sódio) via baso- lateral pelo canal NCX1; e inibição da expressão do canal TRPM6, o que leva à diminuição do magnésio intracelular e consequente liberação da inibição por este íon do canal TRPV5, que então reabsorve o cálcio.58 Os tiazídicos reduzem a excreção urinária de cálcio em aproximadamente 50-60% dos níveis de pré-tratamento. O efeito é notado entre 2-3 dias após o início do tratamento e se torna máximo após seis dias.57 A eficácia dos tiazídicos foi observada em seis ensaios clínicos prospectivos e randomizados. Em quatro desses estudos houve diminuição significativa da recorrência. Os resultados desses ensaios são consistentes com muitos es- tudos não randomizados, abertos, que totalizam aproxima- damente 6.600 pacientes-ano no tratamento da litíase asso- ciada a cálculos formados predominantemente por cálcio. Deve-se estimular a restrição concomitante de sódio e evitar hipocalemia durante o tratamento com tiazídicos, pela consequente reduçãona excreção de citrato. Efeitos colaterais como hipotensão arterial, fadiga, impotência, dislipidemia e intolerância à glicose podem diminuir a adesão ao tratamento.59 Os bisfosfonatos são drogas efetivas para o tratamento da osteoporose, que atuam por meio da inibição da reab- sorção óssea. Em trabalhos experimentais, com ratos gene- ticamente hipercalciúricos, a utilização de alendronato di- minuiu a calciúria e promoveu balanço positivo de cálcio.60 Em dois estudos clínicos em pacientes com nefrolitíase e hipercalciúria, o alendronato também foi capaz de reduzir a excreção urinária de cálcio.61 Entretanto, esses estudos foram de curta duração (< 1 ano) e mais pesquisas serão necessárias, principalmente em razão dos efeitos colate- rais (fraturas atípicas por exemplo) relacionados a essas medicações. Hipocitratúria O citrato é indicado nos casos de hipocitratúria, primá- ria ou secundária. Também diminui a saturação urinária em casos de hipercalciúria, ligando-se ao cálcio e forman- do complexos solúveis. Além disso, apresenta efeito alca- linizante, aumentando o pH urinário e a fração dissociada de ácido úrico, o que torna seu emprego recomendado na nefrolitíase úrica.62 O citrato é utilizado isoladamente ou em combinação com tiazídicos na litíase cálcica recorrente ou associada ao ácido úrico. Em quatro ensaios prospectivos e randomizados, re- duziu a recorrência da nefrolitíase. Esse mesmo resultado foi obtido em estudos não controlados. As preparações utilizadas foram citrato de potássio ou citrato de potássio magnésio, em doses de 30-60 mEq/dia. Entretanto, um estudo que utilizou citrato de sódio não mostrou eficácia quando comparado ao tratamento dietético, talvez em função da hipercalciúria rela- cionada ao sódio contido nessa formulação.57 O tratamento com citrato é seguro, com apenas alguns efeitos colaterais gastrointestinais (náuseas, pirose e diar- reia) reportados mais frequentemente. Deve-se evitar a al- calinização excessiva com o citrato, pois o aumento de pH urinário pode levar a precipitação e formação de cálculos de fosfato de cálcio. Litíase úrica O ácido úrico é o produto final da degradação de puri- nas em humanos. Em pH urinário ácido, a forma não dis- sociada do ácido úrico predomina e é pouco solúvel (ape- nas 96 mg/litro), podendo levar à cristalúria e à formação de cálculo renal, mesmo com taxas de excreção normais.62 Como o pH ácido da urina é o fator predominante no desenvolvimento de cálculos de ácido úrico, a alcalini- zação da urina é a forma mais eficaz para o tratamento de pacientes com nefrolitíase por ácido úrico. O citrato 446 de potássio exerce o seu efeito benéfico nessa condição clínica por meio de sua ação citratúrica e alcalinizante urinária. O aumento do citrato urinário retarda a nuclea- ção espontânea e a aglomeração de cristais de oxalato de cálcio. Além disso, ao aumentar o pH urinário, o citrato diminui o ácido úrico não dissociado na urina, tornando- se útil na prevenção de cálculos de ácido úrico. Em pacientes com nefrolitíase por ácido úrico (puro ou associado a oxalato de cálcio) tratados com citrato de potássio, em doses de 30-80 mEq/dia, o pH urinário e o ácido úrico não dissociado aumentaram e a formação de novos cálculos diminuiu de 1,20 para 0,01 cálculos/ano.57 A hiperuricosúria pode diminuir a solubilidade do oxalato de cálcio e aumentar a incidência de cálculos de oxalato de cálcio. O emprego de alopurinol (em do- ses de 300 mg/dia) reduziu a recorrência de nefrolitíase num ensaio clínico randomizado que analisou pacientes com nefrolitíase por oxalato de cálcio que apresentavam concomitantemente hiperuricosúria.63 Esse tratamento também deve ser considerado na urolitíase associada a hiperuricemia e gota. O alopurinol inibe a enzima xan- tina-oxidase, responsável pela conversão de xantina em ácido úrico. Os efeitos colaterais associados ao seu uso são pouco frequentes e incluem rash cutâneo, artralgias e mais raramente, eritema multiforme grave (Síndrome de Stevens-Johnson). Hiperoxalúria O oxalato, juntamente com o cálcio, está presente em aproximadamente 75% dos cálculos formados no trato uri- nário. Entretanto, a maioria dos pacientes com nefrolitíase apresenta excreção urinária de oxalato normal (abaixo de 35 a 40 mg/dia). A prevalência de hiperoxalúria nessa po- pulação varia em torno de 5%.62 O aumento da oxalúria torna-se significativo, com ní- veis de excreção acima de 100 mg/dia em duas situações clínicas: hiperoxalúria entérica (como a que ocorre em doenças intestinais disabsortivas ou inflamatórias ou ainda pós-cirurgia bariátrica) e nas hiperoxalúrias primárias, for- mas raras de doenças genéticas, de transmissão autossômi- ca recessiva, que se caracterizam por nefrolitíase recorren- te, nefrocalcinose e oxalose. Nessas situações clínicas, o tratamento farmacológico da hiperoxalúria é quase sempre empregado.64 Inicialmente recomenda-se elevada ingestão hídrica, dieta rica em cálcio e manutenção de níveis adequados de citratúria, por meio de intervenções dietéticas (su- cos cítricos, por exemplo) ou farmacológicas, como o citrato de potássio. Ainda, mais especificamente na hi- peroxalúria entérica, a dieta deve ser restrita em oxalato e gorduras. Na hiperoxalúria primária do tipo 1, causada pela de- ficiência da enzima alanina-glioxilato-aminotransferase (AGT), pode-se tentar a piridoxina, para aumentar a ati- vidade da AGT e diminuir a síntese endógena de oxalato. Em estudo com mais de 250 pacientes-ano, a piridoxina reduziu a hiperoxalúria em até 30% dos casos, mas a taxa de recorrência calculosa não foi relatada.57 Entre as alternativas de tratamento mais recentes, des- taca-se a manipulação da absorção intestinal do oxalato. Uma dessas estratégias é a utilização de bactérias que de- gradam o oxalato, como o Oxalobacter formigenes, que habita o cólon e reduz a concentração luminal com con- sequente absorção de oxalato. Alguns trabalhos têm de- monstrado que bactérias produtoras de ácido lático (Lac- tobacilos casei e Bifidobacterium brevis) também podem diminuir a oxalúria, aumentando a degradação de oxalato no lúmen intestinal. Além disso, substâncias quelantes do oxalato na luz intestinal, como o cloridrato de sevelâmer ou o carbonato de lantânio, mostraram-se efetivas em al- guns estudos.64 Cistinúria A dependência do pH urinário alcalino para a solubili- dade da cistina foi demonstrada há vários anos. No entan- to, a terapia alcalina quando empregada isoladamente tem eficácia limitada. Isto porque, em função do pKa elevado da cistina (em torno de 7-8), a dose do álcali necessária para solubilização é muito alta, o que predispõe o paciente a formação de cálculos de fosfato de cálcio.65 A solubilidade da cistina com pH urinário 7 é de apro- ximadamente 250-300 mg/L. Portanto, os objetivos da te- rapia de hidratação são volumes de urina superiores a 3 L/d. Essa meta pode exigir a ingestão de 4-4,5 L de água por dia. Em pacientes portadores de cistinúria, com concen- tração urinária de cistina acima de 500 mg/litro ou com formação de novos cálculos sob tratamento conservador, recomenda-se o uso de agentes quelantes. Essas substân- cias interrompem as pontes dissulfídicas da molécula de cistina, gerando duas moléculas de cisteína, com quem formam um composto muito (50x) mais solúvel.66 A mais efetiva é a D-penicilamina (dimetil-cisteína). Porém, esta medicação apresenta vários efeitos colaterais graves, como agranulocitose, trombocitopenia, síndrome nefrótica e pênfigo, que levam à interrupção do tratamento na maioria das vezes. Alternativamente, pode-se utilizar a Į-mercaptopropionilglicina (tiopronina), que possui me- nos efeitos adversos. Em alguns estudos, o tratamento com a D-penicilamina ou com a tiopronina diminuiu significa- tivamente a recorrênciacalculosa em até 32-65%, quando comparado a terapia com hidratação e administração de compostos alcalinos.57 Infecção urinária (cálculos de estruvita) Os cálculos coraliformes são compostos por fosfato amoníaco magnésio (estruvita). Muito raramente, podem ser formados por cistina ou por ácido úrico. Constituem fonte de morbidade e de doença renal crônica.62 Em nosso meio, aproximadamente 4,5% dos pacientes, em sua maio- ria mulheres jovens portadoras de cálculos de estruvita, 447 Litíase urinária e endourologia são submetidas a nefrectomia.67 O tratamento exclusivamente médico dos cálculos de estruvita raramente é bem-sucedido. As bactérias vivem dentro de interstícios do cálculo, onde os agentes anti- microbianos não podem penetrar, e criam um ambiente persistentemente alcalino, promovendo o crescimento da pedra. Portanto, os cálculos de estruvita devem ser removidos totalmente, principalmente os de grande vo- lume, já que núcleos remanescentes podem causar reci- divas precoces. Preconiza-se antibioticoterapia pós-re- moção por 3-4 meses, acompanhada de uroculturas de vigilância. Na impossibilidade de remoção ou retirada completa do cálculo, o ácido aceto-hidroxâmico (Lithostat®) pode diminuir a precipitação de estruvita. Esta droga causa inibição irreversível da enzima urease e, portanto, ate- nua o aumento do pH urinário e da formação de NH4. Entretanto, apresenta vários efeitos colaterais graves (palpitações, edema, náusea, vômitos, diarreia, cefaleia, alucinações, rash, anemia e reticulocitose, felizmente reversíveis), que levam à interrupção do tratamento em até 70% dos casos.65 Acidose tubular renal distal (ATRd) O objetivo do tratamento na ATRd consiste não só na correção das alterações bioquímicas, mas principalmente na prevenção da nefrolitíase, da nefrocalcinose e da insu- ficiência renal.68 A ATRd é tratada com alcalinizantes à base de bicarbona- to de sódio ou de citrato de potássio, que corrigem a acidose metabólica, a hipocalemia, a hipocitratúria e a hipercalciúria. Se o uso de alcalinizantes não reduzir a hipercalciúria, pode-se adicionar a administração de tiazídicos.69 A correção da hipercalciúria é mandatória, mesmo em presença de excreção urinária adequada de citrato. O ci- trato pode melhorar a saturação urinária para o oxalato de cálcio, mas não reverte a tendência para a saturação renal do fosfato de cálcio. A monitoração da calciúria, por meio- da relação cálcio/creatinina em amostra de urina e/ou dos níveis de cálcio na urina de 24 horas, é importante para a avaliação do tratamento. Referências 1. Neves T, Monteiro P, Canhoto A, et al. A terapêutica médica expulsiva na litíase do aparelho urinário. Acta Urol, 2010 Dez;4:43-48. 2. Claros OR, Silva CHW, Consolmagno H. et al. Current practices in the management of patients with ureteral calculi in the emergency room of a university hospital. Clinics 2012,67(5):415-18. 3. Preminger GM, Tiselius HG, Assimos DG et al. 2007 Guideline for the Management of Ureteral Calculi. EurUrol 52 ( 2007) 1610–1631. 4. Bultidude M. Rees J., Management of renal colic. BMJ 2012;345:e5499. 5. Stoller ML, Meng MV. In Urinary Stone Disease: the practical guide to medical and surgical management. Humana Press. 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