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Cap. 7 - O problema do estresse no esporte.pdf

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178 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
São Paulo: Livros Abril/Circulo do Livro, 1981, p. 100-109 
5. L ETTNER , H . W. e RANGE , B.P. M a n u a l de p s i c o t e r a p i a c o m p o r t a m e n t a l . São 
Paulo: Editora Manole Ltda., p. 210,1988. 
6. Lundin, R. W. P e r s o n a l i d a d e , u m a análise do c o m p o r t a m e n t o . São Paulo: Epu -
Editora Pedagógica e Universitária Ltda., p. 3, 9,19,1977. 
7. SHELDON , W. H . e STEVENS , S. S. V a r i e t i e s of t e m p e r a m e n t . New York: 
Harper e Brothers, 1942. 
Capítulo 7 
O PROBLEMA DO ESTRESSE NO ESPORTE 
Estresse, esse é o meu maior i n i m i g o 
Ajo-ton Seima 
Objet ivos 
Ao terminar de estudar este capítulo, você estará habilitado a: 
1 . entender como um organismo aprende a se estressar reagindo 
psicofisiologicamente a um estímulo estressante; 
2. compreender como um organismo estressado também pode estressar 
o ambiente; 
3. admitir que o indivíduo e o ambiente atuam sinergicamente, isto é, 
•. ambos se influenciam mutuamente; 
4. reconhecer que o sistema sócio-bio-psicológico de uma pessoa se toma 
anômico, podendo chegar à uma neurose psicossocial; 
5. aceitar que os atíetas, por terem personalidades diferentes, reagem 
diferentemente aos estímulos estressantes: para alguns os estímulos serão 
ameaçantes e para outros não; 
6. saber que alguns atletas se adaptam muito bem aos estímulos 
estressantes e outros não; 
7. discriminar o conceito de estresse em relação a outros conceitos; 
8. considerar que existem vários tipos de estresse: biológico, psicológico, 
social, físico; 
9. estimar que os estímulos estressantes desencadeam respostas 
180 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
estressantes do organismo que, em seguida, se transformam em estímulos, 
determinando outras respostas e assim por diante; 
10. lembrar que a concepção inicial do estresse biológico foi formulada 
por Caimon, sob o conceito de "homeostase", baseado em Claude Bernard nos 
estudos do " m i l i e u interior"; 
11. que foi com Claude Bernard que surgiu a visão do "milieu interior", 
segunda a qual o organismo se mantinha constante apesar das alterações do 
meio externo; 
12. apreciar que segundo Tubino, para cada estímulo ambiental 
estressante há uma resposta orgânica imediata; 
13. consignar que foi através de H . Selye que se estabeleceu o conceito 
de estresse dentío de uma visão endocrinológica e que se criou um paradigma 
de pesquisa, que foi amplamente popularizado; 
14. acatar a afirmação de Selye, influenciado por Cannon, que o eixo 
"hipófise-córtex-supra-renal" seria a base da reação do estresse endócrino; 
15. considerar a importância da SGA-síndrome geral de adaptação de 
Selye; 
16. consagrar as mais diversas respostas estressantes de um organismo: 
afetivas, motoras, cognitivas, fisiológicas e comportamentais; 
17. perceber na "curva do U invertido" as relações entre os níveis de 
ansiedade e o desempenho e a natureza da tarefa; 
18. visualizar o estresse como um processo; 
19. estudar as teorias do estresse.segtmdo as concepções de Levy, Lazarus 
e Launier, Nitsch e Hackfort, Spielberger, Yerkes e Dodson. 
P a l a v r a s - c h a v e s : feed-back, psicossomático, anomia, adaptação, 
ansiedade, conflito, ácido clorídrico, úlcera péptica, homeostase, " m i l i e u 
interior", constrição periférica, vasodilatação esplénica, metabolismo, 
inespecifidade do estímulo, timo, córtex supra-renal, duodeno, SAG, hipófise, 
tecido timolinfático, catabolismo, glicocorticóide, cortisol, catecolaminas, neuro-
humoral, hipotálamo, fator, adeno-hipófise, síndrome de pânico, resposta 
desadaptativa, esfíncteres, paralisia motora histérica, cegueira histérica, bloqueios 
mentais, eosinófilos, 17 cetosteróides, resposta psicogalvânica da pele, ilusão de 
ótica, fragmentos merunônicos, b u r n - o u t , pletismógrafo, curva do U invertido, 
p s y c h i n g u p , c l u t c h performer, doença, filogenético, ontogenético, visão hohstica 
Capítulo 7- 181 
Introdução 
Antes de entrarmos no próximo capítulo sobre a neurose no esporte, é 
da maior importância entendermos como um organismo, humano ou animal, 
aprende a reagir, psicofisiogicamente, aos estímulos estressantes do ambiente, 
como o ambiente vai ser atingido por esse mesmo organismo e, como, 
conseqiientemente, a neurose passa a ser uma resultante desse processo. 
Vamos à seguinte figura diagramática do autor: 
Figura 7.1 
Modelo de interação pessoa-meio ambiente 
Meio 
Ambiente Pessoa 
A simbiose do indivíduo, como um sistema psicossomático, com o 
sistema sócio-ambiental e dentro de um processo contínuo de feedback ou 
retroalimentação de estímulos e respostas, vai gerar conseqiiências nos seus 
ecossistemas sócio-psicológicos. Ambos se atingirão reciprocamente. O 
ambiente violando o equilíbrio psicossomático do organismo e este por sua 
vez rompendo o equilíbrio sócio-ambiental, desencadeando uma total desordem 
ou entropia entre si. Quando isso se dá, o sistema sócio-bio-psicológico se toma 
anômico e pode chegar ao patamar de uma neurose psicossocial. Imaginemos, 
não só o confronto entre um organismo e o seu meio e vice-versa, mas milhões 
de indivíduos tentando adaptar-se ao seu ambiente, respondendo a ele com 
centenas de formas comportamentais, ajustadas ou não, e aquele com miríades 
de situações estressantes atingindo milhões de indivíduos, num processo 
recíproco contínuo, sem limite de tempo. Seguindo este raciocínio acredito que 
no próx imo milénio a sociedade terá pela frente o grande desafio do 
agravamento das neuroses - desde uma simples ansiedade até a formação de 
estados agressivos, depressivos, hipocondria, síndrome do pânico, psicopatia, 
histeria, crimes passionais, vandalismo, traficância, cormpção, desintegração 
da família, perda da auto-estima e dos princípios éticos. Tanto o organismo 
biopsíquico como o sistema sócio-ambiental serão vítimas, também, da própria 
auto-desorganizaçâo, como afirmaria E . Durkheimer, citado por Rodrigues 
(1984), no seu conceito de anomia psicossocial. 
182 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
O campo esportivo aparece-me como um orgaiiismo psicossocial seletivo. 
A sua população é integrada de indivíduos que com uma boa genética e uma 
educação sócio-emocional, coriseguiram sobreviver às dificuldades adaptativas 
iniciais do estresse psico-sócio-ambiental. Ao ultrapassar essa primeira etapa 
de adaptaçãi psicossocial, as situções estressantesacabam por se integrar a um 
outro contexto, psicossocial-esportívo que, mesmo sendo uma pequena amostra 
sócio-ambiental, apresenta, também, grandes desafios a serem ultrapassados, 
também relacionados ao estresse, só que esportivo-competitivo. Os atletas 
sobreviventes, como simples orgarusmos psicobiológicos, teriam que passar 
por outros processos seletivos, isto é, sobrepujar, mais ainda, uma grande 
variedade de situações multi-estressantés, tomando-se ou não mais aptos na 
conquista das suas excelências atléticas. Estamos diante de uma corrida para a 
elite esportiva, em relação à seleção dos mais aptos e à sobrevivência dos atletas 
mais capazes, que poderão ou não alcançar o pico da pirâmide. No trabalho 
com atletas de alto rendimento, os psicólogos esportivos visam mais os atíetas 
que apresentam dificuldades e resistência em alcançar a excelência, do que, os 
que apresentam sérios impedimentos de suporte psicológico anti-estresse. E 
não conseguem atingir, ainda, de forma natural, como outros atletas mais 
idóneos biopsicologicamente, o sobrepujamento espontâneo dos fatores auto e 
hetero estressantes. 
Como foi dito no capítulo do estudo da personalidade, os atletas, como 
indivíduos são diferentes nas suas reações ao meio ambiente. Como afirmaram 
Samulski et al. (1996) "fica claroque sob estímulos iguais as pessoas diferentes 
reagem distintamente e a mesma pessoa em diferentes situações reage de forma 
diferenciada". Em relação aos diferentes tipos de estresse ambiental, uma pessoa 
reagirá segundo a sua susceptibilidade e tolerância a esses estímulos, como 
traços da sua personalidade. Heimstra e McFarling (1978), nos seus estudos 
sobre Psicologia Ambiental, assim se refere: "Situações percebidas por uma 
pessoa como ameaçadoras, poderão sê-lo de forma diferente por outras, e 
mesmo que todos os indivíduos percebessem a situação de forma semelhante, 
fatores de personalidade e experiências anteriores determinariam em grande 
parte a reação ao estresse apresentado". Segundo os autores, na repetida 
exposição a tima situação pode ocorrer o fenómeno da adaptação. Mas nem todas 
as pessoas conseguem se adaptar aos vários tipos de esfa-esse ambiental, em função 
de uma frágil estrutura biopsicológica ou de uma educação deficiente. 
Os indivíduos atingidos pelo estresse sócio-ambiental também passam 
a agredir o ambiente, como forma de reduzir a tensão e de procurar por todos 
os meios uma condição de auto e hetero ajustamento. A procura de esportes 
competitivos é uma forma de reequilíbrio emocional. Mas quando o esporte 
Capítulo 7« 183 
não está presente como forma canalizadora de tensões e agressividades, outros 
caminhos podem ser usados como fontes atenuantes de emoções, como o 
trabalho, a cultura da arte, da música, do corpo e do lazer e centenas de outras 
maneiras. Mas o fato é que a sociedade se ressente das poucas alternativas 
oferecidas pelos governos e iniciativas particulares, principalmente em relação 
às camadas mais pobres da população. Em consequência, a sociedade, como 
parte do ambiente, é atingida por manifestações de violência das mais 
diversificadas. As s im um processo progressivo, estabelece um circuito 
neurótico, difícil de ser rompido: o ambiente como fonte de ameaça e o indivíduo 
como resposta a essa ameaça, sendo subjugado ou reagindo violentamente 
contra o ambiente, como modo de defesa adaptativa. Uma relação recíproca 
de trocas de auto e hetero ajustamento bio-sócio-psicológico se processa. E essa 
interação aparece muito nos contextos esportivos, resultando muitas vezes em 
desajustamentos emocionais. 
O conceito de estresse 
O conceito de estresse se confunde muito com outros conceitos 
psicológicos, como ansiedade, tensão e conflito, utilizados como referência 
por muitos estudiosos da matéria. Os estudos nesse campo distinguem 
frequentemente, duas espécies de estresse: o estresse orgânico ou biológico e o 
psicológico. O primeiro foi introduzido nas ciências biológicas por H . Selye. O 
estresse orgânico resulta basicamente de uma situação na qual os tecidos de 
um organismo reagem a determinados tipos de estímulo nocivo ou são por 
eles danificados. Heimstra et al. (1978) citando Selye, referem-se a estas 
condições de estimulação nociva como causadoras de estresse biológico. Assim, 
o estresse orgânico é definido como a reação do organismo (resposta) aos 
causadores de estresse (estímulo). Um exemplo seria a ação do ácido clorídrico 
como estímulo estressante e a úlcera péptica como uma resposta a esse estimulo 
que, por sua vez, pode também se transformar num estímulo estressante, 
determinando dores intensas no indivíduo que, então irá responder a esse 
estímulo, provocando o alivio da dor e assim por diante. Portanto, pelo exemplo 
acima, podemos considerar o estímulo estressante como vim conceito 
ambivalente , podendo ser, ao mesmo tempo, es t ímulo e resposta, 
desencadeando irnia sucessão contínua de estímulos e respostas orgânicas. 
Como estresse psicológico, temos como exemplo, a ansiedade que, como um 
fenómeno emocional (estímulo), pode produzir no organismo a secreção do 
ácido clorídrico (resposta) e esta, na função de estímulo estressante, pode 
provocar uma úlcera estomacal (resposta), que por sua vez pode se transformar 
184 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
num estímulo estressante, desencadeando no organismo dores generalizadas 
(respostas) e, estas como estímulo, vão atingir o indivíduo como um todo, 
desajustando-o nas suas relações com o ambiente. Torna-se muito clara para 
nós, a formação contínua de um circuito de estímulos e respostas, fixados numa 
circularidade psicorgânica. Por esse motivo, o conceito de estresse é multivariado, 
como fenómeno psicofisiológico, sendo muito rico nas suas manifestações. Mais 
adiante, iremos abordar com mais detalhes o estresse psicológico. 
A concepção inicial do estresse biológico foi formulada por Cannon em 
1914 e em 1929, quando o analisou sob a diferenciação da concepção do 
equilíbrio biológico; ou seja, sob o conceito de homeostase, calcado em Claude 
Bernard, segundo sua concepção de "milieu interior" (ambiente interno): o 
equilíbrio interno do organismo se mantém constante apesar das alterações do 
meio externo. Samulski et cols. (1996) asseveravam que Cannon não tinha a 
menor dúvida quanto a reação de emergência do organismo frente ao estímulo 
estressante, como forma de mobilização de energia para a restauração da 
homeostase. A homeostase, segundo Dantas (1995), é um fenómeno biológico 
subordinado ao princípio da adaptação nas suas relações com o meio ambiente, 
e também com relação ao próprio organismo em si. Assim definiu-a: "A 
homeostase é o estado de equilíbrio instável mantido entre os sistemas 
constitutivos do organismo vivo e o existente entre este e o meio ambiente". O 
autor afirmou, ainda, que quando a homeostase é perturbada, o organismo 
dispara um mecanismo compensatório que procura restabelecer o equilíbrio, 
acarretando uma resposta adaptativa do organismo. Por exemplo, se a 
temperatura baixar de repente (egtímulo), o organismo sofrerá uma 
vasoconstrição periférica e uma vasodilatação esplénica , acompanhadas de 
um aumento do metabolismo (respostas). Como asseverou Tubino (1979) "para 
cada estímulo ambiental estressante há uma resposta orgânica imediata". 
Conforme os estudos de Albert e Ururahi (1997), o estresse biopsicológico 
resultaria numa resposta psico-fisio-comportamental de um organismo frente 
a um estímulo ambiental. Os autores o definiram como um conjunto de reações 
físicas e mentais, resultante de agressões recebidas do meio ambiente. Citando 
Selye (1946), reforçaram que nem todos os estados de estresse ou de homeostase 
são nocivos e desajustantes. Quando cunhou os termos "eustresse" e "distresse", 
Selye acreditava que os estados suaves, breves e controláveis da homeostase 
ameaçados, poderiam, realmente, ser percebidos como prazerosos ou excitantes 
e representariam estímulos positivos ao crescimento e desenvolvimento físico, 
emocional e intelectual; sobretudo nas competições esportivas, o que 
chamaríamos de "eustresse" — um estresse positivo. Se não houvesse no 
estresse esportivo um certo prazer, o esporte nunca seria competitivo e, sim, 
uma atividade só de lazer. 
Capítulo 7» 185 
A Concepção Biológica do Estresse e a SGA segundo H. Se lye 
Deve-se a Selye (1946) três aspectos básicos: a apresentação do conceito 
e estresse dentro de uma visão endocrinológica, a criação de um paradigma 
e pesquisa e a popularização desse fenómeno. 
Inicialmente, segimdo Samulski et cols. (1996), citando Selye (1946), o 
ande pesquisador estava à procura de um hormônio responsável pelo 
f-iômeno em questão. Verificou, então, que diferentes eshmulos prejudiciais 
b corpo provocavam a mesma síndrome (inespecificidade do estímulo): 
êdução do timo, aumento do córtex supra-renal, hemorragia do estômago e 
o duodeno. Interessava-se pelo processo fisiológico ligado à síndrome 
"orfológica, donde derivou as três fases temporais, denominadas síndrome 
éral de adaptação — S.G.A. 
í Selye (1946), já citado, foi muitoinfluenciado por Carmon (1914,1929), 
nsiderando que o eixo hipófise-córtex supra-renal seria a base da reação do 
tresse endócrino. Observou que os hormônios glicocortícóides, principalmente 
cortisol, eram os maiores responsáveis pela reação de emergência do 
rganismo, associados às catecolaminas — adrenalina e noradrenalina 
cretadas pela medula supra-renal. 
A chave para o progresso das pesquisas sobre estresse deveu-se a três 
portantes indicadores: o aumento do córtex supra-renal, a atrofia do tecido 
imolinfático e a úlcera estomacal (Selye, 1981: 164). Estas três reações do 
rganismo tornaram-se as bases científicas para os estudos sobre o fenómeno e 
assaram a ser o fundamento do conceito global de estresse. Esta reação global 
oi descrita pela primeira vez por Selye (1936), com o título " A syndrome 
roduced by diverse nocuous agents", que viria a ser conhecida, mais tarde, 
ob o título de "Síndrome Geral de Adaptação" ou síndrome do estresse 
-biológico, evidenciando a reação de alarme como tuna força manifesta de defesa 
!ral do corpo. 
A s principais fases da síndrome geral de adaptação (SGA) e suas 
diferenciações são: 
1. Reação de alarme: fase de excitação 
2. Fase de resistência: fase de adaptação 
3. Fase de exaustão ou esgotamento: fase de dano 
1 . Reação de a l a rme 
Um organismo exposto a um estímulo prejudicial pode desencadear esta 
primeira reação de emergência. Durante essa fase de enfrentamento adaptativo 
186 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Allo Rendimento 
do organismo ao estresse, aparece uma série de reações fisiológicas, como a 
elevação de concentração do sangue (hemoconcentração) , e também o 
metabolismo de degradação celular (catabolismo). A reação dos glicocortícóides 
liberando o cortisol e a secreção das catecolaminas adrenalina e noradrenalina 
entram em cena com grande produção hormonal. Essa fase não é permanente 
porque o organismo não suportaria e poderia, até, entrar numa condição de 
morte iminente; porém resistente e sábio, entrará numa fase temporal de 
resistência e adaptação como forma de defesa. 
2 . F a se de res istência 
Esse estágio aparece em função da ação prolongada do estressor, como 
uma forma de adaptação do organismo ao processo de reação biológica de 
defesa. Como afirmou Davidoff (1983), quando um animal luta para eliminar 
uma causa estressante específica, o seu corpo permanece altamente desperto e 
resistente por um certo tempo, nvim processo de alta emergência de fuga ou de 
luta. Como assinalou Tubino (1979), esta é uma fase em que o organismo utiliza 
canais de defesa adequados e se adapta por um certo tempo. Segimdo ele, é a 
fase mais importante do treinamento desportivo, em termos de adaptação ao 
estresse dos treinamentos árduos e competições fortes. 
3. F a se d a exaustão 
O corpo não pode manter indefinidamente a resistência em relação à 
adaptação e, gradualmente, vai mostrando sinais de exaustão. Depois que a 
atividade nervosa simpática esgotou seu suprimento de energia, a atividade 
parassimpática passa a ser a encarregada. As atividades do corpo tornam-se 
mais lentas e podem até cessar. Se a causa estressante continuar, a vítima 
desgastada terá grande dificuldade em seu comportamento agonístico. A esta 
altura, a tensão contínua levará o organismo a problemas biopsicológicos, 
incluindo sintomas de esgotamento, enfermidades psicossomáticas, neuroses, 
precipitação de psicoses, moléstias físicas e até à morte. 
O mecan i smo neuro-hormora l do estresse 
Este mecanismo vai ligar dois sistemas: o SNC - sistema nervoso central 
(caminho neural) e o SE - sistema endocrinológico (caminho neuro-hormonal). 
O caminho neural começa com os receptores sensoriais atingindo diversas áreas 
do cérebro acopladas umas as outras através de mecanismos de feedback e 
Capítulo 7» 187 
termina nos efetores da periferia do corpo. O sistema das glândulas endócrinas 
^ vai influenciar os órgãos efetores através da corrente sanguínea, onde a ação é 
mediada por hormônios e estes têm uma função básica de mensageiro de 
informações e na regulação dos processos orgânicos. Ambos os sistemas são 
interdependentes. Vamos ao esquema figurativo deste mecanismo neuro-
hormonal: 
Figura 7.2 
Mecanismo Neuro-Hormonal 
CÓR T E X 
C E R E B R A L 
HIPOTÁLAMO 
(Zona hípofisiotrópica/ 
Zona vegetativa) 
C R F 
LOBO ANTER IOR 
DA H I PÓF I S E 
(Adenohlpòlise) 
S IST . N E R VO SO 
VEGETAT IVO 
(Simpático) 
ACTH 
C Ó R T E X 
SUPRA -R ENAL 
MEDULA 
SUPRA -R ENAL 
Cortisol 
Ó RGÃO S 
R E F L E T O R E S 
Adrenalina 
Fonte: Nitsch (1981) citado por Samulski e cols. (1996) 
Nitsch (1981) considerou que existem, provavelmente, alguns eixos que 
participam da reação fisiológica do estresse. Estes eixos seriam: 
1. Eixo hipotálamo-hipófise-córtex supra renal 
2. Eixo hipotálamo-medula supra-renal 
1 . Eixo hipotálamo-hipófise-córtex supra-renal segundo H . Selye e 
Guyton 
A concepção de Selye (1946) estabeleceu que um determinado grupo de 
células do hipotálamo libera uma substância denominada "fator" —hormônios 
188 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
hipotalâmicos de liberação ou inibição — o que é transportada através do 
sistema hipotalâmico-hipofisário para o lobo anterior da hipófise (Guyton,1989) 
,indo estimular a adeno-hipófise através do hormônio de liberação da 
corticotropina (CRF); esta, por sua vez, induzirá a adeno-hipófise à liberação 
do hormônio adrenocorticotropina (ACTH) . Este hormônio provocará a 
secreção de hormôivios córtico-supra-renais pelo córtex supra-renal, em especial 
os hormônios glicocortícóides. Dentre estes hormônios destaca-se o "cortisol", 
Segxmdo Guyton (1989), citado por Samulski e col. (1996) 95% de toda atividade 
glicortícóide são representados pelo cortisol. O co-produto deste hormônio pode 
ser verificado nos exames de sangue e de urina e é considerado o maior 
indicador de estresse. 
2. Eixo hipotálamo — medula supra-renal 
A medula supra-renal se localiza na parte central da glândula e corresponde 
a 20% do seu todo. Funciona em conexão com a atividade nervosa simpática, na 
secreção dos hormônios adrenérgicos e noradrenérgicos. Essa matéria foi muito 
estudada por um grupo de cientistas, coordenado por Levy (1972). 
O mecan i smo psicológico do estresse 
O estresse psicológico, sendo diferente dos fatores físicos de estresse e 
do estresse orgânico, envolve outros fatores como seus causadores. Appley e 
Trumbull (1967), citados por Heimstira e McFarling (1974), enfatizaram que as 
condições de estímulo envolvidas no estresse psicológico "são caracterizadas 
como experiências novas, intensas, de alteração rápida, súbitas ou inesperadas, 
chegando às vezes ao limiar de tolerância". Ao mesmo tempo, o déficit de 
estímulos, a falta de estímulos esperados ou, mesmo, uma estimulação 
altamente persistente aliada a condições causadoras de fadiga e tédio, entre 
outros, também têm sido descritos como fatores causadores de estresse. 
Possivelmente, estímulos alucinógenos e oubros que elidam reações conflitantes, 
podem também desencadear o estresse. 
Podemos conceber muitas situações potencialmente causadoras de 
estresse psicológico. Lazarus (1966), nomeado por Heimstra e McFarling (1978), 
já afirmou "que a análise do estresse psicológico distingue-se de outros tipos 
de análise em função da variável ocorrente de ameaça". Esta ameaça implica 
em um estado de reação, no qual o indivíduo antecipa um confronto com uma 
condição prejudicial de alguma espécie. Essa antecipação de dano futuro resulta 
em estresse psicológico. É irrelevante a situação ser ou não realmente prejudicial, 
o que importa é a pessoa percebê-la como ameaçadora. 
Capitulo 7» 189 
Vários tipos de respostas têm sido usados como índice de estresse. 
Lazarus(1996), citando ainda Heimstra e McFarling (1978), sugeriu que essas 
variáveis dependentes se enquadravam em quatro categorias, somadas a outras 
entidades psicológicas descritas pelo autor deste trabalho: 
1. distúrbios afetivos: ansiedade, cólera, depressão, fobia, compulsões, 
•histerias, síndrome de pânico e muitas outras respostas desadaptativas de fundo 
neurótico; 
,f 2. reações motoras: tensão muscular, distúrbios da fala, expressão de 
tensões faciais, postura de contração corporal, perda do controle dos esfíncteres, 
descoordenação psicomotora, paralisias motoras histéricas, tremor manual, 
tiques nervosos, cegueira histérica, etc; 
3. respostas cognitivas: alteração da percepção visual, pensamentos 
negativos, julgamentos inadequados da realidade, dificuldades na resolução 
de problemas, desadaptação da percepção social, bloqueios mentais e 
transtorno da memória; 
4. respostas fisiológicas e psicofisiológicas: alterações na composição do 
sangue (aumento de eosinófilos), elevações na taxa de 17 cetosteróides na urina, 
alterações no funcionamento da glândula supra-renal, aumento e diminuição 
físicos das glândulas, alterações na taxa cardíaca e reações psicogalvâiucas da 
pele. 
Reforçando este quadro, podemos destacar, ainda, com detalhes, outras 
respostas desadaptativas ao estresse, no caminho da fase de resistência para a 
de exaustão, mencionado por Wenzlawek e por Gabler e cols. (1979), citados 
por Hongler (1988): 
1 . transtorno da percepção física: perturbação da visão e do canal 
auditivo, aumento das respostas palpebrais e das pestanas, de forma contínua; 
2. transtorno da percepção visual: ilusão de ótica, interpretações erradas 
das mensagens recebidas, bloqueio da capacidade de percepção e alucinações; 
3. transtornos da coordenação: forte diminuição da precisão e redução 
sensível da coordenação dos movimentos; 
4. transtornos da atenção e da concentração: perturbação das capacidades 
de reação e decisão; 
5. transtornos da reflexão: lembrança de fragmentos mnemónicos 
prejudicando o raciocínio lógico e a compreensão global das relações de causa 
e efeito; 
6. transtornos da decisão e do controle individual: diminuição do desejo 
de decidir, perda progressiva do controle de si próprio, reações de resistência 
a qualquer atividade e riso descontrolado; 
7. transtornos das relações sociais: expressam-se por falta de atenção 
190 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
para com os membros do grupo, predomínio das tendências egocêntricas e 
pronunciado distanciamento das pessoas. 
Podemos perceber que todas estas respostas orgânicas e psicogênicas 
desadaptativas são consequências dos estímulos estressores do ambiente social 
somados às predisposições neurofisiológicas do indivíduo, podendo levá-lo, 
inapelavelmente, à condição de neurose. Como vimos, os estímulos e as 
respostas se confundem, tornando-se ambivalentes - em dado momento, um 
estímulo pode ser estressor e, em outro, apresentar-se como uma resposta 
estressora. Por exemplo, uma perda afetiva por morte ou separação (estímulo) 
pode provocar um estado de depressão (resposta) que, ao mesmo tempo, se 
torna um estímulo para a perda de apetite ou anorexia (resposta) e esta, como 
estímulo, pode levar o indivíduo a rejeitar qualquer tipo de alimento. Nosso 
atleta, nestas condições, pode ser vítima de todo esse sistema de circularidade 
biopsicossocial desadaptativa, afastando-se, de vez, das metas competitivas. 
P rob l ema s s ó c i o - amb l en t a í s bás i cos como c a u s a do r e s do 
est resse 
O homem levou uma grande bagagem de tipos de estresse — estímulos 
e respostas — do século XX para o século XXI . Dentre os tipos de estresse sócio-
ambiental que hoje enfrentamos, podemos considerar: super-população, falta 
de espaço, pobreza urbana, deterioração educacional, serviços de saúde 
inadequados, crimes, discriminação racial, assaltos, corrupção, fragmentação 
da família, conflitos familiares e entre vizirúios, desemprego, o poder das 
drogas, a traficância, a prostituição infantil, a onda generalizada de filmes 
pornográficos infantis, a roubalheira e a corrupção nas altas esferas das 
instituições públicas e esportivas, além de fatores ambientais, como poluição 
do ar, da água e muitos outros. Tudo isso acaba por comprometer o desejável 
equilíbrio de adaptação entre o homem, a sociedade e o meio ambiente, no que 
diz respeito à Psicologia e a Moral e Ética. 
Como foi colocado anteriormente nesse capítulo, quando o atleta 
consegue superar como pessoa todos esses obstáculos, sem comprometer sua 
saúde bio-psicológica, já terá cumprido a primeira etapa de adaptação, sob o 
princípio da seleção dos mais aptos, na direção da excelência esportiva para a 
sua carreira. Os vários tipos de estresse do contexto esportivo devem servir 
para o atleta como degraus para o auto-aperfeiçoamento e o fortalecimento 
das capacidades psicológicas; assim, será capaz de sobrepujar as dificuldades, 
na busca do topo da pirâmide. Poderá fraquejar, em função do despreparo 
emocional frente aos mais altos níveis de exigências esportivas, mas terá na 
Capítulo 7» 191 
Psicologia u m grande instrumento de auxílio ajustativo. Então, podemos afirmar 
que o atleta pertence a uma amostra seletiva da sociedade. Já se apresenta 
como um vencedor. Mas é de grande importância afirmar que, muitas vezes, 
aquele atleta que conseguiu sucesso no campo esportivo, ainda traz no seu 
• equipamento mental e emocional condicionamentos de estressores sócio-
ambientais, cujos controles estão muito frágeis. Nesse caso será necessária a 
depuração psicológica para que esse atleta tenha condições de atingir as suas 
metas esportivas; do contrário, poderá ser "queimado" muito cedo em suas 
pretensões atléticas, como afirmou David A. Feigley, no excelente artigo 
"Psychological bumout in high levei athletes", em 1986. 
É interessante para o nosso estudo pesqtiisar o comportamento dos atletas 
frente a situações de estresse, a fim de termos uma visão mais concreta da sua 
, capacidade em enfrentá-las, confirmando ou não as suas maiores resistências, 
nesse enfrentamento, nas mais diferentes condições. Essa atitude nos leva a 
; uma maior compreensão das reais possibilidades dos atletas em enfrentar 
condições de grande dificuldade, como também a auxiliá-los, se necessário 
for. Por essa razão, desejo apresentar uma interessante pesquisa, num artigo 
de Scipião Ribeiro L .C . , (1998), cujo propósito foi determinar se os atletas de 
. elite, treinados aeróbica e anaerobicamente, diferem das pessoas sedentárias e 
não sedentárias, no que se refere ao controle da reatividade e da recuperação 
dos estressores psicossociais. Os estressores selecionados foram: problema de 
matemática (cognitivo), traço de estrela de espelho (motor) e pressão de frio 
' (físico), e os instrumentos de medidas psicofisiológicas foram o pletismógrafo 
no controle da taxa cardíaca (HR) , o psicogalvanômetro, no controle da 
condutância elétrica da pele (EDA) , o eletromiogama (EMG), no controle das 
' respostas musculares, e a medida psicológica foi realizada através do Inventário 
de estado e de traço de ansiedade da escala de Spielberger. Os resultados 
foram os seguintes: 
j "Atletas treinados aerobicamente mostraram que são muito sensíveis 
ao estresse, comparados com outros grupos. Além disso, eles apresentaram 
uma melhor recuperação temporal do estresse na maioria das tarefas. O grupo 
de controle não sedentário, mostrou menos variação durante o período de 
tempo. Foi observado que todos os grupos tinham uma tendência à diminuição 
da taxa cardíaca após a exposição do estresse. A atividade eletrodérmica pareceu 
ser um índice acurado de resposta psicofisiológica ao estresse social. Embora 
não houvesse significativa interação entre grupos e estressores,os grupos 
diferiam no curso do tempo, mostrando diferentes direções de recuperação. 
Esses resultados confirmam outros trabalhos, segundo os quais esperava-se 
que os atletas treinados aerobicamente se recuperariam mais rapidamente que 
192 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
OS não atletas. Foi, também, mostrado nessa pesquisa que os atletas anaeróbicos 
podem ei\frentar e recuperar-se melhor que os atletas treinados aerobicamente. 
Na escala de Spielberger houve diferenças significativas no traço de ansiedade, 
mas não no estado de ansiedade entre os grupos. Os atletas treinados 
aerobicamente apresentaram um baixo índice no traço de ansiedade. Este fato 
indica que o mvel do traço de ansiedade foi afetado pelo tipo de exercício. 
Esse tipo de pesquisa é da maior importância para o nosso trabalho, 
porque vai fornecer um melhor entendimento das respostas psicofisiológicas 
aos estressores psicossociais, em relação às crianças e aos adultos, tanto no 
campo social, como no contexto esportivo. Parece-me que seria muito 
interessante para esse estudo, a inclusão das diferenças entre as personalidades * 
introvertidas e extrovertidas em relação aos fatores estressantes, em função 
das diferenças psiconeurofisiológicas de ambas. 
O processo da adap t a ç ão ou de sadap tação ans iogên í ca do 
es t resse competitivo 
Todo atleta, em sua carreira esportiva, está sujeito a enfrentar uma 
grande constelação de tipos de estresse e sabemos que seu organismo se prepara 
para reagir através dos mecanismos hormonais e autonômicos simpáticos, 
manifestados pela ocorrência de baixa, média e alta ansiedade. É justamente 
esta desordem emergencial ansiogênica que o leva à luta ou à fuga das 
competições, num processo de permanente tentativa de adaptação. No caso 
esportivo, isto é demonstrado na luta por uma melhor preparação físico-técnico-
psicológica e um eficiente desempenho atlético. Sabemos, também, que os atletas 
diferem muito na maneira como respondem ansiogênicamente ao estresse 
competitivo e que a sua performance vai depender diretamente da forma como 
percebe e reage a essa condição. 
Uma das formas de se compreender a relação entre a ansiedade e o 
desempenho está descrita no estudo clássico da "Curva do U Invertido" de 
Yerkes-Dodson, segundo o qual a ansiedade se manifesta como um fenómeno 
resultante do estresse, o que apresentaremos, detalhadamente, mais adiante. 
Segundo Feigley, (1986), existem pelo menos três grandes fatores 
subordinados à ansiedade em relação ao desempenho competitivo: 
1. Dificuldade da tarefa 
2. Grau de aprendizagem 
3. Habilidade do atleta 
Capítulo 7« 193 
1. Di f icu ldade d a tarefa 
As tarefas complexas exigem dos atletas uma mínima condição de 
iedade, como o tiro ao alvo, o exercício da trave na ginástica olímpica, a 
equitação, a esgrima e outros esportes. As tarefas mais simples, especialmente 
as que requerem grandes esforços exigem, ao contrário, um alto nível de 
ansiedade (eustresse), que não prejudicará o desempenho do atleta, mas sim, 
na maioria das vezes, o auxiliará. 
2. G r a u de ap r end i z agem 
As tarefas bem aprendidas, sob pressão, são mais bem desempenhadas 
o que as tarefas parcialmente aprendidas. Muitas vezes, o treinador espera 
que um atleta possa desempenhar bem a sua tarefa sem que ele esteja preparado 
teciúcamente para tal. Sua habilidade técnica ainda não está completa. Quando 
isso se dá, o próprio atleta, mesmo sob grande pressão ansiogênica, tende a 
escolher as técnicas que aprendeu melhor. 
} É importante que todos os atletas dominem suas habilidades técnicas 
entro do principio do estado alternativo de consciência porque o corpo 
-sponderá melhor e com mais eficiência, se estiver bem familiarizado com a 
bilidade psicomotora. Quando o atleta chega a esse nível de aprendizagem 
• desempenho, é chamado de c l u t c h p e r f o r m e r . 
3. Apt idão do at leta 
A dificuldade da tarefa está, também, relacionada aos níveis de aptidão 
'o atleta. Um atleta com menos aptidão para uma certa tarefa, estando ou não 
m altos níveis de ansiedade, pode ter baixo desempenho no treinamento. 
O es t resse como um processo 
Martens (1977), citado por Feigley (1986), afirmou que o estresse deveria 
ser percebido como um processo. Isto quer dizer que a situação estímulo pode 
ser, por si própria, estressante ou não. Alguns atletas podem não se sentir 
ameaçados por grandes multidões ou mesmo por certos tipos de violência. A 
sua percepção da situação, frequentemente, determina as suas respostas de 
ansiedade. Os atletas, geralmente, entram em estado de ansiedade, quando se 
ttem ameaçados. A ameaça, neste caso, ocorre quando o atleta percebe que 
sua habilidade para responder às exigências da situação competitiva é baixa 
194 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
como por exemplo repetir um salto mortal duplo, após uma experiência 
fracassada. Os treinadores comentam que jovens atletas parecem ter menos 
medo e mais disposição para tentar novas habilidades do que os mais velhos; 
talvez por serem mais jovens e possuírem pouca experiência. Bela Karoli, 
treinador da famosa Nádia Comaneci, comentava que ela não demonstrava 
qualquer medo de cair da trave, porque ela nunca caía. 
Tratando o estresse como um processo, queremos dizer que qualquer 
intervenção sobre ele pode ser iniciada em diferentes estágios do seu 
desenvolvimento e tem como eliminar, ou pelo menos minimizar, seus efeitos 
negativos sobre a p e r f o r m a n c e . Por exemplo, o estresse pode ser provocado por 
altos níveis de ansiedade e tensão ou por pensamentos irracionais, levando o 
atleta a fortes índices emocionais. O procedimento de intervenção varia. Se o 
estresse for desencadeado por ondas ansiogênicas, o treinamento psicotônico 
ou relaxamento muscular poderá ser introduzido, mas se o estresse for de fundo 
cognitivo, deverão ser empregadas as técnicas de reestruturação cognitiva, nas 
alterações das ideias ou pensamentos irracionais. Ambas as formas auxiliam o 
atleta no autocontrole cognitivo-emocional. 
Reforçando os nossos estudos, apresentaremos o modelo de estresse de 
Martens (1977), para fixarmos o entendimento sobre o fenómeno. Podemos 
perceber nesse paradigma que o autor chega a uma conclusão bem semelhante 
às de outros estudiosos, em que as três variáveis básicas estão presentes: a 
pessoa como entidade psicológica-comportamental, o organismo como um 
sistema fisiológico e o ambiente. 
Figura 7.3 
O Estresse como um processo 
S i tuação 
Est ímulo 
Externo 
Objetivo 
R e spo s t a Cognitiva 
de pe rcepção e 
interpretação da 
S i tuação Est ímulo 
Con s equên c i a s de 
Re spo s t a s 
Posit ivas ou Negativas 
Re spos t a Objetiva 
Respos ta : R e spo s t a s 
Psicológica • Comportamenta i s 
I Abertas 
Fonte: adaptação de Martens (1977), segundo Feigley (1986) 
Segundo o autor, uma variedade grande de fontes estressantes vai 
determinar as respostas cognitivas, com base na percepção e na interpretação 
Capítulo 7« 195 
as s i tuações - e s t ímulo , das respostas f is iológicas e das respostas 
mportamentais abertas, sejam de natureza positiva ou negativa. Este modelo 
seguido pelos autores, em geral. Exemplos: 
1. O estresse como estímulo: a presença de um grande público; 
2 . 0 estresse como percepção de ameaça: ideias negativas como estímulos 
eaçadores; 
3 . 0 estresse como percepção ilógica de uma ameaça: um atleta que acha 
xe um grande público é responsável pela sua p e r f o r m a n c e fraca; 
4 . 0 estresse como consequência negativa antecipada: a antecipação de 
acasso contínuo; 
5. O estresse como importante conseqiiência negativa: o grau de 
importância que o atleta dá a sua competição; 
6. O estresse como resposta de tensão: o foco está natensão resultante 
percepção do estímulo - evento como ameaça. 
As teor ias bás i cas do est resse 
Parece-me importante apresentar neste estudo uma síntese de algxunas 
orias sobre o estresse. Além da teoria de H . Selye, apresentada acima, podemos 
chamar atenção para as teorias da estimulação psicossocial de Levi, da transação 
e interação, de Lazarus e Launier, da ação, de Nitsch e Hackfort, da ansiedade, 
de Spielberg e do U invertido de Yerkes-Dodson, seguiido Samulski e cols. 
(1996). Estas teorias são da maior importância para o estudo e o entendimento 
•do fenómeno em questão e também servem de base para o seu devido controle. 
Teoria d a est imulação psicossocial de Levy 
Esta teoria é uma tentativa de esclarecer a relação entre os estímulos 
sociais e o mecanismo provocador de doença, o pré-estado de doença e a própria 
doença. Segundo o autor, esses estímulos psicossociais provocam reações 
fisiológicas no organismo, através dos processos nervosos centrais, que podem, 
sob determinada intensidade, frequência, duração e na presença ou ausência 
"de determinadas variáveis interagentes, levar o organismo a vun pré-estado 
de doença ou, por fim, à própria doença. 
Levy defirúu o pré-estado de doença como as perturbações funcionais 
nos sistemas psíquicos e orgânicos que levam, a longo prazo, a um prejuízo da 
capacidade de rendimento. A doença é uma perda da capacidade de rendimento 
devido aos distúrbios somáticos, com consequentes desordens emocionais. 
Perda de capacidade de rendimento significa insuficiência para a realização 
196 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
OU O domínio de uma tarefa. As variáveis interagentes são aspectos internos 
ou externos, psíquicos ou somáticos, que modificam o efeito dos fatores 
provocadores com respeito aos mecanismos pré-estado da doença e doença. 
Entende-se como modificar, a ação de acelerar ou retardar o processo que 
conduz à doença. Esse modelo nos mostra que os estímulos psicossociais e os 
programas psicobiológicos determinam, em geral, as reações psíquicas e 
fisiológicas de um indivíduo em direção ao estresse e, como coriseqúência, às 
doenças e, no meu entender, t ambém na fo rmação das neuroses e, 
provavelmente, na precipitação das psicoses. Esta cadeia de reações pode ser 
favorecida ou impedida através das variáveis interagentes. Conforme Kagan e 
Levy (1974), citados por Samulski e cols..(1996), esta seqiiência não representa 
um processo linear, mas sim um sistema cibernético com feedback contínuo. 
Toda modificação psicossocial pode agir como um estressor. Sob a sua 
influência, a resposta natural do organismo estaria calcada nos padrões 
filogenéticos de adaptação, adquiridos com os nossos antepassados pré-
históricos, relacionados à ativação do sistema neuro-endócrino, na preparação 
do organismo para a luta ou fuga. Mas, hoje, apesar da grande violência sócio-
ambiental, o processo de adaptação do homem moderno ao seu ambiente é 
muito diferente da época do homem primitivo - muito mais difícil e 
profundamente complicado. 
A teor ia d a t r ansação e interação de Laza rus e Laun ie r 
Os autores se afinam com os fundamentos teóricos básicos do estresse, 
tanto em seus aspectos fisiológicos, psicológicos e sócio-ambientais, como em 
relação aos dois grandes conceitos teóricos: a transação e a interação. 
Princípio t ransac ion is ta 
Baseia-se no processo de avaliação cognitiva das relações entre a pessoa 
e o meio-ambiente. Os autores estabeleceram três relações básicas do estresse: 
ameaça, prejuízo/perda e desafio. Significa que os indivíduos podem se adaptar 
ou não diante destas exigências relacionais com o meio ambiente. Isto 
dependerá, também, das próprias exigências internas dos indivíduos, segundo 
as próprias caraterísticas de personalidade e a educação recebida. ; 
Vamos admitir que uma pessoa pode perceber uma situação como • 
ameaçadora, porque avalia as exigências externas de forma muito alta e se 
sente frágil para dominá-las; ou a ameaça pode aparecer como exigência fraca , 
e ser, simplesmente^ dominada; ou, ainda, pode ocorrer que uma situação ' 
Capítulo 7: 197 
seja, realmente, muito difícil, e o indivíduo ou o atleta se sinta numa situação 
;de enfrentar ou cumprir com eficiência a sua tarefa, tendo que produzir um 
Jesforço muito grande para a obtenção de baixo resultado, o que chamamos em 
psicologia de custo de resposta. A avaliação prejuízo/perda se relaciona a uma 
uto-imagem perturbada, uma baixa percepção do auto-valor ou do 
reconhecimento social, como afirmam Lazarus e Launier, 1981. No que toca ao 
desafio, o processo se inverte, é menos negativo e, com a tonalidade do 
sentimento, é mais positivo. Nos estudos sobre a personalidade, esta condição 
é muito mais favorável nos extrovertidos do que nos introvertidos, e muitos 
atletas se enquadram nesse esquema. 
Princípio interacionista 
i Baseia-se na dinâmica ininterrupta da relação pessoa-meio ambiente, 
^o fenómeno do estresse, emoção e controle do estresse. Alguns autores 
rechaçam os modelos lineares tradicionais do S-O-R, estímulo, organismo e 
resposta, ou mesmo os conceitos de interação estatística, enfatizando que essa 
"inâiruca interacional deve ser estudada e pesquisada nos seus conceitos 
escritivos puros. Para eles, o processo de adaptação indivíduo e meio ambiente 
e faz através de mudanças permanentes nas ações das pessoas sob a influência 
ido meio ambiente e com a retroinf ormação dessas ações sobre a própria pessoa. 
A relação estressante de perda/prejuízo pode modificar-se para um estado de 
Jrepouso ou de ameaça, para uma avaliação positiva de desafio. Esta posição 
reflete uma visão mais elástica do processo interacional. 
'"ft Em síntese, esses conceitos vão depender do equilíbrio das forças entre 
as exigências e a capacidade dos atletas para enfrentá-las e controlá-las, como 
afirma Lazarus (1966). 
Teoria d a a ção de Nitscli e Hacicfort 
f. Esta teoria se baseia no pressuposto que as ações dos indivíduos formam 
os fundamentos da génese do estresse. A realização das exigências da ação 
pode estar ligada às dificuldades, que são vivenciadas como estresse. Por 
'exemplo: se é exigido de um aluno um trabalho, o qual ele não se sente com 
capacidade de desenvolver; ou se é necessário executar um trabalho sob pressão 
do tempo; ou se um aluno não consegue lembrar nada do que estudou para 
uma prova; ou se um atleta não corisegue o desempenho desejado por errar 
muitos passes, etc. Em síntese, o resultado da ação pode tomar-se uma relevante 
situação de estresse, como uma consequência negativa associada ao resultado 
198 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
de uma ação ou mesmo à vivência de uma derrota esportiva ou de qualquer 
outra atividade, frente a um mal resultado profissional. 
Os autores assinalam alguns postulados envolvendo a pessoa, o meio-
ambiente e a tarefa. Segimdo eles algumas funções são predominantes na ação: 
a função exploratória, a construtiva e a intuitiva. Afirmam que toda ação é um 
processo de integração psicossomática, sendo dimensionada no tempo (passado, 
presente e futuro) e alicerçada no processo filo-ontogenético e histórico-social. 
A Teoria de An s i edade de Sp ie lberger 
Para Spielberger (1989), Hackfort eSchwenkmezgerr (1953) a ansiedade 
é uma emoção típica do fenómeno estresse e este é definido como um complexo 
processo psicobiológico. O autor apresenta três aspectos básicos: 
1. Estressor: refere-se à situação e às circimstâncias que são caracterizadas 
por algum nível de perigo físico ou psicológico; 
2. Ameaça: diz respeito a uma percepção ou avaliação individual de 
uma situação, como potencialmente perigosa ou prejudicial; 
3. Ansiedade: como u m estado emocional (ansiedade estado) consiste em 
sentimentos de tensão, apreertôão,nervosismo, preocupação e ativação elevada 
do sistema nervoso autónomo, vivenciados subjetiva e conscientemente, frente a 
situações reais, percebidas e sentidas como ameaçadoras. 
Spielberger, além dos exemplos acima citados, apresentou duas 
classificações para o fenómeno da ansiedade: ansiedade traço e ansiedade 
estado. Ansiedade traço é definida como uma disposição ou traço estável da 
personalidade. Pessoas com esse traço reagem aos estímulos ambientais com 
muita sensibilidade, em função da herança biológica. A ansiedade estado ocorre 
normalmente quando o indivíduo está diante de si tuações realmente 
estressantes, que podem ameaçar a sua integridade física ou psicológica. Esta 
ansiedade é aprendida e condicionada pelo indivíduo. 
No campo esportivo, observamos com muita clareza as diferenças 
ansiogênicas entre os atíetas diante de competições iminentes. Uns são muito 
tranqiiilos, mas outros maiúfestam reações emocionais bem acentuadas - boca 
seca, midríase, tensões musculares etc. No próximo capítulo desenvolvemos o 
estudo do fenómeno da ansiedade com mais profundidade, em virtude da sua 
importância no auxílio ao atleta superior e suas relações com a neurose. 
A Teoria de Yerkes -Dodson do U inveftido 
Esta teoria se refere às relações entre o efeito do estresse (ansiedade, 
ativação neurofisiológica, arousal, motivação) sobre a aprendizagem e o 
Capítulo 7» 199 
treinamento esportivo, como também sobre a performance do atleta em 
competição. Vamos à figura 7.4. 
Figura 7.4 
Relações Hipotéticas entre Estresse e Rendimento 
E X C E L E N T E 
O 
X 
z 
w 
o. 
S MÉDIO 
lij 
o 
tu 
o 
BAIXO 
BAIXO MODERADO ALTO 
NÍVEIS DE ANSIEDADE 
Fonte: Feigley, 1986 
Esta curva indica que existe um moderado nível de ansiedade para uma 
* performance máxima. A ansiedade, quando acima ou ababco deste ponto ótimo 
_ vai causar um pobre desempenho. O atíeta, para estar numa condição p s y c h i n g 
u p , isto é, num ótimo mvel de prontidão para a competição, tem que apresentar 
- moderados níveis de ansiedade, senão a sua performance será prejudicada. 
Mas é importante assinalar que essa afirmativa pode variar, se relacionada a 
' esportes que exijam altas e baixas reações de ativação neurofisiológica, como o 
futebol e o tiro ao alvo, respectivamente, como exemplos maiores. Mas, de um 
modo geral, a orientação básica das condições atléticas para a competição, é 
partir dos estados moderados de ansiedade, alterando-os para baixo ou para 
cima, segundo a natureza do esporte. 
Os estudos de Yerkes Dodson nos levam também a estabelecer uma 
relação enb-e os ruveis de motivação e a natureza da tarefa. Malmo (1958), 
Singer (1977) e Ausubel e cols. (1980), citados por Dantas e Dantas (1994), 
relataram que as atividades complexas exigem por parte dos atíetas baixa 
motivação, baixa ou moderada ansiedade ou ativação neurofisiológica, como 
a ginástica olímpica, o golfe, o tiro ao alvo, a esgrima; as atividades mais simples, 
ao contrário, exigem mais alta ou moderada motivação, como a natação, a 
200 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
corrida e o futebol, impondo-se o vigor, a persistência e a velocidade. 
Veremos um exemplo na figura 7.5: 
Figura 7.5 
Ui 
O z < 
a: 
Q 
a. 
UJ o. 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
NiVElS DE ANSIEDADE 
- - Tarefa fácil 
Tarefa moderada 
Tarefa difícil 
Fonte: Feigley (1986). 
Podemos enquadrar a figura acima dentro das referências de Singer nos 
seus estudos sobre a motivação: 
Atividade 
Atividade relativamente simples 
Atividade moderadamente difícil 
Atividade relativamente difícil 
Motivação Desejável 
Motivação mais alta 
Motivação moderada 
Motivação mais baixa 
Pelo exposto acima, exemplificamos algumas relações empíricas entre 
os fenómenos da ansiedade e da motivação, que se confundem com a 
necessidade de realização, tarefas simples e complexas, e suas consequências 
em relação aos desempenhos competitivos. O estudo em questão não é uma 
posição fechada. Existe uma grande quantidade de variáveis psicológicas 
interveruentes, difíceis de serem medidas por falta de instrumentos psicológicos 
disponíveis, mas que estão em processo de pesquisa. Isto nos leva a afirmar 
que, mesmo assim, a teoria de Yerkes-Dodson nos levou a dar um grande passo 
para o entendimento dessas relações na preparação psicológica do atleta 
superior. 
O estudo sobre o estresse vai nos proporcionar um melhor entendimento 
das neuroses, que representa uma das grandes barreiras encontradas pelos 
atletas no caminho para a excelência. 
Capítulo 7« 201 
Resumo 
Neste capítulo, mostramos a importância do estresse na relação recíproca 
entre o organismo e o ambiente, num processo intercambiante permanente, 
resultando em conseqiiências imprevisíveis, tanto para o homem como para o 
ambiente. Definimos a natureza psicológica e biológica e nomeamos seu 
jnecanismo fisiológico e neuro-humoral, segundo Nitsch (1981), proposto por 
Samulski e cols. (1996). Destacamos os trabalhos de H . Selye na SGA; Cannon, 
com o princípio de homeostase baseado em Claude Bernard; e psicólogos como 
Lazarus, Heimstra, Wenzlawek, Feigley e Martens, no campo do estresse, 
psicológico. 
Apresentamos o ponto de vista segundo o qual o atleta de alto rendimento 
já pode se corisiderar, em primeiro lugar, mn vencedor, pois consegue superar 
psicologicamente o estresse ambiental e, portanto, está mais ajustado e mais 
apto para enfrentar os diferentes tipos de estresse a que é submetido nos 
treinamentos e competições. Considero que as relações entre o organismo e o 
ambiente se processam dentro de um circuito dinâmico de estímulo e resposta: 
um estímulo determina uma resposta e esta se transforma num estímulo 
determinando uma outra resposta, e assim por diante, mantendo o indivíduo e 
o ambiente prisioneiros desta relação simbiótica; em caso de neurose, só uma 
psicoterapia romperia este circuito neurótico. 
Reunimos uma série de teorias para uma compreensão mais nítida de 
como se processa o estresse psicológico no esporte, onde aparecem grandes 
estudiosos como Levy, Lazarus e Launier, Nitsch e Hackfort, Spielberg e Yerkes 
e Dodson. Enfatizamos as diferenças individuais na percepção do estresse, como 
descrevem Heimstra, Mcfarling e Samulski, e também o próprio Eysenck, nas 
diferenças de personalidade. Entendemos que se o ambiente pode estressar o 
organismo, este também pode estressar a sociedade com respostas desajustadas: 
um fenómeno de retroalimentação através da agressão, da violência, da neurose 
e da psicose, de um modo geral. 
Questões 
1. Como você define o estresse? 
2. Que tipos de estresse você corúiece? 
3. Como se processa o intercâmbio de estresses entre o indivíduo e o 
ambiente? 
4. Podemos considerar que o atleta é resultante de um processo seletivo 
psicobiológico? 
202 • Psicologia do Esporte para o Atleta de Alto Rendimento 
5. Como você percebe as difereriças de adaptação aos estímulos 
estressantes entre os atletas? 
6. Dê algvms exemplos de estímulos e respostas estressantes de um 
orgarusmo e suas funções de estímulo e resposta sucessivas. 
7. Como você define o conceito de homeostase segundo Caimon? Dê 
exemplos. 
8. Quais os três aspectos básicos que se deve a Selye na sua concepção 
de estresse biológico? 
9. O que vem a ser a inespecificidade do estímulo? 
10. Qual o eixo estrutural da reação do estresse endócrino, segundo 
Selye? 
11. A SGA> síndrome geral de adaptação formulada por Selye, deveu-se 
a três importantes indicadores biológicos. Quais foram? 
12. Quais são as três fases básicas da SGA? Descreva-as. 
13. Qual o mecanismo fisiológico e neuro-humoral do estresse? 
14. Quais são as respostas ou variáveis dependentes usadas como índice 
de estresse, classificadas em quatrocategorias, segimdo Lazarus? 
15. Que outras respostas desadaptativas ao estresse foram mencionadas 
por Wenzlawek? 
16. O fenómeno do b u m o u t pode ser considerado um fator de esfaresse? 
17. Descreva a pesquisa de Scipião Ribeiro. 
18. Quais são os três grandes fatores que estão subordinados à ansiedade 
em relação ao desempenho competitivo, segundo Feigley (1986)? Descreva-os. 
19. Como você define o estresse como um processo? 
20. Quais são as teorias básicas do estresse, além da teoria de Selye e 
seus autores? Descreva. 
Ob r a s suger idas 
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Capítulo 7» 203 
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