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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1 – INTRODUÇÃO E CONCEITO Exercer o controle de constitucionalidade das leis e atos normativos significa aquilatar sua consonância com a carta Magna. Sem um efetivo sistema de controle dos atos normativos que garanta uma compatibilidade vertical do ordenamento, a Constituição torna-se apenas um belo documento de intenções, mas completamente suscetível à afoita legiferância dos poderes constituídos. O objetivo maior do Direito Constitucional é o que se chama de “filtragem constitucional”. Isso quer dizer que todas as espécies normativas do ordenamento jurídico devem existir, ser consideradas como válidas e analisadas sempre sob à luz da Constituição Federal. Através dessa observância é que se afere se elas são ou não constitucionais. É nesse momento que entra o controle de constitucionalidade, para observar se as leis e normas estão compatíveis com a Carta Magna. Chama-se de compatibilidade vertical, pois é a CF quem rege todas as outras espécies normativas de modo hierárquico, tanto do ponto de vista formal (procedimental), quanto material (conteúdo da norma). Quando se tem a ideia de controle de constitucionalidade, significa dizer então queQuando se tem a ideia de controle de constitucionalidade, significa dizer então que é feita uma verificação para saber se as leis ou atos normativos estão compatíveis com a Constituição Federal, tanto sob o ponto de vista formal, quanto omaterial. Para Michel Temer, “controlar a constitucionalidade de ato normativo significa impedir a subsistência da eficácia da norma contrária à Constituição”. 2 - FUNDAMENTOS: Os fundamentos do controle de constitucionalidade residem, segundo a maior parte dos doutrinadores, na supremacia e na rigidez da norma constitucional. A rigidez importa na impossibilidade de alteração do texto constitucional por norma de jaez (natureza) ordinária. Já a supremacia indica a existência de um escalonamento normativo em cujo cimo localiza-se a Constituição, de modo que todas as demais normas componentes desse seriado hierárquico de regras encontrarão nela a forma de elaboração legislativa (alinhamento) e seu conteúdo (matéria). Não se dá conteúdo à Constituição a partir das leis. A forma a adotar-se para explicitação dos conceitos opera sempre “de cima para baixo”, o que serve para dar segurança ao ordenamento jurídico (compatibilidade vertical). OBS - Existem constituições que não são escritas e flexíveis como é o caso da Inglaterra. Nessas circunstâncias não se admiti o controle de constitucionalidade. No Brasil a Constituição Federal é rígida e escrita, há, portanto, o controle da mesma. 3 – Classificação O controle de constitucionalidade pode ser divido: a. Quanto ao momento: Preventivo - aquele que tem por finalidade impedir que um projeto de lei inconstitucional venha a ser uma lei. Repressivo - é utilizado quando a lei já está em vigor. Caso haja um erro do lado preventivo, pode se desfazer essa lei que escapou dos trâmites legais e passou a ser uma lei inconstitucional. b. Quanto ao órgão que exerce o controle de constitucionalidade: Político - ato de bem governar em prol do interesse público. É a corte constitucional, não integra a estrutura do Poder Judiciário. Jurisdicional - é exercido por um órgão do Poder Judiciário. Só o juiz ou tribunal pode apreciar o controle constitucional sob o aspecto jurisdicional. O controle preventivo (a priori) fica precipuamente a cargo do Poder Legislativo, através de suas comissões, e do Executivo, por meio da sanção ou veto ao projeto de lei (artigo 66). Seu objetivo é impedir a inserção no ordenamento jurídico de uma lei contrária à Constituição. O Judiciário, nesta fase, apenas excepcionalmente procede à análise do projeto de lei, exercendo o controle da constitucionalidade do procedimento legislativo de sua elaboração e votação. Mas como regra, não exerce o Judiciário o controle preventivo, já que mero projeto de lei não obriga ninguém. O controle repressivo (a posteriori), com o fito de expurgar do ordenamento jurídico a norma inconstitucional. Atua o Poder Judiciário com envergadura para produzir coisa julgada. O Poder Executivo e Legislativo não realizam o controle repressivo no sentido de fulminar por vício de inconstitucionalidade a validade da norma por eles próprios elaboradas e aprovadas. (não é pacífico o entendimento) Na verdade pode o legislativo produzir uma outra norma que faça revogar aquela anterior, bem como pode o Executivo editar uma Medida Provisória para suspender os efeitos da lei que considera inconstitucional. 4 - Espécies de Inconstitucionalidade a. Inconstitucionalidade por ação e por omissão Tanto o agir quanto o não agir podem ser inconstitucionais. Ao se fazer um ato ou editar uma lei contrários à Carta Maior está sendo cometida uma inconstitucionalidade por ação, ousendo cometida uma inconstitucionalidade por ação, ou inconstitucionalidade positiva, ou, ainda, inconstitucionalidade por ato comissivo. Já quando o poder político deixa de editar uma lei exigida pela Constituição, temos aí uma inconstitucionalidade omissiva, ou negativa. b. Inconstitucionalidade material e formal (Vícios) Em direito, quando se menciona o aspecto "material" de algum fenômeno está sempre se falando do conteúdo; já quando se fala em aspecto "formal" o enfoque é no mecanismo, no ritual. Aqui não é diferente. Inconstitucionalidade material ocorre quando o conteúdo de um ato jurídico é contrário à Lei Maior. Inconstitucionalidade formal, por sua vez, surge quando os procedimentosInconstitucionalidade formal, por sua vez, surge quando os procedimentos adotados na elaboração de um ato se chocam com a Constituição, ainda que seu conteúdo final possa ser compatível. O nível formal inclui não apenas vícios no procedimento em si, mas também vícios de competência: se uma norma for criada por alguém que a Lei Maior não disse ser competente para tanto, temos aí também uma inconstitucionalidade formal. - Os vícios de inconstitucionalidade (Material e formal) só ocorrem por ação – Positiva (por atuação). OBS – Para Pedro Lenza existe, ainda, o vício de decoro parlamentar – caso de comprovada compra de votos para aprovar esta ou aquela lei 5) Sistemas de controle de constitucionalidade Judicial: 1.Difuso 2.Concentrado2.Concentrado 3.Misto Os sistemas difuso e concentrado são originais (em essência). O sistema misto foi criado pelo Ordenamento Jurídico brasileiro. A diferença entre os dois sistemas (difuso e concentrado) está no órgão do Poder Judiciário que é responsável pelo controle da constitucionalidade a. O controle difuso é "espalhado". Ele é dado indistintamente a todos os órgãos do Poder Judiciário. É o sistema típico do direito norte-americano. Por exemplo: um indivíduo não quer pagar determinado tributo, pois alega que este foi criado por uma lei inconstitucional; ele ajuíza uma ação pedindo ao Poder Judiciário a satisfação do seu direito; o Poder Judiciário, por sua vez, não vai dizer que a lei é inconstitucional para todos, mas apenas para o caso concreto.para o caso concreto. O juiz vai ver se aquela lei é ou não compatível com a Constituição somente dentro do caso concreto (somente com eficácia entre as partes). Se a constitucionalidade já foi apreciada por outros órgãos do Poder Judiciário (STJ, STF), sendo no controle difuso (no caso concreto), as decisões só surtem efeito entre as partes. É livre o convencimento do juiz, de modo que ele é livre para apreciar a questão (isto é típico da função jurisdicional). As decisões anteriores só servem como convencimento. No entanto, a ADC e a ADIN, no controle concentrado, são julgadas uma única vez, e geram decisões que surtem efeitos para todos. b. O controle concentrado é típico da Europa (principalmente na Áustria e naAlemanha).Alemanha). O controle da constituição não é dado a todos os órgãos do Poder Judiciário, mas apenas a uns poucos, quando não a somente um. Nestes países, existe o Tribunal Constitucional. O juiz, ao julgar um caso concreto em que haja questionamento de uma norma com relação à sua compatibilidade com a Constituição, pára o processo e o remete ao Tribunal Constitucional, que decide somente a constitucionalidade; após a decisão, o processo volta para o juiz de primeiro grau É de lá o surgimento das ADINs (alguns órgãos podem ajuizar demanda (ações) diretamente para o Tribunal Constitucional). No Brasil também tem o controle concentrado: o STF tem a possibilidade única de julgar a ADIN e a ADC. No nosso Ordenamento Jurídico, o STF julga ADIN e ADC, e o TJ julga representação de inconstitucionalidade, que é a ação direta em nível estadualrepresentação de inconstitucionalidade, que é a ação direta em nível estadual (art. 125, §2º). As ações diretas de inconstitucionalidade fazem o controle concentrado da inconstitucionalidade: � Em nível federal, face à CRFB, pelo STF � Em nível estadual, face à Constituição do Estado, pelo TJ c. Sistema Misto - O Brasil reuniu os dois sistemas ao mesmo tempo (controle misto: difuso e concentrado), e conseguiu desenvolver o segundo melhor controle da constitucionalidade do mundo (o primeiro melhor é o de Portugal). Países como Áustria e Alemanha, por exemplo, possuem um controle da constitucionalidade concentrado muito bem realizado. Os EUA possuem apenas o controle difuso. A Constituição do Império não previa o controle daA Constituição do Império não previa o controle da constitucionalidade. Este surgiu apenas com a primeira constituição republicada, em 1891, porém apenas através do sistema difuso. O sistema concentrado surgiu com a Constituição de 1946 – EC nº 16 de 26.11.65 – criou no Brasil uma nova modalidade de ADIn. O Brasil nitidamente encontra-se num processo que partiu do controle difuso e tende a chegar ao controle concentrado puro (realizado pelo STF). 5.1) Sistema Difuso ou por Via de Exceção O controle difuso, repressivo, ou posterior, é também chamado de controle pela via da exceção ou defesa, ou controle aberto, sendo realizado por qualquer juízo ou tribunal do Poder Judiciário. O Controle difuso verifica-se em um caso concreto, e a declaração da inconstitucionalidade dá-se de forma incidental (incidenter tantum), prejudicialmente ao exame de mérito.exame de mérito. Pede-se algo ao juízo, fundamentando-se na inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ou seja, a alegação de inconstitucionalidade será a causa de pedir processual. No Brasil o sistema é misto, ou seja, difuso e concentrado. Possui sua origem do modelo americano, criado em 1803, onde possuía como premissa a decisão arbitrária e inafastável. Inspirado nesse modelo, a constituição de 1891 iniciou o controle de constitucionalidade. A partir daí qualquer juiz monocrático, ou tribunal (órgão jurisdicional colegiado), poderia deixar de aplicar a norma no caso concreto. Esse sistema é exercido no âmbito do caso concreto tendo, portanto, natureza subjetiva, por envolver interesses de autor e réu. Assim, permite a todo e qualquer juiz analisar o controle de constitucionalidade. Este por sua vez, não julga a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, apenas aprecia a questão e deixa de aplicá-la por achar inconstitucional àquele caso específico que estáquestão e deixa de aplicá-la por achar inconstitucional àquele caso específico que está julgando. Exemplo: “A” entra com uma ação em face de “B” de reintegração de posse, baseada em uma lei “x”, onde “B”, por sua vez entra com uma resistência alegando que aquela lei que “A” utilizou como recurso é considerada inconstitucional. O juiz irá apreciar a questão prejudicial, que é possessória, sem a qual não há como dar a sua sentença final. Assim, após essa fase, o juiz faz o julgamento do mérito do processo como procedente ou improcedente a ação. A Alegação de Inconstitucionalidade será incidental ao julgamento da lide ou, noutros termos, será matéria de defesa (exceção) O Resultado da ação acolherá ou não o pedido do autor e terá a inconstitucionalidade da norma (ou sua constitucionalidade) como fundamento de decidir. Quanto a questão estiver sendo analisada pelo tribunal, deverá o relator, antes de proferir seu voto em relação ao objeto principal da demanda, encaminhar o feito para o plenário ou para o órgão especial, se houver, que decidirá, incidental e previamente, sobre a inconstitucionalidade da lei pelo voto da maioria absoluta de seus membros ( artigo 97 da CF ) Essa ocorrência é a chamada cláusula de reserva de plenário, onde nela especifica que ao ser declarada a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, esta deve ser feita através da maioria absoluta da totalidade dos membros do tribunal, sob pena de nulidade da decisão. A última palavra acerca da inconstitucionalidade da norma será dada pelo STF em sede de Recurso Extraordinário (RE) de cujo julgamento não caberá mais recurso. No sistema difuso, tanto autor quanto réu pode propor uma questão de inconstitucionalidade, pois o caso concreto é inter-partes. Assim, a abrangência da decisão que será sentenciada pelo juiz, é apenas entre as partes envolvidas no processo. Consequentemente terá efeito retroativo, pois foi aplicado o dogma da nulidade. Há a possibilidade de que a decisão proferida em um caso concreto tenha a sua abrangência ampliada, passando a ser oponível contra todos (eficácia erga omnes).abrangência ampliada, passando a ser oponível contra todos (eficácia erga omnes). A constituição prevê que poderá o Senado Federal suspender a execução de lei (municipal, estadual ou federal), declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Tal atribuição prevista no artigo 52, X, CF, permitirá, portanto, a ampliação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade originária de casos concretos (via difusa). A suspensão da execução será procedida por meio de resolução do Senado federal, que é provocado pelo STF, cujos efeitos vincularão a todos apenas após a publicação da resolução. Nesses casos o efeito é irretroativo, pois é para terceiros. O Senado não está obrigado a suspender a lei. Sua postura, nesta hipótese, decorre de um juízo de conveniência e oportunidade. Cabe ressaltar que o Senado Federal entra nesses casos para tornar essas decisões ex nunc, ou seja, fazer com que seus efeitos passem a valer erga omnes, adecisões ex nunc, ou seja, fazer com que seus efeitos passem a valer erga omnes, a partir de sua publicação. Ressalta-se que a hipótese comporta caso de suspensão da lei, não de revogação. O Senado não pode revogar uma lei. Uma lei é revogada por outra da mesma natureza hierárquica ou superior, ou seja, lei é revogada por lei ou norma mais elevada. E quem aprova uma lei não é o Senado Federal, mas o Congresso. 5.2.) Sistema Concentrado As ações diretas no sistema concentrado tem por mérito a questão da inconstitucionalidade das leis ou atos normativos federais e estaduais. Não se discuti nenhum interesse subjetivo, por não haver partes (autor e réu) envolvidas no processo. Logo, ao contrário do sistema difuso, o sistema concentrado possui natureza objetiva, com interesse maior de propor uma ADIN para discutir se uma lei é ou não inconstitucional e na manutenção da supremacia constitucional. Vale lembrar que em regra o controle concentrado se dá de forma direta, por ação, e o controle difuso ocorre de maneira incidental, por exceção. Como o objetivo principal da ação é o reconhecimento da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma jurídica, não se admite a transação ou desistência. As normas revogadas ou cuja eficácia já tenha exaurido, ainda que hostil à Constituição, nãopodem ser objeto de controle concentrado. Somente as leis e atos normativos em vigor passam pelo crivo do STF em sede de controle Abstrato. Se no Curso da Ação direta, for revogada ou suspensa a norma cuja constitucionalidade se discute, a demanda será extinta por perda do objeto (Eventuais danos referentes a situações concretas serão analisadas em ação própria intentada pelo prejudicado). Casos em que não cabe a ADIN: • Leis anteriores a atual constituição - se propõe em casos de leis contemporâneas a atual Constituição. É permitido a análise em cada caso concreto da compatibilidade ou não da normaConstituição. É permitido a análise em cada caso concreto da compatibilidade ou não da norma editada antes da atual constituição com seu texto. É o fenômeno da recepção, quando se dá uma nova roupagem formal a uma lei do passado que está entrando na nova CF. •Contra atos administrativos ou materiais. •Contra leis municipais O STF tem o efeito da “Ampla Cognição”, ou seja, amplo conhecimento para julgar o processo. Não está limitado aos fundamentos do requerente (pedido mediato), está apenas ao pedido imediato. Ações que fazem parte do Sistema Concentrado 1) Ação declaratória de inconstitucionalidade (ADIN): a) Genérica Conceito – O que se busca com a ADIn genérica é o controle de constitucionalidade de ato normativo em tese abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração.impessoalidade e abstração. Assim como a Ação direta de Constitucionalidade, que será estudada mais à frente, a ADIn tem seu procedimento regrado pela lei 9.868/99. Objetivo – é a invalidação da lei ou ato normativo federal, estadual ou distrital (este último quando expedido no exercício da competência atribuída aos Estados). OBS – 1 – Leis – Entende-se por lei todas as espécies normativas do artigo 59 da CF, quais sejam: EC, Leis complementares, leis ordinárias, Leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Tem por objetivo retirar do ordenamento jurídico a lei contemporânea estadual ou federal, que seja incompatível com a CF, com a finalidade de obter a invalidade dessa lei, pois relações jurídicas não podem se basear em normas inconstitucionais. Dessa maneira fica garantida a segurança das relações. 2 – Atos Normativos – São atos revestidos de indiscutível caráter normativo (Ex. Resoluções administrativas dos tribunais; regimentos internos dos tribunais, etc...) As leis e atos normativos municipais contrários à CF não podem ser objeto de ADIn perante o STF. Neste casa, os TJs dos Estados poderão julgar tais normas, desde que contrariem também a CE no tocante aos preceitos de repetição obrigatória. - Legitimados - Tem legitimidade para propor uma ADIN somente as pessoas arroladas no artigo 103 da CF. Ver na CF. - O STF exige a chamada “Relação de Pertinência Temática”, que nada mais é do que a demonstração da utilidade na propositura daquela ação, interesse, utilidade e legitimidade para propô-la. Isso é usado nos casos em que os legitimados não são universais, que estão no artigo 103, incisos IV, V e IX. - Interveniente obrigatório – o Advogado-Geral da União participa do processo na condição de curador especial para sustentar a constitucionalidade da norma impugnada que, aliás, já surge com tal presunção. (A presunção de estar condizente com a Constituição decorre de a lei ter sido submetida ao crivo dos Poderes Legislativos e Executivos quando ainda era mero projeto). - A propositura de uma ação desse tipo, não está sujeita a nenhum prazo de natureza prescricional ou de caráter decadencial, pois de acordo com o vício imprescritível, os atos constitucionais não se invalidam com o passar do tempo. - Não é permitida a intervenção de terceiros no controle concentrado, em virtude de sua natureza. - Procedimento no STF - O procedimento que uma ação direta de inconstitucionalidade deve seguir está prescrito na Lei No 9.868/99 – Exige-seinconstitucionalidade deve seguir está prescrito na Lei No 9.868/99 – Exige-se quorum mínimo de 8 ministros para se instalar a sessão de julgamento da ADIn e a inconstitucionalidade deve ser reconhecida pela maioria absoluta dos membros do STF. - Declarada a inconstitucionalidade, não haverá necessidade de se oficiar ao Senado para que este suspenda a norma, pois a decisão do STF já é suficiente para esvaí-la do ordenamento jurídico, já que age como “legislador negativo”. - Essa retirada de validade da norma se dá apenas no aspecto da efetividade/eficácia da norma, já que o Judiciário não pode revogar uma lei (lei é sempre revogada por outra lei) - Efeitos – Uma vez declarada a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em discussão, a decisão terá os seguintes efeitos: • Ex tunc, retroativo como consequência do dogma da nulidade, que por ser inconstitucional, torna-se nula, por isso perde seus efeitos jurídicos.inconstitucional, torna-se nula, por isso perde seus efeitos jurídicos. • Erga omnes, será assim oponível contra todos. • Vinculante, relaciona-se aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. Uma vez decidida procedente a ação dada pelo STF, sua vinculação será obrigatória em relação a todos os órgãos do Poder Executivo e do Judiciário, que daí por diante deverá exercer as suas funções de acordo com a interpretação dada pelo STF. OBS – A decisão não vincula o Poder Legislativo, que pode, não obstante o posicionamento do Tribunal, dispor, em novo ato legislativo, sobre a mesma matéria versada em legislação anteriormente declara inconstitucional,. • Represtinatório - em princípio é possível que determinada lei anteriormente revogada seja restaurada em decorrência da revogação daquela inconstitucional. OBS – Excepcionalmente porém, pode o Supremo, presente a necessidade de segurança jurídica e interesse social, estabelecer outros efeitos (ex nunc ou pro futuro) para ajurídica e interesse social, estabelecer outros efeitos (ex nunc ou pro futuro) para a decisão exarada no ADIn (“manipulação dos efeitos de declaração ou técnica da modulação dos efeitos”). O STF pode, inclusive, decidir sobre se haverá ou não recuperação da lei revogada pela norma declarada inconstitucional. - Liminar – Havendo perigo de lesão irreparável, poderá o STF conceder medida cautelar para suspender liminarmente a eficácia e a vigência da norma impugnada. Essa decisão, todavia, produzirá efeitos ex nunc, salvo se o tribunal excepcionalmente lhe emprestar efeitos retroativos. OBS - Em regra, a norma sobre qual recai ação direta cuja providência cautelar tenha sido deferida, deixa não só de produzir efeitos (perda de eficácia) como tem sua vigência suspensa, ou seja, permite que eventuais normas pretéritas por ela revogadas retornem sua vigência. Vinculação do pedido – Em sede de ação direta de inconstitucionalidade, o tribunal fica vinculado ao pedido (como sói acontecer em qualquer ação), mas não à causa de pedir (diferentemente do que ocorre nas ações de índole subjetivas). - Isso significa dizer que pode o STF declarar a inconstitucionalidade de determinada norma mediante fundamento diverso daquele aventado pelo autor da ação. b) (ADIn) Por omissão – artigo 103, § 2º da CF. – Regulamentado pela lei 12.063/2009 (disciplina processual) A Constituição Federal determinou que o Poder Público competente adotasse as providências necessárias em relação a efetividade de uma determinada norma constitucional. Dessa maneira, quando esse poder cumpre com a obrigação que lhe foi atribuída pela CF, está tendo uma conduta positiva, garantindo a sua finalidade que é a de garantir a aplicabilidade e eficácia da norma constitucional. Quando o Poder Público deixa de regulamentar ou criar uma nova lei ou ato normativo, ocorre uma inconstitucionalidade por omissão. Resulta então, da inércia do legislador, falta deação para regulamentar uma lei inconstitucional. Essa conduta é tida como negativa. E é a incompatibilidade entre a conduta positiva exigida pela Constituição e a conduta negativa do Poder público omisso, que resulta na chamada inconstitucionalidade por omissão. O objetivo da ação direta de Inconstitucionalidade por omissão é, segundo Alexandre de Moraes, dar total eficácia às normas constitucionais (de eficácia limitada) que necessitam de complementação ou regulação infraconstitucional. A inconstitucionalidade reside justamente na inércia do poder público. Os mecanismos usados para evitar a inércia do Poder Público são o Mandado de Injunção na via difusa O (art. 5º LXXI) e a ação direta de inconstitucionalidade por omissão na via concentrada. A medida está prevista no artigo 103, § 2º da CF.A medida está prevista no artigo 103, § 2º da CF. Infere-se do dispositivo acima que são legitimados passivos da ação direta de inconstitucionalidade por omissão quaisquer órgãos – sejam do Poder Legislativo, do Executivo ou do Judiciário – Encarregados da produção da norma faltante ou até mesmo da iniciativa do projeto da norma ainda inexistente (e inexistente justamente por falta dessa iniciativa). As omissões objeto dessa espécie de ação direta de inconstitucionalidade referem-se à ausência de normas federais, estaduais ou distritais relativas à competências Estaduais. Os legitimados para propor esse tipo de ADIn são os mesmos da ADIn genérica e o procedimento a ser seguido também. O Advogado-Geral da União não participa do feito, já que não existe norma infraconstitucional a ser defendida nem há que se falar em “defesa da inércia legislativa”. Ao declarar a ADIn por omissão, o STF deverá dar ciência ao Poder ou órgão competente para, se for um órgão administrativo, adotar as providências necessárias em 30 dias. Caso seja o Poder Legislativo, deverá fazer a mesma coisa do órgão administrativo, mas sem prazo preestabelecido. Uma vez declara a inconstitucionalidade e dada a ciência ao Poder Legislativo, fixa-se judicialmente a ocorrência da omissão, com seus efeitos. Os efeitos retroativos da ADIn por omissão são ex tunc e erga omnes, permitindo- se sua responsabilização por perdas e danos, na qualidade de pessoa de direito público da União Federal, se da omissão ocorrer qualquer prejuízo. Dessa maneira a decisão nesse tipo de ADIn tem caráter obrigatório ou mandamental, pois o que se pretende constitucionalmente é a obtenção de uma ordem judicial dirigida a outro órgão do Estado. A lei nº 12.063/2009 - inovou a matéria, passando a admitir medida cautelar em ADO. c) (ADIN) Interventiva A representação interventiva é uma medida excepcionalíssima prevista no artigo 34, VII da CF e fundamenta-se na defesa da observância dos Princípios Sensíveis. Tem a finalidade de declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual contrário aos princípios relacionados no artigo 34, II da CF – e a consequente intervenção federal no Estado ou Distrito Federal objetivando restabelecer a ordem constitucional na unidade federativa. O objeto do processo pode não ser a declaração de inconstitucionalidade em tese de um ato estadual, mas sim, a solução de um conflito entre União e Estado-membro, que pode desembocar em uma intervenção. São assim denominados, pois sua inobservância pelos Estados-membros ou Distrito Federal no exercício de suas competências, pode acarretar a sanção politicamente mais grave que é a intervenção na autonomia política. Dessa maneira, toda vez que o Poder Público, no exercício de sua competência venha a violar um dos princípios sensíveis, será passível de controle concentrado de constitucionalidade, pela via de ação interventiva. Quem decreta a intervenção é o chefe do Poder Executivo (Presidente da República), mas depende da requisição do Supremo Tribunal Federal, o qual se limitará a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. A representação interventiva é uma ação que possui uma natureza (finalidade) jurídico-político. Ao ser violado o princípio sensível pelo governo e o STF processar e julgar procedente a representação interventiva, o Presidente da República fica obrigado a expedir o decreto interventivo, sustando os efeitos da lei, para que deixe de utilizá-la por ser inconstitucional. Assim, declara a inconstitucionalidade formal ou material da lei ou ato normativo estadual. Essa é a dimensão jurídica. Caso o governo insista, o Presidente vai expedir um novo decreto afastando o governador do cargo. Com isso, decreta a intervenção federal no Estado-membro ou Distrito Federal, constituindo-se um controle direto, para fins concretos. Essa a dimensão política. Na ADIN por intervenção, não é viável a concessão de liminar.Na ADIN por intervenção, não é viável a concessão de liminar. A legitimidade para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade por intervenção está prevista na CF, artigo 36, III. – Procurador Geral da República. Essa espécie de ADIN é provocada por requisição. Uma vez decretada a intervenção, não haverá controle político, pois a CF exclui a necessidade de apreciação pelo Congresso Nacional. Sua duração, bem como os limites, serão fixados no Decreto presidencial, até que ocorra o retorno da normalidade do pacto federativo. 2) Ação declaratória de constitucionalidade (ADC ou ADECON): (tem objetivo oposto ao da ADIN) A ação declaratória de constitucionalidade é uma modalidade de controle por via principal, concentrado e abstrato, cuja finalidade da medida é muito clara: afastar a incerteza jurídica e evitar as diversas interpretações e contrastes que estão sujeitos os textos normativos. A lei tem Presunção Relativa e com a ADECON busca-se definir sua presunção Absoluta – Há casos em que câmaras ou turmas de um mesmo tribunal firmam linhas jurisprudenciais contrárias. Isso tudo envolve um grande número de pessoas, onde por essa razão se faz necessário uma segurança jurídica acerca das razões de interesses públicos, a qual é estabelecida pela ação direta de constitucionalidade, para assim tornar mais rápida a definição do Poder Judiciário. De acordo com o artigo 102 da CF, cabe ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar a ação declaratória constitucional. Em relação a legitimidade para a propositura dessa ação a Carta Magna elenca em seu artigo 103. Todos os agentes políticos e órgãos previstos no dispositivo constitucional possuem legitimação universal e extraordinária, bem como capacidade postulatória. A petição inicial deve vir acompanhada de demonstração da controvérsia judicial em torno da constitucionalidade da norma. Apenas poderá ser objeto desse tipo de ação, lei ou ato normativo federal (lei o ato normativo estadual não estão englobados), com o pedido de que se reconheça a compatibilidade entre determinada norma infraconstitucional e a Constituição (artigo 102, I, a da CF). Uma vez proposta a ação declaratória, não caberá mais desistência e nem intervenção de terceiros. A decisão será irrecorrível em todos os casos, admitindo-se apenas interposição de embargos declaratórios. A declaração de constitucionalidade tem eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública federal, estadual e municipal. Enfim, uma norma que era válida agora mais do que nunca continua sendo, apenas tendo sido reafirmada sua força impositiva. O Advogado-geral da União não participa do feito para sustentar a presunção de constitucionalidade da norma, eis que o objeto da Adecon é justamente firma a certeza econstitucionalidade da norma, eis que o objeto da Adecon é justamente firma a certeza e incontestabilidade da norma. A liminar concedida em Ação Declaratória de Constitucionalidade produz efeitos no sentido de impossibilitarque os demais órgãos do Poder Judiciário reconheçam incidenter tantum a inconstitucionalidade da norma. 3) Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF): A arguição de descumprimento de preceito fundamental é uma ação constitucional, pois está prevista na Constituição Federal que funciona como parte integrante e complementar do sistema concentrado. Seu texto vem previsto na CF, artigo 102, parágrafo 1º e foi regulamentada pela lei no 9882/99. De acordo com o que reza a lei 9.882/99, em seu parágrafo 1º, a ADPF terá a finalidade de “evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do poder público”. Pode se entender que preceitos fundamentais são decisões políticas e rol de direitos e garantias fundamentais. O que são Preceitos Fundamentais? Para José Afonso da Silva – “preceitos fundamentais não é expressão sinônima de princípios fundamentais. É mais ampla, abrange a estas e todas prescrições que dão o sentido básico do regime constitucional, como são, por exemplo, as que apontam para a autonomia dos Estados, do Distrito Federal e especialmente as designativas de direitos e garantias fundamentais”. Assim, a ADPF tem duas finalidades que são a preventiva e repressiva, de evitar ou reparar lesão não só a preceito fundamental, mas também de ato do poder público seja este normativo ou administrativo. Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz capaz de sanar a lesividade (princípio da subsidiariedade). A doutrina considera duas espécies de ADPF, que são: a) Arguição autônoma- É inserida no artigo 1º da lei em questão, por ter como objetivo prevenir ou reprimir lesão a algum preceito fundamental, resultante de ato do poder público. Logo, essa espécie tem como pressuposto a inexistência de qualquer outro tipo de meio eficaz que possa evitar a lesividade. b) Arguição incidental - essa espécie enquadra-se no inciso I do artigo e leib) Arguição incidental - essa espécie enquadra-se no inciso I do artigo e lei anteriormente citados. A arguição incidental, ou por equiparação em relação ao seu objeto, é mais restrita e exigente. Isso se justifica pelo fato de que para propô-la deve existir controvérsia de extrema relevância a lei ou ato normativo federal, estadual, ou municipal e também as anteriores a atual constituição. - Nas duas espécies de ADPF, compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar a ação de acordo com os procedimentos corretos. Essa ação é proposta perante o STF, o qual irá apreciar a questão para posteriormente, caso ache procedente, processar e julgar. - De acordo com o artigo 2º, I da lei, pode ajuizar uma ADPF os mesmos legitimados para a ADIN, onde estes são os que estão previstos no artigo 103 da CF. - Os legitimados têm que se ater a alguns requisitos como capacidade postulatória,- Os legitimados têm que se ater a alguns requisitos como capacidade postulatória, legitimação universal e a relação de pertinência temática. - O teor do princípio da subsidiariedade (que é visto por muitos como uma regra) está inserido no artigo 4º parágrafo 1º da lei 9882/99. Desse artigo pode-se entender que ele possui requisitos extremamente específicos, que torna essa regra tão importante que com a ausência dele, não poderia ser proposta uma ADPF. - Como regra geral, o juízo da subsidiariedade, há de ter em vista a verificação da exaustão de todos os meios eficazes de afastar a lesão no âmbito judicial. - É através desse princípio que torna-se possível a utilização de ADPF, quando não existir nenhum outro meio de caráter objetivo, apto a acabar, de uma vez por todas, com a controvérsia constitucional relevante, de forma ampla, imediata e geral. - O fato primordial é a solução que esse princípio é capaz de produzir, por ter uma natureza objetiva, seu caráter é vinculante e contra todos.natureza objetiva, seu caráter é vinculante e contra todos. - Com isso, a subsidiariedade desse princípio deve ser invocada para casos estritamente objetivos. Onde a realização jurisdicional possa ser um instrumento disponível capaz de sanar, de maneira eficaz a lesão causada a direitos básicos, de valores essenciais e preceitos fundamentais contemplados no texto da CF. EX. - A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde (CNTS) ingressou perante o Supremo Tribunal Federal (STF) em 17 de junho de 2004, com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 54). O advogado Luís Roberto Barroso, patrono da causa, argumenta que, ao se proibir o aborto de bebês anencéfalos, está-se violando a dignidade humana das gestantes. Seu pedido é de que o STF interprete os dispositivos do Código Penal relativos ao aborto, de tal modo que considere atípica a expulsão de anencéfalos do útero materno. Essa interpretação, se for aceita, terá eficácia contra todos e efeito vinculante. A partir de então, nenhum juiz ou tribunal poderá considerar aborto a antecipação da morte de um nascituro anencéfalo