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Políticas culturais no Brasil história e desafios

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Políticas culturais no Brasil: 
História e Desafios
Antonio Albino Canelas Rubim
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 Premissas
Lições da crise para a cultura 
. Imaginar e repensar
. Estado, mercado e políticas públicas
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Premissas
“Los estudios recientes tienden a incluir bajo este concepto al conjunto de intervenciones realizadas por el Estado, las instituciones civiles y los grupos comunitarios organizados a fin de orientar el desarrollo simbólico, satisfacer las necesidades culturales de la población y obtener consenso para un tipo de orden o transformación social. Pero esta manera de caracterizar el ámbito de las políticas culturales necesita ser ampliada teniendo en cuenta el carácter transnacional de los procesos simbólicos y materiales en la actualidad”
Noção de política cultural 
de Néstor García Canclini: 
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Premissas
Bibliografía sobre políticas culturais no Brasil: www.cult.ufba.br
Caracterizada pela dispersão (diversas áreas disciplinares e multidisciplinares / diferentes ênfases em momentos da história)
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Três tristes tradições
Instabilidade 
Ausência
Autoritarismo
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Ausências iniciais 
Período colonial
Fuga da família real portuguesa para o Brasil (1808)
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 Inaugurações 
Gustavo Capanema e o Ministério de Educação e Saúde (1934-1945)
Mário de Andrade e o Departamento de Cultura da cidade de São Paulo (1935-1938)
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Inícios autoritários 
Vargas / Estado Novo: 
Pela primeira vez, intervenções sistemáticas do Estado nacional na área da cultura:
“Negativa” – opressão, repressão e censura próprias de qualquer ditadura
“Positiva” – formulações, práticas, legislações e novas instituições.
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Inícios autoritários 
Criação de legislações para: 
cinema, radiodifusão, artes, profissões culturais
e constituição de inúmeros organismos culturais: 
 Superintendência de Educação Musical e Artística 
 Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE, 1936) 
 Serviço de Radiodifusão Educativa (SRE, 1936) 
 Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN, 1937) 
 Serviço Nacional de Teatro (SNT, 1937) 
 Instituto Nacional do Livro (INL, 1937) 
 Conselho Nacional de Cultura (CNC, 1938). 
Destaque para o SPHAN: 
Instituição emblemática da política cultural do país até fins
dos anos 60 e início dos 70.
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Inícios autoritários 
A gestão de Vargas / Capanema inventa outra triste tradição no país: 
A forte relação entre governos autoritários e políticas culturais nacionais, 
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Ausências 
O período democrático (1945-1964) reafirma as tristes tradições.
Grande desenvolvimento da cultura brasileira sem correspondência com as políticas culturais nacionais
Poucas intervenções marcam o período democrático:
- Ministério de Educação e Cultura (MEC), em 1953
- Expansão das universidades públicas federais 
- Campanha de Defensa do Folclore
- Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB / MEC)
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Ausências 
Os Centros Populares de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes
O Movimento de Cultura Popular: Miguel Arraes e Paulo Freire, com seu método pedagógico, que conjuga educação e cultura
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Autoritarismo militar 
A ditadura cívico-militar de 1964, outra vez reafirma a triste tradição que vincula políticas culturais e autoritarismo.
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Três fases distintas marcam a relação entre governo militar e cultura.
1964-1968: 
Apesar da repressão e da censura acontecem movimentos culturais
1968-1974: 
Fase brutal da ditadura: violência, prisões, tortura, assassinatos e censura sistemática que agridem a cultura. 
 Autoritarismo militar 
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1974-1985:
A tradição da relação entre autoritarismo e políticas culturais retorna. O regime busca controlar a transição e cooptar os profissionais da cultura.
 Plano Nacional de Cultura (1975)
 Fundação Nacional das Artes (1975)
 Centro Nacional de Referência Cultural (1975)
 Conselho Nacional de Cinema (1976)
 RADIOBRÁS (1976) 
 Fundação Pró-Memória (1979)
 Secretaria de Cultura do MEC
Autoritarismo militar 
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A ditadura realiza a transição para a cultura midiática, assentada em padrões de mercado, instituindo uma brecha entre políticas culturais nacionais e o circuito cultural agora dominante no país.
Autoritarismo militar 
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Instabilidades 
Dez responsáveis pela cultura em dez anos (1985-1994): 
- Cinco ministros nos cinco anos de Sarney; 
- Dois secretários no periodo de Collor;
- Três ministros no governo de Itamar Franco.
Ministério da Cultura é um exemplo contundente de instabilidade: Criado em 1985; desmantelado por Collor e transformado em secretaria em 1990; recriado em 1993 por Itamar Franco. 
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As Leis de Incentivo Fiscal 
Lei Rouanet (1991) 
- Lei do Audiovisual (1993)
Leis de incentivo: elo vital do financiamento da cultura no Brasil. 
A nova lógica de financiamento, que privilegia o mercado utilizando quase sempre dinheiro público, atinge os estados e municípios.
Lei Sarney (1986)
Primeira lei brasileira de incentivos fiscais para a cultura Ruptura radical com os modos de financiar a cultura. 
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Novas ausências 
Sintomaticamente a publicação mais famosa do Ministério naqueles oito anos será o folheto intitulado Cultura é um bom negócio (1995).
Governo Fernando Henrique Cardoso 
Nova modalidade de ausência alcança seu ponto culminante 
As leis de incentivo ocupam o lugar das políticas culturais
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A ausência na era FHC paradoxalmente confirma a incapacidade da democracia de atuar na área da cultura
“...o grande desafio da época contemporânea, na área da cultura, é inverter a tendência histórica brasileira, segundo a qual os grandes avanços institucionais do setor se fizeram em períodos autoritários” 
José Álvaro Moisés 
Novas ausências 
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Um estudo sobre financiamento da cultura mostra que o uso de recursos sofreu uma profunda transformação entre:
1995 - 66% das empresas e 34% de renúncia fiscal 
e
2000 - 35% das empresas e 65% de renúncia fiscal.
Novas ausências 
Aumento dos porcentuais de renúncia fiscal
A utilização do dinheiro público subordinado à decisão privada se amplia 
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As críticas as leis de incentivo substituindo políticas culturais são muitas e diversas:
 
1. o poder de deliberação das políticas culturais passa do Estado às empresas e seus departamentos de marketing 
2. uso quase exclusivo de recursos públicos
 
3. ausência de contrapartidas 
4. incapacidade de atrair recursos privados novos 
5. concentração de recursos 
[em 1995, a metade dos recursos estava em dez programas] 
6. projetos dirigidos a institutos criados pelas própias empresas
7. apoio à cultura mercantil que tem um objetivo comercial 
8. concentração regional dos recursos
Novas ausências 
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Outros autoritarismos 
O IPHAN durante parte importante de sua trajetória tombou só a cultura monumental, ocidental, branca e católica
As outras culturas: populares, indígenas, afro-brasileiras e mesmo midiática quase não foram contempladas pelas políticas culturais, quando existiam.
Relação autoritarismo e cultura não se restringe aos perídos ditatoriais 
O autoritarismo impregna a sociedade, dada sua estrutura desigual e elitista
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Enfrentamentos 
Nos discursos do primeiro ano, Gilberto Gil privilegiou temas que batem de frente com a tradição da ausência: 
. Papel ativo do Estado, propondo poeticamente que “formular políticas culturais é fazer cultura” 
. Críticas à gestão FHC / Weffort e ao predomínio das leis de incentivo
Gobierno Lula / Gil / Juca:
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Discursos confrontam o autoritarismo e o elitismo: ampliação do conceito de cultura. 
Enfrentamentos 
Noção “antropológica” permite abrir o ministério a outras
culturas: populares, afro-brasileiras, indígenas, de gênero, de orientações sexuais, de periférias, do audiovisual, das redes informáticas etc.
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Enfrentamentos 
Plano Nacional de Cultura (PNC)
Ampliação do orçamento (de 0,14 para algo em torno de 0,65 % do orçamento)
Não alcande da meta: pelo menos um por cento para a cultura
Sistema Nacional de Cultura (SNC) 
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Limitações e desafios 
Esforço teórico para delimitar o campo de ação
Infraestrutura adequada à ampliação das atividades
Formação de pessoal em cultura 
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A ausência de política de financiamento impede o Estado de assumir um papel mais ativo na cultura e estimular a diversidade
A conquista de um por cento a cultura deve estar associada à construção de política de financiamento, submetida à política pública e nacional de cultura.
Limitações e desafios 
Repensar o financiamento da cultura:
As leis de incentivo contaminam toda a arquitectura institucional da cultura: distorção no poder de decisão do Estado e do mercado
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Construção de política de Estado - nacional e pública - de cultura que supere democraticamente as três tristes tradições 
Democracia brasileira: ampliação dos direitos culturais e da cidadanía cultural 
Limitações e desafios 
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Grato a todos e todas!
rubim@ufba.br

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