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Apologia da História ou O ofício de historiador Marc Bloch Matheus Lucas M. Willian Charles Ana Beatriz Marc Bloch Um dos fundadores da revista Annales, vítima dos nazistas. Fuzilado em 16 de junho de 1944, deixou inacabado o livro, que só foi publicado pela primeira vez em 1949 por Lucien Febvre Marc Bloch http://www.documentstalk.com/wp/wp-content/uploads/block_marc.jpg Apologia da História O título original era só Apologia da História A obra foi escrita na prisão Bloch aproveitou o presente vivido como reflexão Prefácio Compreender o passado pelo presente e o presente pelo passado Isolados os pesquisadores não compreender nem metade de seu campo de estudos Os documentos só falam quando são interrogados Prefácio O uso da nomenclatura, segundo Bloch deve ser assim: O historiador deve conduzir o estudo na época em questão para evitar o anacronismo e usar os termos que a História usa atualmente (Ex: Idade Média) Pelo modo que termina o livro entende-se que as causas da história, não são postuladas. São buscadas Esse livro não é ponto de chegada, mas sim um ponto de partida Introdução A história como espetáculo Uma ciência sempre parecerá incompleta se não nos ajudar a viver melhor História criança e as ciências do espírito humano Seignobos disse “É muito útil coloca-se questões, mas muito perigosos respondê-las”? Futuro das ciências humanas? Introdução Se meu livro puder ajudar os historiadores [principalmente os jovens] sinto que não fui completamente inútil Capítulo 1: A história, os homens e o tempo A escolha do historiador A palavra história mudou de foco, desde que surgiu Definir e não delimitar A história e os homens Não linear, mas dinâmica A história é a ciência por natureza, dos homens no tempo O tempo histórico “Ora, esse tempo verdadeiro é, por natureza, um continuum. É também perpétua mudança (BLOCH, p.41).” Capítulo 1: A história, os homens e o tempo O ídolo das origens Origens/causas e julgamento “Em suma, nunca se explica plenamente um fenômeno histórico fora do estudo de seu momento (BLOCH, p.44).” Passado e presente O presente é fugaz, é um passado recente “A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado (BLOCH, p.48).” Estudar o passado não como algo esquecido, mas estabelecendo relação com o presente, para assim, poder ter um olhar no futuro Capítulo 2: A observação histórica “O passado é, por definição, um dado que nada mais modificará. Mas o conhecimento do passado é uma coisa em progresso, que incessantemente se transforma e aperfeiçoa.” (BLOCH, 2001, p. 75) O historiador é incapaz de constatar os fatos que estuda, pois ele não esteve presente. Ele é como um investigador de um crime, onde coleta pistas para reconstruir a cena Dessa forma, o conhecimento do passado é concebido através de vestígios A história é uma ciência inexata, pois é uma ciência do homem. O historiador só pode trazer à tona interpretações possíveis dos testemunhos coletados Capítulo 2: A observação histórica Mas a história do presente não é mais inteligível do que o estudo do passado. O historiador que se preocupa com a história do passado mais recente não é mais aquinhoado do que aquele que se preocupa com um tempo mais longínquo Todo conhecimento do presente limita-se apenas àquilo que o homem é capaz de observar. E assim como no estudo do passado, é necessário testemunhos para interpretar determinado evento Os testemunhos são variáveis. E mesmo aqueles interlocutores que estiveram presentes em um determinado evento, sendo este mais recente ou mais longínquo, passam a imagem do fato com base naquilo que acreditam ou de acordo com o que pretendem ao apresentar seus pensamentos Capítulo 2: A observação histórica Testemunhos voluntários são relatos que tiveram a intenção de posteridade. Ou seja, foram produzidos para servirem de leitura sobre o passado. Testemunhos não voluntários são peças do cotidiano que não intencionavam necessariamente servir para contar algo sobre a época em que viviam, mas que pode ser usada pelo historiador para estudo Os testemunhos voluntários foram perdendo a predileção ao longo da história. Estes podem conter mentiras, informações manipuladas, etc. Mas a forma como interrogá-los pode ser diferente, e o objeto pode dizer muito mais do que parece expor Com o avanço das técnicas, o passado pode ser reconstituído através de inscrições, de moedas, de papiros, da arquitetura, etc. Catedral de Amiens, França, 1220. Fonte: LMC, USP. Capítulo 2: A observação histórica A diversidade dos testemunhos históricos é vasta, e tudo que o homem produz pode e deve informar sobre ele Mesmo parecendo claros, os documentos só falam quando os interrogamos É uma grande ilusão imaginar que cada problema histórico corresponde a um tipo único de documento. O historiador das religiões, por exemplo, não deveria se contentar somente com tratados teológicos, mas observar que existem outros testemunhos, como as imagens pintadas ou esculpidas, que tem tanto a dizer quando os escritos Mas o historiador precisa da ajuda de outros estudos para analisar seus testemunhos. Ou seja, ele deve desenvolver técnicas para estudar certas fontes que possibilitem um melhor manejo das testemunhas Capítulo 3: A crítica Esboço de uma história do método crítico Testemunhas mentem “Com tinta, qualquer um pode escrever qualquer coisa” O ceticismo não faz de você um cientista ou historiador O verdadeiro progresso veio no dia em que a dúvida tornou-se examinadora! Capítulo 3: A crítica Foram estipuladas regras para o método crítico O historiador não é um juiz rabugento O historiador não é um crédulo Capítulo 3: A crítica Em busca da mentira e do erro “De todos os venenos capazes de viciar o testemunho, o mais virulento é a impostura.” A falsificação tem dois tipos. Nem sempre algo que aparente ser é verdadeiro (até mesmo os testemunhos) Os motivos que levam uma pessoa a mentir são infinitos, algumas vezes são até mesmo ato gratuito Destacar como a guerra gerou tantos rumores falsos Em alguns casos se achava que tudo encontrado no jornal é mentira O causo de Pascal e Galileu No mês de julho de 1857, o matemático Michel Chasles comunicou à Academia das Ciências a existência de todo um lote de cartas inéditas de Pascal, que lhe foram vendidas por seu fornecedor habitual, o ilustre falsário Vrain-Lucas. Resultava daí que o autor das Provinciales havia formulado, antes de Newton, o princípio da atração universal. Um cientista inglês se surpreendeu. Como explicar, dizia em substância, que esses textos estejam a par de medidas astronômicas efetuadas muitos anos depois da morte de Pascal e das quais o próprio Newton só teve conhecimento uma vez publicadas as primeiras edições de sua obra? Vrain-Lucas não era homem de se constranger por tão pouco. [Voltou para sua mesa de trabalho; e] logo, novamente abastecido por ele, Chasles pôde produzir novos autógrafos. Como assinatura tinham, dessa vez, Galileu; como destinatário, Pascal. Assim, o enigma estava esclarecido: o ilustre astrônomo fornecera as observações; Pascal, os cálculos. Tudo, de ambas as partes, sigilosamente. É verdade: Pascal, por ocasião da morte de Galileu, tinha apenas 18 anos. O quê! Era apenas uma razão a mais para se admirar a precocidade de seu gênio. Capítulo 3: A crítica Capítulo 3: A crítica Tentativa de uma lógica do método crítico A crítica do testemunho, que trabalha sobre realidades psíquicas, permanecerá sempre uma arte de sensibilidade. Organizar, comparar e destacar as semelhanças e diferenças Extremos nunca são bons. Tanto para a discrepância quanto para a igualdade Capítulo 4: A análise histórica Julgar ou compreender? Ora, por muito tempo o historiador passou por uma espécie de juiz dos Infernos, encarregado de distribuir o elogio ou o vitupério aos heróis mortos Além disso, se o julgamento apenas acompanhava a explicação, o leitor estará livre para pular a página. Por infelicidade, à força de julgar, acaba-se, quase fatalmente, por perder até o gosto de explicar A história, com a condição de ela própria renunciar a seus falsos ares de arcanjo, deve nos ajudar a curar esse defeito. Ela é uma vasta experiência de variedades humanas, um longo encontro dos homens Capítulo 4: A análise histórica Da diversidade dos fatos humanos à unidade da consciência Assim como todo cientista, como todo cérebro que, simplesmente, percebe, o historiador escolhe e tria. Em uma palavra, analisa Nenhum fato humano de natureza, aparentemente, mais oposta do que estes. Colaboraram no entanto para dar à atitude mental de um grupo sua tonalidade mais característica O historiador nunca sai do tempo. Mas, por uma oscilação necessária, que o debate sobre as origens já nos deu à vista, ele considera ora as grandes ondas de fenômenos aparentados que atravessam, longitudinalmente, a duração, ora o momento humano em que essas correntes se apertam no nó poderoso das consciências Capítulo 4: A análise histórica A nomenclatura Nossa ciência não dispõe, como a matemática ou a química, de um sistema de símbolos completamente separado da língua nacional O historiador fala unicamente com palavras; portanto, com as de seu país. Acha-se ele em presença de realidades que se exprimiram numa língua estrangeira, morta ou ainda viva? Será obrigado a traduzi-las O advento do nome é sempre um grande fato, mesmo se a coisa o havia precedido; pois marca a etapa decisiva da tomada de consciência Capítulo 5: Sem título Crítica ao positivismo Causas dos fatos históricos O próprio historiador influência na história “Resumindo tudo, as causas, em história como em outros domínios, não são postuladas. São buscadas (BLOCH, p.113).” Bibliografia BLOCH, Marc. Apologia da História: ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2001.
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