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62 5- RETIFICADOR CONTROLADO DE SILÍCIO ( SILICON CONTROLLED RETIFIER – SCR) Este componente semi-condutor faz parte de uma família de dispositivos conhecidos como TIRISTORES. Seu símbolo esquemático está mostrado na fig. 5-1. G (porta) A (anodo) C (catodo) Fig. 5-1 No caso de polarização inversa entre anodo e catodo, o SCR se comporta como um diodo comum, ou seja, nesta situação não conduz corrente. Quando se aplica uma diferença de potencial positiva entre anodo e catodo, mesmo assim, este diodo não conduz. Dizemos que ele está desligado. Para ligá-lo, ou seja, para fazê-lo conduzir corrente, nesta situação, é necessário introduzir um pequeno sinal, positivo em relação ao catodo, na porta G. Entretanto, após entrar em condução, mesmo que se retire a tensão da entrada G, ele permanece conduzindo. Ele só para de conduzir quando a tensão entre anodo e catodo se tornar nula ou negativa. Normalmente o sinal aplicado à porta G, para ligá-lo, tem a forma de um pequeno pulso de curta duração. Dois exemplos ilustrativos de funcionamento Exemplo 1 A fig. 5-2 mostra um SCR conectado a uma fonte de tensão constante igual a 10 v. SV GV 0VR10 v Fig. 5-2 A fig. 5-3 mostra o diagrama de tempo das três tensões indicadas nesse esquema. 63 SV GV 0V v10 v10 v3 v0 t v0 v0 t t Fig. 5-3 Vemos que a presença de uma polarização direta entre anodo e catodo do SCR é insuficiente para fazê-lo conduzir corrente. Apenas no instante que chega a tensão positiva GV é que ele passa a conduzir. Vemos, também, que mesmo quando a tensão GV se torna nula, o SCR permanece conduzindo corrente. Exemplo 2 A fig. 5-4 mostra um esquema em que o SCR é usado para retificar uma tensão periódica SV que possui forma de onda quadrada. A tensão GV , também, é periódica mas tem a forma de pulsos estreitos que se repetem com freqüência igual ao da tensão SV . SV GV 0VRSV Fig. 5-4 A fig. 5-5 mostra o diagrama de tempo das três tensões indicadas nesse último esquema. 64 SV v10 tv0 GV 0V v10 v3 v0 v0 t t v10− Fig. 5-5 Vemos que, durante a polarização direta do diodo, ele só passa a conduzir corrente quando chega o pulso de GV . Neste caso ele continua conduzindo corrente até o instante que a polarização desse diodo é invertida. Portanto podemos dizer que, neste esquema, a onda quadrada se transforma em uma seqüência periódica de pulsos positivos cuja largura é determinada pela posição relativa dos pulsos estreitos do sinal GV . Aplicação do SCR na retificação em meia onda de uma tensão alternada com forma senoidal A fig. 5-6 mostra um esquema em que o SCR é usado para retificar uma tensão senoidal Sv . A tensão de acionamento Gv , também, é periódica mas tem a forma de pulsos estreitos que se repetem com freqüência igual à da tensão Sv . Sv Gv 0vRSv Fig. 5-6 A fig. 5-7 mostra o diagrama de tempo das três tensões indicadas neste esquema. 65 0v mV 0 Gv GV t t 0 mV t Sv 0 mV− Fig. 5-7 Vemos que, durante o ciclo positivo de Sv , o diodo só passa a conduzir corrente quando chega o pulso Gv . Neste caso, a partir deste ponto, a tensão de saída acompanha a tensão de entrada Sv até o instante em que esta tensão de entrada fica negativa. Nesta situação, a corrente no SCR é interrompida fazendo com que a tensão 0v , de saída, fique nula. Portanto podemos dizer que, neste esquema, o sinal Gv controla, também. a duração dos semiciclos positivos na saída. Geração dos pulsos de acionamento do SCR Os pulsos de acionamento devem estar síncronos com a tensão de entrada a ser retificada pelo SCR. Portanto, esses pulsos devem ser extraídos dessa tensão de entrada. A fig. 5-8 mostra um exemplo de esquema funcional para geração dos pulsos de acionamento do SCR. O esquema contém um defasador, um quadrador inversor e um diferenciador retificador. defasador Quadradorinversor Diferenciador + retificador carga Fig. 5-8 66 Funcionamento A fig. 5-9 mostra a variação angular das diversas tensões indicadas na fig. 5-8. mV tω0 mV− mV Sv 0 mV− α 1v 2v 3v 4v Tensão após o defasador Tensão após o quadrador inversor Tensão após o diferenciador Tensão após o retificador tω tω tω tω 0 0 0 Tensão de entrada Fig. 5-9 A tensão de entrada, ou uma amostra dessa tensão, é submetida a um defasador. Desta maneira é produzida uma tensão senoidal com um determinado atraso em relação à tensão da entrada. Esta tensão atrasada entra em um circuito que a transforma em onda 67 quadrada. A seguir, esta onda quadrada é submetida a um circuito diferenciador. Desta maneira gerou-se uma seqüência de pulsos estreitos alternadamente positivos e negativos. Após a retificação, desta seqüência de pulsos alternados, tem-se a seqüência, que contém apenas pulsos positivos. Esta seqüência possui a mesma freqüência da tensão de entrada. Os pulsos, desta seqüência, estão defasados de um ângulo α em relação ao início dos semiciclos positivos da tensão de entrada. Esta seqüência de pulsos é usada no acionamento do SCR. Circuito detalhado da retificação controlada A fig. 5-10 mostra o circuito de um retificador controlado, obtido por simulação através do programa TINA. Este circuito foi projetado para trabalhar na freqüência de 60 Hz. A defasagem dos pulsos de acionamento do SCR é ajustada pelos valores dos resistores R3 e R4. V1 10 C1 1u R1 1k D 1 1N 11 83 + VG2 U1 2N1595 R 2 1k VF1 VF2 C2 2,65u C3 265n - + +3 2 6 7 4 OP1 !OPAMP R3 R4 Fig. 5-10 A fig. 5-11 mostra o mesmo circuito com R3 e R4 ajustados para se obter uma defasagem de 45° . V1 10 C1 1u R 1 1k D 1 1N 11 83 + VG2 U1 2N1595 R2 1k VF1 VF2 R3 41 5 C2 2,65u R 4 4, 15 k C3 265n - + +3 2 6 7 4 OP1 !OPAMP Fig. 5-11 A fig. 5-12 compara o sinal senoidal de entrada com o retificado da saída. 68 T 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m Ax is la be l -50.00 -25.00 0.00 25.00 50.00 Fig. 5-12 A fig. 5-13 mostra o mesmo circuito com R3 e R4 ajustados para a defasagem 90°. V1 10 C1 1u R 1 1k D 1 1N 11 83 + VG2 U1 2N1595 R 2 1k VF1 VF2 R 3 1k C2 2,65u R4 10 k C3 265n - + +3 2 6 7 4 OP1 !OPAMP Fig. 5-13 O resultado desta simulação está ilustrado na fig.5-14. 69 T 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m Ax is la be l -50.00 -25.00 0.00 25.00 50.00 Fig. 5-14 Finalmente, temos o circuito mostrado na fig. 5-15 que foi ajustado para a defasagem de 135° V1 10 C1 1u R 1 1k D 1 1N 11 83 + VG2 U1 2N1595 R2 1k VF1 VF2 R3 2, 42 k C2 2,65u R4 24 , 2k C3 265n - + +3 2 6 7 4 OP1 !OPAMP Fig. 5-15 A comparação entre os sinais de entrada e de saída está mostrada na fig. 5-16 70 T 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m Ax is la be l -50.00 -25.00 0.00 25.00 50.00 Fig. 5-16 Em todos os ajustes foi adotada a relação: R4 = 10 × R3 Na prática, o ajuste da defasagem pode ser contínuo. Para isto usam-se dois potenciômetros montados no mesmo eixo (montagem tandem). O potenciômetro correspondente ao R4 tem valor máximo dez vezes maior do que o que corresponde ao R3. Outra possibilidade é substituir R3 e R4 por dispositivos ativos, semi-condutores, cujos valores de suas resistências são controlados por tensão. Este arranjo é conveniente quando se utiliza controle automático, em malha fechada, da retificação. Aplicação do SCR na retificação em onda completa de um sinal senoidal. 1 - Caso em que se usa dois SCR na retificação de onda completa. A fig. 5-17 mostra o esquema funcional de um retificador controlado, de onda completa, onde são utilizados dois diodos SCR. 71 carga defasador Quadrador inversor Diferenciador + retificador Quadrador não inversor Diferenciador + retificador Fig. 5-17 Os pulsos, que acionam o SCR inferior, ficam defasados de 180° em relação aos pulsos acionadores do SCR superior. A fig. 5-18 mostra o detalhamento deste circuito obtido, também, por simulação utilizando o programa TINA. Os valores dos resistores R3 e R4 estão ajustados para que os pulsos de acionamento tenham um retardo de 45° em relação aos inícios dos semiciclos do sinal retificado, + VG1 R3 45 0 R4 4, 5k C2 2,65uC3 265n - + +3 2 6 7 4 OP1 !OPAMP V1 10 C4 1u R6 1k D3 1N 11 83 C1 1u R1 1k D1 1N 11 83 - + + 3 2 6 7 4 OP2 !OPAMP VF1 N1 N2 N3 TRCT1 2 U1 2N1595 U2 2N1595 R2 1k VF2 Fig. 5-18 A fig. 5-19 compara a tensão retificada com a tensão senoidal de entrada. 72 T 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m -10.00 20.00 -20.00 20.00 Sv 0v Fig. 5-19 2 - Caso em que se usa quatro SCR. em ponte. A fig. 5-20 mostra o esquema, de um retificador controlado de onda completa, onde são usados quatro SCR. defasador Quadrador inversor Diferenciador + retificador Quadrador não inversor Diferenciador + retificador carga 1D 4D 3D 2D Fig. 5-20 73 Nota-se que a seqüência superior de pulsos de acionamento atua, simultaneamente, nos SCR 1D e 2D . A seqüência inferior aciona, simultaneamente, os SCR 3D e 4D . Outros tipos de circuitos geradores dos pulsos de acionamento do SCR. Nestes exemplos, de geração de pulsos de acionamento, foram utilizados amplificadores operacionais. Portanto é necessário o fornecimento de uma tensão contínua positiva para a alimentação desses amplificadores. Esta tensão de alimentação pode ser obtida por meio de retificação e filtragem do próprio sinal alternado de entrada. Também pode ser proveniente de uma fonte externa. Existem outros arranjos para a obtenção dos pulsos de acionamento dos SCR. Alguns desses arranjos são, inteiramente, passivos. Esses arranjos estão detalhados em Application Notes publicados pelos fabricantes de dispositivos do tipo SCR. 74 6 – PROPRIEDADES DOS RETIFICADORES CONTROLADOS 6-1 – RETIFICADOR DE MEIA ONDA COM CARGA RESISTIVA A fig. 6-1.a mostra, mais uma vez, o esquema desta retificação. Sv 0vRSv A K G 0i (a) 0v mV 0 tω 0i α0 mV Sv 0 mV− mI AKv 0 mV− pi pi2 cθ 0 pi αpi +2 pi2 tω tω tω (b) Fig. 6-1 75 A fig. 6-1.b mostra os diversos sinais indicados no circuito. Nota-se que o SCR só passa a conduzir corrente após um ângulo α a partir do início do ciclo positivo do sinal de entrada.. Determinação dos principais parâmetros que relacionam o sinal de entrada com o de saída. Ângulo de condução [ ] αθ −°= 180grauc [grau] ou [ ] αpiθ −=rdc [rd] Cálculo da corrente máxima na carga Seja mV a amplitude máxima do sinal de entrada. Vamos continuar desprezando a queda de tensão no SCR durante o intervalo de condução. Neste caso, a corrente máxima na carga fica R V I mm = Cálculo da tensão média do sinal retificado ( ) ( ) ( )α pipi αpi pi θθ pi α cos1 22 coscos 2 sen 0 += −− == ∫ mmm AVG VVdVV ( ) ( )αpi cos120 += m AVG VV 6-1 Corrente média do sinal de saída ( ) ( ) R V I AVGAVG 0 0 = ( )α pi cos1 2 += R Vm ( ) ( )α pi cos1 20 += R V I mAVG 6-2 Potência DC na carga ( ) ( ) ( ) R V IVP AVGAVGAVGDC 2 0 00 =×= 76 ( ) R V P AVGDC 2 0 = ou ( )22 2 cos1 4 α pi += R V P mDC 6-3 Valor máximo da tensão média na saída O valor máximo de ( )AVGV0 acontece para 0=α Neste caso, ( )[ ] ( ) pipi mmMAXAVG VVV =+= 0cos1 20 Tensão média normalizada em relação ao seu valor máximo ( ) ( )[ ] 2 cos1 0 0 α+ == MAXAVG AVG N V V V A Figura 6-2 mostra a variação desta grandeza em função do ângulo α . Note-se que um retardo correspondente à defasagem de 90° faz com que a componente média caia para a metade de seu valor máximo. [ ]grauα NV Fig. 6-2 Valor máximo de DCP O valor máximo acontece, também, para 0=α 77 [ ] =MAXDCP ( )22 2 0cos1 4 + R Vm pi R Vm 2 2 pi = Potência DC normalizada em relação ao valor máximo [ ] ( ) 4 cos1 2α+ == MAXDC DC N P P P A Figura 6-3 mostra a variação desta grandeza em função do ângulo α . Note-se que a defasagem de 90° faz com que a potência DC caia para um quarto de seu valor máximo.NP [ ]grauα Fig. 6-3 ------------------------------------------------------------------------------------------------------ Exercício 6-1 Um retificador controlado de meia onda é alimentado por uma fonte de 120 v. Se a resistência de carga for 10 ohm, determine a tensão DC e a potência DC entregue à carga para os seguintes ângulos de retardo: a) 00=α b) 045=α c) 090=α d) 0135=α e) 0180=α Solução: Tensão de pico na carga = vVV Sm 7,16912022 =×== Tensão média na carga = ( ) ( )αpi cos120 += m AVG VV v 78 Potência DC na carga = ( ) R V P AVGDC 2 0 = W a) 0=α ( ) ( ) 0,540cos12 7,169 0 =+= piAVG V v 293 10 0,54 2 ==DCP W b) 045=α ( ) ( ) 2,4645cos12 7,169 0 =+= piAVG V v 213 10 2,46 2 ==DCP W c) 090=α ( ) ( ) 1,2790cos12 7,169 0 =+= piAVG V v 2,73 10 1,27 2 ==DCP W d) 0135=α ( ) ( ) 92,7135cos12 7,169 0 =+= piAVG V v 3,6 10 92,7 2 ==DCP W e) 0180=α ( ) ( ) 0180cos12 7,169 0 =+= piAVG V v 0 10 02 ==DCP W ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 79 Corrente RMS na carga ( ) pi θ pi θ pi α pi 2 sen 2 222 0 2 0 0 ∫∫ == dIdi I m RMS pi α pi α 2 2sen1 2 +−= m I ( ) pi α pi α 2 2sen1 20 +−= mRMS II 6-4 onde R V I mm = Nota importante: Devida à compatibilidade dimensional da expressão matemática de RMSI , é necessário que, no termo pi α , o ângulo α seja dado em radiano. Entretanto, obtém-se o mesmo resultado numérico se for substituído esse termo por [ ] °180 grauα . Potência total entregue à carga ( ) RIP RMS ×= 2 00 6-5 Potência proveniente da fonte de tensão alternada Como o diodo não dissipa potência, a potência fornecida pela fonte alternada é a mesma dissipada na carga: 0PPAC = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-2 Um retificador controlado de meia onda, ligado a uma fonte de 150 volt e freqüência 60 Hz, alimenta uma carga resistiva de 10 ohm. Se o ângulo de retardo for °= 30α , determine: a) A corrente máxima na carga b) A tensão média na carga c) A corrente média na carga d) A potência DC fornecida à carga e) A corrente ( )RMSI 0 na carga f) A potência total fornecida à carga g) O ângulo de condução h) A freqüência de ondulação i) O fator de potência 80 Solução: Valor de pico da tensão de entrada 21215022 =×== Sm VV v a) Corrente máxima na carga 10 212 == R V I mm A = 21,2 A b) Tensão média na carga ( ) ( ) ( ) 6330cos12 212 cos1 20 =°+=+= pi α pi m AVG VV v c) Corrente média na carga ( ) ( ) 3,6 10 630 0 === R V I AVGAVG A d) a potência DC na carga ( ) ( ) 9,3963,66300 =×=×= AVGAVGDC IVP W e) Corrente RMS na carga ( ) A II mRMS 5,102 60sen 180 301 2 2,21 2 2sen1 20 = ° +−=+−= pipi α pi α f) Potência total fornecida à carga ( ) RIP RMS ×= 2 00 1094105,10 2 =×= W g) ângulo de condução °=°−°=−°= 15030180180 αθc h) Freqüência de ondulação rf = freqüência do sinal de entrada = 60 Hz i) Potência aparente ( ) 15755,101500 =×=×= RMSS IVS VA 81 j) Fator de potência 69,0 1575 10940 ==== S P S P PF AC -------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-3 Um retificador controlado de meia onda é ligado a uma fonte de 120 v. Calcule o ângulo de disparo necessário para fornecer 150 W de potência DC a uma carga de 10 ohm. Solução: 1701502 =×=mV v ( )22 2 cos1 4 α pi += R V P mDC DC mm DC RP VV RP pipi α 24 cos1 2 2 ==+ −= − 12cos 1 DC m RP V pi α °== −×= −− 4,64413,0cos115010 170 2 cos 11 pi α °= 4,64α ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6-2 – RETIFICADOR DE MEIA ONDA COM CARGA INDUTIVA UTILIZANDO DIODO DE RETORNO Necessidade do diodo de retorno Vimos no capítulo 3 que, quando se tem carga indutiva, o diodo de retorno impede que a presença de trechos com tensão negativa no sinal retificado. Se houvesse a presença desses intervalos de tensão negativa, a tensão média ficaria menor, e conseqüentemente, a potência DC. A fig. 6-4 mostra um retificador controlado, com carga indutiva, onde é usado diodo de retorno. 82 G Sv R L 0i 0v Fig. 6-4 A comparação entre a tensão de entrada e a de saída deste retificador, pode ser vista na fig. 6-5 0v mV 0 tω α 0 mV Sv 0 m V− pi pi2 cθ 0 pi αpi +2 pi2 tω Fig. 6-5 Vemos que o resultado é o mesmo do caso da carga resistiva. Portanto, a expressão matemática da tensão média é a mesma daquele caso, ou seja ( ) ( )αpi cos120 += m AVG VV 6-6 A corrente média também é a mesma do caso da carga puramente resistiva. Isto acontece porque a corrente média é uma corrente contínua e a impedância de um indutor, para corrente contínua, é nula. 83 Portanto, a corrente média fica: ( ) ( ) R V I AVGAVG 0 0 = ou ( ) ( )α pi cos1 20 += R V I mAVG 6-7 O comportamento diferente, entre os dois tipos de carga, aparece nos valores da corrente RMS. Determinação da forma de onda da corrente na carga Vamos supor que a tensão de entrada pode ser designada pela expressão matemática: tVv mS ωcos= Neste caso, a tensão retificada é periódica, com freqüência 0f , mas não é senoidal, Portanto, ela pode ser decomposta em uma soma de tensões harmônicas de 0f : ( ) tVVv AVG ωsen0100 += tV ω2sen02+ tV ω3sen03+ .......... ......sen0 ++ tnV n ω A fig. 6-6.a mostra a tensão retificada onde foi usado ângulo α , de disparo, igual a 45°. A fig. 6-6.b mostra as suas componentes espectrais até a terceira harmônica. (a) (b) ( )AVGV0 01v 02v03v 0 0 0 0 Fig. 6-6 O valor da componente contínua já foi determinado e resultou ( ) ( )αpi cos120 += m AVG VV Da mesma forma, foi determinado o valor da corrente produzida por esta tensão contínua. Resultou a corrente contínua: 84 ( ) ( ) R V I AVGAVG 0 0 = ou ( ) ( )α pi cos1 20 += R V I mAVG Para o cálculo das componentes de corrente alternada, teremos a influência das impedâncias do indutor. Para cada componente a corrente resulta: ( )nnn tnIi ψω += cos00 onde ( )2 0 0 1 1 nKR V I nn + ×= 6-8 e nKtgn 1− =ψ Nestas expressões, K vem a ser a relação entre a impedância da indutância e a resistência na freqüência fundamental, ou seja, R L R X K L ω== 6-9 Vamos analisar dois casos extremos: a) 1<<nK Neste caso, R V I nn 0 0 ≈ Vemos que o efeito da indutância fica desprezível. O comportamento fica praticamente igual ao do caso do retificador com carga resistiva. b) 1>>K Neste caso, com mais razão, vale ( ) 12 >>nK Resulta a aproximação nKR V I nn 10 0 ×≈ 6-10 A desigualdade 1>>K é o mesmo que dizer que 85 1>> R Lω ou RL >>ω Nesta situação, a indutância possui reatância na freqüência fundamental, muito maior que a resistência da carga. Pela expressão 6-10 podemos concluir que quanto maior for K, ou a ordem n da harmônica, menor fica amplitude de corrente produzida pela tensão harmônica correspondente. A fig. 6-7.a mostra o caso em que RL ×= 2ω . A fig. 6-7.b mostra a situação em que RL ×= 20ω . A resistência de carga foi normalizada para o valor de 1 ohm para poder utilizar a mesma escala numérica tanto para tensão quanto as correntes T 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m Ax is la be l -10.00 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 0v ( )AVGI 0 0i T 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m Ax is la be l -10.00 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 0v 0i( )AVGI 0 (a) (b) RL ×= 2ω RL ×= 20ω Fig. 6-7 Nota-se que, quando RL >>ω as amplitudes das harmônicas ficam desprezíveis com relação ao valor médio ( )AVGI 0 , ou seja ( ) ( )αpi cos1200 +=≈ m AVG V Ii Determinação da potência total na carga na situação em que RL >>ω Corrente RMS ( ) ( ) ( ) ( ) ( )AVG AVGAVG RMS I IdIidi I 0 2 0 2 0 2 0 2 0 2 0 0 2 02 22 = −× =≈= ∫∫ pi pi pi θ pi θ pipi ( ) ( )AVGRMS II 0≈ ou ( ) ( )αpi cos120 +≈ R VI mRMS Potência total entregue à carga 86 Como a indutância não dissipa potência, toda a potência do sinal retificado é dissipada na resistência R. ( ) RIP RMS ×= 2 00 no caso em que RL >>ω resulta a aproximação ( ) ( ) ( )22 2 2 0 2 90 cos14 +=×≈×= R V RIRIP mAVGRMS pi ( ) DCm PR V P =+≈ 22 2 0 cos14pi Potência fornecida pela fonte AC Como os diodos não consomem potência, a potência fornecida à carga é igual a que foi fornecida pela fonte alternada. 0PPin = No caso em que RL >>ω . Vale a aproximação: DCin PP ≈ -------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6- 4 Um retificador controlado de meia onda trabalha com carga indutiva. Sua tensão de entrada é fornecida por uma fonte de 150 volt e freqüência 60 Hz. Ele alimenta uma carga de 10 ohm. O valor de sua indutância é 1 H. Se o ângulo de retardo for °= 30α , determine: a) A tensão média na carga b) A corrente média na carga c) A potência DC fornecida à carga d) Reatância do indutor da carga e) A corrente ( )RMSI 0 na carga f) A potência total fornecida à carga g) A potência aparente h) O fator de potência Solução: Valor de pico da tensão de entrada 21215022 =×== Sm VV v 87 a) ( ) ( ) ( ) 6330cos12 212 cos1 20 =°+=+= pi α pi m AVG VV v b) Corrente média na carga ( ) ( ) 3,6 10 630 0 === R V I AVGAVG A c) Potência DC fornecida à carga. ( ) ( ) 9,3963,66300 =×=×= AVGAVGDC IVP W d) Reatância do indutor da carga Ω=×== 37712 fLX L piω Vemos que RX L >> e) Corrente RMS na carga Como RX L >> . Resulta ( ) ( ) 3,600 =≈ AVGRMS II A f) Potência total na carga 9,396103,6 220 =×=×= RIP RMS W g) Potência aparente ( ) 9453,61500 =×=×= RMSS IVS VA h) Fator de potência 42,0 945 9,3960 ==== S P S P PF AC ----------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-5 Um carregador bi-volt utiliza um retificador controlado de meia onda. Sua carga é indutiva de tal modo que RL >>ω . Quando a amplitude da tensão da fonte é mV o ângulo de disparo é zero e é produzido em R a tensão ( )AVGV0 . Quando a amplitude da tensão da fonte for mV2 , o ângulo de disparo é α e é produzido em R o mesmo ( )AVGV0 do caso anterior. Determinar o valor de α . Solução: 88 - Amplitude igual a mV ( ) ( ) ( ) pipipi mmm AVG VVVV =+=+= 11 2 0cos1 20 - Amplitude igual a mV2 ( ) ( )αpipi cos12 2 0 +== mm AVG VVV ( )α pi cos1+= mV Portanto ( )α pipi cos1+= mm VV Ou αcos11 += Ou 0cos =α ∴ °== − 900cos 1α °= 90α --------------------------------------------------------------------------------------------------- 6-3 – PROPRIEDADES DO RETIFICADOR CONTROLADO DE ONDA COMPLETA COM CARGA RESISTIVA A fig. 6-8.a mostra, novamente, o esquema desta retificação em montagem que utiliza dois SCR. Está indicada uma das fases do sinal alternado. R 1 43 2 sv sv sv 0v 0i (a) 89 0v mV 0 tω 0i α 0 mV Sv mV− mI 12v mV2− pi cθ 0 αpi + tω tω tω0 tω0 34v mV2− (b) Fig. 6-8 A fig. 6-8.b mostra os diversos sinais indicados no circuito. Nota-se que o SCR só passa a conduzir corrente após um ângulo α a partir do início de cada semiciclo do sinal de entrada.. Determinação dos principais parâmetros que relacionam o sinal de entrada com o de saída. - Ângulo de condução em cada ciclo [ ] αθ −°= 180grauc [grau] ou [ ] αpiθ −=rdc [rd] - Cálculo da corrente máxima na carga 90 - Tensão de pico inversa em cada diodo (PIV) : Sendo mV a amplitude máxima do sinal de entrada, a máxima tensão de pico inversa, em cada diodo, fica: PIV = 2 mV - Cálculo da tensão média do sinal da saída Pelas curvas da fig.6-7.b vemos que o período da tensão de saída é a metade do período do sinal de entrada, ou seja: pi ( ) ( ) ( )α pipi αpi pi θθ pi α cos1coscos sen 0 += −− == ∫ mmm AVG VVdVV ( ) ( )αpi cos10 += m AVG VV 6-11 - Corrente média do sinal de saída ( ) ( ) R V I AVGAVG 0 0 = ( )α pi cos1+= R Vm ( ) ( )α pi cos10 += R V I mAVG 6-12 - Potência DC na carga ( ) ( ) ( ) R V IVP AVGAVGAVGDC 2 0 00 =×= ( ) R V P AVGDC 2 0 = ou ( )22 2 cos1 α pi += R V P mDC 6-13 91 - Valor máximo da tensão média O valor máximo de ( )AVGV0 acontece para 0=α Neste caso, ( )[ ] ( ) pipi mmMAXAVG VVV 20cos10 =+= - Tensão média normalizada em relação ao seu valor máximo ( ) ( )[ ] 2 cos1 0 0 α+ == MAXAVG AVG N V V V A Figura 6-9 mostra a variação desta grandeza em função do ângulo α . Note-se que um retardo correspondente à defasagem de 90° faz com que a componente média caia para a metade de seu valor máximo. [ ]grauα NV Fig. 6-9 - Valor máximo de DCP O valor máximo acontece para 0=α [ ] =MAXDCP ( )22 2 0cos1+ R Vm pi R Vm 2 24 pi = - Potência DC normalizada em relação ao valor máximo [ ] ( ) 4 cos1 2α+ == MAXDC DC N P P P 92 A Figura 6-10 mostra a variação desta grandeza em função do ângulo α . Note-se que a defasagem de 90° faz com que a potência DC caia para um quarto de seu valor máximo. NP [ ]grauα Fig. 6-10 ------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-6 Um retificador controlado de onda completa é alimentado por uma fonte de 120 v. Se a resistência de carga for 10 ohm, determine a tensão DC e a potência DC entregue à carga para os seguintes ângulos de retardo: a) 00=α b) 045=α c) 090=α d) 0135=α e) 0180=α Solução: Tensão de pico na carga = vVV Sm 7,16912022 =×== Tensão média na carga = ( ) ( )αpi cos10 += m AVG VV v Potência DC na carga = ( ) R V P AVGDC 2 0 = W a) 0=α ( ) ( ) 1080cos17,1690 =+= piAVGV v 1167 10 1082 ==DCP W b) 045=α 93 ( ) ( ) 2,9245cos17,1690 =+= piAVGV v 4,850 10 2,46 2 ==DCP W c) 090=α ( ) ( ) 0,5490cos17,1690 =+= piAVGV v 8,291 10 0,54 2 ==DCP W d) 0135=α ( ) ( ) 8,15135cos17,1690 =+= piAVGV v 25 10 8,15 2 ==DCP W e) 0180=α ( ) ( ) 0180cos17,1690 =+= piAVGV v 0 10 02 ==DCP W ------------------------------------------------------------------------------------------------------- - Corrente RMS na carga ( ) pi θ pi θ pi α pi ∫∫ == dIdi I m RMS 22 0 2 0 0 sen pi α pi α 2 2sen1 2 +−= m I ( ) pi α pi α 2 2sen1 20 +−= mRMS II 6-14 onde R V I mm = Nota importante: Devida à compatibilidade dimensional da expressão matemática de RMSI , é necessário que, no termo pi α , o ângulo α seja dado em radiano. Entretanto, obtém-se o mesmo resultado numérico se for substituído esse termo por [ ] 180 grauα . 94 - Potência total entregue à carga ( ) RIP RMS ×= 2 00 6-15 - Potência proveniente da fonte de tensão alternada Vamos considerar o transformador ideal. Neste caso ele não dissipa potência. Como os diodos, se forem ideais, não dissipam potência, a potência fornecida pela fonte alternada é a mesma dissipada na carga: 0PPAC = -------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-7 Um retificador controlado de onda completa, ligado a uma fonte de 150 volt e freqüência 60 Hz, alimenta uma carga de 10 ohm. Se o ângulo de retardo for °= 30α , determine: a) A corrente máxima na carga b) A tensão média na carga c) A corrente média na carga d) A potência DC fornecida à carga e) A corrente ( )RMSI 0 na carga f) A potência total fornecida à carga g) O ângulo de condução h) A freqüência de ondulação j) O fator de potência Solução: Valor de pico da tensão de entrada 21215022 =×== Sm VV v a) Corrente máxima na carga 10 212 == R V I mm A b) Tensão média na carga ( ) ( ) ( ) 12630cos1212cos10 =°+=+= piαpi m AVG VV v c) Corrente média na carga ( ) ( ) 6,12 10 1260 0 === R V I AVGAVG A d) a potência DC na carga 95 ( ) ( ) 15886,1212600 =×=×= AVGAVGDC IVP W e) Corrente RMS na carga ( ) A II mRMS 9,142 60sen 180 301 2 2,21 2 2sen1 20 = ° +−=+−= pipi α pi α f) Potência total fornecida à carga ( ) RIP RMS ×= 2 00 2205109,14 2 =×= W g) ângulo de condução °=°−°=−°= 15030180180 αθc h) Freqüência de ondulação Como o período é a metade do sinal de entrada, a freqüência é o dobro. Portanto rf =duas vezes a freqüência do sinal de entrada = 120 Hz i) Potência aparente ( ) 22359,141500 =×=×= RMSS IVS VA j) Fator de potência 987,0 2235 22050 ==== S P S P PF AC ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-8 Um retificador controlado de meia onda é ligado a uma fonte de 120 v. Calcule o ângulo de disparo necessário para fornecer 150 W de potência DC a uma carga de 10 ohm. Solução: ( )22 2 cos1 α pi += R V P mDC DC mm DC RP VV RP pipi α ==+ 2 2 cos1 −= − 1cos 1 DC m RP V pi α 1701502 =×=mV v 96 ( ) °=−= −×= −− 5,106284,0cos115010 170 cos 11 pi α °= 5,106α --------------------------------------------------------------------------------------------------- 6-4 – RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA, COM DOIS SCR TRABALHANDO COM CARGA INDUTIVA. Circuito sem diodo de retorno A fig. 6-11 mostra o esquema de um retificador deste tipo R sv sv sv 0v 0i 1−SCR L 2−SCR Fig. 6-11 A presença do indutor provoca atrasos na corrente acarretando as formas de onda mostradas na fig. 6-12. A curva da corrente 0i , indicada na figura, vale para a situação em que RL >>ω . 97 0v mV tω 0i α 0 mV Sv pi 0 αpi + tω tω0 Fig. 6-12 Vamos analisar o trecho em que a fase do sinal de entrada é positiva e o SCR-1 dispara após um ângulo α a partir do início destafase. Devido ao atraso da corrente provocado pela indutância da carga, o SCR-1 conduz corrente até o ângulo αpi + . Portanto tem-se o intervalo entre os ângulos pi e αpi + em que 0v se torna negativo. Isto não é desejado porque diminui o valor médio de 0v e, conseqüentemente de 0i . Se o SCR-2 fosse um diodo comum, ele entraria em condução, nesse trecho. Desta maneira seria anulada essa tensão negativa. Entretanto, o SCR-2 só se comporta como um diodo após o intervalo α . Isto explica porque o trecho negativo não é eliminado. A fase seguinte do sinal de entrada provoca, também, um trecho negativo de tensão, que não é eliminado porque o SCR-1 só conduz, também, após um ângulo α a partir do início deste ciclo. Portanto, para eliminar os trechos negativos, de tensão na carga, é necessário utilizar diodo de retorno. Circuito com diodo de retorno A fig. 6-13-a mostra o desenho do retificador controlado de onda completa utilizando diodo de retorno. A fig. 6-13-b mostra o mesmo circuito desenhado na forma com que costuma aparecer nos esquemas comerciais. 98 L R 0i sv sv sv 0v 2−SCR 1−SCRR sv sv sv 0v 0i 1−SCR L 2−SCR (a) (b) Fig. 6-13 A comparação entre a tensão de entrada e a de saída deste retificador, pode ser vista na fig. 6-14 0v mV tω α 0 mV Sv mV− pi cθ 0 αpi + tω Fig. 6-14 Vemos que o resultado é o mesmo do caso da carga resistiva. Portanto, a expressão matemática da tensão média é a mesma daquele caso, ou seja ( ) ( )αpi cos10 += m AVG VV 6 - 16 A corrente média também é a mesma do caso da carga puramente resistiva. Isto acontece porque a corrente média é uma corrente contínua e a impedância de um indutor, para corrente contínua, é nula. Portanto, a corrente média fica: ( ) ( ) R V I AVGAVG 0 0 = ou ( ) ( )α pi cos10 += R V I mAVG 6-17 99 A diferença de comportamento, entre os dois tipos de carga, aparece nos valores da corrente RMS. Determinação da forma de onda da corrente na carga Vamos supor que a tensão de entrada pode ser designada pela expressão matemática: tVv mS ωcos= Neste caso, a tensão retificada é periódica, não senoidal, com período igual à metade do período do sinal de entrada. Isto significa que a sua freqüência fundamental é ω2 . Portanto, ela pode ser decomposta em uma soma de tensões harmônicas de ω2 : ( ) tVVv AVG ω2sen0100 += tV ω4sen02+ tV ω6sen03+ .......... ......2sen0 ++ tnV n ω A fig. 6-15.a mostra a tensão de saída onde foi usado ângulo α , de disparo, igual a 45°. A fig. 6-15.b mostra as suas componentes até a terceira harmônica da componente fundamental. 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m -.50 1.00 0 ( )AVGV0 01v 02v 03v 0 0 0 0 (b) ω2 ω6 ω4 (a) Fig. 6-15 O valor da componente contínua já foi determinado e resultou ( ) ( )αpi cos10 += m AVG VV Da mesma forma, foi determinado o valor da corrente produzida por esta tensão contínua. Resultou a corrente contínua: ( ) ( ) R V I AVGAVG 0 0 = ou ( ) ( )α pi cos10 += R V I mAVG Para as correntes produzidas pelas componentes harmônicas teremos a influência da presença da impedância do indutor Para cada componente a corrente resulta: 100 ( )nnn tnIi ψω += 2cos020 onde ( )2 0 0 21 1 nKR V I nn + ×= 6-18 e nKtgn 2 1− =ψ Nestas expressões, K vem a ser a relação entre a impedância da indutância, na freqüência do sinal de entrada, e a resistência da carga, ou seja, R L R X K L ω== 6-19 Vamos analisar dois casos extremos: a) 12 <<nK Neste caso, R V I nn 0 0 ≈ Vemos que o efeito da indutância fica desprezível. O comportamento fica praticamente igual ao do caso do retificador com carga resistiva. b) 1>>K Neste caso, com mais razão, vale ( ) 12 2 >>nK Resulta a aproximação nKR V I nn 2 10 0 ×≈ 6-20 A desigualdade 1>>K é o mesmo que dizer que 1>> R Lω ou RL >>ω Nesta situação, a indutância possui reatância na freqüência do sinal de entrada, muito maior que a resistência da carga. Pela expressão 6-20 podemos concluir que quanto 101 maior for K, ou a ordem n da harmônica, menor fica amplitude de corrente produzida pela tensão harmônica correspondente. A fig. 6-16.a mostra o caso em que RL =ω . A fig. 6-16.b mostra a situação em que RL ×= 10ω . A resistência de carga foi normalizada para o valor de 1 ohm para poder utilizar a mesma escala numérica tanto para tensão quanto as correntes 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m 1.00 0 0.00 10.00m 20.00m 30.00m 40.00m 50.00m -.50 1.00 0 RL =ω -.50 (a) (b) RL 10=ω 0v0v 0i 0i ( )AVGi0 ( )AVGi0 Fig. 6-16 Nota-se que, quando RL >>ω as amplitudes das harmônicas ficam desprezíveis com relação ao valor de ( )AVGI 0 , ou seja ( ) ( )αpi cos100 +=≈ m AVG V Ii Determinação da potência total na carga na situação em que RL >>ω - Corrente RMS ( ) ( ) ( ) ( ) ( )AVG AVGAVG RMS I IdIidi I 0 2 00 2 00 2 0 0 0 = −× =≈= ∫∫ pi pi pi θ pi θ pipi ( )AVGRMS II 0)(0 ≈ ou ( ) ( )αpi cos10 +≈ R VI mRMS - Potência total entregue à carga Como a indutância não dissipa potência, toda a potência do sinal retificado é dissipada na resistência R. ( ) RIP RMS ×= 2 00 No caso em que RL >>ω tem-se a aproximação 102 ( ) ( ) ( )22 2 2 0 2 00 cos1 α pi +=×≈×= R V RIRIP mAVGRMS ( ) DCm PR V P =+≈ 22 2 0 cos1 α pi - Potência fornecida pela fonte AC Como os diodos não consomem potência, a potência fornecida à carga é igual a que foi fornecida pela fonte alternada. 0PPin = No caso em que RL >>ω vale a aproximação DCin PP ≈ --------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6- 9 Um retificador controlado, de onda completa trabalha com carga indutiva. Sua tensão de entrada é fornecida por uma fonte de 150 volt e freqüência 60 Hz. Ele alimenta uma carga de 10 ohm. O valor de sua indutância é 1 H. Se o ângulo de retardo for °= 30α , determine: a) A tensão média na carga b) A corrente média na carga c) A potência DC fornecida à carga d) Reatância do indutor da carga e) A corrente ( )RMSI 0 na carga f) A potência total fornecida à carga g) A potência aparente h) O fator de potência Solução: Valor de pico da tensão de entrada 21215022 =×== Sm VV v a) ( ) ( ) ( ) 12630cos1212cos10 =°+=+= piαpi m AVG VV v b) Corrente média na carga ( ) ( ) 6,12 10 12600 === R V I AVGAVG A c) Potência DC fornecida à carga. 103 ( ) ( ) 15886,1212600 =×=×= AVGAVGDC IVP W d) Reatância do indutor da carga Ω=×××=== 37716022 pipiω LfLX L Vemos que RX L >> e) Corrente RMS na carga Como RX L >> . Resulta ( ) ( ) 6,1200 =≈ AVGRMS II A f) Potência total na carga ( ) 1588106,12 2200 =×=×= RIP RMS W g) Potência aparente ( ) 18906,121500 =×=×= RMSS IVS W h) Fator de potência 84,0 1890 15880 ==== S P S P PF AC ----------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 6-10 Um carregador bi-volt utiliza um retificador controlado de onda completa. Sua carga é indutiva de tal modo que RL >>ω . Ele é ajustado para a seguinte situação: Quando a tensão da fonte é 100 v ângulo de disparo é zero e é produzido em R a tensão ( )AVGV0 . Determinar o ângulo de disparo para que seja produzido o mesmo ( )AVGV0 na situação em que se tem 240=SV v. Para 100=SV v tem-se: ( ) ( ) ( ) 9010022221120cos10 =××==+=+= pipipipi SSm AVG VVVV v Para 240=SV v tem-se ( ) ( ) ( )αpiαpi cos1 2402 cos1900 + × =+== mAVG VV 104 2402 90 cos1 × × =+ pi α ( ) °=−= − × × = −− 6,99167,0cos1 2402 90 cos 11 pi α °= 6,99α ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Retificador controlado, de onda completa utilizando 4 SCR em ponte A fig. 6-17 mostra este tipo de montagem Sv Sv R L 1S 2S 3S 4S Sv Sv 1S 2S 3S 4S R (a) (b) Fig. 6-17 A fig. 6-17.a mostra a montagem com carga puramente resistiva. Na fig, 6-17 .b vemos a montagem com carga indutiva utilizando diodo de retorno. Os SCR 1S e 2S recebem os mesmos pulsos de disparo. Da mesma forma, os SCR 3S e 4S também recebem um mesmo pulso de disparo. O pulso que dispara 3S e 4S está defasado de 180° do pulso que dispara 1S e 2S . Com apenas uma exceção, as propriedades analisadas para as montagens com dois SCR são válidas, também, para a montagem com quatro SCR em ponte. A única exceção é a tensão PIV dos SCR. Na montagem com dois SCR tem-se PIV = mV2 . Na montagem com quatro SCR tem-se PIV = mV . 105 7 - CONVERSOR DE TENSÃO DC PARA DC – (CHOPPER DC) O conversor de tensão DC para DC, ou chopper como costuma ser chamado, é usado para se obter uma tensão DC ajustável a partir de uma tensão constante de entrada. Esta tensão constante de entrada é ligada e desligada periodicamente resultando uma tensão pulsante de saída. O valor médio desta tensão pulsante constitui a tensão DC de saída fornecida por este dispositivo. Este valor médio varia quando se altera a proporção do tempo em que a saída fica ligada à entrada. Há dois tipos de chopper: o step down ou buck e o step up ou boost. O chopper step down produz uma tensão DC na saída menor ou igual à tensão DC de entrada. O chopper step up fornece uma tensão de saída maior ou igual à tensão de entrada. Ambos são usados em várias aplicações industriais, entre as quais, o controle de motores elétricos de tração e fontes de alimentação de potência. Funcionamento básico de um chopper step down A fig. 7-1 mostra o esquema básico de um chopper step down. Entre a tensão de entrada e a carga de saída temos uma chave S. Esta chave pode ser um transistor de potência, ou um SCR (Silicon Controlled Retifierer). Supõe-se, em todo este capítulo, que os dispositivos de chaveamento sejam ideais. As chaves ideais têm as seguintes características: a) Ligada: resistência zero b) Desligada: resistência infinita c) Podem chavear instantaneamente a partir de um dos dois estados. chopper S R 0v 1i 0i 1V Fig. 7-1 A fig. 7-2 mostra uma situação em que o período de chaveamento é T. Dentro de um período, a chave permanece ligada durante o tempo ONT e desligada durante o tempo OFFT . T ONT OFFT 0v 0 1V t 0V Fig. 7-2 106 O valor médio da tensão de saída, que chamaremos 0V , é dado por: T TV T dtv T dtv V ON TT ON × === ∫∫ 10 0 0 0 0 Portanto 10 VT T V ON= Chama-se ciclo de trabalho a relação T Td ON= Portanto, em função deste parâmetro, a expressão matemática de 0V , fica: 10 VdV ×= Nota-se que 10 ≤≤ d A fig. 7-3 mostra a variação da tensão média de saída em função do ciclo de trabalho. 0V 1V 0 1 T Td ON= Fig. 7-3 A corrente 0i , na resistência R, fica: R v i 00 = Portanto, sua forma é a mesma da tensão 0v . Isto acarreta que seu valor médio fica 107 R Vd R V I 100 × == O valor eficaz (RMS) da tensão de saída fica ( ) T TV T dtV T dtv V ON TT RMS ON 2 10 2 1 0 2 0 2 0 ∫∫ == Portanto ( ) T TVV ONRMS 10 = ou ( ) dVV RMS 10 = Da mesma forma ( ) ( ) d R V R V I RMSRMS 10 0 == Potência total na saída ( ) ( ) dR V IVP RMSRMS 2 1 000 =×= Potência de entrada d R V R VdVIVPtn 2 11 101 =×=×= Vemos que inPP =0 Como era de se esperar, toda potência fornecida pela tensão de entrada é fornecida à carga., uma vez que a chave é ideal. Rendimento da conversão DC para DC. Potência DC na carga: R Vd R VdVdIVP DC 2 1 2 1 100)(0 =×××=×= R Vd P DC 2 1 2 )(0 = 108 Rendimento: ( ) d R Vd R Vd P P in DC === 2 1 2 1 2 0η Vimos que a tensão média de saída é 10 VdV ×= ou 1 0 V Vd = Portanto 1 0 V V =η Conclusão: - Quanto menor for a tensão DC de saída tanto menor será o rendimento energético da conversão DC para DC. A fig. 7-4 mostra esta variação do rendimento energético. ( ) in DC P P0 =η 0 1 0V 1V 0 Fig. 7-4 Melhoria do rendimento do chopper step down O rendimento energético é baixo devido à presença das componentes alternadas harmônicas de corrente que dissipam, também, na resistência de carga. Para melhorar o rendimento é necessário impedir a passagem dessas componentes de corrente alternada pela resistência de carga. Para isto deve-se colocar um indutor em série com R. Este componente é um curto circuito para corrente contínua muito embora acarreta impedâncias para correntes alternadas.. A fig. 7-5 mostra este chopper. Além do indutor é necessário acrescentar o diodo de retorno para evitar picos negativos de tensão em 0v . Para que o bloqueio das componentes de freqüência seja efetivo é necessário que 109RL >>ω Nesta expressão, tem-se fpiω 2= onde f é a freqüência de chaveamento, ou seja T f 1= S R 0v 1i 0i 1V L Rv Lv Dv D Di Fig. 7-5 A fig. 7-6 mostra a simulação de conversões DC para DC RL =ω 0v 0i (a) 0i 0v (b) RL 10=ω 0I 0I Fig. 7-6 Na parte (a), desta figura 7-6, temos a situação em que RL =ω . Neste caso, o indutor é pouco eficiente para impedir as correntes harmônicas fluírem através da resistência da carga. Na parte (b), desta fig. 7-6, temos o caso em que RL 10=ω . Vemos que a corrente total na carga, que chamamos de 0i , quase que se confunde com a corrente média (DC) 0I que flui nessa carga. 110 Propriedades da corrente 0i no caso em que RL >>ω A fig. 7-7 mostra a corrente 0i no caso em que RL >>ω 0i 0I MAXI MINI t I∆ Fig. 7-7 O parâmetro 0I é a corrente média que é dada por R Vd I 10 × = Onde 1V é a tensão DC de entrada e T Td ON= A amplitude I∆ da variação da corrente vale, aproximadamente, L TVd I OFF 2 1 ×× =∆ TL TTVd OFF × ××× = 2 1 Mas, d T TOFF −= 1 Portanto ( ) L TVdd I 2 1 1 ××− =∆ Tensões na resistência R A tensão média em R fica ( ) 1000 VdRIVV AVG ×=×== A amplitude da variação da tensão na carga fica ( ) L RTVdd RIV 2 1 1 ×××− =×∆=∆ 111 O que caracteriza a qualidade de uma conversão DC para DC é a relação entre V∆ e a tensão contínua 0V . ( ) ( ) L RTd Vd L RTVdd V V 2 12 1 1 1 0 ××− = × ×××− = ∆ ( ) L RTd V V 2 1 0 ××− = ∆ ---------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 7-1 – A partir de uma tensão constante, de 30 volt, deseja-se produzir na saída uma tensão contínua cujo valor máximo é 30 v e o valor mínimo 3 v. Para isto usa-se uma freqüência chaveante de 100 kHz. a) Para os valores extremos de corrente de saída determinar d e ONT b) Sabendo-se que a resistência R vale 10 ohm, determinar o valor de L de tal modo que se tenha, no pior caso, 05,0 0 = ∆ V V . Solução a) 53 10110100 11 −×= × == fT s 301 =V volt 10 VdV ×= - Para 300 =V volt, resulta 3030 ×= d Portanto, 1 30 30 ==d 1== T Td ON sTTON 51011 −×=×= - Para 30 =V volt, resulta 303 ×= d 112 1,0 30 3 ==d Portanto. 1,0= T TON Ou 65 1011011,01,0 −− ×=××=×= TTON 6101 −×=ONT s b) ( ) L RTd V V 2 1 0 ××− = ∆ Vemos que quanto menor for o d tanto maior fica a relação 0V V∆ Portanto, em nosso caso, isto acontece para 30 =V volt que acarretou 1,0=d Resulta ( ) LL 2 109 2 101011,0105,0 55 −− × = ×××− = HL 4 5 109 05,02 109 − − ×= × × = mHL 9,0= ------------------------------------------------------------------------------------------------------- Potência total dissipada na carga ( ) ( )ACDC PPP 000 += Potência fornecida pela tensão de entrada 1V Como a chave, o diodo e o indutor são ideais. Eles não consomem potência. Portanto a potência fornecida pela tensão de entrada é igual a potência total dissipada na resistência de carga, ou seja ( ) ( )ACDCin PPPP 000 +== ( ) R Vd R V P DC 2 1 22 0 0 × == 113 No caso em que RL >>ω tem-se ( ) R VP AC 3 2 0 ∆ ≈ ( ) ( ) 2 0 2 0 2 0 0 3 13 ∆ ×= ∆ = V V R V R V P P DC AC Rendimento Energético ( ) in DC P P0 =η ( ) ( ) ( ) ( ) ( )AC ACACDC DC P PPP P 0 000 0 1 1 + = + = ou 2 03 11 1 ∆ + = V V η --------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 7-2 Use o resultado do exercício 7-1 e determine o pior rendimento energético Solução Este conversor DC/DC foi projetado para que, no pior caso, tivesseNo 05,0 0 = ∆ V V ( ) 9992,0 3 05,01 1 2 = + =η ou 99,92 % ------------------------------------------------------------------------------------------ Nota: Na realidade os componentes não são ideais. O fio do indutor possui uma pequena resistência que acarreta dissipação de energia. Da mesma forma, tanto a chave quanto o diodo, por serem semi-condutores, também dissipam uma pequena parcela da potência fornecida pela alimentação de entrada. Portanto, na prática, o valor do rendimento será sensivelmente menor do que o resultado obtido no exercício 7-2. 114 CONVERSOR DC PARA DC DO TIPO STEP UP Prncípio de funcionamento Sejam os esquemas da fig. 7-8 Li L R L S R (a) (b) 1V 1VS 0=Ri LR ii = 0v Li Li Fig. 7-8 Vamos supor que, inicialmente, a chave S está aberta. Neste caso teremos um estado estacionário em que a corrente Li é contínua tendo o valor R V1 . Quando a chave fecha a corrente que percorre o indutor e a chave. fica: t L V R ViL 11 += Vemos que é uma corrente crescente. Como a chave fica ligada em um tempo ONT a corrente Li atinge o valor ONON TL V R VI 1+= Após este tempo ONT a chave abre. Nesta situação, supondo L muito maior do que TR × , a corrente que percorre o indutor e a resistência de carga, fica aproximadamente −= t L RIi ONL 1 Vemos que, nesta situação, a corrente Li decresce. Como a chave fica aberta durante um tempo OFFT , a corrente atinge o valor −= OFFONOFF TL RII 1 A fig. 7-9 mostra a variação da corrente Li que percorre o indutor nas duas fases da chave. 115 ONT OFFI ONI R V1 OFFT T0 t Li Fig. 7-9 Situação estacionária durante um chaveamento periódico A medida que se repete o chaveamento, a corrente Li adquire acréscimos sucessivos tanto em ONI quanto em OFFI até que atinge uma situação em que esses parâmetros não mudam de valor nos ciclos subseqüentes. Nesta situação dizemos que a corrente Li atingiu o estado estacionário como se pode ver na fig. 7-10. Li t Fig. 7-10 A fig. 7-11 mostra um trecho estacionário dessa corrente. AVGI Li t Fig. 7-11 Nesta situação,o valor médio da corrente Li é dado por 116 Corrente na resistência de carga Observando novamente a fig. 7-7 vemos que quando a chave S está ligada , a resistência de carga fica curto-circuitada. Isto significa que durante o intervalo ONT a tensão em R é nula e, portanto, a corrente nesta resistência R também é nula. A fig. 7-12 compara a corrente Li do indutor com a corrente Ri da carga. AVGI Li Ri t t T OFFT Fig. 7-12 Neste caso a corrente média estacionária na carga fica ( ) T T T TR VI OFF ON AVGR × − ×= 1 11 ) R V T T R V TT T R V OFF OFF ON OFF 111 =×= − ×= ( ) R V I AVGR 1 ) = T TR VI ON AVGL − ×= 1 11 )( 117 Tensão média na resistência de carga ( ) RIVV AVGRAVGR ×== )(0 Portanto T T T T VV OFF ON × − ×= 1 1 10 111 VT TV TT TV OFF OFF ON OFF =×= − ×= 10 VV = Conclusão: Qualquer que seja a relação entre os tempos de abertura e fechamento da chave, a tensão média de saída será sempre igual a tensão de alimentação de entrada. Portanto este esquema de conversão DC/DC não funciona, Esquema de chopper step up efetivo A fig. 7-13 mostra um esquema efetivo L R 1V S C 0v Li Fig. 7-13 Na fase em que a chave está aberta a corrente Li carrega o capacitor resultando a tensão aproximada RION × . Quando a chave fecha , se não houvesse o diodo, o capacitor se descarregaria através da chave em curto. A presença do diodo impede a descarga por esse caminho. Neste caso a descarga passa a ocorrer através de R. O tempo de descarga de um capacitor através de uma resistência é dado por RCtD 2,2≈ Normalmente se faz TtD >> , ou seja TRC >>2,2 ou R TC 2,2 >> Nesta condição, em que TtD >> , a tensão no capacitor diminui muito pouco no intervalo em que a chave fecha. Desta maneira, sua tensão permanece com quase o mesmo valor que possuía no final do tempo ONT . Como o capacitor está em paralelo 118 com a resistência R, a tensão 0v nesta resistência é, o tempo todo, a mesma do capacitor. A fig. 7-12 mostra o estado estacionário da tensão 0v , na carga R, ao longo dos ciclos de chaveamento OFFT AVGV 0v t T Fig. 7-12 O valor médio dessa tensão 0v , vale aproximadamente T T VVV ON AVG − ≈= 1 1 0 ou d VV − = 1 1 0 Em torno deste valor médio temos uma flutuação cuja amplitude pode ser desprezível quando o capacitor for suficientemente grande. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 7-3 – Determinar a tensão contínua de saída para os seguintes valores de d: a) d = 0 b) d = 0,5 c) d = 0,9 Solução a) 110 01 V VV = − = b) 110 25,01 V VV ×= − = c) 110 109,01 V VV ×= − = ------------------------------------------------------------------------------------------- 119 Observação: Devido ao fato de que os componentes usados no conversor não são ideais, torna-se muito difícil obter tensões contínuas de saída muito maiores do que a tensão de entrada. Na prática os conversores existentes produzem a tensão de saída até um máximo de seis vezes a tensão de entrada. Rendimento da conversão step-up No caso em que se considera os elementos do circuito ideais, não há dissipação de energia tanto na chave, quanto no indutor e no capacitor. Portanto a energia fornecida pela alimentação de entrada é igual a potência na saída. Quando o capacitor for muito grande, a tensão em R é praticamente constante. Portanto a potência de componentes alternadas é desprezível. Isto significa que a potência na saída é aproximadamente igual à potência DC fornecida à resistência de carga. Disto resulta que o rendimento energético fica, aproximadamente, igual a 1. --------------------------------------------------------------------------------------------------- Exercício 7-4 – Deseja fazer um conversor step up partindo de 301 =V volt. Sua saída 0V deve ser ajustável de 30 a 150 volt. Ele deve ser capaz de fornecer corrente RI de 0,1 até 1 Ampere. A freqüência de chaveamento é 100 kHz. Dimensionar os valores de L e C obedecendo as condições: MAXRTL ×= 20 MINR TC 20= Solução: Resistência de carga: RI V R 0= ( ) ( )MINR MAX MAX I V R 0= Ω== 1500 1,0 150 ( ) ( ) Ω=== 30 1 300 MAXR MIN MIN I V R MAXRTL ×= 20 Hf RMAX 3,0 10100 15002020 3 =× × == MINR TC 20= F Rf MIN 6 3 1067,63010100 20120 −×= ×× = × = ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 120 Simulação O circuito projetado no exercício 7-4, utilizando carga de 500 ohm, foi simulado utilizando o programa Tina. O esquema de simulação está mostrado na fig. 7-13. V1 30 L1 300m T1 !NPN R 1 50 0 R2 500 VF1 C1 6, 7u D1 1N1183 U2 100k Fig. 7-13 Foi usado um transistor como chave. A fig. 7-14 mostra a tensão de saída para o caso de 5,0= T TON . Teoricamente, deveria ser produzida uma tensão constante igual a 60 volt. No entanto, devido a utilização de componentes não ideais, foi produzida a tensão média de 56,2 volt. Pode-s observar que existe uma flutuação de nível igual a 15,0± volt. Isto acarreta 003,0 2,56 15,0 ≈= ∆ V V ou 0,3 % T 0.00 5.00u 10.00u 15.00u 20.00u VF1 56.00 56.40 Fig. 7-14 121 8 – INVERSORES DE TENSÃO Inversores são dispositivos que transformam tensão contínua em tensão alternada. Princípio de funcionamento A fig. 8-1 mostra um esquema, muito simplificado, de um inversor construído com duas fontes DC simétricas em relação à terra. Ev +=0 E carga E Ev −=0 E carga E (a) (b) Fig. 8-1 Na fig. 8-1.a vemos a fase em que a posição da chave faz com que a tensão na carga, em relação à terra, fique + E. Na fig. 8-1.b vemos a fase em que a posição da chave faz com que a tensão na carga, em relação à terra, fique – E. Se a duração da primeira fase for igual à da segunda fase, teremos a produção de uma onda quadrada na saída com amplitude E, como mostrada na fig. 8-2. Nesta situação, supondo que o período da tensão de saída seja ST , a duração de cada fase fica 2 ST . ST 2 ST 0v t0 E+ E− Fig. 8-2 Inversor que utiliza uma única bateria Neste caso a bateriafica flutuando em relação a terra. Ver fig. 8-3. 122 Ev +=0 E Ev −=0 Ecarga carga (a) (b) Fig. 8-3 Na fig. 8-3.a vemos a fase em que a configuração das chaves faz com que a tensão E da bateria seja transferida para a carga no sentido positivo + E em relação à terra. Na fig. 8-1.b temos a fase em que a tensão da bateria se transfere para a carga com o valor negativo - E em relação à terra. Aqui também, se a duração da primeira fase for igual à da segunda fase, teremos a produção de uma onda quadrada na saída com amplitude E, como já mostramos na fig. 8-2. Também, nesta situação, supondo que o período da tensão de saída seja ST , a duração de cada fase fica 2 ST . Nas duas configurações vemos que a tensão de saída tem a forma de onda quadrada com período ST . De acordo com a série de Fourier, esta tensão é composta de componentes senoidais com freqüências múltiplas da freqüência fundamental S S T f 1= . Essas componentes são chamadas de freqüências harmônicas da freqüência fundamental .Sf A componente média (tensão DC) da tensão 0v é nula, ou seja ( ) 0)(0)(0 == DCAVG VV A fig. 8-4 mostra os valores das amplitudes das composição espectrais da tensão de saída até a componente harmônica de 5a. ordem. Os vlores estãp indicados na forma de frações ordinárias. Sf Sf2 Sf3 Sf4 Sf5 f pi E4 pi3 4E pi5 4E Fig. 8-4 A fig. 8-5 mostra esta mesma distribuição espectral com os valores das amplitudes representados com números fracionários decimais. 123 Sf Sf2 Sf3 Sf4 Sf5 f E27,1 E42,0 E26,0 Fig. 8-5 Extração da componente fundamental Normalmente deseja-se que o inversor produza tensão senoidal na saída. Neste caso devemos extrair a componente fundamental do espectro de freqüências da onda quadrada produzida. Para isto se usa um filtro que permite a passagem da componente .Sf mas dificulta a passagem das componentes harmônicas de .Sf A fig. 8-6 mostra o arranjo para este procedimento. inversor filtro Fig. 8-6 O circuito elétrico de um filtro é formado por um circuito contendo um certo número de indutores e capacitores. Tipos de filtros Costuma-se usar dois tipos de filtros: filtro com resposta em freqüência passa baixas e filtro com resposta seletiva em freqüência. Resposta em freqüência de um filtro é um gráfico onde se indica a relação de amplitudes entre a tensão de saída e a de entrada do filtro em função da freqüência destas tensões. Filtro com resposta passa baixas A fig. 8-7.a mostra o esquema de filtragem usando um filtro com resposta passa baixas. A fig. 8-7.b mostra a resposta de um filtro passa baixas que permite a passagem da componente de freqüência Sf e atenua as componentes harmônicas dessa freqüência. 124 1V 2 V Filtro passa baixas 1 2 V V 1 Sf3Sf f (a) (b) Fig. 8-7 Filtro com resposta seletiva A fig. 8-8 mostra a resposta em freqüência de um filtro seletivo construído para permitir a passagem da componente fundamental Sf e rejeitar as componentes harmônicas dessa freqüência. Sf Sf3 1 2 V V 1 f Fig. 8-8 Os filtros são construídos com indutores e capacitores não ideais, têm-se perdas de potência nesses componentes. Um filtro de resposta seletiva é mais eficiente para rejeitar as componentes harmônicas do que o de resposta passa baixas. Entretanto, o 125 filtro seletivo acarreta maior perda de potência dissipativa nos componentes do que o de resposta passa baixas. Forma de onda de quatro fases A fig. 8-9 mostra uma forma de onda mais favorável para a extração da componente fundamental Sf . Esta forma de onda não contém a componente harmônica de terceira ordem. Portanto, o filtro deve rejeitar a partir da quinta harmônica. E− E+ 0 t 0v ST 2 ST 3 ST Fig. 8-9 A fig. 8-10 mostra a composição espectral até a quinta ordem para as duas formas de onda. Confirma-se que a forma de onda de 4 fases não contém a componente de freqüência sf3 . E+ E+ E− E− t t 0v 0v E27,1 Sf Sf3 Sf5Sf Sf5 Sf3 E42,0 E26,0 E10,1 E22,0 ⇒ ⇒ Fig. 8-10 Geração da forma de onda de quatro fases. Na fig. 8-11 indicamos as 4 fases dessa forma de onda 126 1 2 3 4 E+ E− 0 Fig. 8-11 A fig. 8-12 mostra a configuração das chaves para a fase 1. Esta fase 1 fornece a tensão + E com duração 3 ST . Ev +=0 E carga Fig. 8-12 A fig. 8-13 mostra a configuração das chaves para a fase 2. Esta fase 2 fornece a tensão 0 com duração 6 ST . 00 =v E carga Fig. 8-13 A fig. 8-14 mostra a configuração das chaves para a fase 3. Esta fase 3 fornece a tensão - E com duração 3 ST . Ev −=0 E carga Fig. 8-14 127 A fig. 8-15 mostra a configuração das chaves para a fase 4. Esta fase 4 fornece a tensão 0 com duração 6 ST . 00 =v E carga Fig. 8-15 Circuito de duas fontes com chaveamento usando transistores A fig. 8-16 mostra o circuito do inversor de duas baterias onde se utiliza transistor de junção como chave. Ele só possibilita a geração de onda quadrada na carga, ou seja, o chaveamento só trabalha com duas fases. E E Carga 1P bR 2P bR 1Q 2Q Fig. 8-16 Uma tensão positiva no ponto 1P e uma tensão zero no ponto 2P faz o transistor 1Q conduzir e o transistor 2Q abrir. Desta maneira a tensão na carga fica aproximadamente + E. Uma tensão nula no ponto 1P e uma tensão negativa no ponto 2P faz o transistor 1Q abrir e o transistor 2Q conduzir. Desta maneira a tensão na carga fica aproximadamente - E. Os diodos fazem o papel de diodos de retorno na situação em que a carga é indutiva. Circuito de uma fonte com chaveamento usando transistores A fig. 8-17 mostra o circuito inversor de uma única fonte de alimentação em que os dispositivos de comutação são transistores de junção. Podemos ver que se usam quatro transistores como chave. Este arranjo permite gerar tanto a forma de onda de duas fases como a de quatro fase. 128 E Carga 1P bR 2P bR 1Q 2Q 4P 3P bR 4Q 3Q bR Fig. 8-17 Quando se tem, simultaneamente, tensões positivas nos pontos 3P e 2P e tensões nulas em 1P e , 4P o transistores 3Q e 2Q conduzem e os transistores 1Q e 4Q abrem Desta maneira
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