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02 Filosofia do Direito Ética e Moral

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Prof. Jorge Freire Póvoas
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Filosofia do Direito
Direito e Ética: O Comportamento Humano em Questão 
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Filosofia do Direito
 Os conceitos de Moral e Ética, embora sejam diferentes, são com frequência usados como sinônimos. 
 Moral vem do latim “mos” ou “moris”, que significa “maneira de se comportar regulada pelo uso”; daí relacionarmos o termo “moral” com “costume”, e de “moralis”, “ morale”, adjetivo referente ao que é “relativo aos costumes”. Podemos entender moral como um conjunto de conduta particular, que pode mudar de acordo com a cultura. 
 Ética vem do grego “ethos”, que tem o mesmo significado de “caráter”, “índole”. porém costume no sentido universal. O sentido que os antigos gregos atribuíam ao homem de bons costumes era o mesmo do homem de boa índole, de bom caráter. 
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Filosofia do Direito
 Os termos Moral e Ética se confundem, mas guardam entre si certas diferenças. Mas, somente o indivíduo pode praticar a Ética e neste sentido, por vezes, ser ético significa confrontar ou concordar com a moral reinante.
 Como exemplo temos a condenação de Sócrates (Atenas, 469 a.C. - 399 a.C.), que com seu pensar (sua Ética), foi condenado pela maioria de votos da Assembleia de Atenas (moral) como um malfeitor da cidade. Porém a história reabilitou Sócrates como o mais importante símbolo do pensamento antigo.
 Define-se moral como o conjunto das manifestações de poder axiológico, capazes de constituir instâncias de determinações das esferas de decisão cultural.
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Filosofia do Direito
 A Moral se constitui por um processo acumulativo de experiências individuais, que vão ganhando assentimento geral, até se tomarem regras e normas abstratas “não darás falso testemunho".
 É certo que não existe indivíduo sem sociedade e vice-versa, de modo que comportamento Ético e exigência Moral acabam se intercambiando o tempo todo. 
 Mas, o que precisa ficar claro é que nem tudo o que é moralmente aceito por um grupo, por uma maioria, ou pela hegemonia coletiva pode ser chamado de eticamente aceitável. 
 Matar não é Ético mas pode ser Moral se o motivo causador for a legítima defesa.
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Filosofia do Direito
 Para Hegel (Alemanha, 1770 - 1831) a ação moral individual já é socialmente mediada, enriquecendo a consciência moral subjetiva. 
 A questão que se põe define bem as diferenças entre as práticas sociais majoritárias e a marca da contribuição do indivíduo para o mundo que não se esgota em reproduzir a moralidade cultural, mas criativamente se faz sujeito por decidir com racionalidade.
 Ser resistente, no sentido da ética de Foucault (Paris, 1926 - 1984), é ser capaz de exercitar a sua autonomia, diante da conjuntura que força os comportamentos servis a favor das ideologias reinantes. Logo, então para Foucault é não deixar se sujeitar com o que vem de fora, em todos os contextos. Que seja possível resistir às inflexões do poder que se mascara e se reveste das mais diversas faces.
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Filosofia do Direito
 Desse modo, pode-se admitir que todo conteúdo de normas morais tem em vista sempre o que a experiência registrou como bom e como mau, como o que é capaz de gerar felicidade e infelicidade, como sendo o fim e a meta da ação humana, como a virtude e o vício. 
 A conduta humana não é sempre a mesma na sua totalidade e entre as diversas culturas varia ao sabor de inúmeros fatores. Com os meios de realização escolhidos, os fins almejados, as conseqüências e os reflexos sociais previstos, percebe-se, compreende-se, constrói-se, delibera-se quais são os padrões de conduta aceitáveis e inaceitáveis. 
 As regras que orientam e disciplinam o que seja socialmente aceitável e conveniente decorrem das experiências e vivências sociais historicamente engajadas.
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Filosofia do Direito
 O indivíduo produz padrões éticos e envia-os à sociedade, assim como a sociedade produz padrões e conceitos morais e envia-os por meio de suas instituições, tradições, mitos, modos, procedimentos, exigências, regras, à consciência do indivíduo. 
 Da interação entre Ética e Moral se pode extrair a base das preocupações ético-normativas. De um lado, a Ética do indivíduo, do outro lado, a moral da sociedade. O agir humano teme ligação direta com o saber jurídico, de modo que Ética, enquanto saber universal, e Direito enquanto Ciência, convivem. 
 Dentre as normas sociais e demais convenções destacam-se as normas jurídicas, com as quais interagem as normas morais. Há que se investigar as relações existentes entre ambas as categorias de normas, procurando-se definir o âmbito de alcance de cada qual.
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Filosofia do Direito
 As normas jurídicas distinguem-se das normas morais em função da cogência (aquilo que não pode ser mudado) e da imperatividade (conduta doutrinaria) que as caracterizam. As normas morais possuem autonomia com relação ao Direito e vice-versa, o que não significa dizer que não possuam influências. 
 A relação entre Direito e Ética, entre normas jurídicas e normas morais, é estreita, não obstante possam identificar nitidamente as diferenças que existem entre os dois campos de estudo. 
 Essa relação é inegável porém é importante assinalar que normas morais e normas jurídicas podem convergir ou divergir. Ao pensar a Ética evidencia-se a raiz de onde tudo provém: as relações sociais, ou seja, o comportamento humano. 
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Filosofia do Direito
 O termo éthos revela que a reflexão ética se propõe a colocar-se atenta às intenções e ações humanas. O agir de forma ética implica decisão. Para que se decida é necessária prévia deliberação, prévio processo mental de meios e fins. 
 É nesta reflexão que entram as aflições do bom e do mau, do justo e do injusto, do certo e do errado. Se não houvesse dúvida sobre as leis morais e não houvesse espaço para o livre-arbítrio, sendo tudo mera extensão da "vontade divina", não haveria espaço para a manifestação do bem ou do mal existente no interior de cada um. 
 Não haveria Ética num mundo totalmente determinado pelo destino (natural, divino ou causal). Sempre que se fala em Ética remete-se a falar em liberdade e em responsabilidade. 
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Filosofia do Direito
 Responsabilidade é a capacidade de correlacionar a esfera íntima de minha liberdade de autodeterminação (ficar ou não no emprego, aceitar ou não a propina) com a ação em si. 
 Essa responsabilidade recai sobre a esfera exterior dos resultados de minha ação (prejudicar um amigo, trair uma causa ou corromper o poder). 
 É dentro de uma conjuntura onde são consideradas as pressões existentes e os riscos envolvidos que se verifica o momento decisório do ato de escolha.  Toda ação Ética implica escolha. Essa escolha "é uma espécie de salto. Salto absoluto porque não se pode voltar atrás". 
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Filosofia do Direito
 Todo ato é individual e por ser assim autêntico, na medida em que reúne em torno de si reflexão prévia, liberdade de agir e responsabilidade assumida pelas consequências do ato.
 Somos criadores de nossa personalidade, artistas em permanente processo de criação de nossa existência,
que se forma pela visão de nós mesmos e pela visão externa que têm de nós os outros.
 Quando se trata de pensar a relação existente entre o Direito e a Ética, qual seria a conduta aceita socialmente? Quais seriam os comportamentos admissíveis pela sociedade? É possível pensar que existe um mínimo ético na dimensão estrutural do Direito?
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Filosofia do Direito
 Dilemas são postulados a cada vez que uma pessoa é morta, é presa, é torturada, é violada em seus direitos fundamentais, etc. É inegável a relevância da discussão da perspectiva Ética em face da perspectiva jurídica, na medida em que uma interfere sobre a outra. 
 Se o comportamento humano é o grande foco de atenção das discussões sobre a Ética, num primeiro olhar, que é que se constata no comportamento humano?
 Que somos capazes como seres racionais, de deliberação e decisão. Pensamos em causas e fins, meios e métodos, por sermos seres que confabulam, refletem, agem e são capazes de criação. 
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 Como seres criativos somos capazes de agir, fazer, produzir, inovar, revolucionar, instituir, formar, construir, sistematizar, dimensionar, calcular, consertar, moldar etc. Isso significa que nestes verbos moram as grandes conquistas e realizações de indivíduos, grupos e por vezes civilizações inteiras. 
 Somos capazes de grandes obras de engenharia, de criativas soluções mecânicas, de formidáveis obras artísticas, de lideranças intelectuais e teóricas, de descobertas e revelações científicas, de soluções práticas e técnicas que favorecem a melhoria da qualidade de vida, de imensas atitudes de solidariedade e afetividade, entre outras coisas. 
 É paradoxal que a capacidade de criar se encontre alinhada com a paralela capacidade de destruir. 
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 A capacidade de destruir equivalente a força criativa convivem lado a lado, produzem as contradições que marcam a vida social.  Pois também somos capazes de desfazer, desestruturar, deformar, desconstruir, inviabilizar, desarticular, poluir, vingar, etc. 
 Isso significa que nestes verbos moram as grandes catástrofes que marcaram e marcam indivíduos, grupos e sociedades. A mesma Ciência que produz cura de doenças para milhares também produz artefatos capazes de destruição em massa. 
 O exército que é capaz de se mobilizar para salvar vidas pode ser o agente que assassina crianças, mulheres e idosos indefesos. A mesma indústria que alimenta, veste e produz é capaz de criar em série os meios de destruição da vida. 
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 O fervor popular que movimenta a luta por direitos e práticas sociais justas é capaz de exercer-se cegamente em busca de ideais políticos arbitrários. O Estado que é capaz de criar regras e mantê-las a serviço da comunidade é capaz de escravidão, alienação e desvio de poder. 
 O programador de software que traz soluções informáticas ao estado da técnica é o portador de conhecimentos suficientes para inviabilizar seu uso (hacker). 
 O discurso filosófico pode ser importante arma de luta pacífica ou ser a chama para incendiar multidões em direção a práticas violentas e a derramamento inútil de sangue.
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Filosofia do Direito
 As mesmas relações de trabalho que produzem crescimento e riqueza, progresso e inovação são manipuláveis para a exploração de uns pelos outros. 
 Atrás de todo esse dilema está o infindável rol de escolhas e nesse sentido, vale questionar: que escolha deve ter o operador do Direito no desempenho de sua profissão? 
 Qual o grau de responsabilidade social que mora atrás das perspectivas de atuação do operador do Direito? 
 Qual o comprometimento do operador do Direito com a dimensão da cidadania, e com a afirmação da democracia e dos direitos humanos? 
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Filosofia do Direito
 Toda vez que se postula algo em juízo (sobre o patrimônio, o estado civil, a liberdade ou a vida das pessoas), que se escreve um artigo de temática atual e polêmica, que se resolve um problema de aplicação do Direito, se vive o compromisso do operador com seu meio, pois suas ações agem sobre o mundo, interferem na vida comunitária, modificam o poder etc. 
 Existe um altíssimo grau de intervenção do jurista sobre o contexto social, político, econômico, cultural e axiológico, o que por si só justifica que as práticas jurídicas devam ser sempre repensadas.
 Os operadores do Direito são instrumentos de transformação social, na perspectiva da afirmação da cidadania, na busca de efetividade da justiça social, bem como no culto objetivo e direto da democracia. 
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Filosofia do Direito
 A Ética pode ser considerada um meio ao conjunto das pressões externas (dos costumes, da economia, da política, das normas sociais) o último reduto do exercício da liberdade de escolha pelo indivíduo capaz de discernir e portanto capaz de exercer resistência. 
 Discutir Ética para o universo das profissões jurídicas, é mais que um simples reclamo, ou uma sofisticação filosófica, e sim uma necessidade imperativa para que se possa pensar constantemente o existir humano. Discutir Ética é necessidade imperativa é necessidade existencial. 
 Ética e Direito conjugam-se, apesar de constituírem campos diversos de estudo, intercambiando valores e normas entre si. Dessa dialética é que se nutre o rico debate interdisciplinar. 
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