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Estrutura e Propriedades da Matéria O ESTUDO DA QUÍMICA A Química envolve o estudo das propriedades e do comportamento da matéria. Matéria é o material físico do universo; é tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço. PRIMEIROS MODELOS ATÔMICOS Os séculos XVII e XVIII caracterizaram-se pela aquisição de um grande número de informações obtidas experimentalmente, o conhecimento químico cresce em quantidade e qualidade. No final deste período e no início do século XIX um grande número de fatos químicos floresceram porém as perguntas aumentavam e poucas explicações eram apresentadas: “O ácido sulfúrico dissolvia zinco e ferro e não a prata e o ouro” – A razão para esta diferença permanecia indefinida; Acreditava-se que havia diferenças fundamentais entre os elementos, compostos e misturas; A lei da conservação da massa e da composição definida haviam sido propostas e, embora fossem sustentadas por químicos progressistas da época, não podiam satisfatoriamente explicar por que as massas eram conservadas durante uma transformação química e por que certos tipos de matérias pareciam ter a mesma composição. As Leis da transformação química A lei da conservação da massa (Durante uma transformação química não é mensurável o ganho ou a perda de massa - Antoine Lavoisier) explica um dos grandes problemas com o qual nos defrontamos atualmente: a poluição ambiental, compreendendo água, solo e ar. O fato de não ser possível consumir a matéria até sua aniquilação implica a geração de resíduos em todas as atividades dos seres vivos, resíduos esses indesejáveis a quem os eliminou, mas que podem ser reincorporados ao meio, para posteriormente serem reutilizados. Esse processo denomina-se reciclagem e ocorre na natureza por meio dos ciclos biogeoquímicos, nos quais interagem mecanismos biogeoquímicos que tornam os resíduos aproveitáveis em outra forma. Quando não existe um equilíbrio entre consumo e reciclagem, podem advir consequências desastrosas ao meio ambiente, tais como eutrofização dos lagos, contaminação dos solos por pesticidas e fertilizantes, etc. Estrutura e Propriedades da Matéria A Lei de Proust também é conhecida como Lei das proporções constantes ou lei das proporções definidas. Esta lei foi inserida pelo químico francês Joseph Louis Proust, que realizou experimentos com substâncias puras e concluiu que independentemente do processo usado para obtê-las, a composição em massa dessas substâncias era constante. A Lei de Proust é definida assim: “As massas dos reagentes e produtos participantes de uma reação mantêm uma proporção constante.” A idéia do átomo pelos gregos e o átomo como a menor partícula da matéria 1. O átomo de Dalton (1803) Baseado na Lei da conservação de massa e da composição definida, John Dalton propôs uma teoria que explicava estas e outras generalizações químicas. A teoria atômica de Dalton foi baseada no seguinte modelo: Toda matéria é composta de partículas fundamentais, os átomos/ Os átomos são permanentes e indivisíveis, eles não podem ser criados nem destruídos; Os elementos são caracterizados por seus átomos. Todos os átomos de um dado elemento são idênticos em todos os aspectos. Átomos de diferentes elementos têm diferentes propriedades; As transformações químicas consistem em uma combinação, separação ou rearranjo de átomos/ Compostos químicos são formados de átomos de dois ou mais elementos em uma razão fixa. “Se cada átomo tem sua própria característica e se os átomos são rearranjados, permanecendo inalterados durante uma reação química, então a massa total dos átomos dos reagentes deve ser a mesma que a dos átomos dos produtos ” ( A Lei da conservação das massas) “Se cada composto é caracterizado por proporções fixas entre os números de átomos dos seus elementos componentes e se cada átomo de um dado elemento tem a mesma massa, então a composição de cada composto deve ser sempre a mesma“ ( A Lei da composição definida) Átomos são formados por pequenas partículas e que, devido à existência de isótopos, todos os átomos de um dado elemento não têm a mesma massa. Estrutura e Propriedades da Matéria Por não esclarecer a diferença entre átomos e moléculas, Dalton com sua teoria chegou a propor fórmulas incorretas para certos compostos. Em 1800 os químicos ingleses William Nicholson e Anthony Carlisle demonstraram a decomposição da água nos gases hidrogênio e oxigênio por eletrólise (uso da eletricidade para produzir uma transformação química). A partir de estudos extensivos realizados por Humphry Davy e seu assistente Michael Faraday sobre a eletrólise, em 1832 Faraday anuncia suas observações, que conhecemos hoje como “Leis de Faraday”: 1ª Lei - Durante uma eletrólise, a massa de uma substância libertada em qualquer um dos eletrodos, assim como a massa da substância decomposta, é diretamente proporcional à quantidade de eletricidade que passa pela solução( ). 2ª Lei – Quando uma mesma quantidade de eletricidade atravessa diversos eletrólitos, as massas das espécies químicas libertadas nos eletrodos, assim como as massas das espécies químicas decompostas, são diretamente proporcionais aos seus equivalentes químicos ( ). Experimentos de Willian Crookes O primeiro indício de que os átomos poderiam ser constituídos de partes menores, foi em 1850 quando o físico britânico Willian Crookes construiu tubos de descarga de gás, geralmente chamados de tubos de Crookes (Tubo evacuado com eletrodos ligados a alta voltagem) para estudar o efeito da descarga elétrica em gases. Tubo de Crookes Estrutura e Propriedades da Matéria Esquema da formação de raios catódicos Com a diminuição da pressão no interior do tubo de Crookes, uma série de fenômenos foram observados como o aparecimento de incandescência emitido do eletrodo de carga negativa, o cátodo, e próxima da pressão atmosférica nada parecia acontecer no tubo. Os experimentos dos tubos de Crookes podem ser interpretados da seguinte forma: A baixas pressões, é evidente que alguma coisa deixa o cátodo e viaja para o ânodo. A incandescência emitida pelo gás no interior do tubo a pressões intermediárias resulta das colisões das partículas em movimento com moléculas do gás (A baixas pressões, a concentração de moléculas de gás é muito baixa para produzir luz visível e sob estas condições, muitas partículas atingem o vidro no ânodo na extremidade do tubo, causando incandescência). Em 1887, o físico inglês J. J. Thomson mostrou que as partículas em raio catódico são carregadas negativamente. Provou a afirmação mostrando que o raio pode ser desviado se passar entre placas de metais carregados opostamente. Hoje, geralmente, provamos a existência desta carga negativa mostrando o desvio das partículas em um campo magnético. Devido às partículas que emergem do cátodo em tubo de Crookes sempre terem as mesmas propriedades e serem independentes do material do cátodo, pode-se concluir que elas estão presentes em toda matéria. Atualmente estas partículas são chamadas elétrons. Estrutura e Propriedades da Matéria Em 1908, o físico americano Robert Millikan realizou um experimento clássico que determinou a magnitude da carga negativa no elétron. Esquema do experimento de Millikan Millikan acreditava que os raios X chocavam-se com os elétrons das moléculas do ar que circundavam as gotículas de óleo e que as gotículas poderiam captar estes elétrons. Descobriu que uma gotícula poderia captar apenas um número inteiro de elétrons, que correspondia a um inteiro de – 1,6x10-19 C (coulombs), concluiu que cada elétron precisava carregar a carga – 1,6x10-19 C. Joseph John Thomson já havia mostrado que a razão carga-massa é a mesma para todos os elétrons e deposse desta informação Millikan foi capaz de calcular a massa do elétron (9,1x10-21 g). “Os elétrons estão presentes em toda a matéria. Eles são um dos seus constituintes subatômicos e são realmente todos idênticos”. Em 1886, o físico alemão Eugen Goldstein usou um tubo de Crookes modificado para produzir um novo tipo de raio. (a) (b) Tubo de Crookes modificado (a) e esquema da produção de raios canais ou anódicos (b) Estrutura e Propriedades da Matéria O cátodo no tubo de Goldstein tinha uma fenda montada próximo ao meio do tubo. Ele observou um fluxo incandescente que parecia começar na fenda e movia-se na direção contrária dos raios catódicos e chamou este fluxo de raio canal. Observou também a deflexão deste raio por um campo elétrico ou magnético na direção oposta daquela do raio catódico e provou a carga positiva do raio canal. Goldstein observou que, ao contrário dos elétrons, o raio canal tem diferentes cargas, embora cada carga seja um múltiplo de +1,6x10-19 C e que a massas eram bem maiores do que aquelas de um elétron. Atualmente estas partículas são chamadas de prótons. 2. O átomo de Joseph John Thomson (1898) A partir de 1890, ficou evidente para a maioria dos cientistas que os átomos consistiam em uma parte carregada positivamente e alguns elétrons, mas isto não era totalmente claro. Thomson sugeriu que: Um átomo pode ser uma esfera carregada positivamente na qual alguns elétrons estão incrustados, e apontou que isto levaria a uma fácil remoção de elétrons dos átomos. Postulou que os elétrons estavam arranjados em anéis e circundavam completamente em órbitas a esfera positiva. O modelo atômico de Thomson foi bem aceito por muitos anos e pouco depois do início do século XX, experimentos realizados na Inglaterra pelos físicos Ernest Rutherford, Ernest Marsden e Hans Geiger levaram à substituição do modelo atômico de Thomson. 3. O átomo de Rutherford (1911) A descoberta de que um minério de urânio emitia raios capazes de escurecer uma placa fotográfica pelo físico francês Henri Becquerel e com o isolamento do polônio e o rádio, por Marie Curie e seus colaboradores (1898), que também emitiam o mesmo tipo de raios quando se desintegravam, que ela chamou de radioatividade, levou Rutherford, Marsden e Geiger a utilizar estas radiações de alta energia. Estrutura e Propriedades da Matéria Os três tipos de radiações: alfa (α), beta (β) e gama (γ) se comportam de maneira diferente quando passam entre placas eletricamente carregadas, os raios α e β são defletidos, mas os raios γ passam sem deflexão; isso quer dizer que os raios α e β são partículas eletricamente carregadas. A carga da partícula α é positiva,+2, enquanto que a β é negativa, -1. Apesar da carga da partícula α ser duas vezes a carga da β, elas são defletidas em menor extensão que a partícula β, o que implica o fato de que a massa da partícula α devam mais pesadas do que as partículas β. Os raios γ não têm massa ou carga detectáveis, eles se comportam como raios de luz. As radiações alfa(α), beta (β) e gama (γ) Rutherford, Marsden e Geiger utilizaram os raios α emitidos por uma pequena quantidade de polônio em várias folhas finas de diversos materiais como mica, papel e ouro. Esquema do experimento de Rutherford e seus colaboradores Estrutura e Propriedades da Matéria Eles observaram que: • Para fazer com que a maioria das partículas α passe através de um pedaço de chapa sem sofrer desvio, a maior parte do átomo deve consistir de carga negativa difusa de massa baixa - o elétron. • Para explicar o pequeno número de desvios grandes das partículas α, o centro ou núcleo do átomo deve ser constituído de uma carga positiva densa e muito pequena. • O átomo consiste de entidades positivas, negativas e neutras, respectivamente, prótons, elétrons e nêutrons. • Os prótons e nêutrons estão localizados no núcleo do átomo, que é pequeno. A maior parte da massa do átomo se deve ao núcleo. • Pode haver um número variável de nêutrons para o mesmo número de prótons. Os isótopos têm o mesmo número de prótons, mas números diferentes de nêutrons. • Os elétrons estão localizados fora do núcleo. Grande parte do volume do átomo se deve aos elétrons. Rutherford e seus colaboradores modificaram o modelo de Thomson da seguinte maneira: Suponha que o átomo é esférico mas a carga positiva deve estar localizada no centro, com uma carga negativa difusa em torno dele. Estrutura e Propriedades da Matéria Relação núcleo-eletrosfera do átomo Rutherford retomou uma idéia proposta em 1904 pelo físico japonês Hantaro Nagaoka: Um átomo poderia ser composto por um pequeniníssimo núcleo carregado positivamente, rodeado por uma região comparativamente maior, contendo os elétrons. “O átomo é a menor partícula que caracteriza o elemento químico” “Elemento químico é um conjunto de átomos iguais; É um conjunto de átomos com o mesmo número atômico (Z); É um conjunto de isótopos”. Em 1932, o físico inglês James Chadwick, colaborador de Rutherfor, descobriu a partícula do núcleo atômico, que passou a ser conhecida por nêutron, devido ao fato de não ter carga elétrica. Pela sua descoberta, divulgada à comunidade científica na obra "Possible Existence of Neutron", obteve em 1935 o Nobel de Física. Para Rutherford o átomo é composto de duas regiões: Um núcleo minúsculo compreendendo toda a carga positiva e, praticamente, toda a massa do átomo; Uma região extranuclear, que é principalmente um espaço vazio, onde estão distribuídos os elétrons. Estrutura e Propriedades da Matéria OBS.: Massas atômicas medias – A massa atômica relativa é massas médias dos isótopos: Ex: O Carbono (C) natural apresenta: 98,892 % de 12C e 1,107 % de 13C. Desta forma a massa média do carbono será: (0,98892)(12 u) + (0,01107)(13,00335 u) = 12,01 u ou (0,9893)(12 g) + (0,0107)(13,00335 g) = 12,01 g O ÁTOMO MODERNO O Dilema do átomo estável (início do século XX) Imagine que você está olhando para um átomo de hidrogênio tão ampliado que possa ver seu núcleo e, bastante distante deste, seu único elétron. Existem apenas duas possibilidades do estado de movimento do elétron: ou ele está (I) estacionário ou está (II) em movimento. • Possibilidade I (o elétron está parado) – De acordo com a física clássica, haveria a atração entre o núcleo (carga positiva) e o elétron (carga negativa) em uma fração de segundos e desta forma o átomo entraria em colapso quase que imediatamente, e consequentemente o universo. Uma vez que isso não aconteceu, este modelo foi rejeitado. • Possibilidade II (o elétron em movimento) – Desde que o elétron é parte do átomo, em movimento deverá descrever uma trajetória em torno do núcleo – sua órbita. Segundo Rutherford o átomo apresentava como um modelo planetário simples, onde a direção do elétron precisa mudar constantemente para permanecer na sua órbita sem escapar do núcleo. De acordo com a física clássica, quando uma partícula carregada experimenta uma mudança de direção de seu movimento (uma forma de aceleração), esta emite energia radiante continuamente. Deste modo o elétron perderia energia e iria se aproximando do núcleo em um movimento espiral em fração de segundos e teríamos um comportamento semelhante à possibilidade I. A primeira tentativa de descrever um modelo atômico não clássico foi proposta pelo físico dinamarquês Niels Henrick David Bohr. Bohr percebeu que a elucidação da estrutura atômica seria encontrada na natureza da luz emitida por substâncias a Estrutura e Propriedadesda Matéria temperaturas altas ou sob a influência de uma descarga elétrica. Mais especificamente, ele acreditava que esta luz era produzida quando os elétrons nos átomos sofriam alterações de energias. A sua teoria para a explicação do modelo atômico proposto por Rutherford em 1911, levando em conta a teoria quântica (formulada por Max Planck em 1900), não foi levada a sério. Estrutura e Propriedades da Matéria As teorias incorporadas ao modelo atômico de Bohr foram: • O conceito de QUANTUM como sendo a quantidade de energia que pode ser emitida ou absorvida na forma de radiação eletromagnética. Os átomos ou moléculas absorviam ou emitiam energia apenas em quantidades discretas, ou seja, em parcelas pequenas e muito bem definidas. E a idéia de energia descontínua ou quantizada (Karl Ernst Ludwig Planck): E = nh • O efeito fotoelétrico (emissão de elétrons por um material, geralmente metálico, quando exposto a uma radiação eletromagnética, como a luz, de frequência suficientemente alta, que depende do material), de Albert Einstein em 1905, estabelecendo que energia tem massa e que passou a chamar de quanta, definido por Planck, de photons (fótons). A teoria de Bohr explicou as transições para as espécies hidrogenóides, mas não explicou para os átomos multieletrônicos. Depois da década de 1920, vários físicos ajudaram a criar o modelo existente hoje. Entre estes podemos citar: • Louis de Broglie – Teoria da dualidade onda-partícula; • Werner Heisenberg – O princípio da incerteza e fórmulas da mecânica quântica baseadas na álgebra de matrizes; • Wolfgang Pauli – O Princípio de exclusão, talvez seu mais importante trabalho, que estabelece que nenhuma partícula, como os elétrons, pode existir no mesmo estado quântico. • Uhlenbeck e Goudsmit posteriormente identificaram este grau de liberdade como o spin; Estrutura e Propriedades da Matéria • Erwin Schrödinger – Equações da mecânica quântica baseadas em equações diferenciais de segunda ordem. As soluções da equação de Schrödinger chamadas de funções de ondas e simbolizadas pela letra grega ψ (psi) são quimicamente importantes e as implicações dessas funções de onda é essencial para que se entenda a visão moderna do átomo. Bibliografia 1. Química um curso universitário 4ª Edição, Bruce M. Mahan e Rollie J. Myers, Editora Edgard Blücher, São Paulo 1995. 2. BROWN,T. L.; LEMEY Jr, H. E.; BURTEN, B.E.; BURDGE, J. R. Química: a ciência central.9, ed. São Paulo:Pearson Prentice Hall, 2005 3. Química Geral e Reações Químicas 5ª Edição, John C. Kotz e Paul M. Treichel Jr., Editora Cencage, São Paulo 2008. 4. Química Geral 2ª Edição, John B. Russel, Editora Pearson, São Paulo, 2006.
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