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IED 11 E 12

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
 Aulas 11 e 12
HERMENÊUTICA JURÍDICA I E II
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INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO 
Aula 11
LIVRO DIDÁTICO – PÁG. 157 a 169
Interpretação – O operador do direito analisa a norma e dá sua interpretação, explica e esclarece.
Exemplo: “Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
			Objetiva: existência da lei
A ciência do direito, como atividade interpretativa, surge como uma teoria hermenêutica, por ter dentre outras funções, as de:
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a) interpretação das normas, que compreende múltiplas possibilidades técnicas interpretativas, dando ao intérprete a liberdade jurídica na escolha destas vias, buscando sempre condições para uma decisão possível, baseada em uma interpretação e um sentido preponderante dentre às várias possibilidades interpretativas;
Exemplo: Maria matou Paulo (Quem é Maria? Qual o motivo de ter matado Paulo? Ela será presa?
Maria matou Paulo de rir no feriado com suas piadas.
b) verificar a existência da lacuna jurídica, identificando a mesma e apontando os instrumentos integradores que possibilitem uma decisão possível mais favorável, com base no direito;
Exemplo: Artigo 4º da LINDB que dispõe que quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
c) afastar contradições normativas através da indicação de critérios para solucioná-las.
 No decorrer de sua evolução, o ordenamento jurídico passa a abarcar diversas normas destinadas a regulamentar os mais diversos assuntos da sociedade. No entanto, pode ocorrer que, entre este grande número de elementos que compõe o sistema de direito, algumas regras incidam sobre uma determinada conduta, obrigando a sua realização e, ao mesmo tempo, proibindo-a.
Surgem aí as contradições do sistema. Observa-se, portanto, que as contradições entre as normas ocorrem quando uma é a negação da outra, mas ambas agregam as mesmas condições de aplicação.
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A ciência jurídica exerce funções relevantes, não só para o estudo do direito, mas também para a aplicação jurídica, viabilizando-o como elemento de controle do comportamento humano ao permitir a flexibilidade interpretativa das normas, autorizada pelo art. 5º da Lei de Introdução, e ao propiciar, por suas criações teóricas, a adequação das normas no momento de sua aplicação.
Assim, ao interpretar a norma, o intérprete deve levar em conta o coeficiente axiológico e social nela contido, baseado no momento histórico que está vivendo, já que a norma geral em si deixa em aberto várias possibilidades, deixando esta decisão a um ato de produção normativa, sem esquecer que, ao aplicar a norma ao caso concreto, deve fazê-lo atendendo à sua finalidade social e ao bem comum.
Em relação ao fim social, a mesma autora afirma que: “pode se dizer que não há norma jurídica que não deva sua origem a um fim, um propósito ou um motivo prático, que consistem em produzir, na realidade social, determinados efeitos que são desejados por serem valiosos, justos, convenientes, adequados à subsistência de uma sociedade, oportunos, etc”.
Integração – É o processo de preenchimento das lacunas das leis, a fim de que se possa dar sempre uma resposta jurídica aquele que procura o judiciário. 
A interpretação sempre visará 2 finalidades: 
a) delimitar o alcance da norma jurídica, o âmbito de efeito; e 
b) identificar a sua finalidade, significa buscar o verdadeiro sentido, sempre se debruçará sobre a lei. A interpretação é nada mais nada menos que a aplicação ao caso concreto de enunciados já estabelecidos pela hemenêutica. É descobrir o sentido de determinada norma jurídica ao aplicá-la ao caso concreto. 
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Teoria Subjetiva
A concepção subjetivista da interpretação ou teoria subjetiva tem como preocupação central a busca a vontade do legislador e representa a primeira teoria sobre a interpretação das normas, que hoje inclusive não é a predominante no direito.
 
Teoria objetiva
Representa a tendência predominante do direito contemporâneo, que vê o ponto de referência principal do processo hermenêutico na vontade da lei, como ente dotado de vida própria, cabendo ao intérprete buscar a adaptação da lei à dinâmica social. 
PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA DA EXEGESE
Processo gramatical, literal ou filológico :
 Representa o primeiro ponto de contato entre o intérprete e a norma. Muito embora seja apenas a etapa inicial do processo hermenêutico, o processo gramatical é de grande importância, pois a primeira tarefa do intérprete é compreender o texto jurídico em sua literalidade.
Processo lógico - Relacionado ao plano lógico do conhecimento jurídico, recebe os seus fundamentos da lógica jurídica e trata das operações mentais do intérprete na correlação entre as normas no ordenamento jurídico e entre a norma e o fato.
 
PROCESSOS COM BASE NA ESCOLA HISTÓRICA
Processo histórico-evolutivo:
A Escola Histórica alemã tinha grande preocupação em aplicar ao estudo do direito um método histórico de investigação. Justamente daí deriva este processo de interpretação, que parte da premissa de que a lei surge em função de determinadas circunstâncias, mutáveis com o tempo, que devem ser levadas em consideração no momento de sua interpretação
Processo sistemático
Parte da premissa de que o ordenamento jurídico é um sistema integrado de normas e que elas não podem ser interpretadas isoladamente.
CONCEPÇÃO ATUAL
O Processo teleológico ou finalístico enxerga o significado da lei em sua finalidade social, sendo esta obviamente a do presente e não a da época em que a lei entrou em vigor, havendo uma clara convergência entre este procedimento técnico-interpretativo e a teoria objetiva da interpretação, uma vez que no processo teleológico a norma será interpretada em função de sua capacidade de alcançar os resultados esperados a seu respeito pela sociedade.
Hermenêutica Jurídica e Interpretação do Direito
Muitos doutrinadores não fazem distinção entre esses conceitos. Todavia, Carlos Maximiliano, na obra, Hermenêutica e Aplicação do Direito, ensina que:
 a Hermenêutica é a Ciência da Interpretação, ao passo que a interpretação é a aplicação prática dessa última (a atividade de interpretar propriamente dita).
Ao interpretar, o intérprete busca O SENTIDO OBJETIVO DA LEI, e não a intenção do legislador.
O art 5º, LICC – aplicação da lei pressupõe sempre a prévia interpretação, de forma a assegurar os seus fins sociais e as exigências do bem comum.
A leitura do ordenamento à luz dos princípios constitucionais: o art 5º, da LICC é visto em nossos dias como a porta aberta para os preceitos fundamentais da CF. Nos arts. 1º a 4º da CF, onde estão consagrados os princípios fundamentais, está a chamada “tábua axiológica” instituída pelo Constituinte, que deve ser observada por toda a ordem social. 
Os valores considerados mais importantes por uma sociedade são concretizados através dos princípios constitucionais, que têm força normativa e eficácia plena, vinculando o intérprete no seu processo de compreensão. É através deles que se concretiza a idéia de justiça de um povo. Os princípios servem, pois, de guia e orientação na busca de sentido e alcance das normas.
 A cada dia, a função interpretativa dos princípios vem ganhando a sua importância devida. Percebeu-se que a lei (regra), como norma genérica e abstrata, pode, na casuística, levar à injustiça flagrante. Aos princípios, pois, cabe a importante função de guiar o juiz, muitas vezes contra o próprio texto da lei, na formulação da decisão justa ao caso concreto. O juiz cria o direito, quer queiram, quer não. E nessa atividade de criação do direito ao caso concreto, os olhos do juiz devem estar voltados para os princípios constitucionais. 
ESCOLAS:
Exegese – como o sistema é completo não cabe ao juiz alegando dificuldade do sistema (lacunas) criar soluções fora do sistema, não cabe ao judiciário legislar.
Direito
Livre – o direito positivo tem que ser justo. O juiz quando depara com norma injusta deve abandonar a norma.
Livre interpretação do direito – é a mistura das duas correntes: o sistema jurídico possui soluções justas e que cabe a interpretação buscar o senso de justiça para cada caso concreto.
A interpretação pode ser classificada segundo diversos critérios: quanto à sua origem, à sua natureza e aos seus resultados:
INTERPRETAÇÃO SEGUNDO A ORIGEM OU FONTE QUE EMANA:
Interpretação autêntica ou legislativa – é aquela em que o próprio legislador dá a sua interpretação sobre a norma.
 (ex: exposição de motivos do CPC, regulamento que esclarece o sentido da lei).
Judicial ou jurisprudencial: é a resultante das decisões prolatadas pela justiça (sentenças, acórdãos, súmulas).
Doutrinária: é a realizada cientificamente pelos doutrinadores. 
(ex: comentários do CPC por Pontes de Miranda, Theotônio Negrão).
Administrativa: a fonte elaboradora é a própria Administração Pública (pareceres, despachos, decisões, circulares, portarias, etc)
QUANTO A NATUREZA: 
Literal: É aquela que visa reproduzir o texto que está escrito na lei (palavra da lei). Poderá provocar injustiças e perplexidade mas o elemento literal é sem dúvida alguma coisa importante no momento de se interpretar uma lei pois uma palavra ou vírgula mal posta podem alterar inteiramente o texto legal. 
Racional ou Lógico: É aquela que almeja encontrar inicialmente o espírito da lei por um processo lógico-analítico e, num estágio mais avançado, a razão da lei por um processo lógico-jurídico, priorizam o formalismo.
 
Lógico Sistemática: No momento de se aplicar um dispositivo legal deve-se sempre levar em consideração todos os demais dispositivos legais atinentes àquela matéria, jamais interpretar um artigo isoladamente. Busca compreendê-la como parte integrante de um todo, em conexão com as demais normas jurídicas que com ela se articulam logicamente.
Histórico: Ao se interpretar um ordenamento jurídico deve-se levar em consideração o contexto histórico, busca nos precedentes legislativos o verdadeiro sentido da lei a ser interpretada, a comparação com a evolução ocorrida no tempo é de fundamental importância.
Teleológica: procura-se fazer uma interligação entre a lei e a causa, a sua finalidade. É uma reunião dos demais métodos, buscando alcançar a finalidade da lei, que é sempre um valor que o legislador teve em mira.
Sociológico: a lei é dinâmica e acompanha as transformações sociais, discute o Direito a partir das relações entre sociedade e poder: influência da estrutura da sociedade na estrutura do Direito; discute a efetividade e a função social do Direito, sua influência na transformação social e suas novas tendências com o desenvolvimento da sociedade.
QUANTO A SEUS EFEITOS OU RESULTADOS:
Restritiva: visa limitar o campo de incidência de uma lei. 
Extensiva: visa ampliar o âmbito, o campo de incidência de determinado diploma legal. Abraçar o maior número de casos possíveis. ex: a Lei do Inquilinato dispõe que: "o proprietário tem direito de pedir o prédio para seu uso"; a interpretação que conclui por incluir o "usufrutuário" entre os que podem pedir o prédio para uso próprio.
Declarativa ou especificadora: quando se limita a declarar ou especificar o pensamento expresso na norma jurídica, sem ter necessidade de estendê-la a casos não previstos ou restringi-la mediante a exclusão de casos inadmissíveis. Nela o intérprete chega à constatação de que as palavras expressam, com medida exata, o espírito da lei, cabendo-lhe apenas constatar esta coincidência.
É declarativa quando a letra se harmoniza com o significado obtido pelos outros métodos. 
É extensiva, se o significado obtido pelos outros métodos é mais amplo do que o literal; a final, é restritiva, quando o significado literal é mais amplo do que aquele obtido pelos outros métodos.
Todos os critérios de interpretação não são excludentes, nada impede que sejam usados ao mesmo tempo, pois são ferramentas da HERMENÊUTICA, para o aplicador das leis. 
VISÃO SINTEMÁTICA DO DIREITO = COMPLETUDE
O ordenamento jurídico é uma unidade sistemática. É completo, ou seja, tem uma norma para regular qualquer caso. Significa falta de lacunas. Caso contrário seria quebrar a barreira do princípio da legalidade.
Para se completar um ordenamento jurídico pode-se recorrer a dois métodos:
hetero integração – busca do complemento fora do ordenamento, mas por ele autorizado. Ex: direito natural, costumes, equidade e doutrina.
Auto-integração - busca do complemento no próprio ordenamento. Ex: analogia.
 
APLICAÇÃO DAS LEIS. O PROBLEMA DAS LACUNAS E RECURSOS ÀS FONTES SUBSIDIÁRIAS DO DIREITO
 
Aplicação da lei é enquadrar um caso concreto em uma norma jurídica adequada.
O termo lacuna revela a falha ou omissão de alguns aspectos considerados importante. 
Admitir-se a existência de lacunas no direito é conceber-se o eventual surgimento de uma hipótese não prevista pelo ordenamento jurídico, decorrendo daí ser praticamente impossível dar-lhe solução.
O ordenamento jurídico, como já vimos, não se fez incompleto - completude. Ele supre as suas omissões através dos princípios destinados a esse fim.
Não há lacuna no Direito (lacuna material) mas pode haver lacunas na lei (lacunas formais).
Quando se constar lacuna na lei, deverão ser imediatamente acionados os meios disponíveis à integração do sistema, isto é, as demais fontes do direito. 
 
QUESTÕES OBJETIVAS
1 - Com freqüência o termo hermenêutica jurídica é usado como sinônimo de interpretação da norma jurídica. MIGUEL REALE, por exemplo, fala em "hermenêutica ou interpretação do Direito", em suas Lições Preliminares de Direito. CARLOS MAXIMILIANO, por sua vez, distingue "hermenêutica" e "interpretação"; aquela seria a teoria científica da arte de interpretar; esta seria a aplicação da hermenêutica; em suma, a hermenêutica seria teórica e a interpretação seria de cunho prático, aplicando os ensinamentos da hermenêutica. Outros autores dão ao vocábulo um sentido mais amplo, que abrange a interpretação, a aplicação e a integração do Direito.  Com base nessas informações, conclui-se que:
(A) Não há necessidade de interpretação quando a norma é "clara, ou seja, "in claris cessat interpretatio" (dispensa-se a interpretação quanto o texto é claro).
(B) Um dos elementos que encerra o conceito de interpretação da norma é fixar o seu alcance: significa delimitar o seu campo de incidência; é conhecer sobre que fatos sociais e em que circunstâncias a norma jurídica tem aplicação.
(C) Quando se fala em interpretação da norma está-se referindo tão somente às leis, na medida em que somente as leis são utilizadas 
como fundamentos das decisões judiciais que precisam dessa interpretação jurídica.
(D) O trabalho do intérprete apenas é necessário quando as leis são obscuras. A interpretação nem sempre é necessária, a não ser que sejam obscuras ou pouco claras as palavras da lei ou de qualquer outra norma jurídica.
(E) A hermenêutica jurídica leva em conta o estado de espírito do intérprete da norma que pode influir nesta interpretação, razão pela qual a hermenêutica não pode ser considerada uma ciência.
VISÃO SISTEMÁTICA DO ORDENAMENTO JURÍDICO: ANTINOMIA E CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO
Antinomia é a incompatibilidade entre duas normas pertencentes a um mesmo ordenamento jurídico por terem preceitos conflitantes.
Antinomias aparentes – passíveis de solução, e antinomias reais – são aquelas onde o intérprete é abandonado a si mesmo, ou pela falta de um critério, ou por conflito entre os critérios dados.
Pela coerência do ordenamento jurídico não deve existir antinomias entre as normas. O juiz tem três opções:
a) critério cronológico: inaplicabilidade da norma anterior incompatível com a nova;
b) critério hierárquico: ineficácia da norma hierarquicamente inferior.
c) critério da especialidade: faz depender da matéria regulada a prevalência de uma das normas, especial (CDC, locação) prevalece sobre a geral (CC).
Obs: conflito entre critérios:
Conflito entre critério hierárquico e o cronológico – Norma anterior-superior é antinômica em relação  a uma norma posterior-inferior. A norma anterior-superior prevalece
Conflito entre critério de especialidade e o cronológico – Norma anterior especial é incompatível com uma norma posterior geral.  A norma anterior especial prevalece
Conflito entre o critério hierárquico e o da especial – Norma superior geral incompatível com norma inferior especial. Dependerá de cada caso.
A decisão do juiz não tem força de derrogar a lei (revogação parcial) mas só de negar aplicação de uma delas. 
QUESTÕES OBJETIVAS
1 - O método de interpretação das normas constitucionais segundo o qual se procura identificar a finalidade da norma, levando-se em consideração o seu fundamento racional, é o método
a) literal.
b) gramatical.
c) histórico.
d) sistemático.
e) teleológico.
Bom final de semana

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