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RESUMAO DIREITO CIVIL 2014

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Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza 
ESPAÇO HEBER VIEIRA 
Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 1 
F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br 
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO 
BRASILEITO 
 
 
O Decreto-Lei nº 4.657/42, de 04 de setembro de 1942 
ou Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), como era 
conhecida, é legislação anexa ao Código Civil, mas autô-
noma, dele não fazendo parte. Com a redação da Lei nº 
12.376/2010, passa então a ser denominada Lei de In-
trodução às normas do Direito Brasileiro. 
 
O tema central da LINDB é a própria Lei, haja vista tratar-
se de um conjunto de normas sobre normas, aplicando-se 
a todos os ramos do direito. 
Enquanto o objeto das leis em geral é o comportamento 
humano, o da Lei de Introdução às Normas do Direito 
Brasileiro é a própria norma, pois disciplina a sua elabo-
ração e vigência, a sua aplicação no tempo e no espaço, 
as suas fontes, etc. 
Tem por funções regulamentar os seguintes temas: 
• A vigência da lei e sua revogação; 
• Da impossibilidade de alegar a sua ignorância; 
• Da aplicação da e de suas lacunas; 
• Da interpretação da lei e de sua eficácia no tem-
po e no espaço. 
 
VIGÊNCIA DA LEI 
A lei passa por três fases: a da elaboração, da promulga-
ção e da publicação. Embora nasça com a promulgação, 
só começa a ter obrigatoriedade com sua publicação no 
Diário Oficial. 
Segundo dispõe a LINDB (art. 1º), salvo disposição em 
contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta 
e cinco dias depois de oficialmente publicada. Portanto, a 
regra geral é a lei entre em vigor em todo o território na-
cional quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada. 
Como regra, esse período é previsto na própria norma. 
Para que a lei tenha vigência a partir da data publicação, 
isso deve vir expresso em seu texto, senão vale a regra 
dos quarenta e cinco dias. 
O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entra-
da em vigor chama-se vacatio legis. 
Importante observar, que pela regra do art. 8º, § 1º, da 
Lei Complementar nº 95/1998, na contagem do prazo 
para vigência da lei, não se aplica o art. 132 do Código 
Civil (Salvo disposição legal ou convencional em contrá-
rio, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e 
incluído o do vencimento). Isso porque, na contagem do 
prazo inclui-se o dia do começo (da publicação) e tam-
bém o último dia do prazo (do vencimento). 
 
Quando a lei brasileira é admitida no exterior, sua obriga-
toriedade inicia-se três meses depois de oficialmente 
publicada, conforme prevê o art. 1º, § 1º. 
 
Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publica-
ção de seu texto, destinada a correção, o prazo deste 
artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da 
nova publicação (§ 3º). Aqui temos a chamada norma 
corretiva, que existe para afastar equívocos importantes 
cometidos pelo comando legal. Contudo, é importante 
lembrar que as correções a texto de lei já em vigor consi-
deram-se lei nova (§ 4º). 
 
REVOGAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
Revogação é a supressão da força obrigatória da lei, 
retirando-lhe a eficácia (o que só pode ser feito por outra 
lei). Conforme o disposto no art. 2º, não se destinando à 
vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modi-
fique ou revogue. Nisso consiste o princípio da continu-
idade da lei. 
 
A revogação da lei pode ser total (ab-rogação), quando 
se torna sem efeito uma norma de forma integral (art. 
2.045, primeira parte do CC/2002) ou parcial (derroga-
ção), quando uma lei torna sem efeito parte de uma lei 
anterior (art. 2.045, segunda parte do CC/2002). 
 
Pode ainda a revogação pode ser expressa (ou por via 
direta) ou tácita (por via oblíqua). 
Expressa quando a lei nova declara que a lei anterior, ou 
parte dela, fica revogada (art. 2º, § 1º, primeira parte). 
Tácita, quando não traz a declaração nesse sentido, mas 
mostra-se incompatível com a lei antiga ou regula intei-
ramente a matéria de que tratava a lei anterior (art. 2º, § 
1º, segunda parte). Ressalte-se que, ocorre também a 
revogação tácita de uma lei quando se mostra incompa-
tível com a mudança havida na Constituição, em face da 
supremacia desta sobre as demais leis. Importante lem-
brar ainda que a lei nova, que estabeleça disposições 
gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga 
nem modifica a lei anterior (art. 2º, § 2º). 
 
Necessário observar o fenômeno denominado antinomia 
ou lacuna de conflito, que pode ser entendido como a 
presença de duas normas conflitantes, válidas e emana-
das de autoridade competente, sem que se possa dizer 
qual delas merecerá aplicação em determinado caso 
concreto. 
Três são os critérios utilizados para a solução dos confli-
tos: 
Cronológico: norma posterior prevalece sobre norma 
anterior; 
Especialidade: norma especial prevalece sobre norma 
geral; e 
Hierárquico: norma superior prevalece sobre norma 
inferior. 
 
Importante lembrar ainda que, conforme a LINDB, salvo 
disposição em contrário, a lei revogada não se restaura 
por ter a lei revogadora perdido a vigência. O art. 2º, § 3º, 
refere-se ao instituto da repristinação, que é o restabe-
lecimento da vigência de uma lei revogada em virtude da 
revogação da norma revogadora. Ou seja, efeito repristi-
natório é aquele pelo qual uma norma revogada volta a 
valer no caso de revogação da sua revogadora. 
Por exemplo, revogada a Lei nº 1 pela Lei nº 2, e, poste-
riormente, revogada a lei revogadora (nº 2) pela Lei nº 3, 
não se restabelece a vigência da Lei nº 1, salvo se a Lei 
nº 3, ao revogar a revogadora (nº 2), determinar a repris-
tinação da nº 1. 
A conclusão, portanto, é que não existe o efeito 
repristinatório automático. O retorno da norma re-
vogada deve ser expresso e explicitamente previsto 
na norma que revogar a lei revogadora, pois o nos-
so ordenamento apenas aceita a repristinação ex-
pressa, não existindo repristinação tácita. 
Importante ainda lembrar o comando expresso no 
ar. 11, § 2º, da Lei nº 9.868/1999, que dispõe sobre 
o processo e julgamento da ação direta de inconsti-
tucionalidade e da ação declaratória de constitucio-
nalidade perante o Supremo Tribunal Federal. As-
sim, a lei revogada volta a viger quando a lei revo-
gadora for considerada inconstitucional ou quando 
for concedida a suspensão cautelar da eficácia da 
norma impugnada. 
 
Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza 
ESPAÇO HEBER VIEIRA 
Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 2 
F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br 
Questão importante quanto à eficácia da norma é 
sua ultra-atividade, que consiste na característica 
das leis denominadas excepcionais ou temporárias, 
permitindo a estas serem aplicadas aos fatos prati-
cados durante a sua vigência, mesmo depois de 
estarem revogadas. 
 
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA NORMA 
Sendo a lei uma ordem dirigida à vontade geral, uma vez 
em vigor torna-se obrigatória para todos, pois tem força 
coercitiva. Por essa razão ninguém pode eximir-se de 
cumpri-la, alegando que não a conhece (art. 3º). 
 
FORMAS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA 
Para solução dos conflitos apresentados por determina-
dos casos submetidos à apreciação do judiciário, o juiz, 
dentro da sistemática do direito, aplica a lei para a resolu-
ção da lide, pois é a lei fonte formal primária. 
Entretanto, o legislador não consegue prever todas as 
situações para o presente e para o futuro. Como o juiz 
não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de 
que a lei é omissa, deve valer-se dos mecanismos legais 
destinados a suprir as lacunas da lei (art. 4º), tratadas 
como fontes formais secundárias, que são a analogia, os 
costumes e os princípios gerais do direito. 
 
Analogia - aplicará ao caso concreto a solução 
dada a outro caso semelhante. O que justifica a 
analogia é opreceito que determina: para situações 
essencialmente iguais devem ser aplicadas regras 
jurídicas iguais. 
A doutrina qualifica a analogia de duas formas: 
a) Analogia “legis” - é a aplicação de uma regra especí-
fica prevista para um determinado caso, em outra hipóte-
se não prevista na lei, que é essencialmente similar ao 
primeiro caso. 
b) Analogia “iuris” - constitui na aplicação de um con-
junto de normas para atender ao caso especial, não pre-
visto na lei. Não há aplicação direta de uma só lei, mas 
sim de várias delas em conjunto. 
Costumes - averiguará o uso implantado numa coletivi-
dade e considerado por ela juridicamente correto, ou seja, 
é a prática uniforme, constante, pública e geral de deter-
minado ato, com a convicção de sua necessidade. Em 
relação à lei, três são as espécies de costume: a) secun-
dum legem, quando sua eficácia obrigatória é reconhe-
cida pela lei (arts.1.297, § 1°, 596 e 615 do CC/2002); 
praeter legem, quando se destina a suprir a lei, nos 
casos omissos (ex. o costume de efetuar-se pagamentos 
com cheques pré-datado, afastando a existência de cri-
me); c) contra legem, que se opõe à lei (em regra, o 
costume não pode contrariar a lei) 
 
Princípios Gerais do Direito - é o mais amplo, sua deci-
são se firmará nos fundamentos que norteiam o direito e, 
em especial, a matéria sub judice. 
De um modo geral, a doutrina aponta alguns princí-
pios gerais do ordenamento, que são princípios 
presentes em todo o ordenamento moderno mundi-
al - ex. ninguém deve lesar outrem; boa fé nos ne-
gócios, não se pode alegar a própria torpeza para 
obter vantagem, ninguém transmite mais direitos do 
que tem. Além, é claro, dos grandes princípios; 
como o da justiça, da liberdade, da igualdade, da 
dignidade da pessoa humana, dentre outros. 
 
INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS 
As normas são genéricas e contêm um comando abstra-
to, não se referindo especificamente a casos concretos. E 
a LINDB orienta que na aplicação da lei, o juiz atenderá 
aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum (art. 5°). 
O juiz é o intermediário entre a norma e o fato. Quando o 
fato se enquadra perfeitamente na norma, dá-se o fe-
nômeno da subsunção. 
Para verificar se a norma é aplicável ao caso em julga-
mento, o juiz procura descobrir o sentido da norma, inter-
pretando-a. Assim, interpretar é descobrir o sentido e o 
alcance da norma jurídica. Da interpretação da norma, 
surge a hermenêutica jurídica, que é a ciência da inter-
pretação. 
 
São os seguintes, os métodos de interpretação: 
a) Quanto às fontes ou origem: autêntica, emana do 
próprio texto lega (é feita pelo legislador); doutrinária, 
feita pelos estudiosos e comentaristas do direito; e juris-
prudencial, fixada pelos tribunais, por meio de decisões 
do Poder Judiciário. 
b) Quanto aos meios: 
Gramatical ou literal, consiste no exame do texto norma-
tivo sob o ponto de vista linguístico; 
Lógica, procura-se apurar a intenção do legislador, por 
meio de raciocínios lógicos, com abandono dos elemen-
tos puramente verbais; 
Histórica, consiste no exame dos precedentes da norma, 
das discussões do processo legislativo, dos anseios po-
pulares. É o melhor método para apurar a vontade do 
legislador e os objetivos que visava atender; 
Sistemática, parte do pressuposto que a lei não existe 
isoladamente e deve ser interpretada em conjunto com 
outras pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico; e 
Teleológica, consiste na procura do sentido da norma, 
inquire-se qual o efeito eu ele busca, qual o problema que 
almeja resolver. 
c) Quanto a sua extensão: 
Declarativa, é a feita nos exatos termos do que 
consta na lei, sem ampliar ou restringir o conteúdo 
do texto legal; 
Extensiva, amplia-se o sentido do texto legal, sob o 
argumento de que o legislador disse menos do que 
pretendia; e 
Restritiva, restringe-se o texto legal, eis que o le-
gislador disse mais do que pretendia. 
 
Importante ressaltar que todos esses métodos não 
operam isoladamente, não se repelem, mas se 
completam. 
 
EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO 
É a aplicação ou não da lei nova às situações cons-
tituídas na vigência da lei anterior. É sabido que a 
norma jurídica é criada para vale ao futuro, não 
para o passado. Até porque, o princípio é o da 
irretroatividade, isto é, a nova lei não atinge os 
efeitos de atos jurídicos praticados na vigência da 
norma anterior que foi revogada. Entretanto, este 
princípio não é absoluto e, eventualmente, pode 
uma determinada norma atingir também os fatos 
pretéritos, desde que sejam respeitados os parâme-
tros da LINDB (art. 6º) e da Constituição Federal 
(art. 5º, XXXVI). 
Assim, a lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquiri-
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do e a coisa julgada. 
Ato jurídico perfeito é aquele que já se consumou 
de acordo com a lei vigente à época (§1º). O direito 
já foi exercido, não podendo ser modificado por lei 
posterior. 
Direito adquirido é aquele que já se incorporou 
definitivamente ao patrimônio e à personalidade de 
seu titular, ainda que este não o tenha exercido. 
A LICC considera adquiridos os direitos que o seu 
titular, ou alguém por ele, possa exercer, como 
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-
fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a 
arbítrio de outrem (§ 2º). 
Coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos da 
sentença, não mais sujeita a recursos. 
Para a LICC, chama-se coisa julgada ou caso jul-
gado a decisão judicial de que já não caiba recurso 
(§ 3º). 
 
EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO 
Em razão da soberania estatal, a norma tem aplica-
ção dentro do território delimitado pelas fronteiras 
do Estado que a promulgou; ou seja, quanto à efi-
cácia da lei no espaço, a regra é o princípio da 
territorialidade da lei. No entanto, o Brasil aceita 
excepcionalmente a extraterritorialidade, uma vez 
que as leis e as sentenças estrangeiras podem ser 
aplicadas no Brasil. Daí porque se dizer que o país 
adotou o chamado princípio da territorialidade 
moderada ou temperada. 
 
Extraterritorialidade é a aplicação de normas es-
trangeiras no território nacional. Ressalte-se que 
não serão aceitas as leis estrangeiras se ofenderem 
a soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes (art. 17, LINDB). 
Nesse sentido, vale informar que uma sentença 
estrangeira somente terá aplicação no Brasil, se for 
devidamente homologada pelo Poder Judiciário. 
Após a Emenda Constitucional 45/2004, o Superior 
Tribunal de Justiça passou a ter competência para 
a homologação de sentenças estrangeiras e a con-
cessão de exequatur (art. 15, LINDB) às cartas 
rogatórias. 
 
Assim, como se pode observar, a LINDB traz também 
regras de Direito Internacional Público e Privado (arts. 7º 
a 19). 
 
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa deter-
mina as regras sobre o começo e o fim da personalida-
de, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada 
a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às 
formalidades da celebração. 
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se 
perante autoridades diplomáticas ou consulares do país 
de ambos os nubentes. 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os ca-
sos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicí-
lio conjugal. 
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à 
lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se 
este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, 
pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, re-
querer ao juiz, no ato de entrega do decreto denaturali-
zação, se apostile ao mesmo a adoção do regime de 
comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de 
terceiros e dada esta adoção ao competente registro. 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos 
os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no 
Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se 
houver sido antecedida de separação judicial por igual 
prazo, caso em que a homologação produzirá efeito ime-
diato, obedecidas as condições estabelecidas para a 
eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior 
Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, 
poderá reexaminar, a requerimento do interessado, deci-
sões já proferidas em pedidos de homologação de sen-
tenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de 
que passem a produzir todos os efeitos legais. 
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da 
família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não 
emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob 
sua guarda. 
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á 
domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em 
que se encontre. 
 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a 
eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que 
estiverem situados. 
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o 
proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou 
se destinarem a transporte para outros lugares. 
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a 
pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. 
 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-
á a lei do país em que se constituírem. 
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil 
e dependendo de forma essencial, será esta observada, 
admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos 
requisitos extrínsecos do ato. 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se consti-
tuída no lugar em que residir o proponente. 
 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obede-
ce à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desa-
parecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos 
bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no 
País, será regulada pela lei brasileira em benefício do 
cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os repre-
sente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei 
pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a 
capacidade para suceder. 
 
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse 
coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem 
à lei do Estado em que se constituírem. 
§ 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agên-
cias ou estabelecimentos antes de serem os atos consti-
tutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujei-
tas à lei brasileira. 
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organiza-
ções de qualquer natureza, que eles tenham constituído, 
dirijam ou hajam investido de funções públicas, não pode-
rão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de 
desapropriação. 
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a proprie-
dade dos prédios necessários à sede dos representantes 
diplomáticos ou dos agentes consulares. 
Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza 
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Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, 
quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser 
cumprida a obrigação. 
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhe-
cer das ações, relativas a imóveis situados no Brasil. 
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido 
o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei 
brasileira, as diligências deprecadas por autoridade es-
trangeira competente, observando a lei desta, quanto ao 
objeto das diligências. 
 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro 
rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos 
meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasilei-
ros provas que a lei brasileira desconheça. 
 
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz 
exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. 
 
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no 
estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente 
verificado à revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formali-
dades necessárias para a execução no lugar em que, foi 
proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal (a 
competência para a homologação de sentença estrangei-
ra, após as modificações decorrentes da Emenda Consti-
tucional nº 45/2004, no Art. 105, I, i, é do Superior Tri-
bunal de Justiça). 
 
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se 
houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a 
disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão 
por ela feita a outra lei. 
 
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem 
como quaisquer declarações de vontade, não terão eficá-
cia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a 
ordem pública e os bons costumes. 
 
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as 
autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o 
casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelio-
nato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos 
filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no país da sede 
do Consulado. 
 
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no 
artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na 
vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 
1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. 
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses 
atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, 
com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao 
interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 
(noventa) dias contados da data da publicação desta lei. 
 
 
 
 
 
DAS PESSOAS NATURAIS 
 
 
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE 
É todo ser humano considerado como sujeito de direitos e 
deveres, excluindo-se os animais, os seres inanimados, 
todos tidos, eventualmente, como objetos do direito. 
Toda pessoa é dotada de personalidade, ou seja, tem 
capacidade para figurar em uma relação jurídica. 
Toda pessoa tem aptidão genérica para adquirir direitos e 
contrair obrigações (personalidade). 
Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil 
(art. 1º). 
 
INÍCIO DA PERSONALIDADE NATURAL 
A personalidade civil da pessoa natural começa do nas-
cimento com vida. Nascendo vivo, ainda que morra em 
seguida, o novo ente chegou a ser pessoa, adquiriu direi-
tos, e com sua morte os transmitiu. 
Antes do nascimento não há personalidade. Mas o citado 
artigo ressalva os direitos do nascituro (aquele que foi 
concebido, mas ainda não nasceu), desde a concepção. 
E a Lei nº 11.804/2008, que disciplina os alimentos graví-
dicos desde a concepção até o parto, apenas reforça o 
direito do nascituro estabelecido no art. 2º do CC/2002. 
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento 
com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os 
direitos do nascituro (art. 2º). 
 
DAS INCAPACIDADES 
A capacidade como elemento da personalidade pode ser 
classificada em: 
Capacidade de direito ou de gozo é inerente à persona-
lidade, e que somente se perde com a morte (art. 1º) 
Capacidade de fato ou de exercício está relacionada 
com o exercício dos atos da vida civil. 
Observe-se que, aquele que possui as duas capacidades 
tem a capacidade civil plena. 
 
Incapacidade, portanto, é a restrição legal ao exercício de 
atos da vidacivil. 
No direito brasileiro não existe incapacidade de 
direito, porque todos se tornam, ao nascer, capazes 
de adquirir direitos e contrair obrigações. Existe tão 
somente incapacidade de fato, ou de exercício, 
diretamente ligada à possibilidade de a pessoa 
possuir discernimento para a prática dos atos da 
vida civil. 
 
INCAPACIDADE ABSOLUTA 
Acarreta a proibição total do exercício, por si só, 
do direito, pois os absolutamente incapazes possu-
em direitos, porém não podem exercê-los pessoal-
mente, devendo ser representados. 
O representante age pelo representado, exprime a 
sua vontade por ele e o representado não participa 
do negócio. Ressalte-se que os atos praticados 
pelo absolutamente incapaz, sem representação, 
são nulos (nulidade absoluta). 
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente 
os atos da vida civil (art. 3º, CC/2002): 
I- Os menores de dezesseis anos (menores impúberes); 
II- Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tiverem o necessário discernimento para a prática dos 
atos da vida civil; e 
III- Os que, mesmo por causa transitória, não puderem 
exprimir sua vontade. 
 
INCAPACIDADE RELATIVA 
Permite que o incapaz pratique certos atos da vida civil, 
desde que assistido. 
O assistente age em conjunto com o assistido, 
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complementando a vontade deste, nos negócios em 
que não possa agir sozinho. Importante lembrar que 
os atos celebrados pelos relativamente incapazes 
sem assistência são anuláveis (nulidade relativa). 
São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira 
de os exercer (art. 4º, CC/2002): 
I- os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos 
(menores púberes); 
II- os ébrios habituais (os alcoólatras), os viciados em 
tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discer-
nimento reduzido; 
III- os excepcionais, sem desenvolvimento mental com-
pleto; e 
IV- os pródigos (o art. 1.782, do CC/2002, dispõe que a 
interdição do pródigo só o privará de, sem curador, em-
prestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, deman-
dar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que 
não sejam de mera administração.). 
 
OBERVAÇÕES: 
Ressalte-se que, aos menores de 18 anos, a repre-
sentação ou assistência será feita pelos pais e, na 
falta destes, por um tutor nomeado. Aos incapazes, 
maiores de 18 anos, será nomeado um curador 
(art. 1.767, CC/2002). 
 
Sobre os índios ou silvícolas que são os habitantes 
das selvas, não integrados à civilização, o CC/2002 
não os considera mais como incapazes, devendo a 
questão ser regida por lei especial. Nos termos do 
parágrafo único do art. 4º, do Código Civil, a “capa-
cidade dos índios será regulada por legislação es-
pecial”. 
Importante lembrar ainda que os índios estão sujei-
tos ao regime tutelar, estabelecido em leis e regu-
lamentos especiais, o qual cessará na medida em 
que se forem adaptando à civilização do país (Lei 
6.001/72, Estatuto do índio). 
 
CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE 
Cessa a incapacidade, em primeiro lugar, quando cessar 
a sua causa (enfermidade mental, menoridade, etc.) e, 
em segundo lugar pela emancipação. 
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, 
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos 
da vida civil. (art. 5º). 
 
EMANCIPAÇÃO (art. 5º, parágrafo único) 
É o ato jurídico que antecipa os efeitos da maiori-
dade civil, para data anterior àquela em que o me-
nor atinge a idade de 18 anos. Em qualquer das 
suas formas, é, em regra, irrevogável. 
 
Pode ser de três espécies: 
Voluntária: a concedida pelos pais, ou por um deles na 
falta do outro, se o menor tiver dezesseis anos comple-
tos. É exigido o instrumento público; 
Judicial: a concedida por sentença, ouvido o tutor, em 
favor do tutelado que já completou dezesseis anos; e 
Legal: a que decorre de determinados fatos previstos na 
lei, como o casamento, o exercício de emprego público 
efetivo, a colação de grau em curso superior e o estabe-
lecimento com economia própria, civil ou comercial, ou a 
existência de relação de emprego, tendo o menor dezes-
seis anos completos. 
Art. 5º, parágrafo único - Cessará, para os menores, a 
incapacidade: 
I- pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do 
outro, mediante instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido 
o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II- pelo casamento; 
III- pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV- pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V- pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela exis-
tência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha 
economia própria. 
 
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL 
Com a morte extingue-se a personalidade do ser humano 
 
Pode-se falar em: 
Morte real: a existência da pessoa natural termina com a 
morte (art. 6º, primeira parte). 
Para que seja reconhecida a morte real, faz-se necessá-
rio um laudo médico, visando à elaboração do atestado 
de óbito, que será levado a registro no cartório de registro 
civil das pessoas naturais (art. 9º, I). 
 
Morte presumida (art. 6º, segunda parte), com declara-
ção de ausência: presume-se a morte, quanto aos au-
sentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de 
sucessão definitiva. 
A ausência pode ser considerada como hipótese de mor-
te presumida, decorrente do desaparecimento da pessoa 
natural, sem que se tenha um corpo para provar a morte 
real. Ou seja, a morte presumida do ausente pode ser 
declarada quando alguém em local incerto e não sabido. 
A situação do ausente passa por três fases: 
Na 1ª fase (Curadoria - art. 22 a 25), o patrimônio do 
ausente é arrecadado pelo juiz, sob a fiscalização do 
Ministério Público e é entregue à administração do cura-
dor especial nomeado pelo Juiz. 
Na 2ª fase (Sucessão Provisória - art. 26 a 36), se o 
ausente não der notícia nesse período ou não surgir a 
prova do óbito, o juiz profere uma sentença, transforman-
do a declaração preliminar de ausência em sucessão 
provisória. 
Na 3ª fase (Sucessão Definitiva - art. 37 a 39), pelo 
art. 6º do CC, presume-se a morte do ausente, e os 
sucessores desse ausente terão a propriedade 
resolúvel sobre os bens já partilhados. 
 
O art. 7º do Novo Código Civil permite a declaração de 
morte presumida, para todos os efeitos, sem decreta-
ção de ausência: 
I- Se for extremamente provável a morte de quem estava 
em perigo de vida; 
II- Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisi-
oneiro, não for encontrado em até dois anos após o tér-
mino da guerra. 
Importante ressaltar que, a declaração da morte presumi-
da, nesses casos, somente poderá ser requerida depois 
de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sen-
tença fixar a data provável do falecimento (art. 7º, p.u.). 
 
Morte simultânea ou comoriência (art. 8º): se dois ou 
mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se 
podendo averiguar qual deles morreu primeiro, presumir-
se-ão simultaneamente mortos. 
Atente-se que a comoriência não constitui presunção 
quanto à existência da morte, mas ao seu momento. E, 
somente terá relevância quando se tratar da morte simul-
tânea de pessoas que estejam em linha de sucessão. 
 
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Da Ausência 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio 
sem dela haver notícia, se não houver deixado represen-
tante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os 
bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou 
do Ministério Público, declarará a ausência,e nomear-
lhe-á curador. 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará 
curador, quando o ausente deixar mandatário que não 
queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou 
se os seus poderes forem insuficientes. 
 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os pode-
res e obrigações, conforme as circunstâncias, observan-
do, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores 
e curadores. 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja 
separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos 
antes da declaração da ausência, será o seu legítimo 
curador. 
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausen-
te incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, 
não havendo impedimento que os iniba de exercer o 
cargo. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem 
os mais remotos. 
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz 
a escolha do curador. 
 
Da Sucessão Provisória 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do 
ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, 
em se passando três anos, poderão os interessados 
requerer que se declare a ausência e se abra provisoria-
mente a sucessão. 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente 
se consideram interessados: 
I- o cônjuge não separado judicialmente; 
II- os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III- os que tiverem sobre os bens do ausente direito de-
pendente de sua morte; 
IV- os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da suces-
são provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias 
depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe 
em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se 
houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o 
ausente fosse falecido. 
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não haven-
do interessados na sucessão provisória, cumpre ao Minis-
tério Público requerê-la ao juízo competente. 
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para 
requerer o inventário até trinta dias depois de passar em 
julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisó-
ria, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente 
pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar convenien-
te, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a 
deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos 
garantidos pela União. 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens 
do ausente, darão garantias da restituição deles, median-
te penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões 
respectivos. 
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não 
puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluí-
do, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a 
administração do curador, ou de outro herdeiro designado 
pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma 
vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, in-
dependentemente de garantia, entrar na posse dos bens 
do ausente. 
 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não 
sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene 
o juiz, para lhes evitar a ruína. 
 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios 
ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de 
modo que contra eles correrão as ações pendentes e as 
que de futuro àquele forem movidas. 
 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for 
sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos 
e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros 
sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses 
frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de 
acordo com o representante do Ministério Público, e pres-
tar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado 
que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, 
em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimen-
tos. 
 
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisó-
ria poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja 
entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe 
tocaria. 
 
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época 
exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa 
data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o 
eram àquele tempo. 
 
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a exis-
tência, depois de estabelecida a posse provisória, cessa-
rão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, 
ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecura-
tórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 
Da Sucessão Definitiva 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sen-
tença que concede a abertura da sucessão provisória, 
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e 
o levantamento das cauções prestadas. 
 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, 
provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, 
e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à 
abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus des-
cendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só 
os bens existentes no estado em que se acharem, os 
sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e 
demais interessados houverem recebido pelos bens alie-
nados depois daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este 
artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado 
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados 
passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, 
se localizados nas respectivas circunscrições, incorpo-
rando-se ao domínio da União, quando situados em terri-
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tório federal. 
 
DOS REGISTROS 
Os atos praticados pelas pessoas e os fatos que a atin-
gem, merecem ser objeto de catalogação em um órgão 
próprio, para que o Estado e terceiros possam ter ciência 
da situação jurídica dessas pessoas e das situações 
jurídicas que elas experimentaram durante a sua viva, 
além de ser meio de prova dos atos. Já averbação é o ato 
de fazer constar à margem de um registro, um fato ou 
referência que o altere ou o cancele 
 
Serão REGISTRADOS em registro público (art. 9º): 
I- os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II- a emancipação por outorga dos pais ou por sentença 
do juiz; 
III- a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV- a sentença declaratória de ausência e de morte pre-
sumida. 
 
Far-se-á AVERBAÇÃO em registro público (art. 10): 
I- das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação 
do casamento, o divórcio, a separação judicial e o resta-
belecimento da sociedade conjugal; 
II- dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou 
reconhecerem a filiação; 
III- (Revogado pela Lei nº 12.010/2009). 
 
DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa e à 
sua dignidade (art. 1º, III, CF/1988) estando a ela ligados 
de maneira perpétua. Dentre os direitos da personalidade 
destacam-se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, 
ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra. 
A Constituição Federal expressamente se refere aos 
direitos da personalidade, no art. 5°, X, que proclama: 
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.” 
 
O Código Civil de 2002 dedicou um capítulo específico 
aos direitos da personalidade (arts. 11 a 21), e preceitua 
no Art. 11: “com exceção dos casos previstos em lei, os 
direitos da personalidadesão intransmissíveis e irrenun-
ciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação 
voluntária”. Vale ressaltar que são também, relativamente 
inalienáveis, como também imprescritíveis. 
 
Além do que, o art. 12 informa que, pode-se exigir que 
cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e 
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções 
previstas em lei. E, em se tratando de morto, terá legiti-
mação para requerer a medida prevista neste artigo o 
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, 
ou colateral até o quarto grau. 
Neste artigo, vê-se consagrada a tutela geral da persona-
lidade, trazendo os princípios da prevenção e da repara-
ção integral de danos, que podem ser exercidos por mei-
os judiciais ou extrajudiciais. No que se refere à repara-
ção de danos, cabe destacar a súmula 37 do STJ que 
permite a cumulação das indenizações por dano material 
e dano moral oriundos do mesmo fato. 
 
Atos de disposição do próprio corpo 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de 
disposição do próprio corpo, quando importar diminuição 
permanente da integridade física, ou contrariar os bons 
costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido 
para fins de transplante, na forma estabelecida em lei 
especial. 
 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a 
disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, 
para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente 
revogado a qualquer tempo. 
 
Tratamento médico de risco 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, 
com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção 
cirúrgica. 
 
Direito ao nome 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compre-
endidos o prenome e o sobrenome. 
 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por 
outrem em publicações ou representações que a expo-
nham ao desprezo público, ainda quando não haja inten-
ção difamatória. 
 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome a-
lheio em propaganda comercial. 
 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas 
goza da proteção que se dá ao nome. 
 
Proteção à palavra e à imagem 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à admi-
nistração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a 
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de 
uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e 
sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem 
a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se desti-
narem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, 
são partes legítimas para requerer essa proteção o côn-
juge, os ascendentes ou os descendentes. 
 
Proteção à intimidade 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o 
juiz, a requerimento do interessado, adotará as providên-
cias necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrá-
rio a esta norma. 
 
 
 
DAS PESSOAS JURÍDICAS 
 
 
As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas 
coletivas, morais, fictícias ou abstratas, são entidades 
que a lei empresta personalidade, capacitando-as a se-
rem sujeitos de direitos e obrigações. A principal caracte-
rística da pessoa jurídica é o fato de ela possuir persona-
lidade própria distinta da personalidade de cada um de 
seus membros. 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE da pessoa jurídica 
Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção 
dos direitos da personalidade, consubstanciada nos arts. 
11 a 21 do CC/2002 (Art. 52). 
 
Segundo o Novo Código Civil, as PESSOAS JURÍDICAS 
são: 
De direito público interno e externo, e de direito privado 
(art. 40). 
 
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São pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO INTERNO 
(art. 41): 
I- a União; 
II- os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III- os Municípios; 
IV- as autarquias, inclusive as associações públicas; 
(Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) 
V- as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes-
soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado 
estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, 
quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Códi-
go. 
 
OBSERVAÇÕES: 
As pessoas jurídicas de direito público interno são civil-
mente responsáveis por atos dos seus agentes que 
nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado 
direito regressivo contra os causadores do dano, se hou-
ver, por parte destes, culpa ou dolo (Art. 43). 
 
São pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO EXTERNO 
(Art. 42): 
Os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem 
regidas pelo direito internacional público. 
 
São pessoas jurídicas de DIREITO PRIVADO (Art. 44): 
I- as associações; 
II- as sociedades; 
III- as fundações. 
IV- as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 
10.825, de 22.12.2003) 
V- os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 
22.12.2003) 
 
DAS ASSOCIAÇÕES 
São entidades sem fins lucrativos, cujas finalidades po-
dem ser religiosas, morais, culturais, desportivas, recrea-
tivas, dentre outras. 
 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de 
pessoas que se organizem para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e 
obrigações recíprocos. 
 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associa-
ções conterá: 
I- a denominação, os fins e a sede da associação; 
II- os requisitos para a admissão, demissão e exclusão 
dos associados; 
III- os direitos e deveres dos associados; 
IV- as fontes de recursos para sua manutenção; 
V- o modo de constituição e de funcionamento dos ór-
gãos deliberativos; 
VI- as condições para a alteração das disposições estatu-
tárias e para a dissolução. 
VII- a forma de gestão administrativa e de aprovação das 
respectivas contas. 
 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o 
estatuto poderá instituir categorias com vantagens espe-
ciais. 
 
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o 
estatuto não dispuser o contrário. 
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou 
fração ideal do patrimônio da associação, a transferência 
daquela não importará, de per si, na atribuição da quali-
dade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo 
disposição diversa do estatuto. 
 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível haven-
do justa causa, assim reconhecida em procedimento que 
assegure direito de defesa e de recurso, nos termos pre-
vistos no estatuto. 
 
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exer-
cer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente 
conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na 
lei ou no estatuto. 
 
Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: 
I- destituir os administradores; 
II- alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem 
os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da 
assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo 
quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os 
critérios de eleição dos administradores. 
 
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á 
na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos 
associados o direito de promovê-la. 
 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu 
patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as 
quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do 
art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos 
designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação 
dos associados, à instituição municipal, estadual ou fede-
ral,de fins idênticos ou semelhantes. 
§ 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por 
deliberação dos associados, podem estes, antes da des-
tinação do remanescente referida neste artigo, receber 
em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribui-
ções que tiverem prestado ao patrimônio da associação. 
§ 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito 
Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, 
instituição nas condições indicadas neste artigo, o que 
remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda 
do Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
DAS SOCIEDADES 
Primeiramente, destaque-se que as disposições concer-
nentes às associações aplicam-se subsidiariamente às 
sociedades, conforme disposto no art. 44, § 2º. 
As sociedades são também união de pessoas, entretanto 
distinguem-se das associações por terem finalidade lucra-
tiva, conforme se verifica da leitura do Art. 981: celebram 
contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente 
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o 
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, 
dos resultados. 
 
DAS FUNDAÇÕES 
Diferente das associações e das sociedades, que resul-
tam da união de indivíduos, as fundações são instituições 
constituídas através de patrimônio livre, doado por seu 
instituidor para uma finalidade específica. 
 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, 
por escritura pública ou testamento, dotação especial de 
bens livres, especificando o fim a que se destina, e decla-
rando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-
se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. 
 
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, 
os bens a ela destinados serão, se de outro modo não 
dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação 
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que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre 
vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a proprieda-
de, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não 
o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado 
judicial. 
 
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação 
do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão 
logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto 
da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à 
aprovação da autoridade competente, com recurso ao 
juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo 
assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 
cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério 
Público. 
 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do 
Estado onde situadas. 
§ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, 
caberá o encargo ao Ministério Público Federal. 
OBSERVAÇÃO 
Ressalte-se que o STF declarou a inconstitucionalidade 
deste parágrafo, sem prejuízo, da atribuição ao Ministério 
Público Federal da veladura pelas fundações federais de 
direito público, funcionem, ou não, no Distrito Federal ou 
nos eventuais Territórios. 
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, 
caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Mi-
nistério Público. 
 
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação 
é mister que a reforma: 
I- seja deliberada por dois terços dos competentes para 
gerir e representar a fundação; 
II- não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III- seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, 
caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requeri-
mento do interessado. 
 
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada 
por votação unânime, os administradores da fundação, ao 
submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, 
requererão que se dê ciência à minoria vencida para 
impugná-la, se quiser, em dez dias. 
 
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalida-
de a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua 
existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer 
interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o 
seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato 
constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designa-
da pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
DAS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS 
São livres a criação, a organização, a estruturação inter-
na e o funcionamento das organizações religiosas, 
sendo vedado ao poder público negar-lhes reconheci-
mento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao 
seu funcionamento (Art. 44, § 1º). 
 
DOS PARTIDOS POLÍTICOS 
Os partidos políticos serão organizados e funcionarão 
conforme o disposto em lei específica (Art. 44, § 3º). 
 
INÍCIO DA PERSONALIDADE da pessoa jurídica 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas 
de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no 
respectivo registro, precedida, quando necessário, de 
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averban-
do-se no registro todas as alterações por que passar o 
ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a 
constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por 
defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação 
de sua inscrição no registro. 
 
Art. 46. O registro declarará: 
I- a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e 
o fundo social, quando houver; 
II- o nome e a individualização dos fundadores ou institui-
dores, e dos diretores; 
III- o modo por que se administra e representa, ativa e 
passivamente, judicial e extrajudicialmente; 
IV- se o ato constitutivo é reformável no tocante à admi-
nistração, e de que modo; 
V- se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, 
pelas obrigações sociais; 
VI- as condições de extinção da pessoa jurídica e o desti-
no do seu patrimônio, nesse caso. 
 
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos adminis-
tradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos 
no ato constitutivo. 
 
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, 
as decisões se tomarão pela maioria de votos dos pre-
sentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo 
diverso. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular 
as decisões a que se refere este artigo, quando violarem 
a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simula-
ção ou fraude. 
 
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a 
faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, 
nomear-lhe-á administrador provisório. 
 
DESCONSIDERAÇÃO da pessoa jurídica 
A existência distinta da dos membros ocasionou no 
passado alguns problemas, quando os sócios abu-
savam, excediam os limites do contrato social prati-
cando atos em nome da sociedade, lesando direito 
e patrimônio de terceiros, não respondia pelos atos 
praticados fora dos atos normais de gerência, pelos 
seus membros, escudando-se na existência distinta 
dela. 
Visando coibir tais abusos, surgiu então a teoria da 
desconsideração da pessoa jurídica. Por essa 
teoria, são alcançados pessoas e bens que se es-
condem dentro de uma pessoa jurídica para fins 
ilícitos ou abusivos. 
 
O atual Código Civil acolheu tal possibilidade, prescre-
vendo no Art. 50: 
“Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri-
zado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão pa-
trimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou 
do Ministério Público quando lhe couber intervir no pro-
cesso, que os efeitos de certas e determinadas relações 
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares 
dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” 
 
EXTINÇÃO da pessoa jurídica 
Quanto à extinção da pessoa jurídica, o Código Civil 
preceituao seguinte: 
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Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou 
cassada a autorização para seu funcionamento, ela sub-
sistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. 
§ 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver 
inscrita, a averbação de sua dissolução. 
§ 2o As disposições para a liquidação das sociedades 
aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas 
de direito privado. 
§ 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancela-
mento da inscrição da pessoa jurídica. 
 
DOS ENTES DESPERSONALIZADOS 
São conjuntos de pessoas e de bens que não possuem 
personalidade jurídica própria ou distinta, não constituin-
do pessoas físicas ou jurídicas. Podem ser destacados: 
família, espólio, herança jacente ou vacante, massa fali-
da, condomínio, dentre outros. 
Importante lembrar que o artigo 12 do Código de Proces-
so Civil conferiu ao condomínio, à massa falida, ao espó-
lio, à herança vacante e jacente e às sociedades irregula-
res a faculdade de figurarem como partes na relação 
processual. Assim, esses entes, que anteriormente não 
eram enquadrados como sujeitos de direitos, passaram a 
ter a faculdade de participarem da relação processual. 
 
 
DOMICÍLIO 
 
 
Domicílio da PESSOA NATURAL 
Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se pre-
sume presente para efeitos de direito. Onde pratica habi-
tualmente seus atos e negócios jurídicos. É o local onde 
responde por suas obrigações. 
 
Domicílio Residencial 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela 
estabelece a sua residência com ânimo definitivo. 
A residência é o elemento objetivo do domicílio. O ele-
mento subjetivo é o ânimo definitivo. 
 
Uma pessoa pode ter um só domicílio e várias residên-
cias. Pode ter também mais de um domicílio, pois o Códi-
go Civil admite a pluralidade domiciliar. 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas resi-
dências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á 
domicílio seu qualquer delas. 
 
É possível, também, segundo o art. 73, alguém ter domi-
cílio sem ter residência fixa (domicílio ocasional). É o 
caso dos circenses, ciganos, andarilhos, ou de caixeiros 
viajantes, que passam a vida em viagens e hotéis e, por 
isso, não têm residência habitual. 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não 
tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. 
 
Domicílio Profissional 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às 
relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é 
exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em 
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para 
as relações que lhe corresponderem. 
 
ESPÉCIES 
O domicílio pode ser: 
 
Voluntário 
É o estabelecido livremente pelo sujeito conforme sua 
vontade de fixar residência em um determinado local, 
com ânimo definitivo, concentrando as suas ocupações 
habituais naquele lugar. Pode ser mudado, transferindo-
se a residência com a intenção manifesta de mudar o 
domicílio. 
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, 
com a intenção manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que 
declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que 
deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, 
da própria mudança, com as circunstâncias que a acom-
panharem. 
 
Contratual 
O fixado com base no contrato: foro contratual ou de 
eleição. É previsto no art. 78: 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes 
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os 
direitos e obrigações deles resultantes. 
 
Necessário ou Legal 
É o determinado pela lei, em razão da condição ou situa-
ção de certas pessoas. Está previsto no Art. 76. 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor 
público, o militar, o marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu repre-
sentante ou assistente; o do servidor público, o lugar em 
que exercer permanentemente suas funções; o do militar, 
onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a 
sede do comando a que se encontrar imediatamente 
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matricu-
lado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
 
O agente diplomático do Brasil que, citado no estran-
geiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, 
no país, o seu domicílio poderá ser demandado no Distri-
to Federal ou no último ponto do território brasileiro onde 
o teve (art. 77). 
 
 
 
Domicílio das PESSOAS JURÍDICAS 
A pessoa jurídica, assim como a pessoa natural, também 
tem domicílio, que é a sua sede jurídica, local em que 
responderá pelos direitos e deveres assumidos. O domi-
cílio das pessoas jurídicas está previsto no art. 75. 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I- da União, o Distrito Federal; 
II- dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III- do Município, o lugar onde funcione a administração 
municipal; 
IV- das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcio-
narem as respectivas diretorias e administrações, ou 
onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos 
constitutivos. 
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos 
em lugares diferentes, cada um deles será considerado 
domicílio para os atos nele praticados. 
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no 
estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, 
no tocante às obrigações contraídas por cada uma das 
suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, 
a que ela corresponder. 
 
 
 
 
 
 
 
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DOS BENS 
 
 
O Novo Código Civil de 2002, ao se referir ao objeto do 
direito, utiliza sempre a expressão bens, evitando o vo-
cábulo coisa, que é conceito mais amplo do que o de 
bem, e muito utilizado pelo Código Civil de 1916. Coisa é 
tudo que não é humano, enquanto bem são coisas com 
interesse econômico e/ou jurídico. 
 
CONCEITO 
Bens são coisas materiais ou concretas, úteis aos ho-
mens e de expressão econômica, suscetíveis de apropri-
ação. 
O conjunto de bens pertencentes a um titular constitui o 
seu patrimônio. 
 
CLASSIFICAÇÃO dos bens 
A classificação dos bens quanto à tangibilidade, bens 
corpóreos ou incorpóreos, não consta do Código Civil de 
2002, mas é importantíssima para se compreender a 
matéria. 
 
Bens Corpóreos, Materiais ou Tangíveis são aqueles 
que possuem existência corpórea, podendo ser tocados. 
Bens Incorpóreos, Imateriais ou Intangíveis são aqueles 
com existência abstrata e que não podem ser tocados 
pela pessoa humana. 
 
O Código Civil adotou classificação própria e dividiu os 
bens em três classes: 
 
1. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS: 
 
Bens Imóveis e Móveis 
É a mais importante classificação, fundada na efetiva 
natureza dos bens. Seus principais efeitos práticos são: 
os bens móveis são adquiridos por simples tradição, 
enquanto os imóveis dependem de escritura pública e 
registro no Cartório de Registro de Imóveis; exigem tam-
bém, os imóveis, a outorga uxória para serem alienados; 
usucapião de bens imóveis exige prazos maiores do que 
o de bens móveis. 
 
Dos BENS IMÓVEIS (arts. 79 a 81) 
São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorpo-
rar natural ou artificialmente(art. 79). 
 
Consideram-se imóveis para os efeitos legais (art. 80): 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os as-
seguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
 
Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conser-
vando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, 
para nele se reempregarem (art. 81). 
 
Dos BENS MÓVEIS (arts. 82 a 84) 
São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, 
ou de remoção por força alheia, sem alteração da subs-
tância ou da destinação econômico-social (art. 82). 
 
Consideram-se móveis para os efeitos legais (art. 83): 
I - as energias que tenham valor econômico; 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações 
correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respecti-
vas ações. 
 
Os materiais destinados a alguma construção, enquanto 
não forem empregados, conservam sua qualidade de 
móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da 
demolição de algum prédio (art. 84). 
 
Bens Fungíveis e Infungíveis 
Esta classificação resulta da individualização do bem. 
 
São FUNGÍVEIS os móveis que podem substituir-se por 
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 
85), como dinheiro. 
INFUNGÍVEIS são os que não têm esse atributo, porque 
encarados de acordo com as suas qualidades individuais, 
como o quadro do pintor famoso, ou um livro autografado. 
 
Bens Consumíveis e Inconsumíveis 
Esta classificação leva em conta dois parâmetros: a con-
suntibilidade de fato (física) e a de direito (jurídica). 
 
São CONSUMÍVEIS os bens móveis cujo uso importa 
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destruição imediata da própria substância (consumíveis 
de fato, como os gêneros alimentícios), sendo também 
considerados tais os destinados à alienação (consumíveis 
de direito, como o dinheiro) (art. 86). 
INCONSUMÍVEIS são os que admitem uso reiterado, 
sem destruição de sua substância. 
 
 
 
Bens Divisíveis e Indivisíveis 
Bens DIVISÍVEIS são os que se podem fracionar sem 
alteração na sua substância, diminuição considerável de 
valor, ou prejuízo do uso a que se destinam (art. 87). 
Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se INDIVI-
SÍVEIS por natureza (os que não podem fracionar sem 
alteração na sua substância, diminuição do valor ou pre-
juízo), por determinação da lei (as servidões, as hipote-
cas) ou por vontade das partes (convencional) (art. 88). 
 
Bens Singulares e Coletivos 
São SINGULARES ou individuais os bens que, embora 
reunidos, se consideram de per si, independentemente 
dos demais (art. 89). São singulares, portanto, quando 
considerados na sua individualidade, uma árvores, por 
exemplo. 
Os bens COLETIVOS ou universais são chamados, 
também, de universalidades e abrangem as universalida-
des de fato e as universalidades de direito. 
Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens 
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham 
destinação unitária, como por exemplo, um rebanho, uma 
biblioteca. 
Os bens que formam essa universalidade podem ser 
objeto de relações jurídicas próprias (art. 90). 
Constitui universalidade de direito o complexo de rela-
ções jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econô-
mico, como por exemplo, a herança, o patrimônio (art. 
91). 
 
 
2. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
 
Bem Principal e Acessório 
PRINCIPAL ou independente é o bem que existe sobre 
si, abstrata ou concretamente (art. 92, primeira parte); 
ACESSÓRIO ou dependente, aquele cuja existência 
supõe a do principal (art. 92, segunda parte). Assim, o 
solo é principal, porque existe por si, concretamente, sem 
qualquer dependência. A árvore é acessório, porque sua 
existência supõe a do solo, onde foi plantada. 
Como princípio geral do Direito Civil; o bem acessório 
segue o destino do principal. 
 
O Código Civil de 2002 incluiu no rol dos bens acessórios 
as pertenças, os bens destinados a servir um outro bem 
principal, por vontade ou trabalho intelectual do proprietá-
rio, ou seja, os bens que, não constituindo partes inte-
grantes, destinam-se, de modo duradouro, ao uso, ao 
serviço ou ao aformoseamento de outro (art. 93). Deter-
mina ainda o Código Civil: os negócios jurídicos que 
dizem respeito ao bem principal não abrangem as perten-
ças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação 
de vontade, ou das circunstâncias do caso (art. 94). 
 
Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se 
os frutos e os produtos. 
Estabelece o art. 95, que apesar de ainda não separados 
do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto 
de negócio jurídico. 
 
Frutos são bens acessórios que têm sua origem no bem 
principal, mantendo a integridade do mesmo, ou seja, são 
as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nas-
cem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição 
no todo ou em parte, como o café, os cereais, os frutos 
das árvores, o leite, as crias dos animais, etc. 
Dividem-se os frutos quanto à origem em: 
Naturais são os que se desenvolvem e se renovam peri-
odicamente, em virtude da força orgânica da própria 
natureza, como as frutas árvores, as crias dos animais. 
Industriais são os que aparecem pela mão do homem 
sobre a natureza, como a produção de uma fábrica. 
Civis são os rendimentos produzidos pela coisa, em 
virtude de sua utilização por outrem que não o proprietá-
rio, como os juros e os aluguéis. 
Quanto ao estado em que eventualmente se encontrem, 
podem ser: 
Pendentes, enquanto unidos à coisa que os produziu. 
Percebidos ou colhidos, depois de separados. 
Estantes, os separados e armazenados ou acondiciona-
dos para venda. 
Percipiendos, os que deviam ser, mas não foram colhi-
dos ou percebidos, e 
Consumidos, os que não existem mais porque foram 
utilizados. 
Essa classificação é importante para o estudo da posse. 
 
Produtos são os bens acessórios que saem da coisa 
principal, diminuindo a sua quantidade e substância, isto 
é, são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-
lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodica-
mente, como as pedras e os metais que se extraem das 
pedreiras e das minas. 
 
Também se consideram acessórias todas as benfeitorias, 
qualquer que seja o valor. Ressalte-se que benfeitorias 
são os bens acessórios introduzidos em bem móvel ou 
imóvel, visando a sua conservação ou melhora da sua 
utilidade. 
Segundo o art. 96 do Código Civil, as benfeitorias po-
dem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não 
aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem 
mais agradável ou sejam de elevado valor (§ 1º). 
São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem 
(§2º). 
São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou 
evitar que se deteriore (§3º). 
Importante lembrar que não se consideram benfeitorias 
os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem 
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor 
(art. 97). 
 
 
3. BENS QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO 
 
Bens Públicos e Particulares 
São PÚBLICOS os bens do domínio nacional pertencen-
tes às pessoas jurídicas de direito público interno (art. 98, 
primeira parte); 
Todos os outros, por exclusão, são PARTICULARES, 
seja qual for a pessoa a que pertencerem (art. 98, segun-
da parte). 
 
Classificação dos BENS PÚBLICOS 
São bens públicos (art. 99): 
 
Os de uso comum do povo são os que podem ser utili-
zados por qualquer um do povo, sem formalidades, tais 
como rios, mares, estradas, ruas e praças (art. 99, I); O 
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uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retri-
buído, conforme for estabelecido legalmente pela entida-
de a cuja administração pertencerem (art. 103), como 
ocorre com a cobrança de pedágio, nas rodovias. 
 
Os de uso especial são os que se destinam especial-
mente à execução dos serviços públicos. Tais como edifí-
cios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento 
da administração federal, estadual, territorial ou munici-
pal, inclusive os de suas autarquias (art. 99, II). São utili-
zados exclusivamente pelo poder público. 
 
Os dominicais ou do patrimônio disponível são os que 
constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada 
uma dessas entidades (art. 99, III). Sobre eles o poder 
público exerce poderes de proprietário. Dessa forma, não 
estando o bem afetado à finalidade pública específica, 
podem ser alienados, observadas as exigências da lei 
(art. 101). 
 
Importante lembrar que os bens públicos de uso comum 
do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquan-
to conservarem a sua qualificação, na forma que a lei 
determinar (art. 100), e como consequência desta carac-
terística são também impenhoráveis. 
Por fim, o art. 102 determina a imprescritibilidade dos 
bens públicos, ao dispor que esses bens não estão sujei-
tos à usucapião. 
 
 
BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL ou VOLUNTÁRIO 
O Código Civil de 2002 trata ainda do bem de família 
convencional ou voluntário (arts. 1.711 a 1.722), que 
pode ser instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar 
ou por terceiro, mediante escritura pública ou testamento, 
não podendo ultrapassar essa reserva um terço do patri-
mônio líquido das pessoas que fazem essa instituição. 
Ressalte-se que o limite estabelecido pela legislação visa 
a proteger eventuais credores. E, pelo disposto na parte 
final do art. 1.711, o bem de família convencional não 
revogou o bem de família legal, estabelecido na Lei nº 
8.009/1990. 
 
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, 
mediante escritura pública ou testamento, destinar parte 
de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que 
não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente 
ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a im-
penhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei 
especial. 
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir 
bem de família por testamento ou doação, dependendo a 
eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os côn-
juges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. 
 
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residen-
cial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, 
destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e 
poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será 
aplicada na conservação do imóvel e no sustento da 
família. 
 
Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins 
previstos no artigo antecedente, não poderão exceder o 
valor do prédio instituído em bem de família, à época de 
sua instituição. 
§ 1o Deverão os valores mobiliários ser devidamente 
individualizados no instrumento de instituição do bem de 
família. 
§ 2o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição 
como bem de família deverá constar dos respectivos 
livros de registro. 
§ 3o O instituidor poderá determinar que a administração 
dos valores mobiliários seja confiada a instituição finan-
ceira, bem como disciplinar a forma de pagamento da 
respectiva renda aos beneficiários, caso em que a res-
ponsabilidade dos administradores obedecerá às regras 
do contrato de depósito. 
 
Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônju-
ges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título 
no Registro de Imóveis. 
 
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por 
dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provie-
rem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de 
condomínio. 
Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas 
referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em 
outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida 
pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevan-
tes aconselharem outra solução, a critério do juiz. 
 
Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente 
durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta des-
tes, até que os filhos completem a maioridade. 
 
Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos 
como bem da família, não podem ter destino diverso do 
previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consen-
timento dos interessados e seus representantes legais, 
ouvido o Ministério Público. 
 
Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade 
administradora, a que se refere o § 3o do art. 1.713, não 
atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua 
transferência para outra instituição semelhante, obede-
cendo-se, no caso de falência, ao disposto sobre pedido 
de restituição. 
 
Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção 
do bem de família nas condições em que foi instituído, 
poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui-
lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem 
em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público. 
 
Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de insti-
tuição, a administração do bem de família compete a 
ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de diver-
gência. 
Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônju-
ges, a administração passará ao filho mais velho, se for 
maior, e, do contrário, a seu tutor. 
 
Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extin-
gue o bem de família. 
Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela 
morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a 
extinção do bem de família, se for o único bem do casal. 
 
Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com 
a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, 
desde que não sujeitos a curatela. 
 
 
BEM DE FAMÍLIA LEGAL 
A Lei 8.009/1990 traça as regras específicas quanto à 
proteção do bem de família legal. 
 
Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza 
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Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 14 
F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br 
Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da enti-
dade familiar, é impenhorável e não responderá por qual-
quer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária 
ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos 
pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele resi-
dam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. 
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o 
imóvel sobre o qual se assentam a construção, as planta-
ções, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os 
equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis 
que guarnecem a casa, desde que quitados. 
 
Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de 
transporte, obras de arte e adornos suntuosos. 
Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhora-
bilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarne-
çam a residência e que sejam de propriedade do locatá-
rio, observado o disposto neste artigo. 
 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer pro-
cesso de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista 
ou de outra natureza, salvo se movido: 
I- em razão dos créditos de trabalhadores da própria 
residência e das respectivas contribuições previdenciá-
rias; 
II- pelo titular do crédito decorrente do financiamento 
destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no 
limite dos créditos e acréscimos constituídos em função 
do respectivo contrato; 
III- pelo credor de pensão alimentícia; 
IV- para cobrança de impostos, predial ou

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