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Uma breve história e explicação sobre Parafilia

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Parafilia
A parafilia (palavra que vem do grego, para "fora de", phillia "amor"), é um padrão sexual, em que a fonte predominante de prazer, no geral, advém de algo que não é o coito em si, mas outra prática. Considera-se parafilia também, quando o desvio não é no ato sexual em si, mas no objeto do desejo, como por exemplo, zoofilia.
Podemos dizer que esta prática é tão antiga quanto o homem e esta em constante "transformação". Desde Adão e Eva já foram estipuladas as restrições dos comportamentos sexuais na humanidade. Dependendo de cada religião ou cultura, havia aceitação ou castigos por diferentes práticas sexuais. Por exemplo, quando pensamos em sociedades rurais antigas (ou até mesmo atuais), a relação sexual com animais não era considerada como algo ruim, já entre as pessoas da cidade, esta prática era taxada como uma doença mental. Ou então na Idade Média, onde era comum a prática de espectrofilia (excitação sexual por fantasias com fantasmas, Deuses, espíritos), pois a crença de que Deuses vinham a terra em forma humana e tinham relações sexuais com os mortais era muito forte, essa fantasia em relação aos Deuses era vista como comum na época. Outro fator que transforma as parafilias, são as mudanças na sociedade, como por exemplo a invenção do telefone, que abriu a possibilidade de chamadas obscenas, por exemplo, assim como a inversão do computador, entre outros. 
Quando pensamos em religião, logo a Bíblia vem a mente, e está, prova que parafilias não são práticas nem um pouco novas na humanidade. Nas epístolas Paulinas, são citadas as "relações sexuais proíbidas", já no antigo testamento, há menções ao homossexualismo, zoofilia, incesto, travestismo feminino e masculino. Todas estas práticas citadas, eram consideradas, pela Bíblia, como abomináveis, maldades, atos pecaminosos, costumes horríveis, entre outros, no caso da homossexualidade, a bíblia afirmava ser inconcebível a ideia de um homem na posição de uma mulher e vice versa, não criticava a pratica sexual em si. Vale ressaltar que, até algum tempo atrás, homossexualismo era considerado uma parafilia e presumia-se que o indivíduo sofria distúrbio e deveria ser tratado.
Cerca de 100 e 400 anos depois de Cristo, na Índia, um filósofo, chamado Mallanaga Vatsyayana criou o que é conhecido até hoje como Kama Sutra, que foi um tratado significativo sobre o comportamento sexual humano. A visão de sexo e união sexual era nitidamente muito diferente da contemporânea, no texto, não é apresentado praticamente nenhuma ideia de culpa ou tabu, pelo contrário, além da prática e de posições sexuais, o livro também trata de vestuários, odores, palavras, locais, entre outros.
Na Grécia e Roma antiga, o comportamento sexual humano era estudado por médicos como Hipócrates e filósofos como Platão e Aristóteles, que foram os "pioneiros" nessa área. Fizeram diversos estudos sobre respostas e disfunções sexuais, assim como reprodução, contracepção, aborto, legislação da sexualidade e a ética sexual. No Império Romano, houveram médicos como Solano e Galeno, assim como, mais tarde, estudiosos islâmicos que também focaram em estudos de questões sexuais.
Nos séculos XVI a XVIII com a reedição dos manuscritos gregos e romanos, houve um renascimento dos estudos anatômicos feitos por médicos. No século XVIII iniciou a influência da "perversão", que tornou-se, então, propriedade da medicina, essa época abriu espaço para a publicação de muitos materiais que permitiram grande avanço nessa área. Na antiguidade, a masturbação era considerada uma forma natural de prazer, os gregos e romanos afirmavam ser uma prática natural e benéfica após os 21 anos de idade, em outro lugares, como no antigo Egito, adquiriu significado religioso, onde acreditavam que a criação do universo advinha de um ato de masturbação do Deus Atum. Entretanto, para a cultura judaico-cristã qualquer ato sexual sem o objetivo de procriação foi, em outros tempos, objeto de punições, essa condenação bíblica a masturbação durou milênios. No século XVIII, que a masturbação chegou a categoria de doença extremamente grave, foi então que, o suiço Tissot, faz uma condenação cientifica dessa prática com sua " Dissertação sobre as doenças produzidas pela masturbação", afirmando que era uma prática suicida e causando medo nas pessoas por mais de 150 anos. Esse medo iniciou uma onde de educação sexual de adolescentes, nesta mesma época, o Marquês de Sade, preso na Bastilha, escreve bizarras fantasias eróticas masturbatórias, consideradas ultrajantes. Tudo isso resultou em discussões rigorosas sobre ética sexual, assim como novas classificações e documentações sobre comportamentos sexuais.
No século XIX, todas essas preocupações deram lugar ao conceito de "sexualidade", houve abertura a estudos de vários comportamentos sexuais e a sexualidade foi dividida em quatro possíveis objetos de prazer: Si mesmo; outro sexo; mesmo sexo ou animal. O russo Heinrich Kaan irá definir algo que ele chamou de "doenças mentais sexuais", assim começa o uso de termos como "desvio, "aberração" e "perversão". Houve também a troca do termo "uranismo" para "homossexualismo" (começaram as primeiras revindicações por reformas de leis nesse quesito). 
Então, no fim do século XIX Richard von Krafft-Ebing integra as perversões (como eram chamadas as parafilias) como domínio da psiquiatria, sua obra focava quatro "desvios": Fetichismo, Homossexualidade, Sadismo e Masoquismo. Nesse meio tempo Iwan Bloch patenteia o termo "sexologia" e inicia diversos estudos teóricos sobre o sexo, percebeu e seus estudos que muitas práticas ditas como patológicas, eram comuns e sempre existiram em muitas partes do mundo.
Por volta de 1920, iniciaram-se os movimentos de libertação homossexual e o desenvolvimento da "teoria do terceiro sexo", houve a desmistificação sobre a masturbação sendo algo ruim e a ideia de que mulheres "decentes" não possuíam apetite sexual começou a ser vista como mito. 
Por fim, houveram as publicações de Freud, que afirmava que a corrupção não era exclusiva de uma minoria doente, pois as perversões estavam presentes em todos desde a infância, Freud então traz a teoria do Desenvolvimento psicossexual, afirma a existência da libido como forma de energia sexual que se desenvolve em cinco estágios: oral, anal, fálico, latente e genital. Em 1953, houve a distinção de transexuais e travestis, assim como, com o forte aparecimento do feminismo, surge a distinção entre "sexo" e "gênero" , continuaram por muito tempo os estudos e discussões sobre homossexualismo e gêneros. 
Somente nos anos 70 voltou-se a falar de respostas sexuais e dos processos fisiológicos que ocorrem no sexo. Foi então que surgiu um modelo de quatro fases de resposta sexual: excitação, platô, orgasmo e resolução, desde então os estudos focaram na resolução de disfunções sexuais de indivíduos e casais, enquanto as dimensões histórico-sociais do sexo continuam sendo ignoradas. Atualmente com as mídias digitais e a facilidade das informações, as pessoas tem visto muito mais sobre práticas sexuais diversas, o preconceito tem diminuído mas continua longe de ser extinto. Uma das abordagens psicológicas que fala sobre parafilias (perversão) é a psicanalise.
Na psicanálise, Laplanche e Pontalis (1992, p. 341), afirma que perversão é toda forma de chegar ao orgasmo que não é através da penetração genital com uma pessoa do sexo oposto. Mas a perversão não pode ser considerada apenas uma busca por prazer causado por uma pulsão, mas sim, essencialmente uma atividade sexual, como afirma Freud, em sua 21ª conferência, O desenvolvimento da libido e as organizações sexuais (1933), onde diz que o ato da perversão tem como objetivo um orgasmo completo e emissão de produtos genitais.
No âmbito psicológico o DSM é um instrumento usado para classificação e padronização de alguns transtornos, com o lançamento do DSM V, houve uma diferenciação de comportamento atípico e do transtorno, como citado neste trecho:
"De acordo com a nova classificação, a maioria das pessoas com interessessexuais atípicos não tem um transtorno mental. Para o diagnóstico do transtorno parafílico, o DSM-5 requer que a pessoa com interesses sexuais atípicos: 
• sinta angústia pessoal sobre o seu interesse sexual, não apenas sofrimento resultante da desaprovação da sociedade, ou 
• tenha desejo ou comportamento sexual que envolva o sofrimento psicológico, lesões ou morte de outra(s) pessoa(s), ou prática sexual que envolva pessoas que não querem ou que sejam incapazes de dar o seu consentimento legal." 
(Diagn Tratamento. 2014;19(2):94-6.)
Outro dado, segundo DSM V, é que as principais parafilias, são: Pedofilia (adulto com atração sexual por crianças), exibicionismo (desejo de exibir os órgãos sexuais a pessoas desprevenidas ou desconhecidas), fetichismo (uso de objetos inanimados para a excitação), masoquismo sexual (satisfação com próprio sofrimento), sadismo sexual (satisfação em criar a sensação de terror no outro), Voyeurismo (observação de uma pessoa no ato de se despir, nua ou realizando atos sexuais e que não se sabe observada), Frotteurismo ou Frottage (excitação através da fricção dos órgãos genitais no corpo de uma pessoa completamente vestida) e fetichismo transvéstico (excitação em vestir-se com roupas do sexo oposto).
Por fim, quanto a tratamentos, são feitos tanto intervenções psicológicas (através da terapia cognitivo-comportamental, análise do comportamento, pasicanalise, entre outros), como tratamentos hormonais, uso de antidepressivos, anticonvulsivantes, ansiolíticos, antipsicóticos, estabilizadores de humor e antagonistas opiáceos. O uso de tratamento é comumente aplicado em casos de pedofilia, exibicionismo e estupro, que são o foco geral dos estudos de parafilias, entretanto não há grandes resultados com as terapias (Bárbara Braga de Lucena, 2014). 
Referências:
BALLONE, G. J. Delitos Sexuais (Parafilias). 26 de janeiro de 2015.
BENTO, B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual Rio de Janeiro, Ed. Garamond, 2005.
BULLOUGH, V. Science in the bedroom – a history of sex research Nova York, Basic Books, 1994.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988. 
BÍBLIA, Sagrada. Edição Pastoral, I Edições IntraText CT,  São Paulo, 1990.
IRVINE, J. Disorders of desire: sexuality and gender in modern sexology. Philadelphia, Temple University Press, 2005.
ZAMBRANO, E. Trocando os documentos: transexualismo e direitos humanos In: Kant de Lima, R. (org.) Antropologia e direitos humanos 3 Niterói, EdUFF, 2005.
American Psychiatry Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders - DSM-5. 5th.ed. Washington: American Psychiatric Association, 2013.

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