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Aula 3

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 DOS BENS
	Os vocábulos BENS ou COISAS têm sido usados sem muita precisão quer pelos juristas, quer pela própria lei. Segundo uns, coisa é o gênero e bem é a espécie. 
	Nesse sentido, coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem, tais como o Sol, a Lua, os animais, os objetos inanimados, etc. Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. Há bens jurídicos que não são coisas, tais como a liberdade, a honra, a vida, a imagem, etc.
Por outro lado, há bens que não são coisas em sentido material, mas que por terem conteúdo econômico, são regulamentados pelo Direito.
	O que na verdade importa é que os bens ou coisas são o objeto das relações jurídicas. Estudamos as pessoas, sujeitos de direito, que participam dessas relações; vamos agora estudar o objeto do direito.
	Fala-se também em patrimônio que é o conjunto de bens, de qualquer ordem, pertencentes a uma pessoa. Tais bens, constantes de elementos ativos e passivos, têm conteúdo econômico. Nesse sentido que se afirma que o patrimônio do devedor responde por suas dívidas. 
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 DAS DIFERENTES CLASSES DE BENS
	Os bens podem ser classificados em três Capítulos diferentes do Código Civil:
 
	I – Dos bens considerados em si mesmos;
	II – Dos bens reciprocamente considerados;
	III – Dos bens públicos.
	A primeira categoria ( Dos bens considerados em si mesmos ) estuda os bens individualmente, atendendo-se à sua natureza. São estudados em cinco Seções do Código Civil:
	a) Dos bens imóveis ( arts. 79 a 81 do Código Civil );
	b) Dos bens móveis ( arts. 82 a 84 );
	c) Dos bens fungíveis e consumíveis ( arts. 85 e 86 );
	d) Dos bens divisíveis ( arts. 87 e 88 );
	e) Dos bens singulares e coletivos ( arts.89 a 91 ).
 
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	A segunda categoria ( Dos bens reciprocamente considerados ) estuda os bens principais e os acessórios. Nessa última classe são estudados os produtos, os frutos, a benfeitorias e as pertenças. Tal classificação está regulada nos arts. 92 a 97 do Código Civil.
	Por fim, na última categoria ( Dos bens públicos ) estudam-se os bens conforme a titularidade de seu domínio, sendo eles públicos ou particulares, estando a matéria regulada nos arts. 98 a 103 do Cód. Civil.
	Uma classe de bens que nossa lei não menciona é a dos bens corpóreos e incorpóreos. O Direito, no entanto, frequentemente refere-se a elas. 
	Corpóreos são os bens que têm existência física, material e podem ser tocados ou percebidos pelos órgãos dos sentidos, inclusive certas formas de energia, como a eletricidade, o gás e o vapor.
	Os Incorpóreos são os que têm existência abstrata ou ideal, mas valor econômico, tais como o direito autoral, o crédito, a sucessão aberta, o fundo de comércio, etc.
	
	Vejamos as várias classificações do Código Civil.
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 DOS BENS IMÓVEIS
	Alguns juristas classificavam os bens imóveis como aqueles que não se podem transportar, sem destruição, de um lugar para o outro. Hoje, no entanto, o avanço da engenharia e da ciência permitem que bens imóveis sejam transportados inteiros, para nova locação. 
	Os bens imóveis têm um tratamento muito diferenciado, dando a idéia de que o legislador os considera mais importantes. Assim, por exemplo, os imóveis são adquiridos por escritura pública e registrados no Registro de Imóveis, enquanto os móveis só necessitam da tradição; os modos de aquisição dos bens imóveis são bem diferentes dos bens móveis; só para alienar e hipotecar bens imóveis as pessoas casadas precisam de autorização do cônjuge; os prazos de usucapião de imóveis são bem maiores; normalmente, os bens imóveis pagam impostos mais caros e diferentes, etc.
	Os bens imóveis podem ser classificados em quatro categorias:
a) Imóveis por natureza; b) Imóveis por acessão natural; c) Imóveis por acessão artificial ou industrial e; d) Imóveis por determinação legal. 
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	a) Imóveis por Natureza ( art. 79 do Código Civil )
	São os bens verdadeiramente imóveis, sendo o solo, com sua superfície, o subsolo e o espaço aéreo. Tudo o mais que a ele adere deve ser classificado como imóvel por acessão. Acessão significa justaposição ou aderência de uma coisa a outra. O Código Civil a eles se refere nos arts. 1.229 e 1.230: 
	Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las. 
 
	Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais. 
	b) Imóveis por acessão natural ( art. 79 do Código Civil )
	São os bens que a natureza acrescenta ao solo, juntando-se a ele, tais como as árvores e frutos pendentes, bem seus acessórios e adjacências naturais, como as pedras, as fontes e os cursos de água. 
	
	
 
	
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	A natureza faz ainda acréscimos ao solo, sendo acessórios dele, tais como as ilhas, a aluvião, a avulsão e o álveo abandonado, regulados nos arts. 1.248 e seguintes do Código Civil. Trata-se de acessões naturais, que decorrem de fenômenos naturais.
	c) Imóveis por Acessão Artificial ou Industrial ( art. 79 do Código Civil ).
	É tudo quanto o homem incorpora permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções. No conceito de construções não se incluem aquelas de caráter provisório, que se destinam a remoção ou retirada, tais como os circos e parques de diversões, as barracas de feiras, os pavilhões de exposições, as tendas militares, etc.
	d) Imóveis por Determinação Legal ( art. 80 do Código Civil) 
	Trata-se de bens que são imóveis unicamente por vontade do legislador. São os direitos reais sobre imóveis, as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta. Também se chamam bens imóveis para os efeitos legais.
	Direitos Reais são a propriedade, o usufruto, as servidões e a superfície. Direito à Sucessão Aberta é o direitos dos herdeiros aos bens dos mortos.	 
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	 Vejamos os artigos do Código Civil.
	Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. 
 
	Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
 	I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
	II - o direito à sucessão aberta. 
 
	Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
 	I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
	II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. 
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	 DOS BENS MÓVEIS
	Estão regulados nos arts. 82 e 83 do Código Civil.
	Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
 
 	Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
 	I - as energias que tenham valor econômico; 
	II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
	III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
	Podem assim ser classificados em a) Móveis por Natureza; b) Móveis por Determinação Legal; c) Móveis por Antecipação.
	a) Móveis por Natureza, regulados no art. 82 do C.C., são os veículos automotivos, os semoventes e os móveis propriamente ditos, que podem ser removidos de um lugar para o outro, por força própria ou alheia, sem alteração de sua substância 
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	Os veículos automotivos, terrestres, marítimos, fluviais e aéreos têm movimento próprio. São os automóveis, locomotivas, navios, barcos em geral e aeronaves.
	Os animais também têm movimento próprio, mas como são seres vivos, recebem o nome de semoventes.Os móveis propriamente ditos são as coisas inanimadas, não imobilizados por sua destinação econômica, que podem ser removidas por força alheia, tais como mobílias, dinheiro, títulos de dívida, ações, mercadorias, etc.
	b) Móveis por Determinação Legal, regulados no art. 83 do CC.,
são as energias, os direitos reais sobre móveis, suas ações e os direitos obrigacionais.
	É importante destacar as energias. Qualquer energia natural, como o gás, a corrente elétrica, a energia atômica, a eólica e outras. 
	c) Móveis por Antecipação. São criações da doutrina, sendo bens incorporados ao solo, mas com a intenção de serem dele separados e convertidos em móveis, como as árvores destinadas ao corte, os frutos e as safras ainda não colhidos. Embora estejam ligados ao solo, que é imóvel, a vontade humana atua no sentido de futuramente mobilizá-los. 
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 DOS BENS FUNGÍVEIS E INFUNGÍVEIS 
 	Os bens fungíveis estão conceituados no art. 85 do Código Civil:
	Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
	O Código não se refere aos bens infungíveis, mas devem ser entendidos como aqueles que não podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade, como o quadro de um pintor célebre, uma escultura famosa, meu cão de estimação, etc.
	O Direito Romano conceituava os bens fungíveis como aqueles que consistiam em peso, número ou medida, como 10 quilos de açúcar, 
5 metros de pano, uma arroba de café, etc.
	Daí se conclui que a idéia de uma coisa poder ser substituída livremente por outra está no âmago do conceito de fungibilidade. Já nas coisas infungíveis, a individualidade da coisa é relevante. Assim, meu cão, meu gato, minha televisão, minha coleção de selos, são bens infungíveis. Os imóveis, em regra, são infungíveis. 
 
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	A vontade das partes, no entanto, pode em certas situações, transformar bens fungíveis em infungíveis e vice-versa. Um boi é infungível, mas se for emprestado para abate, torna-se fungível. Por outro lado, um bolo é fungível, mas se for emprestado para ornamentação, torna-se infungível.
	Essa classificação é muito importante, pois a idéia de uma coisa poder ou não ser substituída à vontade é relevante em vários casos, como nas obrigações de fazer fungíveis, nas ações possessórias, etc.
 BENS CONSUMÍVEIS E INCONSUMÍVEIS
	Estão regulados no art. 86 do Código Civil:
	Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
	Os bens podem ser consumíveis de fato, como os alimentos, ou de direito, como as mercadorias de um mercado. Deve-se considerar o primeiro uso, como no caso do dinheiro, que, usado, desaparece para o
dono.
 
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	A destinação que as pessoas dão aos bens é relevante e pode modificar a sua classificação. Assim, os livros de uma biblioteca são inconsumíveis. Mas os livros de uma livraria são consumíveis.
 BENS DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS
	Estão regulados nos arts. 87 e 88 do Código Civil:
	Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
 	Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
	O primeiro artigo trata da divisibilidade e indivisibilidade por natureza. Divisíveis são os bens que podem ser fracionados à vontade e cada parte mantém as mesmas qualidades e características do todo. Assim, por exemplo, serão divisíveis uma barra de ouro, uma soma de dinheiro, um saco de cereais, etc. Um cavalo, uma casa são indivisíveis.		No entanto, se uma coisa, ao ser fracionada, sofrer uma diminuição de valor, passa a ser considerada indivisível. É o caso de uma pedra de brilhante.
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	A divisibilidade, como se observa dos arts. 87 e 88 do Código Civil, pode ser de três espécies: a) Por natureza; b) Por determinação legal; c) Por vontade das partes ( convencional ).
	O art. 87 trata da divisibilidade por natureza, como já vimos. O art. 88 cuida das outras espécies.
	A indivisibilidade por determinação legal ocorre quando a lei assim estipula com relação a certos bens, como no caso das servidões prediais ( art. 1.386 do CC. ) e do direito dos herdeiros dos bens deixados pelo defunto até a partilha ( art. 1.791 do CC. ). Por fim, a vontade das partes contratantes pode tornar coisas indivisíveis, como prevê o art. 1.320, §§ 1º e 2º, do CC. ).
	A divisibilidade é um conceito muito importante em vários casos. Assim ocorre na venda de parte ideal em coisa indivisível ( art. 504 do CC.). A lei ainda cuida das obrigações indivíveis quando houver vários credores ou devedores e a coisa for indivisível ( art. 257 e 258 do CC. ). 
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 DOS BENS SINGULARES E COLETIVOS.
	Estão regulados nos arts. 89 a 91 do Código Civil:
	Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais. 
 	Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
 	Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias. 
 	Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
	São singulares os bens considerados em sua individualidade, como um cavalo, uma árvore, uma caneta, etc.
	As coisas são coletivas, ou universais, quando se consideram agregadas em todo. Também são chamados de universalidades. 
 
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	As universalidades podem ser de fato ou universalidades de direito. São reguladas no art. 90 do CC. Elas formam um todo, uma unidade, que passa a ter individualidade própria, como um rebanho, uma floresta, etc.
	As universalidades de direito estão conceituadas no art. 91 do CC.
São, por exemplo, a herança, o patrimônio, o fundo de comércio, a massa falida. 
	As primeiras se apresentam como um conjunto decorrente da vontade de seu proprietário. Já as últimas decorrem da lei, sendo um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos a que a lei atribui o caráter de unidade. 
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 DOS BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
	Nesta categoria classificam-se os bens considerados uns em relação a outros. Existe uma relação de dependência, sendo uns bens principais e outros acessórios, nos termos do art. 92 do Código Civil.
	Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
	Assim, principais são os bens que não dependem de outros para existirem, enquanto os acessórios não existem sem os principais. Seu valor e sua função econômica também devem ser considerados.
	Em princípio, obedecem a regra de que o acessório segue a sorte do principal ( Acessorium sequitur suum principale ). As consequências principais dessa regra são as seguintes: a) A natureza do acessório é a mesma do principal ( o solo é imóvel e a árvore também ); b) O acessório acompanha o destino do principal ( nulo o principal, o acessório será também; c) O proprietário do principal também o é do acessório.
	São diversas as classes dos acessórios:
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 FRUTOS E PRODUTOS
	Estão referidos em nossa lei nos arts. 95, 1.214 a 1.216 e 1.232 do CC. A distinção entre frutos é produtos é feita pela Doutrina, embora nossa lei praticamente os equipare, sem distingui-los.
	Frutos se caracterizam pela sua renovação periódica, não diminuem a substância da coisa principal quando retirados e têm a possibilidade de serem dela separados. Já os produtos não se renovam e, quando separados, diminuem a substância da coisa principal.
	Os frutos dividem-se em naturais, industriais e civis: a) Naturais são os criados pela natureza, como as frutasdas árvores, as crias e o leite dos animais, o mel das abelhas, a lã do carneiro, etc; b) Industriais 
são os criados pelo homem agindo sobre a natureza, como a produção das fábricas, os tijolos das cerâmicas e olarias, etc. c) Civis são as rendas do capital, como os juros, dividendos, aluguéis, etc.
	Sob outro critério, os frutos podem ser pendentes, colhidos ou percebidos, estantes, consumidos e percipiendos: a) Pendentes quando ainda unidos à coisa principal; b) Colhidos ou percebidos quando dela separados; c) Estantes quando armazenados e acondicionados à venda;
d) Consumidos quando já usados; e) Percipiendos quando deviam ter sido colhidos mas não o foram e se estragaram. 
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 PERTENÇAS
	Estão claramente definidas nos arts. 93 e 94 do Código Civil.
	Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
 	Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
 	São exemplos de pertenças os tratores e máquinas agrícolas das fazendas, os móveis e objetos de decoração de uma casa, etc. 
	Não se confundem com as partes integrantes que fazem parte da coisa principal, formando um todo só, não podendo em princípio serem dela separadas. O art. 94 do CC. acima só se refere às pertenças e não às partes integrantes. 
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 BENFEITORIAS
	São melhoramentos que se fazem na coisa principal. Estão muito bem classificadas e explicadas no art. 96 e seus parágrafos do CC.
	Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
 	§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
	§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 
	§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
	Benfeitorias necessárias são aquelas indispensáveis, que devem ser feitas para conservar e evitar o perecimento da coisa principal, como o conserto de um telhado, feitura de um muro de arrimo, a cura de um animal, etc. Assim também a conservação jurídica da coisa, como despesas do cancelamento de uma hipoteca ou de outro ônus, o pagamento de impostos e taxas, etc. O mesmo quanto às feitas para exploração econômica da coisa, como a aração e a adubação do solo, esgotamento de pântanos, cercas divisórias, etc. 	
 
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	Benfeitorias úteis têm um conceito negativo: não são necessárias, mas aumentam ou facilitam o uso da coisa. Assim, uma garagem, mais um banheiro na casa, uma piscina, etc.
	Por fim, benfeitorias voluptuárias são melhoramentos de luxo, recreio e beleza, como jardins, mirantes, fontes, colocação de piso mais bonito.
	Às vezes é meio difícil classificar as benfeitorias e não podem ser esquecidas as circunstâncias de cada caso. Assim, uma piscina numa casa é uma benfeitoria útil, mas numa escola de natação é necessária.
	São bens acessórios muito importantes, como se observa dos arts. 1.219 a 1.222 do Código Civil. 
	Finalmente, deve ser observado o disposto no art. 97 do CC.
	Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
	 
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 DOS BENS PÚBLICOS
	Estão bem classificados e explicados nos arts. 98 e 99 do CC.
	Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
 
	Art. 99. São bens públicos:
 	I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
	II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; 
	III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
 	Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
 
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	Como se verifica desses artigos, os bens públicos são de três espécies: a) De uso comum do povo; b) De uso especial; c) Dominicais.
	Os de uso comum do povo são aqueles que todo mundo pode usar, embora seu uso possa ser regulamentado e cobrado pela Pessoa Jurídica a que pertencerem ( art. 103 do CC. ). A enumeração do Código é exemplificativa, não estando mencionados outros bens desse tipo, como as praias, os lagos, etc.
	Os bens de uso especial são os prédios e terrenos da União, Estados, Municípios e Autarquias, tais como escolas, hospitais, quartéis,, foruns, repartições públicas etc.
	Por fim, os bens dominicais são os bens que as pessoas jurídicas públicas possuem como se fossem particulares, como veículos, móveis, terrenos vazios, terras devolutas, estradas de ferro, etc.
	Todos os bens públicos não estão sujeitos a usucapião ( art. 102 do CC. e arts. 183, § 3º e 191, § único, da Constituição ). Os bens dominicais podem ser alienados na forma que a lei determinar ( art. 101 do CC. ). Os demais são inalienáveis em princípio ( art. 100 do CC. ), mas, podem ser alienados por exceção, com expressa autorização legal, mediante o processo da desafetação. 
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	O Código Civil de 1.916 regulava ainda o Bem de Família e as Coisas fora do Comércio.
 	O Bem de Família passou a ser previsto nos arts. 1.511 a 1.522 do novo Código e será estudado no 5º ano.
	As Coisas fora do Comércio não estão mais reguladas no Código novo mas precisam ser conhecidas. Trata-se de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas, não podendo ser comprados, vendidos, trocados, doados, alugados, emprestados, etc.
	Nessa categoria encontram-se os seguintes bens: a) os bens insuscetíveis de apropriação, como o ar atmosférico, a luz solar, a água dos mares, etc; b) os bens legalmente inalienáveis, como bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial, os bens das fundações, os lotes rurais de dimensões inferiores ao módulo, etc.; c) os bens indisponíveis por vontade humana, deixados em testamentos e doações com a cláusula de inalienabilidade.

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