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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CAMPUS DE CRATEÚS CURSO DE ENGENHARIA DE MINAS DISCIPLINA: GEOLOGIA GERAL E MINERALOGIA Aula 21: GEOLOGIA: INTEMPERISMO E FORMAÇÃO DO SOLO Prof. RODRIGO CORTEZ (Géol., M.Sc., Prof. Assist. UFC Campus Crateús) 2016.01 O QUE VAMOS APRENDER HOJE??? GEOLOGIA: INTEMPERISMO E FORMAÇÃO DO SOLO BIBLIOGRAFIA Disponível na biblioteca UFC-Crateús: • Grotzinger, J. P. & Jordan, Tom. (2013). Para Entender a Terra. 6° Ed. Bookman. 738p. Capítulo 16. Teixeira, W.; Toledo, M.C.M.; Fairchild, T. R.; Taioli, F. (2009). Decifrando a terra. 2° Ed. Oficina de Textos, São Paulo, 623p. Capítulo 08. O QUE É INTEMPERISMO O termo INTEMPERISMO significa o conjunto de modificações de ordem física (desagregações) e química (decomposições) que as rochas sofrem ao aflorarem (ou ao serem expostas) na superfície da terra. Os produtos do intemperismo são ROCHAS ALTERADAS e SOLO. Fatores que controlam o intemperismo são o CLIMA, o RELEVO, a FAUNA e FLORA, a ROCHA PARENTAL, e o TEMPO. A PEDOGÊNESE é a formação dos solos, causadas pelo intemperismo (alterações químicas e mineralógicas nas rochas afetadas). O INTEMPERISMO e a PEDOGÊNESE levam à formação do perfil do solo, estruturado sempre verticalmente, tendo a rocha sã (inalterada) na base e os diferentes níveis de solo acima. O QUE É INTEMPERISMO: PERFIL DE SOLO O – horizonte orgânico em decomposição A – horizonte escuro, rico em M.O. E – horizonte claro, rico em M.O e FeOx B – horizonte marrom, argiloso C – horizonte de rocha alterada (saprolito) Rocha – horizonte com rocha sã TIPOS DE INTEMPERISMO Em função dos mecanismos de atuação, o intemperismo pode ser classificado em: Intemperismo físico Intemperismo químico TIPOS DE INTEMPERISMO: FÍSICO São os processos que causam a desagregação e fragmentação das rochas, com separação dos grãos minerais, antes coesos, transformando a rocha em material descontínuo e friável. Efeitos: • Variações de temperatura ao longo do dia/noite e estações. • Variação da umidade. • Congelamento de água nas fraturas. • Evaporação das águas salinas nas fraturas. • Alívio de pressão sobre o material rochoso • Crescimento de raízes e vegetais. TIPOS DE INTEMPERISMO: FÍSICO TIPOS DE INTEMPERISMO: QUÍMICO A maioria das rochas são formadas sob condições de pressão e temperatura bem superiores às condições da superfície da terra. E por este motivo, os minerais originais de tais rochas entram em desequilíbrio através de uma série de reações químicas, formando novos minerais estáveis sob as novas condições superficiais. A estas transformações químicas damos o nome de intemperismo químico. O principal agente do intemperismo químico é a AGUA. Oriunda das chuvas, rios, lagos, mares e oceanos, são ricas em O2 e interagem com o CO2 da atmosfera, tornando-se ácida. O contato dessa água com Matéria Orgânica ajuda a aumentar ainda mais a salinidade, abaixando o pH do meio a ser transposto. Os elementos solubilizados pelo intemperismo químico são transportados pelas águas (lixiviados), enriquecendo o novo horizonte com os elementos imóveis. TIPOS DE INTEMPERISMO: QUÍMICO Os MINERAIS PRIMÁRIOS são aqueles da época de formação original da rocha. Os MINERAIS SECUNDÁRIOS são aqueles neoformados pelo intemperismo químico. As reações acontecem nas descontinuidades das rochas (arestas, vértices, falhas, fraturas), tendendo à formação de blocos com formas arredondadas. INTEMPERISMO, EROSÃO E SEDIMENTAÇÃO O INTEMPERISMO é um elo importante no ciclo das rochas, pois favorece a incorporação de rochas duras ao ciclo sedimentar. O processo de intemperismo gera um manto de alteração, composto por minerais primários inalterados, secundários transformados e neoformados. Os principais minerais no manto de alteração são o quartzo, as micas parcialmente transformadas, argilominerais e os oxi-hidróxidos de ferro. Cria-se também uma fase líquida composta por agua contente Na, Ca, K, Mg e Si. Mudanças climáticas causam desequilíbrios no intemperismo, processando mais acidez ou basicidade e consequentemente aumentando ou diminuindo o intemperismo. Processos tectônicos favorecem o soerguimento das rochas, e isso aumenta o intemperismo e erosão, consequentemente aumenta a sedimentação dos materiais intemperizados. REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO • A maior parte dos ambientes da superfície da terra possui pH entre 5 a 9. • As reações podem ser representadas pela seguinte equação genérica: Mineral 1 + solução de alteração Mineral 2 + solução de lixiviação • As principais reações do intemperismo químico são: • Hidrólise • Acidólise • Hidratação • Dissolução • Oxidação REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO: HIDRÓLISE HIDRÓLISE é o processo de intemperismo químico pelo qual os minerais silicáticos (formadores de rocha) passam ao serem atacados por água e resultarem em soluções alcalinas. O íon H+ resulta da ionização da água e quando em contato com os silicatos, deslocam alguns cátions (K+, Na+, Ca2+,Mg2+) que são em seguida liberados para a solução. Hidrólise sempre ocorre na faixa de pH entre 5 a 9. Feldspato parcialmente dissolvido devido a hidrolise Curva de solubilidade para Si e Al REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO: HIDRÓLISE Hidrólise é característica de regiões tropicais úmidas. Esse processo recebe o nome genérico de LATERITIZAÇÃO e pode ser classificada em Alitização (formação de oxidohidroxido de Fe- Al) e Monossialitização (formação de oxido-hidroxido de Fe-Al + argilas). REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO: ACIDÓLISE • Na maior parte da superfície dos continentes, os processos intempéricos são de origem hidrolítica. • No entanto em climas frios, onde a decomposição da matéria orgânica não é total, formam-se ácidos orgânicos que diminuem bastante o pH (< 5) das águas e são capazes de complexar o Fe e o Al, colocando-os em solução. • Quando isso ocorre, chamamos de ACIDÓLISE. • As rochas que sofrem este processo de intemperismo geram solos ricos praticamente em somente minerais primários insolúveis, como o quartzo, chamados de solos podzólicos. REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO: HIDRATAÇÃO O termo HIDRATAÇÃO é empregado nos minerais que sofrem intemperismo químico pela ação entre os dipolos das moléculas de água e as cargas elétricas não neutralizadas das superfícies dos grãos. Na hidratação, moléculas de água entram na estrutura mineral, modificando-a e formando portanto um novo mineral. REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO: DISSOLUÇÃO Alguns minerais estão sujeitos à DISSOLUÇÃO, que consiste na solubilização completa. É o caso, por exemplo, da calcita e da halita que entram em dissolução conforme a equação abaixo: A dissolução intensa das rochas, que ocorrem mais comumente em terrenos calcários, pode levar à formação de relevos cársticos (cavernas). REAÇÕES DO INTEMPERISMO QUÍMICO: OXIDAÇÃO • Alguns elementos podem estar presentes nos minerais em mais de umestado de oxidação, como por exemplo, o ferro, que se encontra nos minerais ferromagnéticos primários, como biotita, anfibólio, piroxênio e olivina, principalmente na forma de Fe2+. • Quando liberado em solução, forma o Fe3+ e precipita como um novo composto férrico, como a goetita: • A goetita passa a hematita por desidratação: • Fora estes dois minerais de ferro, podem haver outros muito abundantes nos solos. PROCESSOS DE ALTERAÇÃO SUPERFICIAL • Define-se de ESFOLIAÇÃO ESFEROIDAL o produto de formas arredondadas a partir de formas angulares vistos nos blocos de rochas. • Deve-se ao ataque do intemperismo químico e físico principalmente nas bodas dos corpos rochosos . DISTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS DE ALTERAÇÃO SUPERFICIAL • Representa os domínios de intemperismo globais: 1 – zona de Alitização (domínio tropical e equatorial). 2 – zona de Monossialização (domínio tropical subúmido) 3 – zona de Bissalização (zona temperadas e áridas) 4 – zona muito árida, sem alteração química (desertos) 5 – zona de Acidólise (zonas frias do globo) 6 – zona coberta por gelo 7 – extensão aproximadas das zonas de tectônica ativa. FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO Várias características do ambiente em que se processa o intemperismo influem diretamente nas reações de alteração, no que diz respeito a sua natureza, velocidade e intensidade. São estes os fatores que controlam o intemperismo: FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO: MATERIAL PARENTAL (ou MATERIAL DE ORIGEM) A alteração intempérica das rochas depende da natureza dos minerais constituintes da rocha inicial, de sua textura e estrutura . Como consequência da diferenciação no comportamento dos minerais ao intemperismo, o perfil de alteração será naturalmente enriquecido pelos minerais mais resistentes ( ou estáveis) e empobrecidos nos mais alteráveis ( ou instáveis) . FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO: CLIMA O CLIMA é o fator que isoladamente mais influencia no intemperismo. O intemperismo físico predomina em áreas com temperaturas e pluviosidade baixas. O intemperismo químico predomina em áreas com temperaturas e pluviosidade altas. Assim, temperatura e pluviosidade regulam a velocidade do intemperismo. FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO: TOPOGRAFIA A TOPOGRAFIA regula a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais, portanto, controla a quantidade de água que se infiltra nos perfis de alteração. As reações químicas ocorrem preferencialmente onde exista boa infiltração de favorecendo o intemperismo químico. Em perfis íngremes escoamento é muito rápido, facilitando a erosão e intemperismo físico. água, o o FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO: BIOSFERA • A qualidade da água que promove o intemperismo químico é bastante influenciada pela ação da BIOSFERA. • A matéria orgânica morta no solo se decompõe liberando CO2 e diminui o pH das águas. • Em torno das raízes de plantas, o pH se situa em torno de 2-4. • A biosfera também forma moléculas orgâni- cas capazes de complexar minerais, solubilizan- do-os. • Liquens e secretam ácidos oxálicos e fenólicos que auxiliam no intemperismo químico. FATORES QUE CONTROLAM O INTEMPERISMO: TEMPO • O TEMPO necessário para intemperizar determinada rocha depende dos vários fatores que controlam o intemperismo, principalmente dos constituintes minerais e do clima. • Condições pouco agressivas de intemperismo pede um longo tempo de exposição às intempéries. • Condições muito agressivas de intemperismo pede um curto tempo de exposição às intempéries. • Cálculos a partir do balanço de massa (o que entra vs o que sai do perfil) dão conta de velocidades de intemperização da ordem de 20-50m de perfil por cada milhão de anos. PRODUTOS DO INTEMPERISMO: SOLOS Não é fácil definir SOLO pois o seu significado depende do ponto de vista do avaliador: • Para o Geólogo, representa o produto de alteração das rochas na superfície. • Para o Engenheiro, representa o material que serve como base para obras civis. • Para o Agrônomo, representa o meio necessário para o desenvolvimento das plantas. • Para o Hidrólogo, representa o meio poroso que capta e armazena água subterrânea. Em geral, podemos definir SOLO como: “Produtos friáveis e móveis, formados na superfície da Terra como resultado da desagregação e decomposição das rochas pela ação do intemperismo” A ciência que estuda os solos é chamada PEDOLOGIA. PRODUTOS DO INTEMPERISMO: SOLOS CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS - EMBRAPA PRODUTOS DO INTEMPERISMO: DEPÓSITOS LATERÍTICOS Os depósitos lateríticos também chamados de residuais, formados através da remoção de minerais solúveis das rochas e a concentração de minerais menos solúveis, no intemperismo químico, leva a formação de depósitos economicamente importantes. Podem ser de dois tipos: Ocorre a acumulação relativa, do mineral primário de interesse, durante a alteração. O mineral portador do elemento é resistente ao intemperismo e permanece no perfil de alteração, enquanto que os outros minerais são alterados. Como exemplo tem-se os depósitos de fosfato, por concentração de apatita, crômio, por acumulação de cromita, estanho por concentração de cassiterita, ferro por concentração de hematita, ouro, etc. Ocorre a destruição do mineral primário da rocha e a formação de minerais secundários mais ricos que o mineral primário no elemento de interesse. Ocorre com elementos de baixa solubilidade como alumínio e titânio que formam a gibbsita (bauxita) e anatásio. PRODUTOS DO INTEMPERISMO: DEPÓSITOS LATERÍTICOS Mina em depósito laterítico de Cobre-Ouro Minério de Níquel Minério de Alumínio MOVIMENTOS DE MASSA MOVIMENTO DE MASSA é o processo pelo qual rochas e solo movem-se encosta abaixo sob a influência da gravidade. A dispersão de massa é uma das consequências do intemperismo e da fragmentação das rochas, especialmente em regiões acidentadas e montanhosas. Os fatores que condicionam são: • A natureza dos materiais, • A declividade e estabilidade da encosta, • A quantidade de água. MOVIMENTOS DE MASSA: ROCHAS Inclui queda, deslizamento e avalanche de rochas, desde blocos até grandes massas do substrato. O intemperismo enfraquece o substrato ao longo de juntas e fraturas, até que a mais leve pressão causada pela água rompa e colapse a estrutura. Grande causa de perigo nas proximidades de estradas e construções. MOVIMENTOS DE MASSA: MATERIAL INCONSOLIDADO Os movimentos de massa de material inconsolidado incluem várias misturas de areias, silte, argila, solo, rochas fragmentadas, árvores, materiais antrópicos e matéria orgânica. Geralmente são eventos mais lentos do que os movimentos de rochas. O intemperismo na presença de água causa fluxos direcionais que faz com que as estrutura se colapse. Grande causa de perigo nas proximidades de estradas e construções. PROXIMAAULA GEOLOGIA: CICLO DAS ÁGUAS
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