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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS ALTO PARAOPEBA ENGENHARIA CIVIL MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL I PROFESSOR KLAUS HENRIQUE CONCRETO PROJETADO Ana Cláudia Marinho Trindade Anderson Ravik dos Santos Caroline Camargo Caires de Lima Cyan Luiz Pedrosa Bohrer Francisco Baccarini Santana Pedro Henrique Gonçalves Silveira Ouro Branco – MG Junho de 2016 CONCRETO PROJETADO 1. Definição Concreto com dimensão máxima de agregado superior a 4,8 mm, transportado por uma tubulação e projetado, sob pressão, em elevada velocidade, sobre uma superfície, sendo compactado simultaneamente. 2. Introdução O concreto projetado, também chamado gunita, é um tipo de concreto que é lançado, “projetado” ou “jateado” através de mangueiras especiais com uso de ar comprimido, conduzido de um equipamento de mistura até um bico projetor, proporcionando uma grande velocidade na operação de lançamento e adensamento do concreto. O impacto do material sobre a base promove a sua compactação, sem a necessidade dos tradicionais vibradores, resultando em um concreto de alta compacidade e resistência. 3. Características e Utilização O concreto projetado é um processo de aplicação de concreto uti lizado sem a necessidade de formas, bastando apenas uma superfície para o seu lançamento. O não emprego de formas pode ser por opção, ou quando, pelas características da concretagem, seu emprego tornar-se difícil ou impossível. Esse sistema é muito utilizado em concretagens de túneis, paredes de contenção, piscinas e em recuperação e reforço estrutural de lajes, vigas, pilares e paredes de concreto armado. 4. Métodos de Emprego Existem dois métodos de emprego do concreto projetado: por via seca e por via úmida. No processo via seca é feita uma mistura a seco de cimento e agregados e é no bico projetor onde existe uma entrada de água que é controlada pelo operador. As vantagens desse processo é que o operador pode controlar a consistência da mistura no bico projetor durante a aplicação e também pode ser utilizado um mangote de maior extensão. Por outro lado, como ponto negativo, o controle da quantidade de água feito pelo mangoteiro pode provocar uma grande variabilidade na mistura. No processo via úmida o concreto é preparado da forma comum, misturando- se na câmara própria, cimento, agregados, água e aditivos, sendo essa mistura lançada pelo mangote até o bico projetor. Esse processo tem a vantagem de se poder avaliar precisamente a quantidade de água na mistura, e garantir que esta hidratou adequadamente o cimento, resultando na certeza da resistência final do concreto. Além disso, esse processo dá menores perdas com a reflexão do material e produz menor quantidade de pó durante a aplicação. 5. Especificações A dosagem de cimento empregada em concreto projetado é a mesma utilizada nos concretos tradicionais, oscilando entre 300 e 375 kg/m3, embora haja casos em que se terá que utilizar dosagem de até 500 kg/m3. Deve-se, entretanto, utilizar agregados de tamanho superior a 10 mm, para possibilitar a redução de cimento e diminuir a retração hidráulica, assim fazendo com que o concreto possa ser utilizado como material estrutural. A relação água/cimento deve variar entre 0,35 e 0,50 de forma a garantir a aderência e a resistência do material, de tal modo que possam ser utilizados aditivos nesse tipo de concreto, na proporção de 2 a 3%, como aditivos aceleradores de pega, impermeabilizantes ou plastificantes. No processo de aplicação do concreto projetado, a espessura das camadas do material não deve ultrapassar 150 mm, excepcionalmente em alguns determinados casos não extrapolando um limite de 200 mm. Outra recomendação na aplicação do concreto projetado é a necessidade de uma superfície de base devidamente preparada, retirando-se eventuais concentrações de bolor, óleos, graxas, material solto e poeira, além de uma devida umectação da superfície. 6. Processo de Aplicação O processo de aplicação do concreto projetado começa projetando-se uma argamassa de cimento, areia e água, formando uma camada de pequena espessura, a fim de formar um berço sobre o qual se possa projetar a mistura com agregado graúdo e baixo teor de água, sem o perigo de que se produza reflexão excessiva. Em seguida aplicam-se camadas de concreto de 50 mm cada, com intervalo entre elas de 6 a 12 horas, de acordo com o tipo de cimento e dos aditivos empregados. A cura é imprescindível para se obter um concreto sem fissuras e de boa resistência, devendo-se empregar água ou agente de cura, aplicados sobre a última camada durante, no mínimo, 7 dias. 7. Reflexão Um aspecto de grande importância e considerado um inconveniente no concreto projetado é a reflexão do material, principalmente do agregado graúdo, uma vez que é lançado com grande velocidade sobre o anteparo. A reflexão ou rebound caracteriza o fenômeno pelo qual parte do material projetado é refletido, não sendo incorporado a estrutura. Isso faz com que o concreto aplicado seja diferente do concreto que abasteceu a máquina de projeção. A quantidade de reflexão depende de muitos fatores, tais como a hidratação da mistura, a relação água/cimento/agregado, a granulometria dos agregados, a velocidade de saída do bico projetor, a vazão do material, o ângulo da superfície de base, a espessura aplicada e a destreza do mangoteiro. A quantidade refletida varia entre 10 e 30% em superfícies verticais e 20 a 50% em tetos. 8. Equipamentos Para aplicação do concreto projetado em qualquer superfície, são necessários equipamentos específicos, onde os mesmos estejam em perfeitas condições de trabalho. Peças de consumo devem estar com desgaste aceitável e as máquinas sempre bem ajustadas. Os equipamentos são: • A bomba de projeção, que recebe o concreto adequadamente misturado e o disponibiliza para aplicação; • O compressor de ar, que é acoplado à bomba de projeção, fornecendo pressão para conduzir o concreto até o local da aplicação; • A bomba de água, que fornece água em vazão e pressão junto ao bico de projeção; • O mangote, que é um duto de borracha por onde o concreto é conduzido da bomba ao ponto de aplicação; • O bico de Projeção, peça instalada na extremidade de saída do mangote junto à aplicação; • O anel de água, componente do bico de projeção pelo qual se adiciona água ao concreto. 9. Constituintes e Controle de Qualidade O concreto, que pode ser fornecido usinado, em caminhões-betoneiras, ou preparado no canteiro de obras, possui normalmente a resistência solicitada em projeto de 15 a 20 MPa, podendo atingir valores muito superiores, de até 40 Mpa, sendo composto de agregados, como o pedrisco ou areia média. É necessário que ambos tenham uma umidade mínima. A areia em torno de 5%, nunca inferior a 3%, pois causaria muita poeira, nem superior a 7%, pois ocasionaria entupimentos do mangote e início de hidratação do cimento. Para pedrisco, a umidade de 2% é suficiente. A areia média não pode ter acima de 5% de grãos finos, podendo compor-se por 60% de grãos médios e de até 35% de grãos grossos. O cimento pode ser de qualquer tipo, Comum, composto, Pozôlanico, Alto Forno, ARI (Alta resistência inicial) ou ARI-RS (Alta resistência inicial resistente à sulfatos), dependendo das especificações de projeto e podem ser utilizados aditivos aceleradores de pega, secos ou líquidos, conforme a necessidade da obra. A quantidade de água deve estar de acordo com o que recomenda a tecnologiado concreto. Sua dosagem é feita pelo mangoteiro, por meio de registro, junto ao anel d’água no caso de via seca ou pela mistura prévia em uma câmara própria para os casos de via úmida. O controle de qualidade do concreto é feito pela extração dos corpos de prova de placas moldadas em obra sendo que existem algumas normas brasileiras da ABNT para este controle. 10. Armaduras As telas eletrossoldadas são a armação convencional do concreto projetado. A instalação deve ser feita em uma ou duas camadas, conforme o projeto. A primeira camada é aplicada com a primeira tela. A segunda, com a segunda tela e, depois, vem o concreto final. É preciso, porém, tomar cuidados especiais para evitar que a tela funcione como anteparo e cause vazios na parte posterior. É utilizada alternativamente às telas, fibras metálicas de aço, adicionadas diretamente na betoneira ou caminhão-betoneira, obtendo uma mistura perfeitamente homogênea. Isto não obriga qualquer mudança nos equipamentos e promove redução da equipe de trabalho, visto que não há necessidade de mão-de- obra para preparo e instalação das telas, já que elas se ajustam perfeitamente ao corte realizado no talude, aceitando superfícies irregulares, mantendo sua espessura. Não há cuidado especial com a cobertura da armadura, pois uma corrosão eventual limita-se à fibra em contato com a atmosfera, não se estendendo às outras, imersas no concreto. A despeito do custo das fibras ser maior que o das telas, há uma economia entre 20 e 40% por metro quadrado aplicado no produto final. 11. Conclusão Apresentadas as características e casos práticos onde foi uti lizada a técnica de aplicação de concreto projetado, conclui-se que a mesma pode ser utilizada em uma vasta gama de serviços técnicos de engenharia, atingindo sempre resultados satisfatórios para os objetivos traçados desde que a escolha dos equipamentos e operadores seja feita minuciosamente, visto que a aplicação do concreto projetado é tal como um trabalho artesanal, influenciando dire tamente no resultado final da obra. Ainda assim, esta técnica apresenta vantagens na velocidade de execução, dispensando montagem e desmontagem de fôrmas além de economia no que diz respeito à mão-de-obra. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www.ecivilnet.com/artigos/concreto_projetado.htm http://www.concrebras.com.br/solucoes-em-concreto/concreto-projetado/ http://www.ecivilnet.com/artigos/concreto_projetado.htm http://www.cprv.com.br/pdf_solojet/concreto-projetado.pdf http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/57/artigo287231-1.aspx Luiz Roberto Prudêncio Jr., Concreto projetado. Concreto, Ensino, Pesquisa e Realizações, São Paulo, Ed. Geraldo Cechella Isaia, IBRACON, 2005, pp.1227- 1257.
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