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A HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA NO MUNDO

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A HISTÓRIA DA FISIOTERAPIA NO MUNDO
	O emprego de procedimentos e técnicas próprias da fisioterapia é tão antigo quanto a própria humanidade e o sofrimento humano que ela se esforça em tentar curar ou ao menos aliviar.
	Na antiguidade clássica, havia uma preocupação com as pessoas que apresentavamm as chamadas “diferenças incômodas” e uma necessidade de reduzir ou até eliminar essas “diferenças”. Para isso, os médicos da época se propunham a utilizar instrumentos, meios físicos e algumas técnicas e procedimentos rudimentares, como movimentos do próprio corpo humano. Existem registros de que esses profissionais usavam uma espécie de eletroterapia, sob a forma de choques produzidos por um peixe-elétrico, no tratamento de algumas doenças. Os médicos gregos de formação hipocrática empregavam em seu arsenal terapêutico o frio e o calor, banhos em águas termais, a helioterapia, massagens, ginásticas e movimentos específicos do corpo, no tratamento de doenças já estabelecidas. Eles sabiam que o meio-ambiente, o clima, a luz solar, a qualidade da água, os ventos, os alimentos, o tipo de vida e até o solo onde o indivíduo vivia exercia influência em sua vida nos estados de saúde e de doença. Sem que eles se dessem conta, empregavam técnicas hoje incorporadas à prática da massoterapia e da cinesioterapia. Procedimentos semelhantes também eram observados em outros locais do mundo antigo. Em 2.698 a.C., o imperador chinês Hoo-Ti desenvolveu um tipo de ginástica curativa que continha exercícios respiratórios e exercícios físicos empregados para tratar o desconforto da constipação, observado em gripes e resfriados. Durante o império Romano, Galeno, um dos maiores anatomistas e fisiologistas de todos os tempos deixou registrado que por meio de uma ginástica do tronco e dos pulmões, conseguiu corrigir o tórax deformado de um rapaz. Como podemos observar, práticas que hoje identificamos como da fisioterapia já eram utilizadas pelos médicos daquela época para tratar doenças já instaladas, visíveis e incômodas. Eram atividades de finalidade estritamente curativas, inexistindo estudos ou aplicações voltadas à prevenção das enfermidades. 
	 Com a queda do império romano, a Europa mergulhou na Idade Média, que com suas crendices e superstições determinou se não um retrocesso, pelo menos um grande retardo no desenvolvimento das ciências, inclusive das ciências médicas. A prática médica tornou-se uma mistura dos ensinamentos dos autores da Antiguidade com as crendices demonológicas da Igreja, incluindo o cultivo de práticas outrora abandonadas, como o esconjuro. Afinal de contas, todos os eventos eram atribuídos à causas externas, sobrenaturais, à atuação divina. Por sua vez, os eventos negativos estavam relacionados a causas demoníacas. O corpo humano passou a ser considerado algo “inferior”, uma vez que por influência da igreja, as pessoas deveriam se voltar para o culto da alma, cujo corpo era apenas o seu recipiente. Por outro lado, a nobreza, em decorrência dos constantes conflitos militares entre os estados feudais, passou a incentivar a prática de exercícios físicos para aumentar a potência corporal. Para as classes dominadas como os camponeses, a prática de atividade física tinha apenas um caráter de diversão barata.
Com o advento do Renascimento, a vida cultural e artística da Europa experimentou um período de grande desenvolvimento. Com a decadência das proibições e restrições estabelecidas pela igreja, a autonomia e a independência adquiriam uma grande valorização, com a difusão das ideias humanísticas, fundamentadas com o espírito crítico e inovador das universidades laicas. O crescimento das artes plásticas e das ciências determinou a valorização crescente da beleza do corpo humano, incluindo o estudo da anatomia, traduzido nas obras de Vesalius e, sobretudo de Leonardo da Vinci. No campo das ciências da saúde, observamos uma retomada dos estudos relativos aos cuidados com o corpo e uma revitalização do culto ao físico, incluindo a prática de exercícios para o tratamento de patologias estabelecidas e à preservação da saúde. Jeronimus Mercurialis foi um humanista do séculoXVI e o autor do livro Arte Ginástica, publicado em 1569. Sua obra recuperou a teoria da ginástica greco-romana, abandonada durante a Idade Média, no sentido da prática dos exercícios físicos voltados para a saúde. Seus estudos ainda falavam da prática da ginástica para a formação dos atletas, como antes aplicadas na Grécia Antiga e só retomadas no século XIX. Seus trabalhos compreendiam: 1) exercícios para conservar um estado saudável já existente; 2) regularidade no exercício; 3) exercícios para um indivíduo enfermo cujo estado pode exacerbar-se; 4) exercícos especiais individuais para convalescentes e 5) exercícios para pessoas com ocupações sedentárias. Observamos que ao contrário da antiguidade, neste período, a retomada dos estudos relativos ao bem-estar físico do homem não visava apenas ao tratamento do organismo lesado, mas à manutençao das condições normais já existentes no organismo são. Essa preocupação denota o que no futuro virá a ser chamado de “promoção de saúde” e de “medicina preventiva”.
Com esse mesmo pensamento, Don Francisco y Ondeano Amorós publicou no início do século XIX um trabalho em que dividia a ginástica em quatro pontos. O terceiro era a cinesioterapia, que buscava a manutenção da saúde, o tratamento das enfermidades, a reeducação de convalescentes e a correção de deformidades. Neste período, as idéias de Ling, um professor sueco de ginástica e massagens corretivas, sobre a prática de atividades físicas profiláticas passaram a influenciar inúmeros autores. Com o tempo, compreendeu-se que seria necessário diferenciar as atividades para o tratamento dos enfermos dos exercícios físicos orientados para pessoas saudáveis. Neste sentido, a Sociedade Médica de Berlim publicou em 1864 um informe relatando que “o tratamento do enfermo mediante exercícios é algo distinto da ginástica para pessoas sãs”. Com a adoção desse objetivo, começa a haver uma divisão profissional no sentido de diferenciar as ações profissionais conforme o estado de saúde da população a ser atendida. Assim sendo, a atividade da fisioterapia começa a estar voltada ao atendimento de indivíduos já lesados, acometidos por algum tipo de doença.
O advento da revolução industrial e a adoção do sistema fabril mecanizado de produção fez agravar uma série de patologias já existentes e surgir novos problemas de saúde, sobretudo junto à classe operária, como os acidentes de trabalho. Para os proprietários das fábricas, era imperativo que seus empregados continuassem a trabalhar com a sua máxima capacidade produtiva. Por isso, foram feitos investimentos para que a ciência médica garantisse a pronta recuperação da força de trabalho da classe operária. Valorizava-se muito mais a atividade assistencialista que buscava curar, recuperar e reabilitar os trabalhadores do que investir na minimização dos determinantes sociais dos problemas observados, como as jornadas excessivas e as condições insalubres de trabalho, as instalações sanitárias precárias e a alimentação insuficiente e inadequada da população trabalhadora. Foram construidos locais onde os enfermos pudessem ser tratados com mais eficiencia. Nesses locais de tratamento, eram treinados novos profissionais para atender aos problemas de saúde da população. Progressivamente, a medicina começa a definir o desenvolvimento de especialidades voltadas ao atendimento das necessidades específicas desses enfermos. Vai se definindo a formação de especialistas, com o objetivo de compartimentalizar áreas de estudo e campos de atuação profissional. Nesse sentido, a fisioterapia começa a se sedimentar como uma ciência médica independente, com conhecimentos sistematizados, metodologia própria e propostas de trabalho específicas. As primeiras escolas de fisioterapia surgiram na Alemanha, na cidade de Kiel, em 1902 e Dresden, em 1918. As duas guerras mundiais produziram uma legião de feridos e mutilados, consolidandoa idéia de se desenvolverem centros de formação especializados para melhor qualificar os profissionais habilitados para o tratamento dos enfermos e a plena recuperação dessas pessoas. Assim, criaram-se escolas de cinesioterapia ligadas à clínicas ortopédicas em Heidelber, Colônia e Münster. 
Foi na Inglaterra, entretanto, que a fisioterapia adquiriu grande destaque no cenário mundial dos cuidados da saúde. Neste período, poderíamos citar os trabalhos de massoterapia realizados pelos Drs. Mendell e J. Cyriax, os postulados de cinesioterapia respiratória feitos por Winifred Linton, no Brompton Hospital, em Londres e sobretudo, os trabalhos de fisioterapia neurológica realizados em conjunto pela fisisoterapeuta Berta Bobath e o neurofisiologista Karel Bobath, que criaram o método Bobath, para o tratamento de pacientes com paralisia cerebral.
Em 1948, em Londres, esse movimento proporcionou a criação da World Confederation Physical Therapy (WCPT), ligada à OMS, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento da fisioterapia no mundo.
Nas Américas, a Fisioterapia se iniciou nos Estados Unidos, na Escola de Medicina de Harvard, por meio ds pesquisas de testes musculares realizadas por Robert W. Lewet e Janet Merrill, entre 1912 e 1916. O primeiro serviço de Fisioterapia foi criado na Faculdade de Medicina da Universidade de Northwestern, com o setor de hidroterapia e massagens, entre 1919 e 1920. Em 1927, o futuro presidente dos EUA, Franklin Roosevelt criou uma instituição no Estado da Georgia para o tratamento, através da hidroterapia, das vítimas da poliomielite. A instituição passou a ser denominada Instituto de Reabilitação Roosevelt Warm Springs e até os dias de hoje atende a quase 4.000 pessoas por ano com diferentes tipos de problemas. 
Em todo o mundo, os fisioterapeutas começaram a perceber que a autonomia e o respeito perante os colegas da área da saúde e pela sociedade passam necessariamente pela demonstração de competência e capacitação adquiridas na universidade, não só por meio do ensino, como também através da pesquisa científica. Foi incentivada a criação de congressos internacionais para a organização de idéias e planejamento dos rumos da profissão. Para estimular a contínua especialização dos profissionais, a ampliação da áreas de atuação e a formação de novos pesquisadores, foram criados cursos de pós-graduação, como o Curso de Mestrado de Fisioterapia, criado pela WCPT no México. Progressivamente, a Fisioterapia se consolidou como uma profissão independente, fundamentada em bases científicas e com características metodológicas específicas, garantindo o seu espaço entre as ciências da saúde.

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