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sistema nervoso - fisiologia sensorial

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Fisiologia sensorial
(neuro II – transcrição)
(Scheila Maria)
Os impulsos externos, a relação do nosso organismo com o meio externo e interno se faz através de receptores muito específicos com determinados tipos de energia, sensações que vão ser percebidas, transformadas em potenciais elétricos, transmitidas ao SNC e decodificadas adequadamente. 
Toda fisiologia sensorial começa então a partir de receptores. O termo receptor é diferente dos receptores de membrana por exemplo. Os receptores neurais não são moléculas, são estruturas bastante complexas. Essas estruturas são trandutores (capacidade de transformar um tipo de energia em um potencial elétrico) e toda informação neural em ultima instancia é tranformada em potencial elétrico e o que vai fazer com que percebamos esse ou aquele tipo de sensação é o receptor especifico que vai ser sensibilizado e a área do córtex que vai receber a informação. No meio do caminho, ao longo das fibras nervosas tudo ainda é potencial elétrico seja para uma sensação tática, dolorosa, visual... 
Embora os receptores sejam altamente específicos para um tipo de energia eles podem sim ser estimulados por outros tipos de energia desde que esse estimulo seja supramáximo. Em geral apresentam um limiar baixo para sua energia especifica e mais alto para outros tipos de energia. EX: cones e bastonetes do olho são específicos para visão porem uma pressão sobre o globo ocular provoca impressão luminosa. Ocorre despolarização dessas células através de um estímulo mecânico. 
Se um determinado receptor é apropriado para um estímulo A, mas conseguimos utilizar um estímulo B para deflagrar a despolarização dele, para que ele seja impressionado, a sensação a ser percebida é a sensação própria do receptor. EX: a polpa do dente que só tem receptores álgicos (para dor) então qualquer estímulo sobre a polpa dentária vai ser percebido como dor.
Essa especificidade do estímulo e o próprio sentido por onde esses estímulos trafegam, as fibras nervosas que levam os estímulos específicos trafegam por vias específicas para esse estimulo. EX: Se no meio do caminho você promover o estimulo de uma fibra nervosa que está transmitindo um impulso tátil, aquele estimulo provocado no meio do caminho vai ser percebido como tátil por ser extremamente específico. Da mesma forma, se você bloquear ao logo do caminho, em qualquer ponto, seja do nervo, da medula espinhal um grupo de fibras que esteja transmitindo dor você consegue bloquear o impulso doloroso. É o principio das anestesias de bloqueio (bloqueiam o impulso nervoso no ponto onde existe tráfego da informação dolorosa a partir do ponto onde se originou até sua decodificação pelo SN)
Existem várias classificações para os tipos de receptores. Então todo receptor que é estimulado por um estimulo mecânico, por exemplo, receptor de tato, de pressão, são chamados mecanoreceptores. Quimioreceptores são por exemplo os da gustação, que ficam na língua, as papilas gustativas, receptores do olfato, receptores do sistema circulatório, que detectam as pressões parciais de O2, CO2... Receptores de energia eletromagnética como os visuais que são impressionados por comprimentos de onda. Nociceptores são aqueles impressionados por estímulos nocivos em geral são terminações nervosas livres: extremidades de dendritos que não tem nenhuma capsula envolvendo elas. EX: Os receptores de dor e a maior parte dos receptores termo (receptores de calor, de frio) são chamados de nocireceptores por que são capazes de detectar estímulos nocivos e alertar o organismo contra isso são terminações nervosas livres. 
Esteroceptores são externos e os internos como os quimioreceptores são os interoceptores. Os baroreceptores que são mecanoreceptores também. 
Na nossa pele há abundantes receptores para tato, pressão e esses receptores são bem estudados por terem um tamanho maior e melhor dissecados então. A grosso modo são formados por uma grande cápsula de tecido conjuntivo com varias camadas penetrada por uma terminação nervosa livre, um dendrito. Então quando existe um estímulo sobre essa capsula essa pressão, esse estímulo mecânico se distribui uniformemente no interior dessa cápsula e vai impressionar aquela fibra nervosa ali dentro criando o potencial gerador. Nem sempre o potencial gerador é capaz de gerar um potencial de ação. As vezes é pequeno e não atinge o limiar e então não é percebido pelo individuo pois só o potencial de ação vai trafegar ao logo da fibra.
Os receptores térmicos, álgicos são geralmente terminações nervosas livres e que tem limiares extremamente variados. Por exemplo, um receptor térmico ( um nociceptor), um receptor de calor percebe de calor percebe calor até aproximadamente uma temperatura de 45º, acima disso a sensação passa a ser uma sensação dolorosa. E a dor faz com que você afaste o estímulo irritante. 
Todos os receptores tem em maior ou menor quantidade a capacidade de se adaptar. A adaptação de receptor é quando o receptor sofre um estimulo prolongado, ao ser mantido aquele estímulo ele para de se despolarizar, para de gerar potencial, se adapta. EX: em um ambiente de cheiro forte, depois de algum tempo há uma adaptação dos receptores olfativos de modo que você não percebe e quem entra logo em seguida percebe. 
Receptores de tato e de pressão também se adaptam. EX: você está sentado em uma cadeira e depois de um tempo você não sente a pressão da cadeira sobre você. São receptores que se adaptam de forma rápida. Os receptores que se adaptam de forma rápida são receptores fásicos. EX: não sentimos a todo o tempo o contato da roupa com o corpo, quando mudamos de posição passamos a sentir, estimulamos outros receptores e temos a sensação tátil. 
Acredita –se que essa adaptação se dê de modo diferenciado em cada tipo de receptor. Nos receptores táteis por exemplo se atribui essa adaptação ao fato de haver uma redistribuição, na verdade eles são formados por cápsulas de tecido conjuntivo e existe um estroma dentro, gelatinoso e quando você aplica pressão, essa pressão inicialmente vai impressionar e gerar um potencial naquela fibra nervosa que ta ali dentro, mas depois aquela pressão vai se redistribuir de forma igual por todo o conteúdo da cápsula de forma que não haverá pressão especifica sobre determinado ponto da membrana nervosa e pressão distribuída, menor intensidade e adaptação. 
Fisiologicamente é importante que tenhamos os receptores fásicos e tônicos. Os receptores tônicos são os que não se adaptam ou demoram muito a se adaptar. Os receptores dolorosos, as terminações nervosas livres, são os receptores com menor capacidade de se adaptar. Se você tem um estímulo doloroso você continua sentindo dor até que o estímulo cesse. Isso é importante fisiologicamente pois a dor é mecanismo de defesa para afastar um agente que potencialmente possa estar causando uma lesão. 
UNIDADE SENSORIAL: área inervada por um único neurônio sensitivo. Quando falamos de unidade motora = região, grupo de células musculares esqueléticas que é inervada pelo mesmo neurônio. A unidade sensorial é ao contrario, é o numero de receptores, todos os receptores que vão levar o impulso para um único neurônio. Então eu posso ter vários receptores e que convergem pra uma única fibra sensorial. Quanto maior o numero de unidades sensoriais, maior é a capacidade discriminativa de estímulos. EX: se eu pegar um compasso com as pontas juntas e encostar na ponta do dedo, com aqueles 2 mm de distancia entre elas, a pessoa é capaz de perceber que ali há dois estímulos diferentes por que as polpas dos dedos são extremamente ricas em unidades sensoriais. Já, se colocarmos nas costas só é capaz de perceber um estímulo. Precisaria afastar bastante um estímulo do outro, vários centímetros para perceber estímulos diferentes. 
CAMPO SENSORIAL: área sensitiva demarcada especificamente por um receptor. Então o estímulo de um receptor vai ter uma região com sensação delimitada por ele chamada campo sensorial do receptor específico. 
Falando dos receptores, vamos falar de algumasvias sensoriais externas, que levam os impulsos térmicos, dolorosos, de pressão, de tato. São duas vias principais, uma é a térmico-dolorosa e outra é a de protocepção e tato discriminativo. Essas vias sensoriais são sequencias de neurônios. Existem vários neurônios, desde o momento em que o impulso se origina até o momento em que chega ao córtex para ser decodificado e transformado em uma sensação. Ambas são formadas por três neurônios, o córtex cerebral seria o quarto mas a via em si é formada por três. 
A via térmico-dolorosa é a via que transmite impulsos térmicos, dolorosos, tato grosseiro (existe uma diferença entre tato grosseiro e discriminativo, o grosseiro é aquele que você não discrimina o que é. EX letra desenhada na mão consegue discriminar, porém, nas costas não consegue), sensações sexuais... Essa via é o chamado sistema espino-talámico anterolateral => terminações nervosas livres, receptores relacionados a sensação térmico-dolorosa, tato grosseiro etc...
O 1º neurônio está situado no gânglio dorsal, o corpo celular (é um neurônio pseudounipolar), seu dendrito vai até a periferia e seu axônio vai penetrar na medula através do seu corno dorsal. Esse 1º neurônio vai atravessar e cruzar a linha média e vai para o corno anterior contralateral da medula. Vai fazer sinapse com o 2º neurônio que fica na mesma altura, porém do outro lado. O 1º neurônio então atravessa para fazer sinapse com o 2º. O axônio desse 2º neurônio vai para duas vias. Vai para a substância branca da medula e sobe através de dois feixes chamados trato espino-talâmico anterior e lateral. Vai então levar o impulso. Vai subir até o tálamo, passa pelo bulbo, passa pelo tronco cerebral e vai até o tálamo. O 3º neurônio então está no tálamo, no grupamento chamado núcleo ventral postero-lateral. Ocorre a sinapse , desta vez do mesmo lado, com o 3º neurônio que vai enviar o axônio para o córtex cerebral para a região que vai perceber e decodificar o estímulo. O 4º neurônio já é o do córtex cerebral.
(lembrar que os neurônios entram na medula pela raiz dorsal e que o corpo celular está no gânglio) 
Todos os impulsos que se originam do lado direito vão seguir pelo lado esquerdo, e o cruzamento ocorre na mesma altura e prossegue até o córtex. Todo cruzamento de fibra tem um nome utilizado em neuroanatomia = decussação: toda vez que há um grupo de fibras nervosas cruzando a linha média. 
Os impulsos então vão chegar na área de projeção cortical. Imagem lateral do córtex cerebral: há um sulco, o sulco central, as saliências que são os giros ou circunvoluções cerebrais. O giro que fica logo atrás do sulco central é o giro pós central = região sensorial (todos os impulsos sensoriais chegarão ai para serem detectados e traduzidos como sensação). Porém essa é uma área crua, que vai apenas traduzir o estímulo como uma sensação, no entanto para se entender o que é determinada sensação é preciso uma comunicação dessas áreas sensoriais primárias com a área associativa que fica logo atrás. 
EX: Ato de pegar uma garrafa e perceber que é uma garrafa. Ao pegar na garrafa há sensações táteis, de pressão e térmicas. O conhecimento de que é uma garrafa com determinada temperatura é dado pelas áreas de associação sensorial. Em caso de uma lesão na área de associação tátil ocorre a sensação tátil, porém não ocorre a interpretação. Não entender que é uma garrafa.
Todas as áreas sensoriais do cérebro tem as suas áreas de associação. É a área que vai associar a sensação com algo que você conhece para que possa ocorrer a interpretação. 
EX2: Área de associação visual. Vejo os óculos e sei que são óculos. Se houver lesão na área de associação, olho porém não sei o que é. Se as áreas de associação tátil estiverem preservadas, ao olhar não ocorre interpretação porém ao pegar se percebe que são óculos. 
Então há as áreas sensoriais primárias e as áreas de associação que vão dá a noção do que é o impulso. 
VIA DE PROPRIOCEPÇÃO: Existe a via de propriocepção consciente e inconsciente, que nos dá noção sobre nosso próprio corpo. A posição, postura.. (Não estamos olhando para nossa mão mas sabemos em que posição estão nossos dedos = propriocepção consciente). Exame neurológico para avaliar lesões nas vias de propriocepção: pega o dedão do pé e movimenta e pergunta se tá pra cima ou pra baixo. 
A propriocepção inconsciente é a que nos dá a informação do tônus muscular dos agonistas e antagonistas, é o que nos permite andar, ficar de pé, manter a postura. 
Existe uma distribuição no corpo de regiões chamadas dermátomos, são áreas externas do corpo, inervadas por raízes específicas. Cada dermátomo leva o nome de uma raiz nervosa. EX: a primeira raiz cervical é C1, a primeira lombar L1. Cada dermátomo, cada região da pele é inervada especificamente por raízes. 
Há órgãos internos que embriologicamente compartilham a formação do sistema nervoso da mesma região e sua inervação converge para as mesmas fibras, para as mesmas raízes nervosas então uma dor em um órgão interno pode ser referida em algum ligar da superfície do corpo = dor refeirda. 
EX: dor cardíaca as vezes se manifesta no braço, na mandíbula. Existem inervações do coração que são compartilhadas as mesmas vias, os mesmo dermátomos que essas determinadas regiões. Dor no diafragma as vezes se manifesta no ombro. 
Via discriminativa da propriocepção: o 1º neurônio também fica no gânglio dorsal, da raiz dorsal do nervo espinhal. Ao contrario agora da outra via, o axônio ao penetrar não cruza imediatamente, ele vai subir e só vai cruzar lá em cima ao nível do tronco encefálico. Então o 1º neurônio está no corno dorsal, vai penetrar e vai subir por dois feixes do mesmo ládo = fascículo grácil e fascículo cuneiforme. Ao chegar ao tronco cerebral ocorre a sinapse com o 2º neurônio, que se localiza em dois núcleos chamados núcleos grácil e núcleo cuneiforme. As fibras que vem pelo fascículo grácil fazem sinapse no núcleo grácil e as fibras do cuneiforme no respectivo núcleo. Ao fazer a sinapse com o 2º neurônio, a nível do tronco encefálico ele vai cruzar para o outro lado. Existe uma decussação também, mas apenas no 2º neurônio lá no tronco encefálico. A partir daí, sobe através de um feixe chamado lemnisco medial até o tálamo, onde vai fazer sinapse com o 3º neurônio localizado no mesmo núcleo ventral postero-lateral do tálamo. A partir do tálamo vai se dirigir para o giro pós central, o mesmo giro. 
Traumas, tumores, algo que comprima somente um lado da medula vai comprometer basicamente as fibras álgicas contralaterais. As fibras de dor que vem do outro lado vão ser comprometidas mas não as fibras de propriocepção e tato discriminativo pois estas não cruzam naquela altura, só cruzarão lá em cima. 
EX: tumor que comprime a medula do lado esquerdo ocorre perda da sensibilidade dolorsa do lado esquerdo abaixo daquele nível, mas a sensibilidade proprioceptiva vai estar preservada. Pelo mapa dos dermatomos o neurologista testa at[é onde vai a sensibilidade dolorosa e consegue saber exatamente através do exame clínico do paciente em que altura está a lesão.

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