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Aula 2 – Princípios Básicos de Hidráulica Eng. Civil Marcelo Botini Tavares 2.1 CONCEITOS DE HIDRÁULICA – SUBDIVISÕES 2.1.1 Hidráulica Geral 2.1.2 Hidráulica Aplicada 2.2 EVOLUÇÃO DA HIDRÁULICA 2.3 SÍMBOLOS ADOTADOS E UNIDADES USUAIS 2.4 PROPRIEDADES DOS FLUIDOS 2.4.1 Massa específica, densidade e peso específico 2.4.2 Compressibilidade 2.4.3 Elasticidade 2.4.4 – Viscosidade/Atrito interno. Líquidos Perfeitos. Atrito Externo 2.4.5 – Coesão, adesão e tensão superficial 2.4.6 – Tensão de vapor 2.1 CONCEITO DE HIDRÁULICA - SUBDIVISÕES Hidráulica é o estudo do comportamento da água e de outros líquidos, quer em repouso, quer em movimento. Pode ser dividida em: hidráulica geral e hidráulica aplicada. 2.1.1 Hidráulica Geral A Hidráulica Geral aproxima-se muito da Mecânica dos Fluidos, sendo dividida em hidrostática, hidrocinemática e hidrodinâmica. - hidrostática: trata dos fluidos em repouso ou em equilíbrio; - hidrocinemática: estuda velocidades e trajetórias, sem considerar forças ou energia; - hidrodinâmica: refere-se às velocidades, às acelerações e às forças que atuam em fluidos em movimento. 2.1.2 Hidráulica Aplicada Hidráulica Aplicada é a aplicação concreta ou prática dos conhecimentos científicos da Mecânica dos Fluidos e da observação criteriosa dos fenômenos relacionados à água, quer parada, quer em movimento. Suas áreas de atuação podem ser: - urbana: sistema de abastecimento de água, sist. de esgoto sanitário, sist. de drenagem pluvial e canais; - rural: sistema de drenagem, sist. de irrigação, sist. de água potável e esgotos; - instalações prediais: industriais, comerciais, residenciais e públicas; - outros: lazer e paisagismo, estradas (drenagem), defesa contra inundações, geração de energia, navegação e obras marítimas e fluviais. Os acessórios, materiais e estruturas utilizados na prática da Engenharia Hidráulica são: aterros, barragens, bombas, cais de portos, canais, comportas, diques, drenos, eclusas, flutuantes, orifícios, poços, reservatórios, tubos e canos, válvulas, vertedores, etc. 2.2 EVOLUÇÃO DA HIDRÁULICA Obras hidráulicas de importância da Antiguidade: - Mesopotâmia: canais de irrigação situados na planície entre os rios Tigre e Eufrates. - Nipur (Babilônia): existiam coletores de esgotos desde 3750 a.C. - Egito: obras de irrigação no Rio Nilo (25 séculos a.C.). - Assíria: primeiro sistema público de abastecimento de água (691 a.C.). Apenas no século XIX, devido ao crescimento das cidades e a importância cada vez maior dos serviços de abastecimento de água, desenvolveu-se a produção de tubos de ferro fundido. Isto em conjunto com o emprego de novas máquinas hidráulicas, resultaram num progresso rápido e acentuado da Hidráulica. As investigações de Reynolds, os trabalhos de Prandtl e as experiências de Froude forneceram a base científica para esse progresso, originando a Mecânica dos Fluidos moderna. Dados brasileiros: 1723 – Primeiro sistema de abastecimento de água – Rio de Janeiro – RJ. 1864 – Primeira cidade com rede de esgoto – Rio de Janeiro – RJ. 1883 – Primeira hidrelétrica (para mineração) – Diamantina – MG. 1889 – Primeira hidrelétrica (para abastecimento público) – Juiz de Fora – MG. 2.3 SÍMBOLOS ADOTADOS E UNIDADES USUAIS As grandezas físicas são comparáveis entre si através de medidas homogêneas, ou seja, referidas à mesma unidade. Os números apenas, sem dimensão de medida, nada informam em termos práticos. As sete grandezas básicas que formam o Sistema Internacional (SI) de Unidades são: comprimento, massa, tempo, intensidade de corrente, temperatura termodinâmica, intensidade luminosa e quantidade de matéria. Quadro 2.1 – Sistema Internacional de Unidades. As unidades derivadas do SI são estabelecidas através de tratamento algébrico ou dimensional das grandezas físicas básicas. GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO Comprimento Metro m Massa Quilograma kg Tempo Segundo s Intensidade de corrente Ampere A Temperatura termodinâmica Kelvin K Intensidade luminosa Candela cd Quantidade de matéria mol mol Apresenta-se a seguir as grandezas mais frequentes, com suas respectivas unidades para os cálculos relacionados com as atividades da hidráulica. Quadro 2.2 – Grandezas relacionadas (SI). 2.4 PROPRIEDADES DOS FLUIDOS Fluidos são substâncias ou corpos cujas moléculas ou partículas têm a propriedade de se mover, umas em relação às outras, sob a ação de forças de mínima grandeza. Os estados físicos da água (sólido, líquido e gasoso) são resultado da maior ou menor proximidade e do arranjo entre as moléculas de água e, portanto, da energia presente em forma de pressão e temperatura. Para passar de um estado físico para outro, a água apresenta uma característica própria, que é a quantidade de calor requerida, sem correspondente variação de temperatura, denominada calor latente de vaporização (líquido vapor) e calor latente de cristalização (sólido líquido). 2.4.1 – Massa específica, densidade e peso específico. A massa de um fluido em uma unidade de volume é denominada densidade absoluta, também conhecida como massa específica (kg/m³). O peso específico de um fluido é o peso da unidade de volume desse fluido (N/m³). Densidade relativa de um material é a relação entre a massa específica desse material e a massa específica de um outro material tomado como base. No caso de líquidos, essa substância normalmente é a água a 3,98ºC. Tratando-se de gases, geralmente adota-se o ar nas CNTP [Condições Normais de Temperatura (20ºC) e pressão (1 atm)]. Em termos práticos, pode-se dizer que a densidade da água é igual à unidade e que sua massa específica é igual a 1kg/litro e seu peso específico é 9,8 N/litro. 2.4.2 Compressibilidade Compressibilidade é a propriedade que tem os corpos de reduzir seus volumes sob a ação de pressões externas. Considerando a lei da conservação da massa, um aumento de pressão corresponde a um aumento de massa específica, ou seja, uma diminuição de volume. Em termos práticos, a compressibilidade da água é considerada apenas no problema de cálculo do golpe de ariete. 2.4.3 Elasticidade Uma propriedade importante de um fluido compressível é o seu módulo de elasticidade volumétrica, que indica como o volume específico varia com a pressão aplicada. Quanto maior o valor do módulo de elasticidade, menos compressível é o fluido. 2.4.4 – Viscosidade/Atrito interno. Líquidos Perfeitos. Atrito Externo Viscosidade/Atrito interno Quando um fluido escoa, verifica-se um movimento relativo entre suas partículas, resultando um atrito entre as mesmas. Atrito interno ou viscosidade é a propriedade dos fluidos responsável pela sua resistência à deformação. De maneira geral, para os líquidos, a viscosidade cai com o aumento da temperatura e para os gases sobe com o aumento da mesma. Líquidos Perfeitos Líquido perfeito ocorre quando consideramos o fluido sem viscosidade e incompressível. Na prática ele não existe, mas em um grande número de casos é prático considerar a água como tal. Um fluido em repouso goza da isotropia, isto é, em torno de um ponto os esforços são iguais em todas as direções. Num fluido em movimento, devido à viscosidade, há anisotropia na distribuição dos esforços. Atrito Externo Chama-se atrito externo à resistência ao deslizamento de fluidos, ao longo de superfícies sólidas. Quando um fluido escoa ao longo de uma superfície sólida, junto à mesma existe sempre uma camada fluida,aderente, que não se movimenta. Nessas condições, deve-se pois entender que o atrito externo é uma consequência da ação de freio exercida por essa camada estacionária sobre as demais partículas em movimento. 2.4.5 – Coesão, adesão e tensão superficial As propriedades de adesão, coesão e tensão superficial são responsáveis pelos conhecidos fenômenos de capilaridade. Coesão: propriedade que permite às partículas fluidas resistirem a pequenos esforços de tensão. Adesão: quando um líquido está em contato com um sólido, a atração exercida pelas moléculas do sólido pode ser maior que a atração existente entre as moléculas do próprio líquido. Tensão superficial: na superfície de um líquido em contato com o ar, há a formação de uma verdadeira película elástica. Isso é devido a atração entre as moléculas do líquido ser maior que a atração exercida pelo ar e ao fato de as moléculas superficiais atraídas para o interior do líquido tenderem a tornar a área da superfície um mínimo. 2.4.6 – Tensão de vapor Dependendo da pressão a que está submetido, um líquido entra em ebulição a determinada temperatura; variando a pressão, varia a temperatura de ebulição. Por exemplo, a água entra em ebulição à temperatura de 100ºC quando a pressão é 1,0332kgf/cm² (1 atm), mas também pode ferver a temperaturas mais baixas se a pressão também for menor.
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