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CULTURA GOSPEL PROFANO OU SAGRADO

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UNIVERSIDADE SAGRADO CORAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNO HENRIQUE DE SOUSA MANGUEIRA 
 
 
 
 
 
 
CULTURA GOSPEL: 
PROFANO OU SAGRADO? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BAURU 
2008 
 
 
BRUNO HENRIQUE DE SOUSA MANGUEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA GOSPEL: 
PROFANO OU SAGRADO? 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Pró-reitoria de Pós-
graduação como parte dos requisitos para 
obtenção do titulo de Especialista em 
Antropologia, sob orientação do Prof. Ms. 
Antonio Carlos da Silva Barros 
 
 
 
 
 
 
 
BAURU 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA GOSPEL: 
PROFANO OU SAGRADO? 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada a Pró-reitoria de Pós-graduação como parte dos requisitos para 
obtenção do titulo de Especialista em Antropologia, sob orientação do Prof. Ms. Antonio 
Carlos da Silva Barros 
 
Banca examinadora: 
Prof. Dr. Maria do Carmo Kobayashi 
 
 
 
 
Prof. Ms. Luiz Cláudio Badaró 
 
 
 
 
Prof Dr. Antonio Walter de Barros Junior 
 
 
 
 
Bauru, 28 de janeiro de 2009 
 
 
 
 
 
DEDICATORIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente ao Eterno , 
autor e consumador da minha fé, e a todos 
aqueles que fazem parte do grande desafio de se 
viver o sobrenatural 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradeço as sugestões e acertos do meu orientador Professor Ms Antonio Carlos da Silva 
Barros, fundamentais a concretização desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPÍGRAFE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Feliz o homem que acha sabedoria e o homem 
que adquire conhecimento; porque melhor é o 
lucro que ela dá do que o da prata , e melhor a 
sua renda do que o ouro mais fino” 
 
Provérbios 2: 13-14 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho visa compreender um pouco do universo protestante brasileiro e observar 
as manifestações recentes do cenário evangélico formando uma espécie de Cultura Gospel.De 
maneira específica primeiramente observamos a influência do pensamento econômico em 
algumas instituições religiosas construindo o marketing religioso.Depois compreenderemos 
um pouco do processo histórico do movimento gospel no Brasil e analisar o poder da música, 
com seus artistas e o consumo de artigos religiosos,dando ênfase ao processo de construção 
teológica do mercado, para depois compreender algumas saídas as alterações religiosas. 
 
Palavras-chave: Cultura Gospel, marketing religioso, movimento gospel 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This study aims to understand a little of the Brazilian Protestant universe and observe the 
events of recent evangelical scene forming a sort of a specific culture Gospel. And first 
noticed the influence of economic thought in some religious institutions building the 
marketing religious. And after understand a little of historical process of the gospel movement 
in Brazil and analyze the power of music, with its artists and the consumption of religious 
articles, emphasizing the process of theology of the market, then to understand some religious 
output changes. 
 
 
Keywords: Gospel culture, religious marketing, gospel movement 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO..........................................................................................09 
 
 
CAPITULO 2- MARKETING RELIGIOSO................................................10 
 
 
 CAPITULO 3-CULTURA GOSPEL..............................................................13 
 3.1.O poder da musica.................................................................13 
 3.2. Artistas ou cantores evangélicos..........................................17 
 3.3 Artigos evangélicos...............................................................20 
 
 CAPITULO 4- UMA PROPOSTA LIBERTADORA...................................23 
 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................28 
 
 
 REFERENCIAS............................................................................................. 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A intenção deste estudo é a principio refletir a influência do pensamento econômico 
em instituições sem fins lucrativos, especificamente igrejas evangélicas, as quais se adequam 
aquilo que entenderemos como “marketing religioso”. Em seguida, iremos definir o processo 
histórico gospel no Brasil, que culmina com o que compreenderemos como: “Cultura 
Gospel”, sendo esta mantenedora de praticas ligadas a música e ao consumo, fundamentando 
nossa análise a respeito das vendas e compras de produtos evangélicos. 
A fundamentação inicial será realizada com base em três grandes pesquisadores, 
conforme a sua área de conhecimento. Inicialmente, a respeito do Marketing Religioso, Gil 
Nuno Vaz por meio de sua obra: “Marketing Institucional: O Mercado de Idéias e Imagens”; 
considerando o consumo de produtos religiosos, Magali do Nascimento Cunha, apresenta a 
trajetória da Cultura Gospel em “ A explosão Gospel: Um Olhar das Ciências Humanas 
Sobre o Cenário Evangélico no Brasil”; finalizando, as questões sobre o “sagrado” e o 
“profano”, especialmente vinculado ao mercado, Jung Mo Sung discorre sobre o tema em: 
“Desejo Mercado e Religião”. 
A pesquisa orienta-se, a partir de uma pergunta: Toda a manifestação desta cultura 
encontra-se presa na lógica de mercado (vender ou consumir), ou simplesmente reflete uma 
tendência religiosa no cenário evangélico brasileiro? 
A preocupação com a resposta poderá revelar um “sagrado” envolto nas musicas, 
literatura e produtos “gospel”, ou ainda uma presença do “profano” através da lógica de 
mercado, inclusive entre os evangélicos produzindo alterações na prática do religioso. 
A pesquisa será de caráter analítico-sintético observando algumas referências 
bibliográficas que abordam o assunto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 MARKETING RELIGIOSO 
 
As manifestações mercadológicas que ocorrem na sociedade não é algo que acontece 
simplesmente entre os evangélicos mas praticamente em todas as instituições humanas.Vaz 
(2000), descreve as múltiplas atribuições do marketing institucional, partindo da suposição de 
que para se compreender o que é “Cultura Gospel” e sua inserção na sociedade de consumo 
além das considerações históricas, se faz necessário entender um pouco de nossa sociedade e 
de que maneira vivenciamos esse sistema. O objetivo inicial será compreender como surgiu 
ou se formou o pensamento econômico dentro e fora das igrejas e, posteriormente, o 
surgimento e desenvolvimento do marketing religioso. Sabemos que o sistema capitalista teve 
seus ideólogos como Adam Smith, em “Inquérito sobre a Riqueza e Pobreza das Nações” 
(1776), entretanto, atualmente, observamos novos elementos, principalmente a formação das 
idéias presas a doutrina de mercado: 
 
(...) O que nos interessa, no fundo, é investigar a infiltração do pensamento 
econômico numa esfera de preocupações que, a rigor, poucoou nada tem a 
ver com a área das questões econômicas. 
Não é coisa recente essa infiltração. Esta há muito tempo na linguagem 
popular, em expressões como “enriquecimento espiritual”, e outras. Mas é 
nos dias atuais que se nota com maior clareza o emprego cada vez mais 
intenso do raciocínio econômico em diversas áreas da atividade 
humana.(VAZ, 2000, p. 01) 
 
 
Segundo Vaz (2000), após a II Guerra Mundial novas transformações ocorreram em 
relação a produção e venda dos produtos, pois a necessidade de se vender mercadorias 
excedentes nas industrias forçou as empresas pressionarem mais as equipes de vendas, 
estimulando novas idéias. Neste contexto surge a versão de marketing moderno, com a 
criação de departamentos em várias empresas no mundo, aplicação de estratégias de vendas 
diversificadas, utilizando-se do conhecimento científico, principalmente a psicologia, que 
fundamentou as táticas de persuasão e propaganda , transformando um simples produto em 
algo extremamente atraente. Hodiernamente, o cliente não tem somente o poder de barganha, 
mas também de comunicação, resultado da democratização dos meios de comunicação que 
foram realizadas através do processo de globalização: 
 
 
 
 
 
Com o advento dos meios de comunicação de massa é definitivamente 
instaurada a linguagem publicitária como manifestação predominante do 
discurso retórico. A necessidade de persuadir uma quantidade muito grande 
de pessoas, de formação heterogênea, leva a uma simplificação da 
mensagem, a busca de denominadores comuns, concisos e claros. Surge o 
“slogan”, mensagem verbal de elevada concentração de significados. O 
aspecto visual é acentuado, explorando-se ao máximo sua força 
sugestiva.(VAZ, 2000, p. 31). 
 
Com o passar do tempo estas estratégias começaram a fazer parte de 
instituições sem fins lucrativos, museus, clubes, fundações, inclusive, igrejas, 
inaugurando, segundo o autor o “Marketing de Idéias”, proporcionando o aparecimento 
de diversas modalidades de marketing: Político, Cultural, Esportivo, Social, Pessoal, 
Ecológico, Turístico, Comunitário, entre os quais, o Marketing Religioso. 
 
 As Organizações sem fins lucrativos (...) passaram a adotar conceitos e 
técnicas de marketing para atingir, manter e aumentar os públicos a que se 
destinam ou servem, para oferecerem seus produtos e aumentarem a sua 
participação na sociedade melhorando a arrecadação e ampliando o quadro 
associativo. 
A diferença é que, enquanto as empresas realizam trocas materiais (bens 
economicamente mensuráveis), as demais instituições realizam trocas de 
bens intelectuais (idéias). Tomemos o exemplo de uma igreja cuja pregação 
baseia, entre outros objetos, a incorporação de novos fiéis. A relação de troca 
simbólica é estabelecida entre a idéia vinculada pela igreja e o interesse do 
potencial adepto ou fiel, que pode se manifestar em diversos níveis, desde 
uma simples atitude receptiva até um total engajamento na causa proposta . 
(VAZ, 2000, p. 16-17) 
 
 A respeito do “Marketing Religioso”, observa-se que a mercadoria veiculada pelas 
igrejas, está intimamente relacionada com a resposta às angústias pessoais, em especial a 
“Moral” e a “Existencial” que acabam gerando dois tipos de fiéis: 
 
A Angustia Moral decorre do conflito entre os princípios do bem e do mal, 
dos sentimentos do certo e do errado, das noções de virtude (graça) e 
pecado, e das expectativas de premio e castigo. O medo de um poder 
superior que vê tudo e tudo sabe, domina. A Angustia Existencial é 
conseqüência das inquietações sobre o “estar no mundo” de saber quem 
somos, para onde vamos, o que é o universo, qual o sentido de tudo. 
Há pessoas que buscam respostas para seu único e exclusivo beneficio.Estas 
são os Usurários da religião, buscam na igreja uma solução para seus 
problemas pessoais:cura de doenças, solução para os problemas de pobreza, 
de relacionamento. Outras possuem uma visão humanitária, estão imbuídas 
de amor ao próximo, afligem-se com o sofrimento alheio e gostariam de 
poder consolar o semelhante. Estas apresentam a tendência a servir, acabam 
desenvolvendo trabalho Voluntário para a igreja. Engajam-se 
ardorosamente na causa. 
Do cruzamento desses dois tipos básicos de crentes com seus tipos de 
angustia, emergem quatro tipos de beneficio procurados , que a religião 
procura oferecer por meio de seus produtos (valores e praticas) 
 Se o usurário tem angustia moral, tende a procurar a igreja em busca da 
Salvação Moral, uma promessa de vida eterna, de que vai escapar do juízo 
final ou qualquer outro tipo de punição que teme. Se sua angustia é 
existencial, normalmente estará em busca de Conforto Espiritual, de 
serenidade, de palavras que lhe tragam amparo e apoio as suas aflições. 
Se o voluntário apresenta angustia moral, o Relacionamento Comunitário é 
o beneficio que espera ao participar das atividades da igreja, oferecendo-se 
para servir. Realiza-se ao sentir que sua ação está sendo útil para fazer bem 
aos outros.Se apresenta angustia existencial, busca explicações teológicas 
que lhe ofereçam um Sentido Existencial, uma razão de estar no mundo, 
uma razão transcendental de viver(VAZ, 2000, p. 351-352) 
 
 De acordo com Vaz (2000), parte do sucesso da maioria das igrejas evangélicas, 
no atendimento às necessidades pessoais, e ao numero de fiéis, está na utilização de 
estratégias de marketing, diferentemente da postura da igreja católica e de algumas igrejas 
evangélicas tradicionais que dão mais ênfase ao caráter institucional desprivilegiando as 
necessidades e angustias pessoais que fundamentam, o discurso utilizado, necessitando de 
uma adequação às estratégias de convencimento “marketing religioso”, para melhor, “vender” 
seus produtos,(idéias): 
 
Voltando à questão da perda de espaço da Igreja Católica no mercado 
religioso, podemos resumir a situação (embora o raciocínio não a esgote) 
numa relutância da igreja em adotar métodos modernos e eficientes para 
enfrentar a batalha de idéias religiosas, incluindo evidentemente as técnicas 
de Marketing, como o fazem principalmente os grupos evangélicos. 
 (VAZ, 2000, p. 357-358) 
 
 A alteração do numero de fiéis, demonstra como a influência das estratégias de 
marketing no pensamento humano, inclusive o sagrado , pode mudar o ambiente da “fé”. O 
autor não estabelece uma critica ao “marketing religioso”, antes, entende-o como uma 
manifestação social, presente em todas as esferas sociais, inclusive religiosas, especificamente 
a maioria das igrejas evangélicas . 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 CULTURA GOSPEL 
 
 Para se compreender o que é Cultura Gospel é necessário elencar alguns 
pressupostos básicos que fazem parte da formação desta representação cultural, que segundo 
Cunha (2007), é um estilo de vida religioso ditado pela música e consumo de artigos 
evangélicos. Por isso iremos compreender o que é “gospel”, onde surgiu o que significa e 
como adentrou ao Brasil, através daquilo que denominaremos de “movimento gospel”, 
formando um dos pilares da “Cultura Gospel”, a musica; a qual analisaremos de maneira 
geral, o poder religioso e sua formação no meio evangélico, para depois compreendermos 
um pouco o mundo dos cantores gospel, cada vez mais influentes no mundo secular, 
orientando toda uma rede de “fiéis”, consumidores de CDs e outros artigos religiosos, 
formando uma espécie de mercado religioso o qual observaremos, posteriormente algumas 
indagações a respeito dessas características, conforme a autora de: “A Explosão Gospel: Um 
Olhar das Ciências Humanas sobre o Cenário Evangélico no Brasil”, Magali do Nascimento 
Cunha 
 
3.1 O Poder da música 
 
Segundo Cunha (2008) a música faz partede toda e qualquer manifestação cultural, 
em todos os momentos da historia, podendo ter ou não um caráter sagrado, sendo utilizada 
para formar um pensamento único sem necessariamente explicitar a realidade. A música 
assim como toda e qualquer manifestação artística, possui um caráter social, pois ela reflete 
todo o pensamento da época, formando indivíduos, a música pode exercer uma ação 
doutrinadora, estimular o apetite sexual, evocar sentimentos nacionais, produzir o amor ou a 
guerra, agindo de maneira sacra ou profana. A música faz parte do gênero humano e 
consequentemente da “Cultura Gospel”, refletindo um pensamento econômico ou religioso, 
sacro ou profano, possuindo toda uma historia de transição de uma tradição eclesiástica, 
desde os hinos, aos “corinhos”, e múltiplos ritmos, construindo a base do pensamento 
evangélico brasileiro através da música, com seus artistas e o consumo de artigos evangélicos. 
 
Para defender essa noção, estudiosos relatavam que nos primórdios de sua 
criação, a musica buscava evocar emoções coletivas, atuar como estimulo 
ao trabalho, ao gozo sexual e a guerra. Ela servia para colocar as pessoas 
em um estado diferente e não para simplesmente refletir os fenômenos do 
mundo exterior. Eram sons organizados para produzir efeitos sobre as 
pessoas, produzir emoções coletivas, “igualar emocionalmente as pessoas” 
por um certo período de tempo. 
A afirmação acima emerge de estudos no campo da sociologia e da 
psicologia que indicam que a musica tem influencia sobre indivíduos e seus 
corpos, no plano físico e das emoções, e no grupo social. Acordes, ritmos, 
tonalidades, intensidades tem efeito direto sobre células e órgãos e indireto 
sobre as emoções, que por sua vez influem em numerosos processos 
corporais. (CUNHA, 2007, p.88) 
 
De acordo com Cunha (2007), foram realizados muitos estudos referentes á musica 
religiosa cristã partindo da constatação do papel significativo da música no culto.A origem 
dos cânticos religiosos é muito antiga sendo portanto impossível diagnosticar em que 
momento fizeram parte da Igreja Cristã, segundo alguns pesquisadores o cântico litúrgico 
aparece como instrumento de louvor a Deus, apresentando-se de diversas formas como os 
salmos, os hinos clássicos e os populares, como por exemplo os “carols” na Inglaterra, estes 
transformados em hinos evangelísticos no Brasil ,cujo objetivo era a conversão pela emoção. 
Através da música religiosa os cristãos se comunicavam com Deus; Deus se comunicava com 
eles; eles dialogavam entre si e com os incrédulos. 
Cunha (2007) afirma que a música religiosa cristã de maneira geral objetiva a criação 
de um estado de espírito definido, para os fiéis atuarem de acordo com esse estado de 
espírito, isto é sua finalidade é produzir sentimentos e não simplesmente expressá-los, pode 
se afirmar que o “conteúdo” destas músicas não são apenas resultados delas 
propriamente,mas da síntese de sons que fazem parte tanto dos receptores quanto dos 
transmissores, isto pode ser encontrado na música criada para estimular a dança e as marchas 
militares.O que leva as pessoas a se interessarem em ouvir ou compor músicas, é tão 
simplesmente o fato de que estas a fazem sentir alguma coisa, refletindo esta ou aquela visão 
de mundo, inserida na cultura a que faz parte. 
Segundo Cunha (2007) origem da palavra gospel remonta ao inglês e quer dizer 
evangelho, entretanto esta expressão é originária dos Estados Unidos, onde é comumente 
utilizado para descrever a musica religiosa moderna ou a Musica Contemporânea de Igreja 
(Contemporany Church Music/ CCM). Entretanto na origem porém o gospel dizia a respeito 
não a toda a música religiosa contemporânea, mas a um tipo de expressão musical religiosa 
nascida no inicio do século XX em comunidades evangélicas negras. As raízes desta linha 
musical encontram-se nos “negro spirituals”, que estão na base de toda a música negra norte 
americana, presente no blues, no ragtime e nas músicas religiosas populares do movimento 
urbano , revival (reavivamento) do século XIX, as quais não se inspiraram na clássica 
hinologia protestante, pois era de caráter mais emocional e espontânea, todo o seu conteúdo 
dava ênfase a obediência a Deus e o distanciamento do pecado tendo em vista a recompensa 
do Reino dos Céus. O amor de Deus também era celebrado e evocado nas canções, 
destacando-se o canto e os cantores-solo. 
Cunha (2007) nos diz que o gospel no Brasil tem suas raízes nas décadas de 1950-60, 
época de grande industrialização e urbanização da região sudeste do país, promotora de um 
grande êxodo rural, responsável pela vinda de pessoas de diversas regiões agrícolas do país, 
inclusive famílias evangélicas , pois neste tempo a maior soma de fiéis estava no campo, às 
cidades da região sudeste sobretudo São Paulo. Nesse tempo, o contato estabelecido pelos 
fiéis com elementos diferentes a seu meio rural, como por exemplo, novos instrumentos e 
outros ritmos, que influenciaram os evangélicos brasileiros em sua maioria a romperem com 
a tradição da hinologia protestante, criando novas melodias os “corinhos”,os quais 
primeiramente recebiam um estilo sertanejo, se fossem compostos por evangélicos 
brasileiros, mas se fossem realizados por organizações “paraeclesiasticas” norte-americanas 
vindas ao Brasil a partir da década de 1950, como a “Organização Palavra da Vida”, as quais 
organizavam acampamentos e campanhas, os “corinhos” recebiam uma tonalidade romântica. 
Houve uma transformação nas manifestações rítmicas e melodiosas no Brasil, acompanhada 
por toda uma influencia norte americana, o que contribuiu para a popularizarão destas 
musicas religiosas, principalmente na década de 1970, através dos grupos 
musicais jovens. 
 
A Organização Palavra da Vida, por exemplo, (...) consolidou sua opção pelo 
uso da música como estratégia de comunicação (...).Ela passou a gravar 
discos com composições de seus lideres ou de jovens internos do Seminário 
Bíblico.Nesse contexto os grupos musicais(...),produziram canções mais 
elaboradas que os corinhos,(...).A gravação de discos por meio de produção 
independente contribuiu com a popularização desses conjuntos jovens, ainda 
que a distribuição fosse restrita as poucas livrarias evangélicas.(CUNHA, 
2007, p. 73-74) 
 
Segundo Cunha (2007), várias transformações históricas acompanharam as novas 
formas de protestantismo atual: o final da guerra fria, o avanço dos meios tecnológicos,a 
doutrina neo-liberal, e a formação de uma sociedade de consumo orientada pela ideologia 
capitalista estimulada pelas propostas de marketing, atrelado as más condições sociais, foram 
determinantes ao aparecimento de um discurso religioso de caráter mercadológico, 
estimulado pelos anseios populares de mudanças imediatas, como num passe de mágica sem 
transformações internas. As duas principais correntes teológicas que se entrelaçam ao 
discurso capital, adequando-se a nossa realidade são conhecidas como: “Teologia da 
Prosperidade” e “Guerra Espiritual”. A primeira prega a inclusão social com promessas de 
prosperidade material “Vida na Benção” para aqueles que enriquecem e são considerados os 
escolhidos de Deus ou príncipes, a segunda afirma que para alcançar a prosperidade é 
necessário “destruir o mal”, responsável pelo não acesso as “bênçãos de Deus”, levando-os a 
realizar uma guerra contra as “potestades do mal”,embasados na fidelidade econômica e 
espiritual a Deus. 
Cunha (2007), reitera que o ambiente sócio-historico que formou os “ corinhos” dos 
anos 50 ,60 e 70 sofreu algumas alterações ,desencadeadas a principio a partir da 
profissionalização de músicos, cantores e grupos musicaisevangélicos, o que ela compreende 
como “movimento gospel”, introduzido ao mundo evangélico através da igreja Renascer em 
Cristo, na década de 1990, que o utilizou como uma marca, um produto divulgado por meio 
de estratégias de marketing, responsável por aquilo que podemos compreender como “Cultura 
Gospel”. Sendo esta portanto resultado direto do “movimento gospel”, formado acima de 
tudo por músicas e artistas que forjam um estilo de vida e consumo de artigos religiosos 
atrelado ao entretenimento. Podemos observar a estratégia de marketing através do 
evangelismo aos jovens por meio de programação de bandas e danças, o investimento em 
mídia por exemplo “Gospel Records”,“Radio Imprensa Gospel”, RIT, e a realização de 
megaeventos como “A marcha para Jesus”, realizada desde 1993 que segundo a imprensa na 
14º edição reuniu cerca de três milhões de pessoas. 
Cunha (2007) salienta que a passagem da tradição musical evangélica desde os hinos 
aos “corinhos”, e hoje ao rock gospel e ritmos variados ( axé music, samba, frevo etc.) 
ligados a inserção de recursos tecnológicos e midiáticos, com apresentação de danças, ou 
expressões corporais no culto, “coreografias” ao som de canções de “artistas” ou cantores 
gospel os quais usam figurinos e maquiagens próprios, passando a ser conhecidos, 
comentados e copiados nos moldes dos artistas seculares, e que hoje são compreendidos, 
como razão de ser cristão e da sintonia com Deus, representam a força deste movimento, que 
dia após dia forma mais artistas e consumidores, caracterizando uma verdadeira explosão 
gospel em nossos dias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 Artistas ou cantores evangélicos 
 
 De acordo com Cunha (2007) hoje em dia é cada vez mais comum, observarmos um 
grande número de cantores ou “artistas” evangélicos, em nosso país, ser aceito , por 
gravadoras seculares como a Som Livre e a Polygram, e cada vez mais presentes na mídia 
secular, como o programa “Raul Gil”.Basicamente a produção fonográfica gospel, esta 
dividida entre “artistas”ou cantores com destaque a Aline Barros e “ grupos musicais”, 
“comunidades” ou “ministérios” como “Diante do Trono”. 
As igrejas geralmente produzem estes “artistas ” e “ministérios” os quais são 
selecionados por suas qualidades especiais, em uma espécie de mecenato contemporâneo, 
atendendo e formando as necessidades do consumidor gospel, impulsionando a venda de 
artigos evangélicos e investindo maciçamente na formação destes cantores que imbuídos por 
ideais religiosos ou não, se submetem as exigências mercadológicas presentes nas gravadoras 
ou igrejas : 
 
(...) os meios de produção encontram-se em mãos do poder dominante (...) 
Tais grupos de interesse político, religiosos e econômico têm objetivos 
específicos, para os quais a criação cultural pode contribuir estrategicamente. 
Quando todos os meios de produção e os recursos de divulgação / 
distribuição estão sob o comando desses grupos, o artista fica praticamente a 
mercê daqueles para viabilizar a sua produção intelectual. Então, utilizando 
como pressão os recursos que concentram em suas mãos, e que são 
necessários aos artistas, os proprietários dos meios de produção só se 
propõem a prestar amparo financeiro ou material aos artistas na medida que 
o trabalho destes venha ao encontro dos seus objetivos, procurando muitas 
vezes estabelecer regras, inclusive de ordem estética. (VAZ, 2000, p. 217-
218) 
 
Segundo Cunha (2007) esta novidade apareceu com a consolidação do movimento 
gospel, por meio das exigências do mercado, e consequentemente a profissionalização do 
trabalho artístico-musical evangélico, orientado pelo desenvolvimento das gravadoras e das 
rádios especializadas seculares ou evangélicas . Tudo isso fomentou a criação de uma nova 
categoria para classificar os cantores evangélicos nessa nova fase: os “artistas”, isso é uma 
nova característica no mundo evangélico dos anos 90, que antes se referia aos músicos e 
cantores como “cantores”, “conjuntos” e “grupos musicais”, não “artistas”, Todas estas 
coisas são reflexos da grande transformação e aumento do mercado evangélico, pois estes 
artistas como qualquer outro, possuem uma carreira própria , gravam CDs e DVDs, 
apresentam shows , cobram por realiza-los , recebem prêmios como Gramy Latino, possuem 
tietes e formam moda e comportamentos.A cantora gospel recordista na venda de CDs é 
Cassiane, a grande estrela da maior gravadora gospel do país, MK Publicitá, com mais de 
três milhões de CDs vendidos.Já Aline Barros uma espécie de versão pop do mundo gospel, 
possui sua própria gravadora a AB Records e já vendeu mais de um milhão de CDs. Jovem , 
com qualidades físicas que vão de encontro as demandas do mercado, alcançou o estrelato q 
aos 16 anos, quando gravou uma faixa em um dos CDs independentes da “Comunidade”, 
cuja música era “Consagração”,essa música ficou nove meses em primeiro lugar na parada 
gospel das rádios evangélicas e ganhou um clipe em alguns programas de TV.Este sucesso 
de publico e vendas de Aline Barros chamou a atenção da mídia, pois a partir de 1999, 
ganhou destaque em matérias publicadas em jornais e revistas religiosos e seculares. A 
cantora apresentou-se nos programas Xuxa Park, Raul Gil, Eliana, Super Pop( Luciana 
Gimenez), Gilberto Barros, Hebe Camargo, entre outros e foi a única artista do segmento 
evangélico a participar do “Criança Esperança” da Rede Globo, por isso Aline Barros ficou 
conhecida entre os evangélicos como “ a primeira artista evangélica a abrir as portas dos 
principais veículos de comunicação do país.” 
Dentre os grupos musicais, segundo Cunha (2007), o que alcançou maior desempenho 
em vendas e publico é o Oficina G3, nascido na igreja Cristo Salva,de São Paulo, em 1985, 
com o gênero gospel rock que no inicio causou uma reação negativa em muitas igrejas já 
que o estilo era igual das bandas de rock convencionais, mas o apoio da Igreja Renascer em 
Cristo a qual organizava noites de rock gospel nos anos 90, ajudou a banda em relação a 
aceitação do publico, tudo isso ligado ao fato de que a composição das músicas e das letras 
simplificadas podiam ser introduzidas nas liturgias e eventos musicais das igrejas 
fomentando a consolidação do grupo, que gravou cinco discos independentes. Porém o 
sucesso veio em 1999, através do “Oficina G3 Acústico Ao Vivo”, em show no Olympia, 
com megaprodução e publico de cerca de quatro mil pessoas, no ano seguinte, o Oficina G3 
foi contratado pela gravadora MK Publicitá e lançou o CD “O Tempo”.Em 2005 foi gravada 
a terceira produção pela MK Publicitá , “Além do que os Olhos Podem Ver” mais de 50 mil 
copias do CD foram vendidas, em um de seus shows algo surpreendente aconteceu, a 
apresentação no Rock in Rio III, realizado em 2001, no qual o Oficina G3 apresentou suas 
canções e apareceu com destaque especial na cobertura dos meios de comunicação, como a 
banda que abriu o Rock in Rio III. 
 
 
Cunha(2007) destaca que além dos artistas, (cantores), evangélicos, o mercado da 
música gospel tem atraído aqueles provenientes do mercado fonográfico profano. Um dos 
primeiros foi o cantor Nelson Ned, seguido de Mara Maravilha, Baby Consuelo,Wanderley 
Cardoso, Carmem Silva, Tony Domito, Rafael Ilha, Nill, Vaguinho e Rodolfo ex Banda 
Raimundos, os quais se converteram a fé protestante.Mas de todos os grupos que surgiram 
nos anos 90, o que teve maior destaque nos últimos anos é o “Ministério de Louvor Diante do 
Trono” (DT), da Igreja Batista da Lagoinha de Belo Horizonte/MG o grupo Diante do Trono 
fez uma síntese dos estilos desenvolvidos pelas outras igrejas e em poucos anos conseguiu 
alcançar oauge das vendas. Este ministério surgiu, após uma experiência sobrenatural 
vivida pela filha de um dos pastores da Igreja da Lagoinha, Ana Paula Valadão Bessa, que ao 
participar de congresso de avivamento nos Estados Unidos, montou um grupo com músicos e 
cantores do ministério de louvor na igreja e juntos gravaram em 1998, ao vivo, na igreja da 
Lagoinha, o CD intitulado “Diante do Trono”cujo sucesso foi tão grande que consolidou o 
grupo o qual foi batizado a partir de então de: Ministério de Louvor Diante do Trono, suas 
apresentações em locais públicos são megaproduções com um aparato tecnológico de ultima 
geração,iluminação de palco, canhões e refletores na platéia, som, telões que serve de auxilio 
para os mais de 50 integrantes do grupo formado por apoiadores, “becking vocal”e a principal 
vocalista, Ana Paula Valadão, que produz principalmente baladas românticas evangélicas 
reforçada, nas apresentações , pela coreografia dos dançarinos e apelos constantes ao publico 
feitos por Ana Paula Valadão. 
 
Os ministérios de louvor e adoração são avaliados, em geral,, pelos 
evangélicos como grupos que possuem unção. Ouvir o CD e cantar as 
musicas, participar das conferências e cursos promovidos por eles, é buscar a 
mesma unção. Sucesso e fama, por sua vez, não são interpretados 
negativamente; não são resultado unicamente do trabalho dos artistas 
unicamente, mas dons concedidos pelo divino a serem colocados em seu 
serviço. Daí o,poder da música. Comprar o CD, ouvir a radio e participar do 
show é fazer parte deste processo. Assim se constrói a Cultura Gospel. 
(CUNHA, 2007, p. 136) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3 Artigos Evangélicos 
 
Segundo Cunha (2007) O consumo e o entretenimento constituem-se na principal 
característica da nossa cultura atual, os lugares de consumo de bens e entretenimentos, como 
shoopings, mercados, lojas etc., são considerados como principal alternativa de lazer, frente a 
esta sociedade altamente competitiva e excludente , que traz desgastes físicos e emocionais. O 
ato de consumir se configura como lazer, como fuga, como saída as pressões do dia a dia e ao 
mesmo tempo nos caracteriza como cidadão, consumir é ser cidadão. 
 
A “Cultura Gospel” (...) , acompanha esse fluxo. Ela esta aqui sendo 
compreendida como um modo de vida religioso evangélico, configurado a 
partir das vivencias construídas com base na expressão musical mas também 
(...) do consumo.No gospel, o (...) consumo (...) leva a expressão cultural 
para além da música e a transforma num modo de vida, cuja forte marca é a 
inserção no mundo moderno. (CUNHA, 2007, p. 137). 
 
A “Cultura Gospel” está intimamente ligada a cultura secular , podendo até mesmo ser 
compreendida como um desdobramento desta. A adequação das igrejas a esta sociedade de 
consumo forjou uma nova cultura dentro das igrejas, produzindo produtos e um estilo 
de vida “gospel” propicio ao consumo de serviços e bens religiosos. 
 
 
Outra conseqüência desse processo foi o surgimento de um mercado voltado 
para os evangélicos, o qual ao longo dos anos de presença dos evangélicos 
no Brasil, já era forte no campo editorial, mas sua expansão deu-se 
principalmente por meio do mercado fonográfico (...).A essa conjuntura 
soma-se o considerável aumento do numero dos produtos comercializados 
para os evangélicos. É possível encontrar produtos os mais variados, como 
roupas cosméticos, doces com marcas formadas por slogans de apelo 
religioso, versículos bíblicos ou, simplesmente o nome de Jesus. 
Os grandes magazines também descobriram os consumidores evangélicos. 
Se no passado, para um adepto ou simpatizante buscar artigos evangélicos 
como camisetas,discos ou livros o caminho era procurar as tradicionais “ 
livrarias, lojas evangélicas” hoje ele pode ir a qualquer grande magazine ou 
rede de supermercados para encontra-los. Importa também destacar que o 
mercado evangélico passa a representar uma fonte alternativa de renda e de 
trabalho para o crescente numero de desempregados vinculados as igrejas. 
(CUNHA, 2007, p. 55). 
 
 
 
 
 
 
Acompanhando o processo de crescimento de evangélicos no Brasil, houve um 
despertar de empresas de origem evangélica ou não, que atendem e criam novas necessidades 
no mundo Gospel : 
Esse despertar das empresas para o segmento evangélico respalda-se nos 
números. A revista Veja em 2002, após a divulgação dos dados do censo 
brasileiro que indicou o crescimento da população evangélica, publicou 
reportagem especial que afirmou: 
 “ Somando tudo de CDs a bares de ensino, o mercado impulsionado pelos 
protestantes movimenta três bilhões de reais por ano e gera pelo menos dois 
milhões de empregos”. (CUNHA, 2007, p. 58). 
 
Há também a consolidação de artigos elaborados pelos próprios artistas, cantores 
evangélicos, consagrados pela mídia evangélica que lançam seus artigos ao mercado: 
 
Na esteira do mercado fonográfico, cresce o mercado de grifes evangélicas 
com produtos oferecidos por vários famosos (as cantoras) gospel, com suas 
próprias grifes “Marinha” é a grife de roupas e acessórios infantis da cantora 
gospel Mara Maravilha e o perfume “Aline Barros” é um dos produtos da 
cantora gospel “para mulheres modernas e delicadas, com notas doces e 
envolventes que proporcionam um frescor imediato”.(CUNHA, 2007, p. 58) 
 
Segundo Cunha (2007), A Expocristã um evento que ocorre a aproximadamente a três 
anos em São Paulo organizada por membros da Igreja Batista , reflete bem o perfil do 
mercado desenvolvido pelos evangélicos.Esta feira de artigos evangélicos é realizada pela 
EBF Eventos, uma empresa de marketing cristão, lançando-se no mercado como editora por 
meio da publicação de livros e duas revistas Consumidor Cristão e Lar Cristão, esta procura 
fazer diferença no mercado , ao definir que sua missão é formar,informar e transformar a 
família brasileira através dos artigos evangélicos, a originalidade da EBF está em produzir a 
revista Consumidor Cristão, pioneira em se voltar aos comerciantes do mundo “gospel”: 
 
(...) Nas seções da revista, entrevistas, reportagens, artigos, agenda de 
eventos, ranking dos produtos mais vendidos, conteúdos voltados para a 
informação e para a formação de empresários, lojistas e executivos cristãos. 
A compreensão que permeia os conteúdos, a partir das pesquisas, é de que o 
consumidor cristão brasileiro é fiel (quando gosta de um produto, torna-se 
consumidor dele e permanece como tal) e conservador ( não gasta o seu 
dinheiro com produtos que não lhe traga benefícios-ele poupa mais do que 
gasta-mas, ao comprar, tem o dinheiro voltado para a família), mas busca 
inserção na modernidade.(CUNHA, 2007, p. 139) 
 
 
O sucesso da revista foi tão grande que fomentou a realização de uma feira de artigos 
evangélicos, até então nunca ocorrida no Brasil.Criou-se uma empresa a EBF Eventos S/C 
Ltda, que realizou a feira do consumidor cristão (FICOC), em setembro de 2002, com o 
objetivo de se fundamentar o mercado evangélico.Sessenta empresas apresentaram seus 
produtos, para mais de 3.500 visitantes, o que gerou em torno de dois milhões de reais.O que 
levou a uma segunda edição em setembro de 2003, neste evento 150 empresas apresentaram 
seus artigos para cerca de 31 mil visitantes e cerca de 24.300 consumidores.Este recorde de 
vendas levou a EBF, ampliar a FICOC e criar em 2005 a Expocristã, cuja edição em 2006 
gerou um faturamento de 50 milhões de reais em negócios feitos com mais de 300 empresas 
expositoras, mais de100 veículos de comunicação evangélicos reunindo 100 mil pessoas. 
 
 
Visitar a Expocristã é respirar cultura gospel.Stands com uma variedade de 
ofertas de produtos(livros, revistase outros impressos, CDs, vídeos, CD-
ROMs, DVDs, roupas e objetos de uso pessoal, cosméticos, objetos rituais, 
produtos alimentícios, brinquedos, material escolar e de papelaria, 
instrumentos musicais, equipamentos eletroeletrônicos) e serviços 
(seguradoras, bancos, cartões de credito, gráficas, empresas de turismo, 
buffets para festas e outros), tudo leva a marca “gospel”, “cristão”, 
“evangelico”, “Jesus” ou alguma expressão religiosa no hebraico ou grego. 
Eventos paralelos tais como cultos, palestras sobre temas relacionados a 
marketing pessoal e institucional, espetáculos musicais também acontecem. 
(CUNHA, 2007, p. 140) 
 
 
Há uma resposta positiva aos produtos lançados no mercado evangélico, pois eles 
compreendem tudo isso como algo que os coloca mais próximos de Deus, pois são 
consagrados a Deus, recebem a marca “gospel”. 
 De acordo com Cunha (2007) é muito comum observarmos adesivos que afirmam que 
tal bem é propriedade exclusiva de Deus, com este adesivo implicitamente a pessoa quer dizer 
que o fato de adquirir o produto é sinal da benção de Deus,(Teologia da Prosperidade) pois o 
mesmo esta incluso no sistema. 
Todas estas questões nos levam a pensar um pouco mais além a respeito do mundo 
gospel brasileiro, formador de artistas e consumidores, formando uma nova representação 
Cultural, em nosso país o “gospel”, entretanto até que ponto tudo isso reflete algo sagrado, e 
se reflete que espécie de sagrado é reverenciado?. 
 
 
4 UMA PROPOSTA LIBERTADORA 
Após entender o que é Cultura Gospel sob a analise do conteúdo apresentado por 
Magali do Nascimeto Cunha, iremos adentrar ao pensamento de Jung Mo Sung, que 
primeiramente não estabelece divisão entre a economia e a religião, pelo contrário seu 
objetivo é apresentar a economia como algo inerente ao homem, independente de sua posição 
religiosa, para depois realizar uma analise a respeito de nossa cultura de consumo, 
descrevendo-a como uma espécie de religião,após isso o mesmo debruça-se sobre a ação 
religiosa contemporânea para depois realizar uma proposta libertadora a estas alterações no 
pensamento religioso nos dias atuais. O que é despertado primeiramente por Jung Mo Sung 
em relação a economia e a teologia é a interferência de Deus na vida econômica,trazendo 
justiça aos mais desfavorecidos, uma espécie de acerto na balança. O mesmo nos diz: 
 
 A produção, distribuição e consumo destes bens materiais é o campo da 
economia. Sendo assim, na concepção bíblica de Deus , não há contradição 
entre teologia e economia. Muito pelo contrario, quem conhece o Deus da 
Vida, defende a vida ameaçada pelas forças da morte e se intromete na 
economia em nome da fé, para que ela esteja a serviço de todos os seres 
humanos.(MO SUNG, 1998, p. 20) 
 
Depois de compreender que o ser humano é um ser religioso e também econômico, pois faz 
parte da economia Jung Mo Sung lança as bases de sua tese ,ao afirmar que o próprio sistema 
econômico através de seu aparato ideológico desenvolve sua própria teologia, ou conjunto de 
idéias ou mitos que se organizam como sagrado, o trabalho do autor não é demonstrar a 
influência econômica em algumas religiões, mas apontar o capitalismo mais do que 
simplesmente filosofia neo-liberal,e sim uma religião, uma fé, indiscutível, que prova seus 
fiéis a permanecerem firmes na mão invisível do capital que os ajudará, pois a sorte irá 
triunfar, se todos permanecerem firmes na fé do mercado. O autor aplica em suas analises, 
uma analogia entre a teologia cristã e a ideologia neo-liberal,demonstrando, como o espírito 
capitalista transformou-se em uma religião em suas dimensões mais amplas, formando 
seguidores que se voltam a este caminho de felicidade e sacrifícios em nome do progresso, ou 
paraíso capital: 
 
(...) um(...) economista importante, JK Galbraight, que chama a ideologia 
neoliberal de “Teologia do Laissez Faire” diz que a defesa do neoliberalismo 
hoje se faz baseada em “fundamentos teológicos mais profundos. Assim 
como é preciso ter fé em Deus, é preciso ter fé no sistema; em certo sentido 
ambos são idênticos. 
A importância de revelar essa teologia implícita ou, como se diz Hugo 
Assmann, a “ teologia endógena” do sistema de mercado fica mais clara se 
tivermos em conta, duas coisas. Primeiro,quem pratica o mal em nome de 
algum deus perverso (ídolo), ou de uma devoção religiosa, possui uma 
consciência tranqüila. Isso porque o mal que ele pratica contra os pequenos 
não é visto como mal, mas sim como uma obra salvifica.Com isso seu mal 
não conhece limites. Segundo, se o sistema capitalista produz uma “religião 
econômica”, ele consegue fascinar as pessoas com suas promessas e 
exigências de sacrifícios. Um povo fascinado pelo “ aroma religioso” 
capitalista luta para entrar no “santuário” do mercado, mas não para 
construir uma sociedade mais fraterna,justa e humana. 
(...) é verdade que o capitalismo atual tem uma “ teologia endógena”, ele 
deve ter algumas características fundamentais de todas as religiões. 
Por exemplo, a promessa do “paraíso”, a noção do “pecado original” ou a 
explicação da causa fundamental dos sofrimentos e do mal no mundo, e o 
caminho e o preço a pagar (os sacrifícios necessários) para se atingir o 
paraíso .(MO SUNG, 1998, p. 22) 
 
 
 
O atual sistema capitalista trabalha a consciência das pessoas de varias maneiras, a 
principal delas segundo Jung Mo Sung é através desta espécie de conversão religiosa, o qual 
cria leis e exigências para não pecar contra o sistema, que pode ser as criticas ou o auxilio 
aos pobres, mas o que principalmente deve ser conservado é a fé no sistema, mesmo em meio 
as crises tudo irá mudar se você crer . Assim podemos observar esta sacralização, do mercado 
através das considerações abaixo do autor: 
 
O sistema de mercado, o sistema de concorrência de todos contra todos, é 
apresentado como aquele que possibilita o progresso técnico infinito que vai 
nos possibilitar a acumulação infinita que vai satisfazer todos os nossos 
desejos atuais e os ainda porvir . O capitalismo é apresentado como 
realizador das promessas que o cristianismo fazia após a morte. A mudança 
não é só no tempo, de pós morte para o futuro intra-historico, mas também 
no sujeito realizador das promessas: de Deus para o sistema capitalista . (MO 
SUNG, 1998, p. 26) 
 
 
Porém não podemos esquecer as próprias desigualdades condicionadas por este 
sistema econômico, por mais que se haja uma espécie de sacralização do mercado, como uma 
das características desta cultura de mercado, não pode encobrir todas as desigualdades sociais 
engendradas pelo capitalismo. Quando cremos que todos os males sociais irá se resolver 
automaticamente através da produção,desenvolvimento tecnológico e consumo, quando 
deixamos de promover ações sociais em defesa deste discurso para não interferir no livre 
mercado, estamos contrariando o preceito maximo de toda a tradição bíblica, o amor. 
 
 
 (...) Candessus diz que o mercado é uma solidariedade internacional. Ser 
solidário,preocupar-se com os problemas do outro, significa agora a defesa 
dos interesses próprios , contra os interesses dos outros. Pois só a defesa dos 
interesses próprios do mercado geraria a eficácia e portanto solidariedade. 
Quando se crê , tem fé, que a satisfação de todos os desejos é possível com 
a acumulação ilimitada de riquezas propiciada pelo progresso técnico, se 
acredita também que o sistema social que gera o maximo de progresso 
tecnológico é o verdadeiro caminho para o paraíso ,a “vida em abundancia”. 
O sistema de mercado é visto como o “caminho e a verdade”, que nos leva a 
vida em abundancia. 
(...) Amar não é mais ser solidário, com os que sofrem mas sim defender os 
interesses próprios do mercado(concorrênciano mercado) e evitar a 
tentação de fazer o bem .(MO SUNG, 1998, p. 29-30/34) 
 
 
Os sacrifícios ocorrem de varias maneiras em todas as religiões inclusive na 
“capitalista”, justificando o sofrimento dos excluídos como sacrifícios necessários ao 
progresso : 
“ Os sofrimentos e a morte dos pobres, na medida em que são considerados como o 
outro lado da moeda do “progresso redentor”, são interpretados como “sacrifícios 
necessários” para esse mesmo progresso”.(MO SUNG, 1998, p. 30) 
Após analisar o caráter “sagrado” desta cultura de consumo Jung Mo Sung repousa 
sua pena sobre um pouco da realidade religiosa contemporânea : 
 
Esta recuperação de valores modernos, em particular os valores religiosos, 
não é um abandono da tese de que o capitalismo é o ápice da história, mas 
sim um retomar de uma tradição norte-americana. Como diz Michel Albert, 
“desde a origem, sem dúvida, a América é devotada ao dólar. Mas mantinha 
uma mão sobre a Bíblia e outra sobre a Constituição. Permanecia uma 
sociedade profundamente religiosa (...) E a moral tradicional implicava 
restrições, inspirava mandamentos, que não eram apenas formais. (...) E 
quanto ao “tecido associativo” tão cheio de vida, já dito a que ponto seu 
papel de amortecedor social era importante. Em suma, ao administrar suas 
contradições básicas, a sociedade americana encontrava o seu equilíbrio. É 
exatamente este equilíbrio que está hoje em ruptura. O dinheiro era rei mas, 
como todas as realezas , seu poder era contido, limitado. Hoje, seu poder 
tende a invadir todas as atividades sociais.(SUNG, 1998, p.127-128) 
 
Segundo Sung (1998) A experiência religiosa é experiência de um mistério, de algo 
irrevelável, ou simplesmente que se revela aos poucos, mas para aqueles que buscam o 
sobrenatural, que transcende o ser humano em todos os seus aspectos, isso ocorre através de 
uma experiência do sagrado que provoca fascínio e medo, admiração, espanto e contemplação 
como os estudiosos da religião a têm caracterizado, ou como algo único e sublime que esta 
acima de qualquer explicação racional a respeito disto, o que dá um sentido radical para toda 
a existência. A religião é portanto antes de mais nada, uma busca humana, de estar no 
interior da história de um mistério que está além, daquilo que é cognoscível, que é 
transcendente. Mesmo uma manipulação religiosa com explícita intenção fraudulenta deve 
necessariamente fazer menção a algo inacreditável a um mistério ou a seres que estão acima 
de ser humano. A ênfase esta em analisar a religião como algo sagrado, livre acima das 
representações humanas, algo que possui valor em si mesmo e não em respostas favoráveis as 
circunstâncias simplesmente. 
 O que ocorre hoje segundo Sung (1998) é um processo de instrumentalização da 
religião ou a redução da religião a um instrumento da acumulação econômica o que só se 
torna possível quando algo exterior a experiência religiosa é absolutizado, no caso o 
mercado, com a sua lei da concorrência e a sobrevivência do mais eficaz, o que segundo o 
mesmo, isto significa idolatria . Entretanto o autor nos mostra soluções a estas alterações ao 
pensamento religioso atual. Para nos livrarmos desta idolatria, a do mercado devemos 
confirmar nossos objetivos enquanto cristãos, dando testemunho a respeito da ressurreição 
de Jesus. Negando a entronização do mercado que produz grandes desigualdades e afirmando 
que Deus, mesmo fazendo parte do mundo, não se identifica com ele e muito menos com o 
mercado, porque está acima de tudo isso, desta forma a missão da igreja se concentra em 
algo acima das circunstâncias ou conquistas terrenas isto é a missão da Igreja é uma missão 
simplesmente religiosa. Mas isso, não significa dizer que a Igreja e os cristãos não devem agir 
em questões econômicas, sociais e políticas, porque se fosse, assim seriamos testemunhas 
de um Deus totalmente insensível e aquém dos problemas humanos,.ao contrario daquilo que 
compreendemos de Deus, o amor e a misericórdia. Entretanto toda ação das igrejas deve ser 
fundamentalmente religiosa, de caráter sagrado e não secular, o que sem duvida irá descrever 
as atribuições de uma fé alicerçada em algo transcendente. 
 
Ser testemunhas da transcendência de Deus não é uma tarefa fácil. A 
própria estrutura da experiência religiosa esta marcada pela possibilidade de 
idolatria. Como só podemos, por causa de nossa condição, experienciar o 
sagrado através de algo humano, seja um objeto ou uma lei moral, sempre 
corremos o risco de confundirmos este “suporte” humano com o próprio 
mistério transcendente.É isso que ocorre muitas vezes quando esquecemos 
que os sacramentos, ritos religiosos e Igreja nunca são manifestações puras 
e plenas de Deus, quando esquecemos que a Igreja ou nosso projeto social 
em favor dos pobres não são Reino de Deus, e que portanto não podem ser 
absolutizados, mas sempre criticados e “reformados”’.Idolatria não é algo 
que só ocorre no mercado, mas é uma tentação permanente em todos os 
grupos humanos’. 
“(...). A nossa espiritualidade deve desmascarar a ideologia neo-liberal que 
cimenta o atual sistema excludente, mas também deve contribuir na 
formulação de nova diretrizes que devem orientar a criação de novas 
instituições e técnicas. Na tensão entre estes dois pólos é fundamental 
lembrarmos que Deus, a plenitude, o absoluto, está sempre além das nossas 
possibilidades humanas e históricas. Em outras palavras, a nossa 
experiência do mistério de Deus e o nosso desejo de vermos os problemas 
dos nossos irmãos resolvidos de uma forma plena e definitiva não devem 
nos fazer esquecer que é dentro das limitações e possibilidades históricas 
que podemos construir; não o reino de Deus, mas sociedades e instituições 
que, apesar de todas as ambigüidades e limitações, sendo mais justas e 
fraternas sejam sinais antecipatórios do Reino definitivo”(MO SUNG, 
1998, p.131/134) 
 
 
Descobrimos através de Jung Mo Sung, o caráter humano em atribuir valores sagrados 
as suas instituições, naturalmente imperfeitas .Jung Mo Sung, observa o processo de 
transcendentalização do modo de produção o qual vivemos, observando a natureza das 
instituições religiosas, as quais se voltam a este culto ao mercado, classificado por ele como 
idolatria.Sendo esta realizada não somente em relação ao consumo, mercado, ou ideologia 
neo-liberal, mas a toda e qualquer coisa ou objeto que esteja a frente de Deus e de suas 
atribuições em nossas vidas, conduzindo-nos a certeza de que a saída a estas alterações 
religiosas só acontecerá se compreendermos a religião, a fé, a mensagem evangélica como 
algo sagrado e longe da visão mercadológica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
O objetivo deste estudo em si desde o princípio buscou compreender e analisar 
rapidamente o que é “Cultura Gospel” e, até onde esta forma pensamento ou atitude, se 
enquadra em uma manifestação religiosa ou simplesmente uma tendência do mercado, todo o 
interesse por estas questões estão envoltas nas grandes transformações religiosas, econômicas, 
políticas e sociais ocorridas nos limites da manifestação religiosa que mais cresce no país.Seu 
crescimento envolve número de fiéis e conseqüentemente cifras e acesso aos meios de 
comunicação em massa, fomentando um novo perfil de fiéis.Todo o caráter sagrado envolto 
na literatura, CDs, ou DVDs evangélicos não foi esquecido, apenas reservado ao público que 
encontra paz e alegria através do contato com estes artigos que remetem individualmente a 
algo sobrenatural, e encontram-se tão somente em nossa intimidade com o Sagrado. 
Nossa preocupação foi apresentar esta tendência através de autores que analisam 
característicaspresentes em nossa sociedade atual, incluindo grupos religiosos os quais 
logicamente se inserem em comportamentos sociais, agindo de maneira semelhante as demais 
instituições contemporâneas. Por isso nos preocupamos primeiramente em entender um pouco 
de marketing, mais especificamente o marketing religioso, apontado como estratégia de 
convencimento em massa a um grande numero de usurários que se beneficiam dos produtos, 
idéias ali oferecidos pois suas angustias os impulsionam e garantem o sucesso destas 
instituições religiosas, que proporcionam benefícios e transformações individuais. 
Depois nos voltamos aos principais acontecimentos de cunho protestante em nosso 
país que formou nossa “Cultura Gospel”, não uma cultura de mercado ou consumo, mas uma 
manifestação religiosa que concentra características ligadas ao mercado, gerando todo um 
mercado voltado a confecção de artigos e artistas que cada vez mais estão presente em 
ambientes seculares formando uma classe consumidora de artigos que trazem por exemplo 
alguma marca “gospel”.Gospel este observado primeiramente como um ritmo musical 
religioso mais popular e livre diferente da tradição do hinos, sofreu algumas alterações em seu 
país de origem os EUA, e no Brasil recebeu um caráter mais estereotipado, através da 
propagação deste movimento pela Igreja Renascer em Cristo, a qual encontrou terreno fértil 
em virtude das transformações musicais e sociais ocorridas a algumas décadas anteriores no 
país. 
 Falar em “Cultura Gospel”, é simplesmente adentrar em um mundo de musicas, 
coreografias e diversões alicerçadas por um discurso bíblico de prosperidade e vitória 
financeira, o que estimula algumas considerações a respeito disto. 
Jung Mo Sung em “Desejo, Mercado e Religião”, compreende que é impossível 
separar o aspecto econômico do teológico pois ambos estão presentes na constituição do 
homem, mas em nossos dias, podemos contemplar o processo de formação econômica de 
maneira geral, transformando-se em elementos teológicos, isto é há uma espécie de religião de 
mercado que abarca todos os aspectos humanos.Esta formação teológica cria suas próprias 
estratégias de auto-preservação, exigindo inclusive sacrifícios em nome do progresso, e 
conseqüentemente um paraíso artificial. Toda a ideologia desenvolvida pelos teóricos do 
capitalismo durante os séculos encontra seu ápice em nossa sociedade consumista, que não 
percebe as grandes desigualdades engendradas pelo mesmo, e o que é pior observamos 
algumas manifestações religiosas se convertendo a esta tendência geral. 
Jung Mo Sung, crê na instituição religiosa a ponto de chamar a atenção para o caráter 
perverso sofrido por estas instituições, que vivem em idolatria, esta mesma sempre desafiando 
o homem a abandonar o sagrado o absoluto em troca de tão somente algumas lentilhas. 
Mas voltando a indagação responsável pela orientação do trabalho, afinal, a “Cultura 
Gospel”, com todas as suas atribuições esta inseridas em algo profano ou sagradas? O que 
motiva as pessoas a consumirem e até que ponto isto reflete algo religioso? Todos os autores 
apontam para um processo global de transformações estruturais no mundo contemporâneo 
realizada por orientações econômicas, inclusive no caso instituições religiosas as quais fazem 
parte da própria econômia, por isso não podemos deixar de observar a influência de fatores 
econômicos em ambientes cristãos,formando um segmento de mercado envolto em 
necessidades que vão além da vivencia cristã, as vezes transformando-se em um mercado 
gospel. 
Finalmente podemos observar que tudo aquilo que amplifica a mensagem evangélica 
é benéfico, a todas as pessoas, independente dos recursos tecnológicos utilizados, bem como a 
musica sacra em si, a qual tem o poder de motivar pessoas a viverem bem consigo mesmas e 
com o Sobrenatural, haja visto sua utilização em toda a Historia por diferentes grupos 
humanos, a musica faz parte do espírito humano e não simplesmente parte integrante do 
espírito do Capitalismo, por isso ressaltamos o valor cultural e espiritual da essência da 
religião, que está por detrás das cifras e números e se encontra na base da formação 
evangélica. 
 
 
 
 
REFERENCIAS 
 
CUNHA, M. N. A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário 
evangélico no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Mysterium Mauad X, 2007 
 
SUNG, J. M. Desejo, mercado e religião. 3 ed. Petrópolis RJ: Vozes, 1998 
 
VAZ, G. N. Marketing institucional: o mercado de idéias e imagens. 2 ed. São 
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	1 INTRODUÇÃO

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