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Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 1 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEITO O Decreto-Lei nº 4.657/42, de 04 de setembro de 1942 ou Lei de Introdução ao Código Civil (LICC), como era conhecida, é legislação anexa ao Código Civil, mas autô- noma, dele não fazendo parte. Com a redação da Lei nº 12.376/2010, passa então a ser denominada Lei de In- trodução às normas do Direito Brasileiro. O tema central da LINDB é a própria Lei, haja vista tratar- se de um conjunto de normas sobre normas, aplicando-se a todos os ramos do direito. Enquanto o objeto das leis em geral é o comportamento humano, o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é a própria norma, pois disciplina a sua elabo- ração e vigência, a sua aplicação no tempo e no espaço, as suas fontes, etc. Tem por funções regulamentar os seguintes temas: • A vigência da lei e sua revogação; • Da impossibilidade de alegar a sua ignorância; • Da aplicação da e de suas lacunas; • Da interpretação da lei e de sua eficácia no tem- po e no espaço. VIGÊNCIA DA LEI A lei passa por três fases: a da elaboração, da promulga- ção e da publicação. Embora nasça com a promulgação, só começa a ter obrigatoriedade com sua publicação no Diário Oficial. Segundo dispõe a LINDB (art. 1º), salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Portanto, a regra geral é a lei entre em vigor em todo o território na- cional quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Como regra, esse período é previsto na própria norma. Para que a lei tenha vigência a partir da data publicação, isso deve vir expresso em seu texto, senão vale a regra dos quarenta e cinco dias. O intervalo entre a data de sua publicação e a sua entra- da em vigor chama-se vacatio legis. Importante observar, que pela regra do art. 8º, § 1º, da Lei Complementar nº 95/1998, na contagem do prazo para vigência da lei, não se aplica o art. 132 do Código Civil (Salvo disposição legal ou convencional em contrá- rio, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento). Isso porque, na contagem do prazo inclui-se o dia do começo (da publicação) e tam- bém o último dia do prazo (do vencimento). Quando a lei brasileira é admitida no exterior, sua obriga- toriedade inicia-se três meses depois de oficialmente publicada, conforme prevê o art. 1º, § 1º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publica- ção de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação (§ 3º). Aqui temos a chamada norma corretiva, que existe para afastar equívocos importantes cometidos pelo comando legal. Contudo, é importante lembrar que as correções a texto de lei já em vigor consi- deram-se lei nova (§ 4º). REVOGAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Revogação é a supressão da força obrigatória da lei, retirando-lhe a eficácia (o que só pode ser feito por outra lei). Conforme o disposto no art. 2º, não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modi- fique ou revogue. Nisso consiste o princípio da continu- idade da lei. A revogação da lei pode ser total (ab-rogação), quando se torna sem efeito uma norma de forma integral (art. 2.045, primeira parte do CC/2002) ou parcial (derroga- ção), quando uma lei torna sem efeito parte de uma lei anterior (art. 2.045, segunda parte do CC/2002). Pode ainda a revogação pode ser expressa (ou por via direta) ou tácita (por via oblíqua). Expressa quando a lei nova declara que a lei anterior, ou parte dela, fica revogada (art. 2º, § 1º, primeira parte). Tácita, quando não traz a declaração nesse sentido, mas mostra-se incompatível com a lei antiga ou regula intei- ramente a matéria de que tratava a lei anterior (art. 2º, § 1º, segunda parte). Ressalte-se que, ocorre também a revogação tácita de uma lei quando se mostra incompa- tível com a mudança havida na Constituição, em face da supremacia desta sobre as demais leis. Importante lem- brar ainda que a lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior (art. 2º, § 2º). Necessário observar o fenômeno denominado antinomia ou lacuna de conflito, que pode ser entendido como a presença de duas normas conflitantes, válidas e emana- das de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto. Três são os critérios utilizados para a solução dos confli- tos: Cronológico: norma posterior prevalece sobre norma anterior; Especialidade: norma especial prevalece sobre norma geral; e Hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior. Importante lembrar ainda que, conforme a LINDB, salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. O art. 2º, § 3º, refere-se ao instituto da repristinação, que é o restabe- lecimento da vigência de uma lei revogada em virtude da revogação da norma revogadora. Ou seja, efeito repristi- natório é aquele pelo qual uma norma revogada volta a valer no caso de revogação da sua revogadora. Por exemplo, revogada a Lei nº 1 pela Lei nº 2, e, poste- riormente, revogada a lei revogadora (nº 2) pela Lei nº 3, não se restabelece a vigência da Lei nº 1, salvo se a Lei nº 3, ao revogar a revogadora (nº 2), determinar a repris- tinação da nº 1. A conclusão, portanto, é que não existe o efeito repristinatório automático. O retorno da norma re- vogada deve ser expresso e explicitamente previsto na norma que revogar a lei revogadora, pois o nos- so ordenamento apenas aceita a repristinação ex- pressa, não existindo repristinação tácita. Importante ainda lembrar o comando expresso no ar. 11, § 2º, da Lei nº 9.868/1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconsti- tucionalidade e da ação declaratória de constitucio- nalidade perante o Supremo Tribunal Federal. As- sim, a lei revogada volta a viger quando a lei revo- gadora for considerada inconstitucional ou quando for concedida a suspensão cautelar da eficácia da norma impugnada. Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 2 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br Questão importante quanto à eficácia da norma é sua ultra-atividade, que consiste na característica das leis denominadas excepcionais ou temporárias, permitindo a estas serem aplicadas aos fatos prati- cados durante a sua vigência, mesmo depois de estarem revogadas. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA NORMA Sendo a lei uma ordem dirigida à vontade geral, uma vez em vigor torna-se obrigatória para todos, pois tem força coercitiva. Por essa razão ninguém pode eximir-se de cumpri-la, alegando que não a conhece (art. 3º). FORMAS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Para solução dos conflitos apresentados por determina- dos casos submetidos à apreciação do judiciário, o juiz, dentro da sistemática do direito, aplica a lei para a resolu- ção da lide, pois é a lei fonte formal primária. Entretanto, o legislador não consegue prever todas as situações para o presente e para o futuro. Como o juiz não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de que a lei é omissa, deve valer-se dos mecanismos legais destinados a suprir as lacunas da lei (art. 4º), tratadas como fontes formais secundárias, que são a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito. Analogia - aplicará ao caso concreto a solução dada a outro caso semelhante. O que justifica a analogia é opreceito que determina: para situações essencialmente iguais devem ser aplicadas regras jurídicas iguais. A doutrina qualifica a analogia de duas formas: a) Analogia “legis” - é a aplicação de uma regra especí- fica prevista para um determinado caso, em outra hipóte- se não prevista na lei, que é essencialmente similar ao primeiro caso. b) Analogia “iuris” - constitui na aplicação de um con- junto de normas para atender ao caso especial, não pre- visto na lei. Não há aplicação direta de uma só lei, mas sim de várias delas em conjunto. Costumes - averiguará o uso implantado numa coletivi- dade e considerado por ela juridicamente correto, ou seja, é a prática uniforme, constante, pública e geral de deter- minado ato, com a convicção de sua necessidade. Em relação à lei, três são as espécies de costume: a) secun- dum legem, quando sua eficácia obrigatória é reconhe- cida pela lei (arts.1.297, § 1°, 596 e 615 do CC/2002); praeter legem, quando se destina a suprir a lei, nos casos omissos (ex. o costume de efetuar-se pagamentos com cheques pré-datado, afastando a existência de cri- me); c) contra legem, que se opõe à lei (em regra, o costume não pode contrariar a lei) Princípios Gerais do Direito - é o mais amplo, sua deci- são se firmará nos fundamentos que norteiam o direito e, em especial, a matéria sub judice. De um modo geral, a doutrina aponta alguns princí- pios gerais do ordenamento, que são princípios presentes em todo o ordenamento moderno mundi- al - ex. ninguém deve lesar outrem; boa fé nos ne- gócios, não se pode alegar a própria torpeza para obter vantagem, ninguém transmite mais direitos do que tem. Além, é claro, dos grandes princípios; como o da justiça, da liberdade, da igualdade, da dignidade da pessoa humana, dentre outros. INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS As normas são genéricas e contêm um comando abstra- to, não se referindo especificamente a casos concretos. E a LINDB orienta que na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum (art. 5°). O juiz é o intermediário entre a norma e o fato. Quando o fato se enquadra perfeitamente na norma, dá-se o fe- nômeno da subsunção. Para verificar se a norma é aplicável ao caso em julga- mento, o juiz procura descobrir o sentido da norma, inter- pretando-a. Assim, interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica. Da interpretação da norma, surge a hermenêutica jurídica, que é a ciência da inter- pretação. São os seguintes, os métodos de interpretação: a) Quanto às fontes ou origem: autêntica, emana do próprio texto lega (é feita pelo legislador); doutrinária, feita pelos estudiosos e comentaristas do direito; e juris- prudencial, fixada pelos tribunais, por meio de decisões do Poder Judiciário. b) Quanto aos meios: Gramatical ou literal, consiste no exame do texto norma- tivo sob o ponto de vista linguístico; Lógica, procura-se apurar a intenção do legislador, por meio de raciocínios lógicos, com abandono dos elemen- tos puramente verbais; Histórica, consiste no exame dos precedentes da norma, das discussões do processo legislativo, dos anseios po- pulares. É o melhor método para apurar a vontade do legislador e os objetivos que visava atender; Sistemática, parte do pressuposto que a lei não existe isoladamente e deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes ao mesmo ordenamento jurídico; e Teleológica, consiste na procura do sentido da norma, inquire-se qual o efeito eu ele busca, qual o problema que almeja resolver. c) Quanto a sua extensão: Declarativa, é a feita nos exatos termos do que consta na lei, sem ampliar ou restringir o conteúdo do texto legal; Extensiva, amplia-se o sentido do texto legal, sob o argumento de que o legislador disse menos do que pretendia; e Restritiva, restringe-se o texto legal, eis que o le- gislador disse mais do que pretendia. Importante ressaltar que todos esses métodos não operam isoladamente, não se repelem, mas se completam. EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO É a aplicação ou não da lei nova às situações cons- tituídas na vigência da lei anterior. É sabido que a norma jurídica é criada para vale ao futuro, não para o passado. Até porque, o princípio é o da irretroatividade, isto é, a nova lei não atinge os efeitos de atos jurídicos praticados na vigência da norma anterior que foi revogada. Entretanto, este princípio não é absoluto e, eventualmente, pode uma determinada norma atingir também os fatos pretéritos, desde que sejam respeitados os parâme- tros da LINDB (art. 6º) e da Constituição Federal (art. 5º, XXXVI). Assim, a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquiri- Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 3 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br do e a coisa julgada. Ato jurídico perfeito é aquele que já se consumou de acordo com a lei vigente à época (§1º). O direito já foi exercido, não podendo ser modificado por lei posterior. Direito adquirido é aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular, ainda que este não o tenha exercido. A LICC considera adquiridos os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré- fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (§ 2º). Coisa julgada é a imutabilidade dos efeitos da sentença, não mais sujeita a recursos. Para a LICC, chama-se coisa julgada ou caso jul- gado a decisão judicial de que já não caiba recurso (§ 3º). EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO Em razão da soberania estatal, a norma tem aplica- ção dentro do território delimitado pelas fronteiras do Estado que a promulgou; ou seja, quanto à efi- cácia da lei no espaço, a regra é o princípio da territorialidade da lei. No entanto, o Brasil aceita excepcionalmente a extraterritorialidade, uma vez que as leis e as sentenças estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil. Daí porque se dizer que o país adotou o chamado princípio da territorialidade moderada ou temperada. Extraterritorialidade é a aplicação de normas es- trangeiras no território nacional. Ressalte-se que não serão aceitas as leis estrangeiras se ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17, LINDB). Nesse sentido, vale informar que uma sentença estrangeira somente terá aplicação no Brasil, se for devidamente homologada pelo Poder Judiciário. Após a Emenda Constitucional 45/2004, o Superior Tribunal de Justiça passou a ter competência para a homologação de sentenças estrangeiras e a con- cessão de exequatur (art. 15, LINDB) às cartas rogatórias. Assim, como se pode observar, a LINDB traz também regras de Direito Internacional Público e Privado (arts. 7º a 19). Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa deter- mina as regras sobre o começo e o fim da personalida- de, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. § 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. § 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os ca- sos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicí- lio conjugal. § 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. § 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, re- querer ao juiz, no ato de entrega do decreto denaturali- zação, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito ime- diato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, deci- sões já proferidas em pedidos de homologação de sen- tenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. § 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se- á a lei do país em que se constituírem. § 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se consti- tuída no lugar em que residir o proponente. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obede- ce à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desa- parecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os repre- sente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. § 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. § 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agên- cias ou estabelecimentos antes de serem os atos consti- tutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujei- tas à lei brasileira. § 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organiza- ções de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não pode- rão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. § 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a proprie- dade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 4 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhe- cer das ações, relativas a imóveis situados no Brasil. § 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade es- trangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasilei- ros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formali- dades necessárias para a execução no lugar em que, foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal (a competência para a homologação de sentença estrangei- ra, após as modificações decorrentes da Emenda Consti- tucional nº 45/2004, no Art. 105, I, i, é do Superior Tri- bunal de Justiça). Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficá- cia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelio- nato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascidos no país da sede do Consulado. Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. DAS PESSOAS NATURAIS DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE É todo ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres, excluindo-se os animais, os seres inanimados, todos tidos, eventualmente, como objetos do direito. Toda pessoa é dotada de personalidade, ou seja, tem capacidade para figurar em uma relação jurídica. Toda pessoa tem aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações (personalidade). Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil (art. 1º). INÍCIO DA PERSONALIDADE NATURAL A personalidade civil da pessoa natural começa do nas- cimento com vida. Nascendo vivo, ainda que morra em seguida, o novo ente chegou a ser pessoa, adquiriu direi- tos, e com sua morte os transmitiu. Antes do nascimento não há personalidade. Mas o citado artigo ressalva os direitos do nascituro (aquele que foi concebido, mas ainda não nasceu), desde a concepção. E a Lei nº 11.804/2008, que disciplina os alimentos graví- dicos desde a concepção até o parto, apenas reforça o direito do nascituro estabelecido no art. 2º do CC/2002. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro (art. 2º). DAS INCAPACIDADES A capacidade como elemento da personalidade pode ser classificada em: Capacidade de direito ou de gozo é inerente à persona- lidade, e que somente se perde com a morte (art. 1º) Capacidade de fato ou de exercício está relacionada com o exercício dos atos da vida civil. Observe-se que, aquele que possui as duas capacidades tem a capacidade civil plena. Incapacidade, portanto, é a restrição legal ao exercício de atos da vidacivil. No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, porque todos se tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos e contrair obrigações. Existe tão somente incapacidade de fato, ou de exercício, diretamente ligada à possibilidade de a pessoa possuir discernimento para a prática dos atos da vida civil. INCAPACIDADE ABSOLUTA Acarreta a proibição total do exercício, por si só, do direito, pois os absolutamente incapazes possu- em direitos, porém não podem exercê-los pessoal- mente, devendo ser representados. O representante age pelo representado, exprime a sua vontade por ele e o representado não participa do negócio. Ressalte-se que os atos praticados pelo absolutamente incapaz, sem representação, são nulos (nulidade absoluta). São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil (art. 3º, CC/2002): I- Os menores de dezesseis anos (menores impúberes); II- Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil; e III- Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. INCAPACIDADE RELATIVA Permite que o incapaz pratique certos atos da vida civil, desde que assistido. O assistente age em conjunto com o assistido, Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 5 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br complementando a vontade deste, nos negócios em que não possa agir sozinho. Importante lembrar que os atos celebrados pelos relativamente incapazes sem assistência são anuláveis (nulidade relativa). São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer (art. 4º, CC/2002): I- os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (menores púberes); II- os ébrios habituais (os alcoólatras), os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental, tenham o discer- nimento reduzido; III- os excepcionais, sem desenvolvimento mental com- pleto; e IV- os pródigos (o art. 1.782, do CC/2002, dispõe que a interdição do pródigo só o privará de, sem curador, em- prestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, deman- dar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração.). OBERVAÇÕES: Ressalte-se que, aos menores de 18 anos, a repre- sentação ou assistência será feita pelos pais e, na falta destes, por um tutor nomeado. Aos incapazes, maiores de 18 anos, será nomeado um curador (art. 1.767, CC/2002). Sobre os índios ou silvícolas que são os habitantes das selvas, não integrados à civilização, o CC/2002 não os considera mais como incapazes, devendo a questão ser regida por lei especial. Nos termos do parágrafo único do art. 4º, do Código Civil, a “capa- cidade dos índios será regulada por legislação es- pecial”. Importante lembrar ainda que os índios estão sujei- tos ao regime tutelar, estabelecido em leis e regu- lamentos especiais, o qual cessará na medida em que se forem adaptando à civilização do país (Lei 6.001/72, Estatuto do índio). CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE Cessa a incapacidade, em primeiro lugar, quando cessar a sua causa (enfermidade mental, menoridade, etc.) e, em segundo lugar pela emancipação. A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (art. 5º). EMANCIPAÇÃO (art. 5º, parágrafo único) É o ato jurídico que antecipa os efeitos da maiori- dade civil, para data anterior àquela em que o me- nor atinge a idade de 18 anos. Em qualquer das suas formas, é, em regra, irrevogável. Pode ser de três espécies: Voluntária: a concedida pelos pais, ou por um deles na falta do outro, se o menor tiver dezesseis anos comple- tos. É exigido o instrumento público; Judicial: a concedida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelado que já completou dezesseis anos; e Legal: a que decorre de determinados fatos previstos na lei, como o casamento, o exercício de emprego público efetivo, a colação de grau em curso superior e o estabe- lecimento com economia própria, civil ou comercial, ou a existência de relação de emprego, tendo o menor dezes- seis anos completos. Art. 5º, parágrafo único - Cessará, para os menores, a incapacidade: I- pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II- pelo casamento; III- pelo exercício de emprego público efetivo; IV- pela colação de grau em curso de ensino superior; V- pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela exis- tência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Com a morte extingue-se a personalidade do ser humano Pode-se falar em: Morte real: a existência da pessoa natural termina com a morte (art. 6º, primeira parte). Para que seja reconhecida a morte real, faz-se necessá- rio um laudo médico, visando à elaboração do atestado de óbito, que será levado a registro no cartório de registro civil das pessoas naturais (art. 9º, I). Morte presumida (art. 6º, segunda parte), com declara- ção de ausência: presume-se a morte, quanto aos au- sentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. A ausência pode ser considerada como hipótese de mor- te presumida, decorrente do desaparecimento da pessoa natural, sem que se tenha um corpo para provar a morte real. Ou seja, a morte presumida do ausente pode ser declarada quando alguém em local incerto e não sabido. A situação do ausente passa por três fases: Na 1ª fase (Curadoria - art. 22 a 25), o patrimônio do ausente é arrecadado pelo juiz, sob a fiscalização do Ministério Público e é entregue à administração do cura- dor especial nomeado pelo Juiz. Na 2ª fase (Sucessão Provisória - art. 26 a 36), se o ausente não der notícia nesse período ou não surgir a prova do óbito, o juiz profere uma sentença, transforman- do a declaração preliminar de ausência em sucessão provisória. Na 3ª fase (Sucessão Definitiva - art. 37 a 39), pelo art. 6º do CC, presume-se a morte do ausente, e os sucessores desse ausente terão a propriedade resolúvel sobre os bens já partilhados. O art. 7º do Novo Código Civil permite a declaração de morte presumida, para todos os efeitos, sem decreta- ção de ausência: I- Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II- Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisi- oneiro, não for encontrado em até dois anos após o tér- mino da guerra. Importante ressaltar que, a declaração da morte presumi- da, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sen- tença fixar a data provável do falecimento (art. 7º, p.u.). Morte simultânea ou comoriência (art. 8º): se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro, presumir- se-ão simultaneamente mortos. Atente-se que a comoriência não constitui presunção quanto à existência da morte, mas ao seu momento. E, somente terá relevância quando se tratar da morte simul- tânea de pessoas que estejam em linha de sucessão. Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 6 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br Da Ausência Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado represen- tante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência,e nomear- lhe-á curador. Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os pode- res e obrigações, conforme as circunstâncias, observan- do, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. § 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausen- te incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. § 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. § 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. Da Sucessão Provisória Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoria- mente a sucessão. Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: I- o cônjuge não separado judicialmente; II- os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; III- os que tiverem sobre os bens do ausente direito de- pendente de sua morte; IV- os credores de obrigações vencidas e não pagas. Art. 28. A sentença que determinar a abertura da suces- são provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. § 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não haven- do interessados na sucessão provisória, cumpre ao Minis- tério Público requerê-la ao juízo competente. § 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisó- ria, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar convenien- te, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, median- te penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. § 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluí- do, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. § 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, in- dependentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e pres- tar anualmente contas ao juiz competente. Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimen- tos. Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisó- ria poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a exis- tência, depois de estabelecida a posse provisória, cessa- rão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecura- tórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. Da Sucessão Definitiva Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sen- tença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele. Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus des- cendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alie- nados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorpo- rando-se ao domínio da União, quando situados em terri- Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 7 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br tório federal. DOS REGISTROS Os atos praticados pelas pessoas e os fatos que a atin- gem, merecem ser objeto de catalogação em um órgão próprio, para que o Estado e terceiros possam ter ciência da situação jurídica dessas pessoas e das situações jurídicas que elas experimentaram durante a sua viva, além de ser meio de prova dos atos. Já averbação é o ato de fazer constar à margem de um registro, um fato ou referência que o altere ou o cancele Serão REGISTRADOS em registro público (art. 9º): I- os nascimentos, casamentos e óbitos; II- a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III- a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV- a sentença declaratória de ausência e de morte pre- sumida. Far-se-á AVERBAÇÃO em registro público (art. 10): I- das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o resta- belecimento da sociedade conjugal; II- dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; III- (Revogado pela Lei nº 12.010/2009). DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE Os direitos da personalidade são inerentes à pessoa e à sua dignidade (art. 1º, III, CF/1988) estando a ela ligados de maneira perpétua. Dentre os direitos da personalidade destacam-se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra. A Constituição Federal expressamente se refere aos direitos da personalidade, no art. 5°, X, que proclama: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.” O Código Civil de 2002 dedicou um capítulo específico aos direitos da personalidade (arts. 11 a 21), e preceitua no Art. 11: “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidadesão intransmissíveis e irrenun- ciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. Vale ressaltar que são também, relativamente inalienáveis, como também imprescritíveis. Além do que, o art. 12 informa que, pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. E, em se tratando de morto, terá legiti- mação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. Neste artigo, vê-se consagrada a tutela geral da persona- lidade, trazendo os princípios da prevenção e da repara- ção integral de danos, que podem ser exercidos por mei- os judiciais ou extrajudiciais. No que se refere à repara- ção de danos, cabe destacar a súmula 37 do STJ que permite a cumulação das indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. Atos de disposição do próprio corpo Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Tratamento médico de risco Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Direito ao nome Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compre- endidos o prenome e o sobrenome. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a expo- nham ao desprezo público, ainda quando não haja inten- ção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome a- lheio em propaganda comercial. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. Proteção à palavra e à imagem Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à admi- nistração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se desti- narem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o côn- juge, os ascendentes ou os descendentes. Proteção à intimidade Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providên- cias necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrá- rio a esta norma. DAS PESSOAS JURÍDICAS As pessoas jurídicas, também denominadas pessoas coletivas, morais, fictícias ou abstratas, são entidades que a lei empresta personalidade, capacitando-as a se- rem sujeitos de direitos e obrigações. A principal caracte- rística da pessoa jurídica é o fato de ela possuir persona- lidade própria distinta da personalidade de cada um de seus membros. DIREITOS DA PERSONALIDADE da pessoa jurídica Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade, consubstanciada nos arts. 11 a 21 do CC/2002 (Art. 52). Segundo o Novo Código Civil, as PESSOAS JURÍDICAS são: De direito público interno e externo, e de direito privado (art. 40). Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 8 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br São pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO INTERNO (art. 41): I- a União; II- os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III- os Municípios; IV- as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) V- as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes- soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Códi- go. OBSERVAÇÕES: As pessoas jurídicas de direito público interno são civil- mente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se hou- ver, por parte destes, culpa ou dolo (Art. 43). São pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO EXTERNO (Art. 42): Os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. São pessoas jurídicas de DIREITO PRIVADO (Art. 44): I- as associações; II- as sociedades; III- as fundações. IV- as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) V- os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) DAS ASSOCIAÇÕES São entidades sem fins lucrativos, cujas finalidades po- dem ser religiosas, morais, culturais, desportivas, recrea- tivas, dentre outras. Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associa- ções conterá: I- a denominação, os fins e a sede da associação; II- os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III- os direitos e deveres dos associados; IV- as fontes de recursos para sua manutenção; V- o modo de constituição e de funcionamento dos ór- gãos deliberativos; VI- as condições para a alteração das disposições estatu- tárias e para a dissolução. VII- a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens espe- ciais. Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário. Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da quali- dade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível haven- do justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos pre- vistos no estatuto. Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exer- cer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral: I- destituir os administradores; II- alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la. Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou fede- ral,de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da des- tinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribui- ções que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. DAS SOCIEDADES Primeiramente, destaque-se que as disposições concer- nentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades, conforme disposto no art. 44, § 2º. As sociedades são também união de pessoas, entretanto distinguem-se das associações por terem finalidade lucra- tiva, conforme se verifica da leitura do Art. 981: celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. DAS FUNDAÇÕES Diferente das associações e das sociedades, que resul- tam da união de indivíduos, as fundações são instituições constituídas através de patrimônio livre, doado por seu instituidor para uma finalidade específica. Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e decla- rando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir- se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência. Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 9 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a proprieda- de, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandado judicial. Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público. Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal. OBSERVAÇÃO Ressalte-se que o STF declarou a inconstitucionalidade deste parágrafo, sem prejuízo, da atribuição ao Ministério Público Federal da veladura pelas fundações federais de direito público, funcionem, ou não, no Distrito Federal ou nos eventuais Territórios. § 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Mi- nistério Público. Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I- seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II- não contrarie ou desvirtue o fim desta; III- seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requeri- mento do interessado. Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalida- de a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designa- da pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. DAS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS São livres a criação, a organização, a estruturação inter- na e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconheci- mento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento (Art. 44, § 1º). DOS PARTIDOS POLÍTICOS Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica (Art. 44, § 3º). INÍCIO DA PERSONALIDADE da pessoa jurídica Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averban- do-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. Art. 46. O registro declarará: I- a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II- o nome e a individualização dos fundadores ou institui- dores, e dos diretores; III- o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV- se o ato constitutivo é reformável no tocante à admi- nistração, e de que modo; V- se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI- as condições de extinção da pessoa jurídica e o desti- no do seu patrimônio, nesse caso. Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos adminis- tradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos pre- sentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simula- ção ou fraude. Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório. DESCONSIDERAÇÃO da pessoa jurídica A existência distinta da dos membros ocasionou no passado alguns problemas, quando os sócios abu- savam, excediam os limites do contrato social prati- cando atos em nome da sociedade, lesando direito e patrimônio de terceiros, não respondia pelos atos praticados fora dos atos normais de gerência, pelos seus membros, escudando-se na existência distinta dela. Visando coibir tais abusos, surgiu então a teoria da desconsideração da pessoa jurídica. Por essa teoria, são alcançados pessoas e bens que se es- condem dentro de uma pessoa jurídica para fins ilícitos ou abusivos. O atual Código Civil acolheu tal possibilidade, prescre- vendo no Art. 50: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteri- zado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão pa- trimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no pro- cesso, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” EXTINÇÃO da pessoa jurídica Quanto à extinção da pessoa jurídica, o Código Civil preceituao seguinte: Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 10 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela sub- sistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. § 1o Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução. § 2o As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. § 3o Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancela- mento da inscrição da pessoa jurídica. DOS ENTES DESPERSONALIZADOS São conjuntos de pessoas e de bens que não possuem personalidade jurídica própria ou distinta, não constituin- do pessoas físicas ou jurídicas. Podem ser destacados: família, espólio, herança jacente ou vacante, massa fali- da, condomínio, dentre outros. Importante lembrar que o artigo 12 do Código de Proces- so Civil conferiu ao condomínio, à massa falida, ao espó- lio, à herança vacante e jacente e às sociedades irregula- res a faculdade de figurarem como partes na relação processual. Assim, esses entes, que anteriormente não eram enquadrados como sujeitos de direitos, passaram a ter a faculdade de participarem da relação processual. DOMICÍLIO Domicílio da PESSOA NATURAL Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se pre- sume presente para efeitos de direito. Onde pratica habi- tualmente seus atos e negócios jurídicos. É o local onde responde por suas obrigações. Domicílio Residencial Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. A residência é o elemento objetivo do domicílio. O ele- mento subjetivo é o ânimo definitivo. Uma pessoa pode ter um só domicílio e várias residên- cias. Pode ter também mais de um domicílio, pois o Códi- go Civil admite a pluralidade domiciliar. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas resi- dências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. É possível, também, segundo o art. 73, alguém ter domi- cílio sem ter residência fixa (domicílio ocasional). É o caso dos circenses, ciganos, andarilhos, ou de caixeiros viajantes, que passam a vida em viagens e hotéis e, por isso, não têm residência habitual. Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Domicílio Profissional Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. ESPÉCIES O domicílio pode ser: Voluntário É o estabelecido livremente pelo sujeito conforme sua vontade de fixar residência em um determinado local, com ânimo definitivo, concentrando as suas ocupações habituais naquele lugar. Pode ser mudado, transferindo- se a residência com a intenção manifesta de mudar o domicílio. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acom- panharem. Contratual O fixado com base no contrato: foro contratual ou de eleição. É previsto no art. 78: Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. Necessário ou Legal É o determinado pela lei, em razão da condição ou situa- ção de certas pessoas. Está previsto no Art. 76. Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu repre- sentante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matricu- lado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. O agente diplomático do Brasil que, citado no estran- geiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio poderá ser demandado no Distri- to Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve (art. 77). Domicílio das PESSOAS JURÍDICAS A pessoa jurídica, assim como a pessoa natural, também tem domicílio, que é a sua sede jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos. O domi- cílio das pessoas jurídicas está previsto no art. 75. Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I- da União, o Distrito Federal; II- dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III- do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV- das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcio- narem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 11 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br DOS BENS O Novo Código Civil de 2002, ao se referir ao objeto do direito, utiliza sempre a expressão bens, evitando o vo- cábulo coisa, que é conceito mais amplo do que o de bem, e muito utilizado pelo Código Civil de 1916. Coisa é tudo que não é humano, enquanto bem são coisas com interesse econômico e/ou jurídico. CONCEITO Bens são coisas materiais ou concretas, úteis aos ho- mens e de expressão econômica, suscetíveis de apropri- ação. O conjunto de bens pertencentes a um titular constitui o seu patrimônio. CLASSIFICAÇÃO dos bens A classificação dos bens quanto à tangibilidade, bens corpóreos ou incorpóreos, não consta do Código Civil de 2002, mas é importantíssima para se compreender a matéria. Bens Corpóreos, Materiais ou Tangíveis são aqueles que possuem existência corpórea, podendo ser tocados. Bens Incorpóreos, Imateriais ou Intangíveis são aqueles com existência abstrata e que não podem ser tocados pela pessoa humana. O Código Civil adotou classificação própria e dividiu os bens em três classes: 1. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS: Bens Imóveis e Móveis É a mais importante classificação, fundada na efetiva natureza dos bens. Seus principais efeitos práticos são: os bens móveis são adquiridos por simples tradição, enquanto os imóveis dependem de escritura pública e registro no Cartório de Registro de Imóveis; exigem tam- bém, os imóveis, a outorga uxória para serem alienados; usucapião de bens imóveis exige prazos maiores do que o de bens móveis. Dos BENS IMÓVEIS (arts. 79 a 81) São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorpo- rar natural ou artificialmente(art. 79). Consideram-se imóveis para os efeitos legais (art. 80): I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os as- seguram; II - o direito à sucessão aberta. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conser- vando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem (art. 81). Dos BENS MÓVEIS (arts. 82 a 84) São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da subs- tância ou da destinação econômico-social (art. 82). Consideram-se móveis para os efeitos legais (art. 83): I - as energias que tenham valor econômico; II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respecti- vas ações. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio (art. 84). Bens Fungíveis e Infungíveis Esta classificação resulta da individualização do bem. São FUNGÍVEIS os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85), como dinheiro. INFUNGÍVEIS são os que não têm esse atributo, porque encarados de acordo com as suas qualidades individuais, como o quadro do pintor famoso, ou um livro autografado. Bens Consumíveis e Inconsumíveis Esta classificação leva em conta dois parâmetros: a con- suntibilidade de fato (física) e a de direito (jurídica). São CONSUMÍVEIS os bens móveis cujo uso importa Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 12 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br destruição imediata da própria substância (consumíveis de fato, como os gêneros alimentícios), sendo também considerados tais os destinados à alienação (consumíveis de direito, como o dinheiro) (art. 86). INCONSUMÍVEIS são os que admitem uso reiterado, sem destruição de sua substância. Bens Divisíveis e Indivisíveis Bens DIVISÍVEIS são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam (art. 87). Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se INDIVI- SÍVEIS por natureza (os que não podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição do valor ou pre- juízo), por determinação da lei (as servidões, as hipote- cas) ou por vontade das partes (convencional) (art. 88). Bens Singulares e Coletivos São SINGULARES ou individuais os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais (art. 89). São singulares, portanto, quando considerados na sua individualidade, uma árvores, por exemplo. Os bens COLETIVOS ou universais são chamados, também, de universalidades e abrangem as universalida- des de fato e as universalidades de direito. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária, como por exemplo, um rebanho, uma biblioteca. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias (art. 90). Constitui universalidade de direito o complexo de rela- ções jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econô- mico, como por exemplo, a herança, o patrimônio (art. 91). 2. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS Bem Principal e Acessório PRINCIPAL ou independente é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente (art. 92, primeira parte); ACESSÓRIO ou dependente, aquele cuja existência supõe a do principal (art. 92, segunda parte). Assim, o solo é principal, porque existe por si, concretamente, sem qualquer dependência. A árvore é acessório, porque sua existência supõe a do solo, onde foi plantada. Como princípio geral do Direito Civil; o bem acessório segue o destino do principal. O Código Civil de 2002 incluiu no rol dos bens acessórios as pertenças, os bens destinados a servir um outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do proprietá- rio, ou seja, os bens que, não constituindo partes inte- grantes, destinam-se, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro (art. 93). Deter- mina ainda o Código Civil: os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as perten- ças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso (art. 94). Na grande classe dos bens acessórios compreendem-se os frutos e os produtos. Estabelece o art. 95, que apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Frutos são bens acessórios que têm sua origem no bem principal, mantendo a integridade do mesmo, ou seja, são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nas- cem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte, como o café, os cereais, os frutos das árvores, o leite, as crias dos animais, etc. Dividem-se os frutos quanto à origem em: Naturais são os que se desenvolvem e se renovam peri- odicamente, em virtude da força orgânica da própria natureza, como as frutas árvores, as crias dos animais. Industriais são os que aparecem pela mão do homem sobre a natureza, como a produção de uma fábrica. Civis são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que não o proprietá- rio, como os juros e os aluguéis. Quanto ao estado em que eventualmente se encontrem, podem ser: Pendentes, enquanto unidos à coisa que os produziu. Percebidos ou colhidos, depois de separados. Estantes, os separados e armazenados ou acondiciona- dos para venda. Percipiendos, os que deviam ser, mas não foram colhi- dos ou percebidos, e Consumidos, os que não existem mais porque foram utilizados. Essa classificação é importante para o estudo da posse. Produtos são os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a sua quantidade e substância, isto é, são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo- lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodica- mente, como as pedras e os metais que se extraem das pedreiras e das minas. Também se consideram acessórias todas as benfeitorias, qualquer que seja o valor. Ressalte-se que benfeitorias são os bens acessórios introduzidos em bem móvel ou imóvel, visando a sua conservação ou melhora da sua utilidade. Segundo o art. 96 do Código Civil, as benfeitorias po- dem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor (§ 1º). São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem (§2º). São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore (§3º). Importante lembrar que não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor (art. 97). 3. BENS QUANTO AO TITULAR DO DOMÍNIO Bens Públicos e Particulares São PÚBLICOS os bens do domínio nacional pertencen- tes às pessoas jurídicas de direito público interno (art. 98, primeira parte); Todos os outros, por exclusão, são PARTICULARES, seja qual for a pessoa a que pertencerem (art. 98, segun- da parte). Classificação dos BENS PÚBLICOS São bens públicos (art. 99): Os de uso comum do povo são os que podem ser utili- zados por qualquer um do povo, sem formalidades, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças (art. 99, I); O Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, BoaVista, Recife/PE Página 13 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retri- buído, conforme for estabelecido legalmente pela entida- de a cuja administração pertencerem (art. 103), como ocorre com a cobrança de pedágio, nas rodovias. Os de uso especial são os que se destinam especial- mente à execução dos serviços públicos. Tais como edifí- cios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou munici- pal, inclusive os de suas autarquias (art. 99, II). São utili- zados exclusivamente pelo poder público. Os dominicais ou do patrimônio disponível são os que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (art. 99, III). Sobre eles o poder público exerce poderes de proprietário. Dessa forma, não estando o bem afetado à finalidade pública específica, podem ser alienados, observadas as exigências da lei (art. 101). Importante lembrar que os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquan- to conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar (art. 100), e como consequência desta carac- terística são também impenhoráveis. Por fim, o art. 102 determina a imprescritibilidade dos bens públicos, ao dispor que esses bens não estão sujei- tos à usucapião. BEM DE FAMÍLIA CONVENCIONAL ou VOLUNTÁRIO O Código Civil de 2002 trata ainda do bem de família convencional ou voluntário (arts. 1.711 a 1.722), que pode ser instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar ou por terceiro, mediante escritura pública ou testamento, não podendo ultrapassar essa reserva um terço do patri- mônio líquido das pessoas que fazem essa instituição. Ressalte-se que o limite estabelecido pela legislação visa a proteger eventuais credores. E, pelo disposto na parte final do art. 1.711, o bem de família convencional não revogou o bem de família legal, estabelecido na Lei nº 8.009/1990. Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a im- penhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os côn- juges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residen- cial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Art. 1.713. Os valores mobiliários, destinados aos fins previstos no artigo antecedente, não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição. § 1o Deverão os valores mobiliários ser devidamente individualizados no instrumento de instituição do bem de família. § 2o Se se tratar de títulos nominativos, a sua instituição como bem de família deverá constar dos respectivos livros de registro. § 3o O instituidor poderá determinar que a administração dos valores mobiliários seja confiada a instituição finan- ceira, bem como disciplinar a forma de pagamento da respectiva renda aos beneficiários, caso em que a res- ponsabilidade dos administradores obedecerá às regras do contrato de depósito. Art. 1.714. O bem de família, quer instituído pelos cônju- ges ou por terceiro, constitui-se pelo registro de seu título no Registro de Imóveis. Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provie- rem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevan- tes aconselharem outra solução, a critério do juiz. Art. 1.716. A isenção de que trata o artigo antecedente durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta des- tes, até que os filhos completem a maioridade. Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consen- timento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público. Art. 1.718. Qualquer forma de liquidação da entidade administradora, a que se refere o § 3o do art. 1.713, não atingirá os valores a ela confiados, ordenando o juiz a sua transferência para outra instituição semelhante, obede- cendo-se, no caso de falência, ao disposto sobre pedido de restituição. Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, extingui- lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, ouvidos o instituidor e o Ministério Público. Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de insti- tuição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de diver- gência. Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônju- ges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor. Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extin- gue o bem de família. Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal. Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela. BEM DE FAMÍLIA LEGAL A Lei 8.009/1990 traça as regras específicas quanto à proteção do bem de família legal. Direito Civil - Resumão Profª. Mércia Barboza ESPAÇO HEBER VIEIRA Rua Corredor do Bispo, 85, Boa Vista, Recife/PE Página 14 F.: 3222-6231 – www.espacohebervieira.com.br Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da enti- dade familiar, é impenhorável e não responderá por qual- quer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele resi- dam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as planta- ções, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos. Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhora- bilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarne- çam a residência e que sejam de propriedade do locatá- rio, observado o disposto neste artigo. Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer pro- cesso de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: I- em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciá- rias; II- pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III- pelo credor de pensão alimentícia; IV- para cobrança de impostos, predial ou
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