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Fatos Jurídicos e Modos de Aquisição de Direitos

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	 DOS FATOS JURÍDICOS
	Fato Jurídico em sentido amplo é todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito. Certos fatos, em princípio, não têm relevância para o direito. Assim, por exemplo, a queda do fruto de uma árvore. Mas se ele, ao cair, ferir alguém, torna-se um fato jurídico.
	Podem ser classificados em: a) Fatos naturais, ou fatos jurídicos em sentido estrito ( exemplos: o nascimento, a morte, a maioridade, um raio, a seca, etc. ); b) Fatos humanos, ou atos jurídicos em sentido amplo.
	Os atos jurídicos são ações humanas que criam, modificam, ou extinguem direitos. Dividem-se, conforme estejam ou não de acordo com a lei em: a) Lícitos; b) Ilícitos.
	Os atos jurídicos lícitos dividem-se em; a) Negócio jurídico; b) Ato jurídico em sentido estrito; c) Ato-fato jurídico.
	Negócio Jurídico é o ato humano lícito em que a vontade humana visa diretamente alcançar um efeito expressamente previsto na lei. Exemplos: os contratos, o testamento, o casamento, etc.
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	Ato jurídico em sentido estrito é aquele ato humano que alcança um efeito predeterminado em lei. Não decorre de uma ação humana qualificada, mas de uma simples intenção. Exemplos; o reconhecimento de filho, a tradição, a ocupação de uma coisa móvel, etc. Nem tudo que se exige para um negócio jurídico aplica-se a tais atos, como por exemplo a capacidade de fato.
 	Ato-fato jurídico é o ato humano lícito em que não se leva em consideração a vontade de praticá-lo. O efeito não é pretendido, e às vezes, nem previsto pelo agente mas decorre da lei, como a achada casual de um tesouro em terra alheia ( art. 1.264 do CC )
	De todos esses fatos jurídicos, o negócio jurídico é o mais importante para o direito. Pode ser definido como a declaração de vontade privada destinada a produzir efeitos que o agente pretende e o direito reconhece. Exemplo: os contratos, o testamento, o casamento.
Eles têm uma finalidade negocial que abrange a aquisição, conservação,
modificação ou extinção dos direitos. 
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		 DA AQUISIÇÃO DE DIREITOS.
	
	Os modos de aquisição de direitos podem ser divididos sob vários critérios:
	1 - a) Originários – quando a aquisição se dá sem qualquer interferência do titular anterior. Exemplos: A acupação das coisas sem dono ( res nullius ) e das coisas abandonadas ( res derelictae ). 	 	b) Derivados – quando a aquisição se dá pela transferência feita por outra pessoa. O titular anterior passa o direito para o novo, como a compra e venda, a doação, a cessão de direitos hereditários, etc.
	2 - a) Gratuita – quando só o adquirente recebe vantagens, como a doação, o comodato, a sucessão por herança, etc.
	b) Onerosa - quando há uma contraprestação que o adquirente tem de dar, como a compra e venda, a locação, etc. 
	3 – a) A título singular, quando se refere a bens determinados, como a compra e venda.
	b) A título universal, quando se refere a todos os bens ( ou a uma parte ideal ) do transmitente, como no caso do herdeiro.
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	Ainda quando à sua aquisição, os direitos se classificam em:
	a) Direito adquirido ou atual – é aquele já formado e incorporado ao patrimônio de seu titular. Está previsto no art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição do Brasil.
	b) Expectativa de direito – quando existe uma mera possibilidade de se adquirir um direito, como a situação de filho, quanto à herança de seus pais; a esperança de se ganhar o bilhete de loteria comprado, etc. 
	c) Direito eventual – quando há um interesse incompleto mas já protegido pelo ordenamento jurídico. E um direito já concebido mas ainda pendente de concretização, como o exercício do direito de preferência. 
	d) Direito condicional – quando já está constituído, mas depende de uma condição ( acontecimento futuro e incerto ). Exemplo: doação de uma guarda-chuva se chover na proxima semana.
 
	Os negócios jurídicos podem ainda visar a conservação, a modificação ou a extinção de direitos.
	A conservação ocorre quando se procura garantir direitos, como a fiança, a hipoteca, as medidas cautelares processuais ( sequestro, arresto, interpelação ), etc.
 
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	A modificação se dá quando se modifica o direito, como a dação em pagamento.
	A extinção acontece quando o negócio jurídica visa por fim a um direito, como a renúncia, a prescrição, a condição resolutiva, etc.
	 CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
	Os negócios jurídicos classificam-se de várias formas:
	1) Unilaterais – Bilaterais – Plurilaterais.
	a) Unilaterais – São os que se aperfeiçoam com uma única manifestação de vontade, como o testamento, a instituição de uma fundação, a procuração, a renúncia de direitos, a promessa de recompensa, etc. 
	Podem ser receptícios, quando têm de ser tornar conhecidos do outro destinatário ( revogação de mandato ) e não-receptícios, quando não precisam ser conhecidos pela outra parte ( testamento ).
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	b) Bilaterais – São os que se perfazem com duas manifestações de vontade, coincidentes sobre o mesmo objeto. São os acordos de vontade, cujo principal exemplo são os contratos. Pode haver duas ou mais pessoas em cada polo do acordo, como, por exemplo, quando marido e mulher alugam uma casa para dois irmãos; mesmo assim, o negócio será bilateral.
	Podem ser bilaterais simples quando só uma das partes aufere vantagens, enquanto a outra arca com os ônus ( doação e comodato ). Chamam-se bilaterais sinalagmáticos quando as duas partes têm ônus e vantagens recíprocos, estando em pé de igualdade ( compra e venda e locação ).
	c) Plurilaterais – São os contratos que envolvem mais de duas partes, como o contrato de sociedade e os consórcios de bens.
	2) Gratuitos – Onerosos
	a) Gratuitos – São os negócios em que só uma das partes aufere vantagens ou benefícios ( doação, comodato, reconhecimento de filhos ).
	b) Onerosos – São aqueles em que ambas as partes auferem vantagens que correspondem a uma contraprestação (empreitada, locação, compra e 
venda, ).
	
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	Todo contrato oneroso é bilateral, mas nem todo negócio bilateral é oneroso. A doação, por exemplo, é negócio bilateral, mas é gratuito.
	3) Inter vivos – Mortis causa
	a) Inter vivos – São negócios celebrados entre pessoas vivas para produzir efeitos desde logo, com as partes ainda vivas ( contratos, casamento, promessa de recompensa, etc. )
	b) Mortis causa – São negócios feitos para produzir efeitos depois da morte do agente ( testamento, codicilo, doação para depois da morte do doador ).
	
	4) Principais – Acessórios
	a) Principais – São negócios que têm existência própria e não dependem da existência de outro ( compra e venda, locação )
	b) Acessórios – São aqueles que têm sua existência subordinada à do principal ( cláusula penal, fiança, hipoteca, arras )
	5) Solenes ( formais ) – Não solenes ( de forma livre )
	a) Solenes – São os que dependem de uma forma especial para valerem ( testamento, venda de imóvel de valor acima de trinta salários mínimos, fiança )
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	b) Não solenes – São aqueles que de forma livre, pois não precisam obedecer a uma certa forma para valerem, podendo ser até verbal ( locação, comodato ).
	DA INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
	Interpretar um negócio jurídico significa descobrir a verdadeira declaração das partes. Procura-se precisar o sentido e o alcance do conteúdo da declaração de vontade.
	Na nossa lei há alguns artigos de caráter interpretativo, citando-se como exemplos:
	Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
 	Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
 	Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
 
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 ELEMENTOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
	Costuma-se falar em elementos dos negócios jurídicos os requisitosnecessários para sua existência.
	No mundo jurídico, há que se distinguir os requisitos de existência, os de validade e os de eficácia dos negócios jurídicos. Sem os requisitos de existência, o negócio jurídico não nasce, não existe, é um nada jurídico. Muitas vezes, porém, o negócio jurídico existe, mas não vale, sendo considerado nulo ou anulável. Por fim, por vezes, o negócio existe, vale mas não é eficaz, ou seja, não produz ainda os efeitos queridos pelas pessoas.
	Vejamos, primeiro, os requisitos de existência. São três: a)
Declaração de vontade; b) Finalidade negocial; c) Idoneidade do objeto.
	a) Declaração de vontade é a exteriorização do que as partes desejam realizar, não bastando a simples intenção interna. Ela pode ser expressa, tácita ou presumida. É expressa quando se realiza por meio da palavra falada ou escrita, ou de gestos, sinais ou mímica. 
	É tácita quando se revela pelo comportamento do agente 
( exemplos – arts. 1.805 e 1.263 do CC. ).
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	É presumida quando a lei deduz de certos fatos ou comportamen-
to do agente ( exemplos: arts. 539 e 1.807 do CC ).
	Nossa lei trata dos efeitos do silêncio como forma de declaração:
	b) Finalidade negocial é o propósito das partes de adquirir, con- servar, modificar ou extinguir direitos. Sem essa intenção não se pode fa-lar em negócio jurídico.
	c) Idoneidade do objeto significa que o objeto do negócio deve apto a ser considerado para aquele negócio. Assim, para se fazer uma hipoteca o objeto deve ser imóvel, navio ou avião; para haver comodato, o bem deve ser infungível; para haver casamento, os nubentes devem ser de sexos diversos, etc. 
 REQUISITOS DE VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS		 
	Os negócios jurídicos existentes precisão preencher certos requi-sitos para valerem. São também três, como diz o art. 104 do Código Cívil: a) Agente capaz; b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; c) Forma prescrita ou não defesa em lei.
	a) Capacidade do agente – As partes devem ter capacidade de e-xercício para que o negócio valha. Se forem absolutamente incapazes, o 
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negócio jurídico será nulo ( art. 166, I, do CC. ); se forem relativamente incapazes, o negócio jurídico será anulável ( art. 171, I, do CC. ). Essa in-capacidade pode, no entanto, ser suprida pela representação ou assistên-cia. 
	Deve-se também verificar se a lei existe legitimação especial para a prática do ato. ( exemplos: venda de pais a filhos; venda de imóveis de pessoas casadas, etc. )
	b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – Objeto lícito é o que não viola a lei, a moral ou os bons costumes. A possibilida-de pode ser física ( Ex.- Ir até São Paulo em um minuto ) ou jurídica ( ex.- fazer contrato sobre herança de pessoa viva – art. 426 do CC. ). Não pode ser inteiramente indeterminado ( ex.- declarar que está vendendo um ani-mal )
	c) Forma prescrita em lei – Quando a lei prescreve uma certa for-ma, o negócio jurídico será nulo se for feito de outra forma ( art. 166, IV e V. do CC. ). Fala-se então em forma livre e em forma especial ou solene. Às vezes, a lei exige apenas uma forma ( ex.- venda de imóvel de valor acima de 30 salários mínimos deve ser por escritura publica – art. 108 do CC. ). Em outros casos, a lei exige várias formas ( ex.- criar uma fundação – art. 62 do CC. ).
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 DA REPRESENTAÇÃO
	Ocorre a representação quando alguém age em nome de outrem. Quem pratica o negócio jurídico é o representante mas quem fica a ele vinculado é o representado. Constitui verdadeira legitimação para agir em nome e por conta de outrem.
	Divide-se em representação legal e convencional ( ou voluntária ). A legal decorre da lei. A convencional se dá pelo contrato de mandato. A procuração é o instrumento ( o papel ) do mandato.
	Há três espécies de representantes: Legais, Judiciais e Conven-cionais. Os primeiros são os pais, tutores e curadores, que representam as pessoas incapazes. Os judiciais são aqueles nomeados pelos juízes nos processos legais, tais como o síndico e o inventariante. Os conven- cionais são os procuradores nomeados no contrato de mandato.
	A principal regra da representação é que o negócio jurídico prati-cado pelo representante produz efeitos em relação ao representado ( art. 116 do CC. ). Daí surgem várias consequências: Os efeitos do negócio repercutem na esfera jurídica do representado; os direitos e deveres do negócio são do representado; o representante é estranho ao negócio pra-ticado, etc.
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