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Apostila de Bens e Negócios Jurídicos

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1
DIREITO CIVIL I - PARTE GERAL
Pessoas – Sujeitos do direito
Bens – Objeto do direito
Fatos Jurídicos – relação que se estabelece entre as pessoas e que tem por objeto um bem.
BENS – OBJETO DO DIREITO
CONCEITO:
Bens – Segundo AGOSTINHO ALVIM, bens “São coisas materiais ou imateriais que tem valor
econômico e que podem servir de objeto a uma relação jurídica”.
– SÃO PASSÍVEIS DE APROPRIAÇÃO
– ABRANGE TODAS AS COISAS QUE NÃO TEM PERSONALIDADE.
OBS: Existe uma intensa polêmica acerca da diferenciação entre bens e coisas, uma vez que as
distinções não possuem unanimidade entre os doutrinadores e que a própria legislação não se
preocupou em distinguir bens de coisas.
Parte da doutrina entende que bem é o gênero, e coisa a espécie, para outra parte é o inverso, ou
seja, coisa é gênero e bem é espécie.
TEXTOS COMPLEMENTARES
- LEITE, Gisele. Considerações sobre bens na Teoria Geral do Direito Civil. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 5,
no 200. Disponível nos sites:
- <http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=1606>
- <http://www.ambito-juridico.com.br/pdfsGerados/artigos/1274.pdf>
Coisa – é usada para designar bens úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de
apropriação.
– res nullius (coisa sem dono), porque nunca foram apropriadas. Acham-se à disposição de quem
as encontrar e se apropriar. Para fins ambientais, a apropriação pode ser regulamentada. Ex: peixe
em alto mar, animais de caça, etc.
– res derelicta (coisa móvel abandonada), aqui a coisa já foi objeto de relação jurídica, mas foi
descartada pelo o seu titular com a intenção de abandona-la. Uma vez abandonada, a coisa poderá
ser apropriada por qualquer pessoa.
Patrimônio – constitui o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa.
É ÚNICO E SE ENCONTRA LIGADO À PESSOA
Importância: CRÉDITO – SUCESSÕES – TUTELA – RESPONSABILIDADE CIVIL
TEORIA DA AFETAÇÃO
Profa. Francesca Cosenza
http://www.ambito-juridico.com.br/pdfsGerados/artigos/1274.pdf
2
O patrimônio da pessoa é único, contudo, nada impede que parcela dos bens desse patrimônio seja
destacada para atender a uma finalidade específica, constituindo uma categoria diferenciada dentro
do patrimônio. Ex: hipoteca
TEORIA DO PATRIMÔNIO MÍNIMO
Intrinsecamente ligada ao princípio da dignidade humana, a teoria do patrimônio mínimo visa
garantir à pessoa recursos mínimos, sem os quais viveria abaixo do limite da dignidade tolerável à
pessoa humana. Através dessa teoria, toda pessoa tem direito ao domínio de bens materiais
mínimos que tornem possível a sua sobrevivência digna.
Ex: bem de família (arts. 1711 a 1722); imóvel residencial (Lei 8009/90), etc.
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS:
I) Bens considerados em si mesmos:
1) corpóreos: são aqueles que possuem existência física ou material e podem ser tocados
pelo homem;
2) incorpóreos: são aqueles que possuem existência abstrata, mas que são dotados de valor
econômico (ex. direito autoral, direito de crédito, sucessão aberta);
3) móveis: são aqueles que possuem movimento próprio ou que podem ser movidos e
transportados por força alheia.
Podem ser móveis:
- por natureza – aqueles que podem ser removidos sem dano;
- por determinação legal (art. 83/84):
o energias que tenham valor econômico (eletricidade);
o dir. reais sobre coisas móveis e ações respectivas (penhor, uso, usufruto, etc.).
o dir. pessoais de caráter patrimonial e ações respectivas (dir. autorais,
intelectuais, créditos, fundo de comércio, etc.).
o materiais destinados à construção enquanto não empregados e os de
demolição não reempregados na construção de origem.
- por antecipação - são aqueles que foram incorporados ao solo com a intenção de serem
separado oportunamente, convertendo-se em bens móveis (cana-de-açúcar).
4) imóveis: aqueles que não podem ser removidas de um lugar para o outro sem destruição.
Podem ser imóveis:
- por natureza (art. 78/81) ex.: solo;
- Por acessão natural: árvores, plantas (com ou sem labor humano).
Profa. Francesca Cosenza
3
- por acessão artificial: edificações
OBS: Acessão: significa justaposição ou aderência de uma coisa a outra
- por disposição legal (art. 80/81);
o dir. reais sobre imóveis e respectivas ações: propriedade, servidões, usufrutos,
etc. art. 1225 – exceto VIII / penhor.
o dir. à sucessão aberta (ex: inventário)
o edificações que mesmo separadas do solo conservam a sua unidade se
removidas a outro local. Ex: casas pré-fabricadas
o materiais separados de um prédio para reutilização posterior no mesmo
imóvel.
5) semoventes: aqueles bens móveis que possuem movimento próprio, ex: os animais;
6) fungíveis: são aqueles que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade;
A FUNGIBILIDADE É CARACTERÍSTICA DE BENS MÓVEIS.
7) infungíveis: são aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade, pois possuem valor pela individualidade;
obs: no mútuo os bens são fungíveis e no comodato são infungíveis.
8) Consumíveis - bens móveis que se extinguem quando usados conforme a sua finalidade.
Ex: alimentos; dinheiro, bens móveis situados no comércio;
9) Inconsumíveis: são aqueles que não se extinguem quando usados conforme a sua
finalidade. Possuem natureza durável. Ex: jóias, eletrodomésticos, caneta, etc.
VIA DE REGRA: OS BENS CONSUMÍVEIS SÃO TAMBÉM FUNGÍVEIS.
BENS FUNGÍVEIS: são identificados por seu gênero, e este é imperecível;
BENS CONSUMÍVEIS: são, por natureza, perecíveis.
10) Divisíveis: bens que possuem homogeneidade em toda a sua extensão, comportando
fracionamento sem a perda de sua funcionalidade ou alteração de sua substância. Após a divisão,
cada fração forma um todo perfeito. Ex. corte de tecido, cereais, etc.
11) Indivisíveis: bens que não comportam divisão sem a perda da funcionalidade, alteração de
sua substância ou diminuição significativa de seu valor. Ex. cavalo, casa, telefone, etc.
A INDIVISIBILIDADE DO BEM PODE OCORRER:
- Apenas por natureza física: a própria natureza impede a divisão do bem. Ex: cavalo;
Profa. Francesca Cosenza
4
- Por força de lei: a indivisibilidade resulta de previsão legal. Ex: servidão, hipoteca.
- Por vontade das partes: a indivisibilidade resulta de acordo de vontade das partes,
geralmente ocorre quando implica em diminuição considerável do valor do bem. Ex. lotes
12) Singulares: são aqueles bens que constituem uma unidade física independente, existem
de per si, ou seja, são bens individualizados. Ex. livros, roupas, calçados...
Podem ser: (a lei não faz essa distinção)
- Simples: são aquelas cujas partes integrantes acham-se ligadas pela própria natureza
(coesão natural). Ex: a árvore, o livro, animal, etc.
- Compostos: são aqueles cujas partes integrantes se encontram ligadas artificialmente pelo
homem (coesão artificial). Ex. automóvel, construção, etc.
- Materiais: são as coisas corpóreas, que possuem existência física. Ex. livro.
- Imateriais: são as incorpóreas, que possuem existência abstrata. Ex. direito autoral.
13) Coletivos: correspondem ao conjunto de bens que se encontram agregados num todo, ou
seja, conjunto de bens reunidos em coletividade. Ex: biblioteca, rebanho.
Os bens coletivos, também são chamados de:
- universalidade de fato: conjunto de bens que se encontram agrupados pela vontade do
titular. ex: rebanho, biblioteca, etc.
- universalidade de direito: conjunto de bens agregados a um todo, que possuem caráter
unitário por atribuição legal. ex: herança, patrimônio, fundo de comércio.
14) Bens individuais ou determinados: são bens certos, individualizados e perfeitamente
identificados. Ex. a minha casa, o meu cachorro, os livros daquela estante, etc.
15) Bens incertos, indeterminados ou genéricos: são os bens que não foram
individualizados, foram identificados apenas pelo gênero e quantidade. Ex. um cavalo, dois carros,
etc.
16) Bens presentes: são aqueles que existem no momento da celebração do negócio jurídico,
são certos, determinados e integram o patrimônio de alguém.
17) Bensfuturos: são aqueles que não existem no momento da celebração do negócio
jurídico, por tal razão não foram individualizados e, caso já existam, ainda não integram o patrimônio
do negociante.
II) Bens reciprocamente considerados
1) principais: são aqueles que possuem existência própria, que existem por si só.
2) acessórios: são aqueles cuja existência depende do bem principal. Decorrem de outro bem e,
salvo disposição em contrário, seguem o principal.
Dentre os bens acessórios, temos:
Profa. Francesca Cosenza
5
a) produtos: são utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade porque não se
reproduzem periodicamente (ex. pedras, metais).
b) frutos: são as utilidades que uma coisa periodicamente produz, nascem e renascem da coisa,
sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. Ex: frutas, rendas.
O frutos se dividem em:
- naturais: são aqueles frutos capazes de se desenvolver periodicamente, renovando-se em virtude
da força orgânica da própria natureza (ex. frutas das árvores, cria dos animais),
- industriais: são os frutos que se produzem pela ação do homem sobre a natureza (ex. produção
de uma fábrica)
- civis: constituem as rendas produzidas pela coisa, em virtude de sua utilização por outrem que
não o proprietário (ex. juros, aluguéis),
- pendentes: são aqueles que se encontram unidos à coisa, ou seja, que ainda não foram colhidos;
- percebidos ou colhidos: são aqueles que já foram colhidos ou separados da coisa;
- estantes: são aqueles que já foram separados e se encontram armazenados para a venda,
- percipiendos: são aqueles que deveriam ser colhidos, mas não foram;
- consumidos: são aqueles que foram colhidos e consumidos. Desapareceram porque foram
utilizados.
c) benfeitorias: consistem em obras ou despesas feitas em coisa já existente.
As Benfeitorias podem ser:
- necessárias: são aquelas cuja finalidade é a de conservar a coisa ou evitar que se deteriore. Ex:
reforma de telhado.
- úteis: são aquelas que aumentam ou facilitam o uso da coisa. Ex. acréscimo de uma garagem;
- voluptuárias: não possuem a finalidade de conservar a coisa nem aumentam o seu uso habitual,
ainda que a torne mais agradável ou sejam de elevado valor. As benfeitorias voluptuárias são
aquelas consideradas de mero deleite ou recreio.
d) partes integrantes: são acessórios que, quanto unidos ao bem principal, formam um todo.
São desprovidas de existência material própria, contudo mantém sua identidade . Por exemplo,
1
o motor de um carro.
- essenciais: são aquelas que são consideradas indispensáveis para que a coisa exista
conforme a sua natureza. Ex. motor do carro
1 GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume I: parte geral// Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho. São Paulo: Saraiva. Pág. 274.
Profa. Francesca Cosenza
6
- não-essenciais: são aquelas que não são indispensáveis, pois sem elas o bem
mantém suas características e funcionalidade. Ex. moldura de quadro
- separáveis: são aquelas que podem ser separadas sem prejuízo das características do
bem. Ex. antenas de TV.
- inseparáveis: são aquelas que não podem ser separadas sem prejuízo das
características do bem. Ex. encadernação de um livro.
e) pertenças: segundo o art. 93 do CC, pertenças “são os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento do
outro”.
TEXTO COMPLEMENTAR:
PEREIRA, Fernando Simão. O acessório segue a sorte do principal no sistema do novo Código Civil? - Disponível em
03/03/09, no site: http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=6367
III) Bens quanto ao titular do domínio
1) públicos: constituem os bens do domínio nacional, pertencentes à União, Estado, Município,
DF.
Dividem-se em:
a) bens de uso comum do povo: são aqueles que podem se utilizados por qualquer um do povo
sem formalidades. O seu uso pode ser ou não oneroso. Ex. mares, ruas, estradas, praças, etc. NÃO
PODEM SER ALIENADOS.
b) bens de uso especial: são aqueles que se destinam especialmente à execução dos serviços
públicos. São utilizados exclusivamente pelo Poder Público. Ex. repartições públicas, escolas, etc.
NÃO PODEM SER ALIENADOS.
c) bens dominicais ou dominiais: são aqueles que não são os bens de uso comum do povo,
tampouco bens de uso especial, pois não possuem nenhuma destinação específica. Contudo,
constituem o patrimônio disponível da União, dos Estados e dos Municípios – art. 66, III, servindo de
finalidade social e ambiental da administração pública. PODEM SER ALIENADOS de acordo com
lei específica.
2) particulares: são definidos por exclusão, ou seja, são todos os bens que não constituem o
patrimônio público, independentemente da pessoa a quem pertencer.
obs: Os bens de uso comum do povo e os de uso especial apresentam a característica da
inalienabilidade e, como conseqüência desta, a imprescritibilidade, a impenhorabilidade e a
impossibilidade de oneração.
A inalienabilidade dos bens públicos não é absoluta, pois se o bem for suscetível de
valoração patrimonial pode perder a característica da inalienabilidade pela desafetação,
Profa. Francesca Cosenza
http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=6367
http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=6367
http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=6367
7
tornando-se bens dominicais, tornando-se passíveis de alienação na forma da lei. Nesse
diapasão, os bens dominicais também podem se tornar inalienáveis pela afetação.
De acordo com o autor Marcus Vinícius Corrêa Bittencourt, afetação significa: “conferir uma
destinação pública a um determinado bem, caracterizando-o como bem de uso comum do
povo ou bem de uso especial, por meio de lei ou ato administrativo”.
2
Deste modo, a desafetação se define pela perda da destinação pública de um bem de uso
comum ou de uso especial para caracterizá-lo como bem dominical, visto que somente os
bens dominicais podem ser alienados, pois não tem destinação específica.
3
IV) Bens quanto a possibilidade de serem ou não comercializados
1) Bens no comércio: são aqueles que podem ser livremente negociados;
2) Bens fora do comércio: são as coisas insuscetíveis de apropriação e as legalmente inalienáveis
– art. 69
Bens fora do comércio podem ser:
- as coisas naturalmente indisponíveis: aquelas que se encontram insuscetíveis de apropriação pelo
homem. ex. ar, água do mar.
- as legalmente indisponíveis: aqueles bens públicos de uso comum e de uso especial. Ex. os bens
de incapazes.
- e as indisponíveis pela vontade humana: tornadas indisponíveis pela vontade humana. Ex:
deixadas em testamento ou doadas com cláusula de inalienabilidade.
- bens reservados: Bens pertencentes unicamente à mulher, adquiridos com o produto do seu
trabalho, que, pelo art. 246 do Código Civil de 1916, se excluíam da comunhão.
A Constituição Federal de 1988, que estabeleceu isonomia de tratamento entre homens e
mulheres, e igualando os direitos e deveres entre os cônjuges, revogou tacitamente o citado
artigo do antigo diploma civil, caindo em desuso a proteção especial que gozavam os bens
adquiridos pelo produto do trabalho das mulheres.
Ressalte-se que, não restam mais dúvidas acerca da revogação do citado dispositivo face a
promulgação do Código Civil atual que não prevê mais tal benefício à mulher casada.
- bens dotais: são aqueles que constituem o dote, administrados pelo marido, para o sustento do
casal. Em desuso.
O Código Civil atual, muito embora não proíba, não mais prevê o regime dotal de bens.
- bens parafernais: são os bens particulares da mulher, não incluídos no dote.
3 idem.
2 PEREIRA, Guilherme Marcelino. Afetação e Desafetação – Disponível no site:
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1470 - Acesso em 11/02/2009.
Profa. Francesca Cosenza
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1470
8
Encontrava-se previsto no art. 310 do Código Civil de 1916. Atualmente não encontra
previsão legal, visto que no CódigoCivil de 2002, deixou de disciplinar o regime dotal de
bens.
- bem de família: considera-se bem de família aquele imóvel próprio do casal, ou da entidade
familiar, destinado à moradia.
O bem de família pode ser:
a) voluntário: são aqueles que decorrem de ato de vontade de seu titular, através de escritura
pública ou testamento, averbado no Registro do Imóvel. Encontra previsão nos art. 1711 a 1722 do
Código Civil de 2002. Como bem de família voluntário, o patrimônio afetado gozará dos efeitos da
impenhorabilidade por dívidas posteriores à sua instituição, contraídas pelo titular do bem, salvo
aquelas previstas no art. 1.715 do C.C.
Quem pode instituir o bem de família:
- O casal;
- Os companheiros;
- Terceiros, através de testamento ou escritura de doação.
Limitação legal:
- Não pode haver instituição de bem de família superior a 1/3 do patrimônio total familiar, à
época da instituição.
- Abrange não só os bens imóveis como também as suas pertenças, acessórios, valores
mobiliários desde que sejam destinados ao sustento da família ou do domicílio familiar (art. 1.712
CC).
Impenhorabilidade
A impenhorabilidade é limitada, pois se aplica à todas as dívidas adquiridas posteriormente à
instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
(art. 1715 do CC)
Inalienabilidade
A inalienabilidade é relativa, ou seja, poderá haver alienação em caráter excepcional, através de
pedido judicial, fundamentado e comprovado, a pedido dos interessados ou de seus representantes
legais nos casos que envolvam incapazes, com oitiva do MP.
Art. 1.719 CC. Permite a extinção ou sub-rogação a pedido do interessado se o juiz entender que a
medida pe necessária à mantença da família.
Administração
Profa. Francesca Cosenza
9
A administração do bem de família cabe aos cônjuges ou companheiros, na falta ou impossibilidade
caberá ao filho mais velho, se capaz ou ao tutor se incapaz. Podendo ser administrado por
instituição financeira por ato de vontade do instituidor, quando se tratar de valores mobiliários.
Extinção do Bem de Família
Extingue-se o bem de família a requerimento dos interessados (art. 1.719 CC.) com a morte do
casal, após a maioridade de todos os filhos (arts. 1.721 e 1722 do CC.).
OBS. A separação e/ou o divórcio não extinguem o bem de família, assim como não se
extinguirá se com a morte dos pais, sobrevier filho submetido à curatela.
b) legal: é aquele que decorre de determinação legal, previsto pela Lei 8.009/90, que estabeleceu,
independente de qualquer ato ou providência dos interessados, a impenhorabilidade geral de todas
as moradias familiares próprias, não permitindo que tais bens respondam por qualquer tipo de
dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, salvo aquelas expressamente
previstas em seu art. 3.
Limitação legal:
Como não depende de ato de vontade do titular do direito, o bem de família legal, também chamado
de imóvel residencial, incidirá apenas sobre o imóvel residencial próprio do casal ou da entidade
familiar, no caso de vários imóveis destinados à residência, recairá sobre o de menor valor (art. 1 e
parágrafo único do art. 5 Lei 8009/90).
Compreende não só o imóvel como também às plantações, benfeitorias de qualquer natureza e
todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, ou seja,
aos bens móveis que se destinam ao necessário a uma vida familiar digna, sem luxo,
estendendo-se aos jazigos familiares. (parágrafo único do art. 1 Lei 8009/90).
Protege o locatário e, por analogia, ao comodatário, ao usufrutuário e ao promitente comprador, que
não possuem a propriedade do imóvel em que residem, quanto aos bens móveis que guarnecem a
residência (parágrafo único do art. 2 Lei 8009/90).
Impenhorabilidade
A impenhorabilidade é limitada, pois aplica-se à todas as dívidas civis, comerciais, fiscais,
previdenciárias, ou outras, salvo:
- dividas adquiridas em razão dos créditos trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores da
própria residência;
- dívidas de financiamentos destinados à construção ou aquisição do imóvel;
- dívidas referentes à pensão alimentícia;
- dívidas de IPTU e de Condomínio;
- hipoteca sobre o imóvel oferecido pelo casal como garantia real;
- por obrigação decorrente de fiança em contrato de locação;
Profa. Francesca Cosenza
10
- se tiver sido adquirido como produto de crime.
Inalienabilidade
Não há inalienabilidade, podendo ser vendido livremente conforme a vontade de seus titulares.
Administração
Conforme a Constituição Federal, a administração do bem de família cabe aos cônjuges,
companheiros, ou o pai ou a mãe nos casos de família monoparental.
Extinção do Bem de Família Legal
Extingue o bem de família legal com a morte do casal, não se estendendo aos filhos, mesmo se
houver algum filho submetido à curatela. (Ler texto complementar)
TEXTOS COMPLEMENTARES:
PEREIRA, Fernando Simão. A hipoteca e bem de família: a garantia sobrevive incólume aos novos princípios? Memes,
29 dez. 2004. Disponível em: <http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=1191>
FERREIRA, Gecivaldo Vasconcelos. A impenhorabilidade do imóvel residencial do devedor. Jus Navigandi, Teresina,
ano 9, n. 744, 18 jul. 2005. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7019>
EXERCÍCIOS – BENS:
1. (OAB/SP - 136) Os bens jurídicos que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro são classificados como:
a) Acessórios;
b) Pertenças;
c) imóveis por acessão física;
d) imóveis por acessão industrial.
2) (OAB/DF - 2006.3) Pela classificação dos bens é correto afirmar:
Profa. Francesca Cosenza
http://www.memesjuridico.com.br/jportal/portal.jsf?post=1191
11
a) bens indivisíveis são aqueles que apesar de sua alteração na substância não sofrem prejuízo no
uso da coisa;
b) singulares são os bens que, quando servidos, se consideram de per si, independentemente dos
demais;
c) principais e acessórios são categorias de bens considerados em si mesmos;
d) consideram-se imóveis para efeitos legais, dentre outros, o direito à sucessão aberta.
3) (Magistratura/DF - 2003) Consideram-se bens móveis para efeitos legais:
a) os direitos reais sobre imóveis.
b) as energias que tenham valor econômico.
c) o direito à sucessão aberta.
d) os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
4) (OAB/ES - CESPE UnB 2004) Acerca dos bens, assinale a opção incorreta.
a) Se, no contrato de compra e venda de um imóvel rural, nada se dispuser sobre o destino dos bens
móveis que servem aos fins do imóvel, deve-se entender que esses bens não foram objeto da
negociação.
b) Os produtos de uma exploração do solo são bens acessórios e, não obstante não terem existência
própria, podem ser objeto de ato negocial por vontade das partes ou por circunstâncias do próprio
negócio.
c) O direito à sucessão aberta é um bem incorpóreo considerado por lei como imóvel para que possa
receber proteção jurídica.
d) São fungíveis os bens que, por sua qualidade individual, têm valor especial e não podem ser
substituídos sem que haja alteração de seu conteúdo.
5) (OAB/Unificados – CESPE UnB 2008.3) De acordo com o disposto no Código Civil a respeito dos
bens assinale a opção correta:
a) Algumas espécies de bens imóveis podem ser fungíveis;
b) Pertenças são obras feitas na coisa ou despesas que se teve com ela, com o fim de conservá-la,
melhorá-la ou embelezá-la;
c) Algumas espécies de bens imóveis podem ser fungíveis;
d) Para os efeitos legais, considera-se bem imóvel o direito à sucessão aberta;
6) (TRF/1ª REGIÃO - Dezembro/2006)De acordo com a classificação dos bens adotada pelo Código
Civil brasileiro, é correto afirmar que:
a) os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei, mas não por
vontade das partes.
b) o direito à sucessão aberta é considerado bem móvel para osefeitos legais, havendo, expressa
determinação legal neste sentido.
c) são infungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e
quantidade.
d) são singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos
demais.
7) (TRT/RS - Maio/2004) Consideram-se, dentre outros, bens imóveis para os efeitos legais:
a) tijolos, azulejos e pisos provenientes da demolição de algum prédio.
b) telhas provisoriamente retiradas de um prédio para nele se reempregarem.
Profa. Francesca Cosenza
12
c) energias que tenham valor econômico.
d) direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
8) (TJ/GO - Juiz Estadual - Agosto/2007)O direito de retenção por benfeitorias poderá ser exercido
pelo possuidor de boa fé:
a) para a indenização das benfeitorias úteis e necessárias.
b) apenas para a indenização das benfeitorias necessárias.
c) para a indenização de qualquer tipo de benfeitorias.
d) apenas para a indenização das benfeitorias úteis.
9) (TJ/SE - Analista Judiciário - 2004) Quanto às diferentes classes de bens, assinale a alternativa
correta.
a) Um lote de terreno pode ser considerado bem materialmente divisível, mas pode tornar- se
indivisível, caso seja hipotecado, devido à indivisibilidade da garantia real estipulada.
b) A energia elétrica, por ter valor econômico, é considerada bem imóvel para os efeitos legais.
c) As pertenças são bens que, constituindo parte integrante, se destinam à pessoa e não à coisa.
d) Quanto à utilização dos bens públicos de uso comum do povo, é certo que não se pode estabelecer
retribuição.
10) (TJ/PI - Juiz Estadual - Outubro/2007) Com relação aos bens, julgue os itens a seguir.
I. Os bens móveis fungíveis podem ser objeto dos contratos de mútuo, por serem passíveis de substituição
por outro bem da mesma espécie, qualidade e quantidade, seja por vontade das partes ou por serem
naturalmente fungíveis.
II. São bens imóveis por natureza o solo e tudo aquilo que é a ele aderente em estado de natureza, isto é, o
que não é resultante do trabalho da cultura do homem. São bens imóveis por acessão física as árvores
destinadas ao corte, os arbustos, as sementes lançadas à terra ou qualquer planta fixada ao solo pelas
raízes, cuja existência resulta da ação do homem.
III. Os frutos e os produtos são considerados bens acessórios, que advêm do bem principal. A percepção dos
frutos não causa a destruição da coisa principal, mas a percepção ou extração dos produtos diminui a
existência e a substância do bem principal. As pertenças também são bens acessórios, sendo que elas não
são partes integrantes do bem principal, mas o embelezam ou lhe são úteis.
IV. Denomina-se bem de família voluntário o único bem que a família possuir e nele residir. Esse bem é
inalienável e impenhorável, independentemente de qualquer registro, e não responderá por qualquer dívida,
por ser coisa fora do comércio. Entretanto, a família pode renunciar a essa proteção ao bem, bastando, para
isso, indicá-lo para penhora em ação de execução.
V. A alienação dos bens públicos de uso comum do povo e dos de uso especial dependerá de prévia
alteração de sua natureza jurídica, segundo lei específica. Assim, os bens públicos suscetíveis de valoração
patrimonial podem perder a inalienabilidade que lhes é peculiar, pelo instituto da desafetação.
Estão certos apenas os itens
a) I, II e IV.
b) I, III e V.
c) I, IV e V.
Profa. Francesca Cosenza
13
d) II, III e IV.
AQUISIÇÃO DE DIREITOS
I) Expectativa de Direitos
Consiste em uma mera possibilidade de aquisição de direitos. O direito ainda não foi incorporado
ao patrimônio da pessoa.
- NÃO HÁ AMPARO LEGAL
Ex.: tratativas pré-contratuais
II) Direito Eventual
Consiste na aquisição incompleta de bens ou direitos por não terem sido realizados todos os
elementos básicos exigidos pela norma jurídica.
- AMPARADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO (art. 130 CC)
Ex.: direito à sucessão legítima.
III) Direito Condicional
Consiste em direito condicionado à evento futuro e incerto.
Ex.: promessa de cessão de direitos autorais conforme a repercussão da obra, promessa de venda
de excedentes agrícolas, etc.
AQUISIÇÃO, conforme os parâmetros, pode ser:
I) ORIGINÁRIA: é aquela que ocorre de forma direta, sem interposição ou interferência de
outrem. Ex: usucapião.
II) DERIVADA: é aquela que ocorre precedida de outra relação jurídica. Ex: compra e venda
de imóvel.
III) GRATUITA:sem qualquer ônus.
IV) ONEROSA: que ocorre mediante contraprestação.
V) A TÍTULO UNIVERSAL: ocorre quando o novo titular substitui o titular anterior na totalidade
dos poderes sobre a coisa, como acontece na condição de herdeiro.
VI) A TÍTULO SINGULAR: ocorre quando o novo titular substitui o titular anterior apenas em
uma ou em determinadas coisas, certas e individualizadas, como acontece na condição de
legatário.
Profa. Francesca Cosenza
14
VII) SIMPLES: ocorre quando o fato gerador se constitui em um único ato. Ex. Compra de
objetos móveis.
VIII) COMPLEXA: ocorre através de uma sucessividade ou simultaneidade de atos. Ex. compra
e venda de imóveis.
MODIFICAÇÃO DE DIREITOS
I) OBJETIVA: corresponde à modificação do objeto das relações jurídicas.
Ex. modificação da quantidade ou da qualidade do objeto.
II) SUBJETIVA: corresponde à modificação do sujeito da relação jurídica.
Ex. substituição, multiplicação ou concentração de sujeitos.
CONSERVAÇÃO DE DIREITOS
I) ATOS DE CONSERVAÇÃO: são aqueles atos praticados pelo titular do direito para evitar o
perecimento, turbação ou esbulho. Ex. Medidas e Ações Cautelares
II) ATOS DE DEFESA DO DIREITO LESADO: são aqueles que visam a defesa ou
conservação do direito lesado.
III) ATOS DE DEFESA PREVENTIVA: atos praticados antes da violação diante da ameaça
evidente. Ex. interdito proibitório, cláusula penal, arras, fiança, multa, etc.
IV) AUTOTUTELA: desforço incontinenti (art. 1.210, § 1º do CC).
EXTINÇÃO DE DIREITOS
Relação meramente exemplificativa.
· PERECIMENTO – consiste na perda ou extinção do direito;
· ALIENAÇÃO – transferência do direito por compra e venda;
· RENÚNCIA – ato de abdicação do direito;
· ABANDONO
· FALECIMENTO DO TITULAR
· DECADÊNCIA – perda do direito pelo decurso de tempo;
· CONFUSÃO – consiste na reunião das qualidades de credor e devedor em uma mesma
pessoa;
· ABOLIÇÃO DE UM INSTITUTO JURÍDICO – extinção de um direito;
· IMPLEMENTO DE CONDIÇÃO RESOLUTIVA
· APARECIMENTO DE DIREITO INCOMPATÍVEL COM O DIREITO EXISTENTE QUE O
SUPLANTA.
FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO
Correspondem a todo acontecimento NATURAL ou HUMANO capaz de CONSTITUIR, MODIFICAR,
CONSERVAR ou EXTINGUIR DIREITOS e OBRIGAÇÕES na órbita jurídica.
Profa. Francesca Cosenza
15
Para Caio Mário: Fato Jurídico em sentido amplo corresponde a “todo acontecimento em virtude do
qual começam ou terminam as relações jurídicas”.
4
CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO AMPLO
FATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO, “STRICTO SENSU”:
Correspondem a todos os acontecimentos produzidos EXCLUSIVAMENTE pela força da
NATUREZA, que produzem conseqüências jurídicas.
Ex: doenças que geram a aposentadoria. A doença é um fato natural, mas ao gerar o direito à
aposentadoria provoca a conseqüência jurídica do direito previdenciário, tornando-se um fato
jurídico;
- nascimento;
- chuva de granizo que provoca a destruição de bens segurados; etc.
Os fatos Jurídicos Naturais se dividem em:
- Ordinários – correspondem aos fatos jurídicos naturais previsíveis. ex.: nascimento, morte;
- Extraordinários – correspondem aos fatos jurídicos naturais imprevisíveis. ex. terremoto,
tempestade, caso fortuito e força maior.
ATOS HUMANOS
Correspondem aos acontecimentos praticados por ato humano.
Os Fatos Humanos se dividem em:
- lícitos – são atos praticados de acordo com a lei, ou seja, aqueles a que a lei defere os
efeitos almejados pelo agente;
- ilícitos – aqueles praticados em desacordo com o ordenamento jurídico. Embora
repercutam na esfera do direito,produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por este
ordenamento.
ATOS JURÍDICOS EM SENTIDO AMPLO
Divide-se em:
I) ATO JURÍDICO “STRICTO SENSU” (art. 185 CC)
4 . GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume I: parte geral// Pablo Stolze
Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho. São Paulo: Saraiva. Pág.293.
Profa. Francesca Cosenza
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Corresponde à exteriorização da vontade, ou seja, da ação humana, voluntária e lícita, praticada
com a intenção de obter um resultado jurídico, ou seja, formando, modificando, conservando ou
extinguindo direitos.
Traduzem simples comportamentos humanos, diferente do que ocorre nas manifestações
declarativas de vontade, formadoras do negócio jurídico.
Tratam-se de atos que correspondem a uma determinada conseqüência prevista na lei.
Ex: ocupação, caça, pesca, edificação.
Dividem-se em:
1) Atos materiais (reais): consistem na simples atuação humana, baseada em uma vontade
consciente tendente a produzir os efeitos jurídicos previstos em lei. Os efeitos se produzem por
força da lei, independentemente do querer do agente.
Ex. ocupação, fixação de domicílio, despedida sem justa causa de empregado, etc.
2) Participações: consistem em atos de mera comunicação, destinados a determinado destinatário,
sem conteúdo negocial.
Ex: intimação, notificação, oposição, aviso, confissão.
3) Negócios de atuação: são atos praticados para a consecução de um efeito jurídico.
Ex. aceitação tácita da herança, revogação de testamento.
II) ATO-FATO JURÍDICO
Compreende um FATO JURÍDICO qualificado pela atuação humana.
Para o Ato-Fato Jurídico o ato humano é realmente da substância desse fato jurídico, mas não
importa para a norma se houve, ou não a intenção de praticá-lo.
Os Atos-Fatos Jurídicos dividem-se em:
I) Atos Reais: correspondem aos atos humanos que resultam circunstâncias fáticas, geralmente
irremovíveis.
Ex: descoberta de um tesouro e a especificação.
II) Atos-Fatos Jurídicos Indenizatórios: correspondem às situações onde um ato humano lícito
provoca um prejuízo a terceiros, gerando o dever de indenizar.
Ex. deterioração ou destruição de coisa alheia para remover perigo iminente.
III) Atos-Fatos Jurídicos Caducificantes: correspondem às situações que, dependentes de atos
humanos, constituem fatos jurídicos, cujos efeitos consistem na extinção de determinado direito e,
por conseqüência, da pretensão, da ação e da exceção dele decorrentes.
Profa. Francesca Cosenza
17
Ex. Decadência e Prescrição.
III) NEGÓCIO JURÍDICO
O negócio jurídico consiste em toda manifestação de vontade capaz de produzir efeitos jurídicos
(criar, modificar, conservar ou extinguir direitos ou relações jurídicas).
- os efeitos do negócio jurídico são previamente instituídos pelas normas de direito
- os meios para a realização destes efeitos estão sujeitos à livre negociação
Ex. contratos.
Podem envolver uma ou mais vontades.
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS – Rol exemplificativo
I) quanto à manifestação de vontade:
1) unilaterais: são os que se aperfeiçoam com uma única manifestação de vontade (ex.
testamento).
2) bilaterais: são os que se perfazem com duas manifestações de vontades, coincidentes sobre o
objeto, exige consentimento mútuo, acordo de vontades (ex. contratos em geral)
3) plurilaterais: são os contratos que envolvem mais de duas partes, tendo no mínimo 2 (duas)
vontades paralelas (ex. contrato de sociedade com mais de dois sócios)
II) Quanto ao exercício de direitos:
4) Negócios de disposição: são aqueles que permitem ao agente amplos direitos, inclusive o de
disposição por venda, doação, etc.
5) Negócios de administração: são aqueles que apenas permitem a mera administração e/ou uso.
III) quanto às vantagens que produz:
6) gratuitos: são aqueles em que só uma das partes aufere vantagens ou benefícios (ex. doação
pura)
7) onerosos: ambos os contratantes auferem vantagens, às quais, porém, corresponde uma
contraprestação (ex. compra e venda, locação)
8) neutros: quando falta ao negócio atribuição patrimonial.
(ex. instituição do bem de família)
9) bifrontes: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, segundo a vontade das partes
(ex. mútuo, mandato, depósito)
Profa. Francesca Cosenza
18
IV) quanto ao tempo que produzem seus efeitos
10) inter vivos: destinados a produzir efeitos desde logo, isto é, estando as partes ainda vivas (ex.
promessa de compra e venda)
11) mortis causa: são os negócios destinados a produzir efeitos após a morte do agente (ex.
testamento)
V) quanto à existência
12) principais: são os que tem existência própria e não dependem, pois, da existência de qualquer
outro (ex. compra e venda, locação)
13) acessórios: são os que tem sua existência subordinada à do contrato principal, seguem o seu
destino (ex. cláusula penal, fiança)
VI) quanto à formalidade:
14) solenes: são os negócios que devem obedecer à forma prescrita em lei para se
aperfeiçoarem.
Ex. escritura pública para a compra e venda de bem imóvel.
15) não-solenes: são os negócios de forma livre. A lei não reclama nenhuma formalidade para
seu aperfeiçoamento, pode ser celebrado inclusive verbal.
Ex. locação.
VII) quanto ao conteúdo:
16) patrimoniais: relacionados a bens ou direitos de conteúdo econômico.
Ex. negócios reais, obrigacionais, etc.
17) extrapatrimoniais: referentes a bens ou direitos sem conteúdo econômico.
Ex. direitos de família, da personalidade, etc.
VIII) Quanto aos efeitos:
18) constitutivos: constitui um estado novo, eficácia ex nunc.
19) declaratória ou declarativa: declara um estado que já existe, tem eficácia retroativa ex tunc.
INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS:
Segundo Venosa , Interpretar o negócio jurídico é determinar o seu sentido, determinar o seu
5
conteúdo.
“A declaração de vontade é constituída por dois elementos: o elemento externo (a declaração
propriamente dita) e o elemento interno (o substrato da declaração; a vontade real). O ideal é que haja
coincidência entre a vontade interna e a declaração, aspecto externo. Pode ocorrer, porém, divergência
5
VENOSA, Sílvio de Salvo, Sentido da Interpretação dos Negócios Jurídicos, disponível, em 15/05/09, no site:
http://www.leonildocorrea.adv.br/curso/d4.htm
Profa. Francesca Cosenza
19
ou equívoco entre a vontade real e a declarada, por falta ou desvio dos elementos em que se desdobra
a primeira. Nesse caso, impõe-se a interpretação, isto é, a busca do sentido que trará efeitos jurídicos.”
6
INTERPRETAÇÃO NO CÓDIGO CIVIL - BOA-FÉ
O art. 112 determina que: "Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem".
O art. 113 dispõe que: "Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos
do lugar de sua celebração."
O art. 114 acrescenta: "Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente."
A boa–fé objetiva estabelece um padrão objetivo de conduta a ser seguido pelos
contratantes.
Segundo Reale, “boa-fé objetiva apresenta-se como uma exigência de lealdade, modelo
objetivo de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste
a própria conduta a esse arquétipo, obrando como obraria uma pessoa honesta, proba e leal”
.
7
TEXTOS COMPLEMENTARES
- TARTUCE, Flávio. A FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS, A BOA-FÉ OBJETIVA E AS RECENTES SÚMULAS DO
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. disponível no site: http://www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigos.asp- Acesso em
30/07/09.
- REALE, Miguel, em “A BOA-FÉ NO CÓDIGO CIVIL - MIGUEL REALE”, Disponível, em 22/05/09, no site:
http://www.miguelreale.com.br/artigos/boafe.htm
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO
● Palavras e expressões ambíguas – interpretadas pelos costumes locais;
● Expressões incompreensíveis – interpretadas como não escritas;
● Conteúdo negocial – somente compreendem as coisas passíveis de pacto;
● Negócios jurídicos benéficos – interpretados restritivamente;
● Dúvida – interpretação favorável ao devedor;
● Consumidor –interpretação a seu favor;
● Testamento – interpretação da vontade do testador.
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
TRICOTOMIA X DICOTOMIA
EXISTÊNCIA
VALIDADE VALIDADE
EFICÁCIA EFICÁCIA
7
REALE, Miguel, em “A BOA-FÉ NO CÓDIGO CIVIL - MIGUEL REALE”, Disponível, em 22/05/09, no site:
http://www.miguelreale.com.br/artigos/boafe.htm
6
idem
Profa. Francesca Cosenza
20
A nossa legislação achou por bem não consagrar a tricotomia (existência – validade – eficácia)
tratando o negócio jurídico segundo a dicotomia (validade – eficácia), entendendo que não havia
necessidade de se disciplinar sobre o nada, ou seja, sobre o negócio jurídico inexistente.
Contudo, tendo-se em vista que por inúmeras vezes os operadores do direito se deparam com o
negócio jurídico inexistente, a doutrina adota a tricotomia analisando, além dos requisitos de
validade e de eficácia, os requisitos de existência.
I) Requisitos de existência:
O negócio jurídico será inexistente sempre que faltar um de seus elementos essenciais de
existência.
a) Manifestação de vontade: é pressuposto básico do negócio jurídico e é imprescindível que esta
se exteriorize.
A manifestação de vontade pode ser:
- expressa (palavra escrita ou falada);
- tácita (comportamento do agente. Ex: entrar em um ônibus, pagar pela moradia, etc.);
- Presumida (manifestada pelo silêncio - só pode ser considerado manifestação de vontade
quando a lei, as partes ou as circunstâncias assim determinarem. Ex: revelia).
Art. 111 C.C. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
OBS: COAÇÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA FÍSICA (vis absoluta)- ausência de vontade.
b) agente emissor da vontade – sem sujeito não há negócio jurídico, somente fato;
c) objeto idôneo - não há negócio jurídico sem objeto;
d) forma – meio de exteriorização da vontade;
e) finalidade negocial visando a aquisição, modificação conservação, transmissão ou extinção de
direitos.
II) Requisitos de validade:
O rol apresentado no art. 104 CC é insuficiente, não mencionando todas as causas de invalidade do
negócio jurídico.
a) Manifestação de vontade livre e de boa-fé (arts. 138/165) _ Autonomia privada e boa-fé.
COAÇÃO MORAL (vis compulsiva) – provoca a anulação do negócio jurídico por vício do
consentimento.
Obs:
Profa. Francesca Cosenza
21
Em regra vale o princípio da autonomia da vontade, respeitada as limitações do
princípio da supremacia da ordem pública, que em nome da ordem pública e do interesse
social, o Estado interfere nas manifestações de vontade.
Aplica-se também o princípio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda)
que diz, a vontade, uma vez manifestada, obriga os contratantes., fazendo lei entre as partes,
não podendo ser modificado pelo Judiciário, dando segurança aos negócios em geral.
Opõe-se a ele o princípio da revisão dos contratos, ou da onerosidade excessiva, baseado na
cláusula rebus sic stantibus e na teoria da imprevisão, que autoriza o recurso ao Judiciário
para se pleitear a revisão dos contratos, ante a ocorrência de fatos extraordinários e
imprevisíveis.
b) agente capaz e legitimado para o negócio;
absolutamente incapaz – nulidade - representação
relativamente capaz - anulação – assistência
REPRESENTAÇÃO
A representação consiste no ato de manifestação de vontade do representado, exercida através de
interposta pessoa (representante).
Segundo a Profa. Gisele Leite, “Na representação, quem pratica o ato é o representante enquanto
que quem fica vinculado ao negócio jurídico é o representado.”
8
A Representação pode ser:
- Voluntária: fundada em instrumento procuratório (procuração) público ou particular;
- Legal: Poder Familiar, Tutela e Curatela.
- Direta: o representante atua em nome alheio e os atos por ele praticados, no âmbito de
seus poderes, integram imediatamente a esfera jurídica do representado.
- Indireta: o participante de um negócio jurídico pratica determinado negócio em nome
próprio, mas por conta alheia. Assim, posteriormente, o representante deverá transmitir os
direitos para o representado, após esses mesmos direitos integrarem sua esfera jurídica,
eis que agia em seu próprio nome.
c) objeto lícito, ou seja:
● que não atente contra a lei como a prestação de serviço criminoso;
● contra a moral e os bons costumes como a prestação de serviços sexuais;
● que seja possível física ou juridicamente;
● que seja, também, determinado ou determinável.
8 LEITE, Gisele. Considerações sobre a representação em face do Código Civil de 2002. Revista Jus
Vigilantibus, Terça-feira, 10 de outubro de 2006. Disponível em: < http://jusvi.com/artigos/22700> Acesso
em: 27 jul. 2009.
Profa. Francesca Cosenza
22
d) forma adequada - livre ou prescrita em lei.(art. 107- liberdade de forma)
Negócios ad solemnitatem: solenes
Negócios ad probationem: exigem a forma escrita para efeitos de prova (art. 401 CPC e 227 CC)
nos contratos que excedam ao décuplo do maior salário mínimo do país não se admitem a prova
exclusivamente testemunhal.
EFICÁCIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Elementos Acidentais
· Termo;
· Condição;
· Encargo.
Termo:
O Termo consiste em uma determinação acessória que subordina a declaração da vontade a um
evento futuro e certo.
Ex. o contrato de locação passará a vigorar a partir do dia 05 de dezembro de 2008.
Ex2. o contrato de locação irá vigorar até o dia 05 de dezembro de 2010.
Condição:
A condição consiste em uma determinação acessória, que subordina a eficácia da manifestação de
vontade a algum acontecimento futuro e incerto.
A condição pode ser:
Condição suspensiva: É aquela que visa suspender a eficácia do negócio jurídico até o
implemento de um evento futuro e incerto.
Ex: O pai da noiva se obriga a doar um imóvel aos noivos, após a realização do casamento (a
eficácia do negócio jurídico (aquisição de direitos) fica subordinada a evento futuro e
incerto/casamento, que pode não se realizar, não concretizando a doação).
Condição resolutiva: É aquela que visa resolver o negócio jurídico através do implemento de um
evento futuro e incerto.
Ex: O padrinho de José, através de contrato escrito, cede determinado bem em usufruto de seu
afilhado, para este auferir renda até a colação de grau em curso superior. (extinção de direitos - o
negócio jurídico terá eficácia até o implemento do evento futuro e incerto/colação de grau em curso
superior, que pode não se realizar, não extinguindo o usufruto).
Condição positiva: É aquela que subordina a eficácia do negócio jurídico à ocorrência de um fato -
auferição de renda até a colação de grau.
Profa. Francesca Cosenza
23
Condição negativa: É aquela que subordina a eficácia do negócio jurídico à inocorrência de um
fato - empréstimo de moradia até que cesse o estado de calamidade.
Condição lícita: condição não contrária à lei, à moral e aos bons costumes.
Condição ilícita: condição contrária a lei, à moral ou aos bons costumes – NULAS (art. 123 CC).
Condição perplexa: condições incompreensíveis ou contraditórias – PRIVADAS DE EFEITOS – ex.
contrato que preveja o empréstimo de um imóvel (comodato), proibindo-se que o beneficiário more
ou alugue o citado imóvel;
Condição puramente potestativa: são aquelas que derivam exclusivamente do arbítrio de uma
das partes – ex. caso seja de meu interesse o contrato será extinto.
Condições fisicamente impossíveis: são aquelas que subordinam o negócio jurídico a uma
condição impossível de ser implementada. Ex. que subordinam o negócio jurídico à condição de o
beneficiário dar uma volta no Estádio Maracanã em 5 (cinco) minutos.
Condição juridicamente impossível: também consideradas ilícitas. São aquelas em que o negócio
jurídico encontra-se condicionado a em evento juridicamente impossível. Ex. a venda de um bem
público.
OBS: Tais condições, se suspensivas - invalidam o negócio jurídico; se resolutivas – serão
inexistentes, remanescendo o negócio jurídico em sua forma pura.
Modo ou Encargo:
Consisteem determinação acessória acidental do negócio jurídico a qual impõe ao beneficiário um
ônus a ser cumprido.
Ex: Bruna doa um imóvel a Otávio para que este construa um prédio destinado à educação de
crianças excepcionais.
OBS: Ao contrário da condição, o encargo não suspende a aquisição do direito, nem o seu
exercício, salvo quando expressamente previsto no contrato;
TEXTO COMPLEMENTAR
GAGLIANO, Pablo Stolze. Material de apoio – Direito Civil – Parte Geral. Fato Jurídico – Teoria do Negócio Jurídico.
Disponível no site: < http://www.pablostolze.com.br/upload/513165623_248554_248324.pdf > Acesso em 27/07/09.
EXERCÍCIOS – FATOS JURÍDICOS:
Profa. Francesca Cosenza
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1. (Defensor Público/PA - 2006) O ordenamento jurídico reconhece à atividade volitiva do homem o
poder criador de efeitos no mundo do direito. Os negócios jurídicos são declarações de vontade
destinadas à produção de efeitos jurídicos desejados pelo agente. Sobre os negócios jurídicos se
afirma:
I. Há elementos essenciais e imprescindíveis à existência e validade do ato negocial, pois formam sua
substância e dizem respeito à capacidade do agente, à licitude do objeto e à forma da emissão de
vontade.
II. Os negócios jurídicos podem ser sob condição, que é a cláusula que, por vontade das partes,
subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto.
III. Todo ato jurídico pressupõe uma declaração de vontade e a capacidade do agente é indispensável
para a validade da produção de feitos. A capacidade deverá ser a de exercer direitos e, para
determinados atos negociais, a validade precisa da legitimação do agente.
IV. Se inexistir correspondência entre a vontade declarada e o que o agente deseja exteriorizar, o
negócio jurídico será anulável, pois os negócios que apresentarem vício de vontade são passíveis
de anulação, não cabendo ao agente o direito de ratificar o ato.
Somente é correto o que se afirma em:
a) I, II e III. b) I, III e IV.
c) II, III e IV. d) I, II e IV.
2. (OAB - CESPE UnB 2007.1) No que se refere ao termo ou condição e aos defeitos do negócio jurídico,
julgue os itens abaixo.
I. A condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento
futuro e incerto, e tem aceitação voluntária.
II. Em face da condição resolutiva, tem-se mera expectativa de direito ou direito eventual pendente.
III. O vício resultante da coação causa a anulabilidade do negócio jurídico, mas é passível de ratificação
pelas partes, ressalvado direito de terceiro.
IV. Na fraude contra credores, o ato de alienação de bens praticado pelo devedor é nulo de pleno
direito e dispensa a propositura de ação própria para anulação do negócio jurídico.
Estão certos apenas os itens
a) I e II. b) I e III.
c) II e IV. d) III e IV.
3. (Magistratura/RS - 2000) Assinale a assertiva incorreta:
a) A condição é a cláusula, derivada exclusivamente da vontade das partes, que subordina a eficácia
ou a resolução do ato jurídico a acontecimento futuro e incerto.
b) As condições puramente potestativas são admitidas desde que expressas no contrato.
c) O evento futuro e incerto, erigido como condição, só será assim considerado se a incerteza for para
todos e não só para o declarante.
d) São consideradas ilícitas as condições que estabelecem uma vantagem para o cumprimento do ato
vedado ou pena pela prática de ato lícito.
4. (MEMES - 2008) São requisitos de existência do negócio jurídico:
a) declaração de vontade, expressa previsão legal e objeto determinado;
b) agente capaz, declaração de vontade e expressa previsão legal;
Profa. Francesca Cosenza
25
c) declaração de vontade, finalidade negocial, idoneidade do objeto;
d) agente capaz, objeto determinado e ausência de vedação legal.
5 – (OAB/GO - 2006.1) No que concerne ao instituto da representação, regulado pelos arts. 115 e seguintes
do Código Civil em vigor, pode-se dizer:
a) Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
b) A manifestação de vontade pelo representante, mesmo que fora dos limites dos seus poderes,
produz plenos efeitos em relação ao representado.
c) É sempre válido o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem,
celebrar consigo mesmo.
d) É válido o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado,
mesmo que o conflito seja de conhecimento de quem com o representante tratou.
6. (Procurador do Estado/PI - 2008) Acerca do negócio jurídico, assinale a opção correta.
a) Condição é elemento acidental do ato ou negócio jurídico que faz o mesmo depender de evento
futuro e incerto. A condição resolutiva é requisito e pressuposto de validade de negócio,
suspendendo-o, no plano da sua eficácia, até a ocorrência da condição estabelecida.
b) Se, no ato negocial, ambos os contratantes procederem dolosamente, o negócio celebrado será
eivado de nulidade por representar declaração enganosa da vontade dos contratantes. Essa
nulidade pode ser requerida por qualquer uma das partes.
c) A lesão inclui-se entre os vícios de consentimento e acarreta a anulabilidade do negócio,
permitindo-se, porém, para evita-la, a oferta de suplemento suficiente, ou, se o favorecido
concordar, a redução da vantagem, aproveitando-se, assim, o negócio.
d) A fraude contra credores consiste na alienação de bens pelo devedor com o intuito de escusar-se
do pagamento de sua dívida ao credor. Tal ato de alienação é válido, porém ineficaz em face do
credor prejudicado.
7. (OAB/MS - 75.º) É correto destacar que as condições:
a) perplexas e puramente potestativas são as lícitas de bons costumes;
b) positivas ou negativas, se resolvendo, produzem efeitos no ato jurídico, se e quando se concretizar;
c) resolutivas impossíveis são como escritas, mas anuláveis;
d) suspensivas dos contratos reais atendem à retroatividade.
8. (OAB/SP - CESPE UnB - 134.º) Não comporta condição o ato:
a) de compra e venda.
b) de doação.
c) de aceitação ou de repúdio a herança.
d) mútuo.
9. (OAB/SP - CESPE UnB - 136.º) Segundo a doutrina, são pressupostos de validade do negócio jurídico:
a) manifestação de vontade; agente emissor de vontade; objeto; forma;
b) agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e determinado,
ou determinável; forma;
c) manifestação de vontade livre; agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto
lícito, possível e determinado, ou determinável; forma legalmente prescrita ou não defesa em lei;
Profa. Francesca Cosenza
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d) manifestação de vontade de boa-fé; agente legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e
determinado, ou juridicamente determinável.
10. (OAB/RJ 32º) Termo inicial e condição suspensiva:
a) produzem idênticos efeitos jurídicos;
b) se distinguem, quanto aos efeitos, pois o primeiro impede a aquisição do direito, enquanto a
segunda suspende seu exercício;
c) se distinguem, quanto aos efeitos, pois o primeiro suspende o exercício do direito, enquanto a
segunda impede sua aquisição;
d) impedem ambos a aquisição, mas não o exercício do direito, distinguindo-se apenas em que o
primeiro é evento futuro e certo e a segunda, evento futuro e incerto.
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO - NULIDADES
A invalidade do negócio jurídico constitui a sanção imposta por lei, privando de efeitos o negócio
jurídico celebrado em desacordo aos preceitos legais.
ATO NULO – NULIDADE ABSOLUTA (arts. 166 e 167 CC)
Consiste em todo ato considerado desvalioso por excelência, pois viola norma de ordem pública, de
natureza cogente, carregando em si vício considerado grave.
O ATO NULO NÃO PRODUZ QUALQUER EFEITO.
CARACTERÍSTICAS:
- Pode ser alegado por qualquer interessado e ex officio (art. 168);
- Imprescritível (art. 169);
- Protege interesse público superior;
- Opera-se de pleno direito;
- Não admite confirmação / ratificação;
- Ação declaratória - efeitos “ex tunc”;
ATO ANULÁVEL – NULIDADE RELATIVA
Consiste em ato contaminado porvício menos grave, decorrente da infringência de norma jurídica
protetora de interesses eminentemente privados.
PRODUZ EFEITOS ATÉ SER ANULADO;
PODE SER RATIFICADO OU CONFIRMADO, TORNANDO-SE VÁLIDO.
CARACTERÍSTICAS:
- Pode ser alegada apenas pelos legítimos interessados (art. 177);
- Ação anulatória caduca em 2 (art. 179) ou 4 anos (art. 178);
- Protege interesses privados;
- Não se opera de pleno direito;
- Admite confirmação expressa ou tácita;
- Ação anulatória - desconstitutiva – efeitos “ex nunc”.
Profa. Francesca Cosenza
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TEXTO COMPLEMENTAR
Dower, Nélson Godoy Bassil. COLEÇÃO CURSO MODERNO DE DIREITO CIVIL. Vol. I - Parte Geral. Ed. Nelpa. Cap.
27 - Da Invalidade do Negócio Jurídico. Disponível no site:
http://www.nelpa.com.br/Editoras/Nelpa/Arquivos_PDF/CMDC_Parte_Geral/Cap%C3%ADtulo_27_CMDC1_2004.pdf
CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
O princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos possui a finalidade de proteger a
expectativa das partes negociantes, diante da impossibilidade de produção de efeitos do ato ou
negócio jurídico inválido ou ineficaz.
Segundo Antônio Junqueira de Azevedo:
“o princípio da conservação consiste, pois, em se procurar salvar tudo que é possível num
negócio jurídico concreto, tanto no plano da existência, quanto da validade, quanto da
eficácia.Seu fundamento prende-se à própria razão de ser do negócio jurídico; sendo este
uma espécie de fato jurídico, de tipo peculiar, isto é, uma declaração de vontade
(manifestação de vontade a que o ordenamento jurídico imputa os efeitos manifestados
como queridos), é evidente que, para o sistema jurídico, a autonomia da vontade
produzindo auto-regramentos de vontade, isto é, a declaração produzindo efeitos,
representa algo juridicamente útil”
9
A conservação dos negócios jurídicos pode ocorrer através de:
- Medidas involuntárias: decorrem da lei, sem a concorrência da vontade das partes.
Ex. prescrição.
- Medidas voluntárias: derivam da vontade das partes.
Ex. confirmação, conversão substancial, etc.
CONFIRMAÇÃO / RATIFICAÇÃO (art. 172)
Medida própria dos atos ANULÁVEIS, pode ser:
Expressa (art. 173) – Tácita (art.174)
CONVERSÃO (art. 170)
Medida própria dos atos NULOS e ANULÁVEIS.
A conversão aproveita os elementos materiais de um negócio jurídico nulo ou anulável,
juridicamente, é capaz de convertê-lo, de acordo com a vontade das partes, em outro negócio
jurídico válido e de fins lícitos.
TEXTO COMPLEMENTAR
9 AZEVEDO, Antonio Junqueira de. Negócio Jurídico – Existência, validade e eficácia. 4º ed. Rio de Janeiro:
Saraiva, 2002, pág. 66.
Profa. Francesca Cosenza
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ROCHA. Hélio Carauta de Araújo. O PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS .
Disponível no site: <http://www.ucam.edu.br/pesquisas/jornada/JornadaEscritaFinal3.pdf.>
EXERCÍCIO - INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
1 – (Magistratura/AL - 2007) O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação:
a) mas convalesce pelo decurso do tempo, porque no direito brasileiro não existem pretensões
imprescritíveis.
b) nem convalesce pelo decurso do tempo, porém se contiver os requisitos de outro negócio jurídico
subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se
houvessem previsto a nulidade.
c) mas pode o juiz a requerimento das partes ou do Ministério Público, quando couber intervir, relevar
a nulidade para evitar enriquecimento sem causa de uma das partes.
d) mas não pode o juiz, de ofício, reconhecer a nulidade, exceto se beneficiar menores ou interditos.
2. (MEMES - 2007) Assinale a alternativa correta:
a) não há diferença entre os requisitos de existência e os requisitos de validade do negócio jurídico;
b) a forma do negócio jurídico deve ser prescrita ou não proibida pela lei;
c) as características do objeto não influenciam na validade do negócio jurídico;
d) o Código Civil proíbe expressamente a celebração de negócio jurídico com objeto determinável.
3. (OAB/RS - 2004.1) Considerando a matéria sobre invalidade do negócio jurídico no Código Civil de
2002, assinale a assertiva correta.
a) O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação pelas partes.
b) Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a
anulação, o prazo será de 4 anos, a contar da data da conclusão do ato.
c) O negócio jurídico simulado é anulável.
d) Os casos de defeito do negócio jurídico configuram hipóteses de nulidade.
4. (OAB/SP - 129.º) Sobre a teoria das nulidades, é errado afirmar:
a) negócio nulo pode ser objeto de conversão, a fim de que o novo negócio ganhe validade e eficácia.
b) são nulos os negócios em que a lei proíbe sua prática sem cominar sanção.
Profa. Francesca Cosenza
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c) em regra, é de 4 anos o prazo para pleitear-se a nulidade absoluta do negócio jurídico.
d) negócio anulável admite ratificação tácita.
5. (OAB/MG - 2005.1) É anulável o negócio jurídico quando:
a) for celebrado por pessoa que, por causa transitória, não possa exprimir sua vontade.
b) for indeterminável o objeto.
c) ocorrer vício resultante de dolo.
d) for ilícito o motivo determinante, comum a ambas as partes.
6. (OAB/SP - CESPE UnB - 135.º) É nulo o negócio jurídico quando:
a) viciado por erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão.
b) praticado por pessoa relativamente incapaz, sem a devida assistência legal.
c) praticado para fraudar credores.
d) tiver por objetivo fraudar lei imperativa.
7. (Ministério Público/SP - 79.º) O negócio jurídico praticado pelo absolutamente incapaz, sem a
devida representação, será:
a) nulo;
b) anulável;
c) nulo se lhe causar prejuízo aparente;
d) nulo se não houver autorização expressa do juiz, ouvido o Ministério Público.
8. (OAB/SP - CESPE UnB - 136.º) Segundo a doutrina, são pressupostos de validade do negócio
jurídico:
a) manifestação de vontade; agente emissor de vontade; objeto; forma;
b) agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e determinado,
ou determinável; forma;
c) manifestação de vontade livre; agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto
lícito, possível e determinado, ou determinável; forma legalmente prescrita ou não defesa em lei;
d) manifestação de vontade de boa-fé; agente legitimado para o negócio; objeto lícito, possível e
determinado, ou juridicamente determinável.
9. (OAB/RS - 2006.1) Assinale a assertiva correta sobre a validade do ato jurídico.
a) O negócio jurídico, quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz, é nulo de pleno direito,
porém sujeito à ratificação;
b) Quando a solenidade exigir forma prescrita em lei, se formalizado por outros meios, desde que
alcançado o objetivo, é válido o ato praticado
c) Existem atos jurídicos que, mesmo celebrados por incapazes, poderão gerar efeitos;
d) O negócio jurídico depende da vontade da lei para ser eficaz.
10. (OAB/MS - 77.º) Sobre os atos ilícitos, é correto afirmar:
a) que a prática de atos ilícitos gera exclusivamente dano material;
Profa. Francesca Cosenza
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b) não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Neste caso, ainda
que exista o excesso, não há o ato ilícito em razão do exercício do direito.
c) não constitui ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente;
d) constitui ato ilícito aquele praticado em legítima defesa.
DEFEITOS DOS ATOS JURÍDICOS:
I) VÍCIOS DO CONSENTIMENTO - provocam uma manifestação de vontade não correspondente
com o íntimo e verdadeiro querer do agente, criam uma divergência entre a vontade manifestada e
a real intenção de quem a exteriorizou.
São:
1) ERRO OU IGNORÂNCIA (art. 138): Conforme ensinamento de Nélson Godoy Bassil
Dower, “o erro é uma falsa idéia da verdade entre aquilo que o agente pretendia e aquilo que
realizou, ou seja, importa em uma divergência entrea vontade declarada e aquela que manifestaria
se porventura melhor conhecesse”.
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10 Dower, Nélson Godoy Bassil. COLEÇÃO CURSO MODERNO DE DIREITO CIVIL. Vol. I - Parte Geral.
Ed. Nelpa. Cap. 22 - Dos Defeitos do Negócio Jurídico – do Erro. Pág. 338. Disponível no site:
http://www.nelpa.com.br/Editoras/Nelpa/Arquivos_PDF/CMDC_Parte_Geral/Cap%C3%ADtulo_22_CMDC
1_2004.pdf
Profa. Francesca Cosenza
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No erro o agente se engana sozinho, não há o induzimento malicioso à pratica do ato por aquele
que lhe tira proveito.
Erro é a idéia falsa da realidade e ignorância é o completo desconhecimento da realidade.
Requisitos de anulabilidade:
- o erro deve ser substancial, essencial (art. 139). O erro deve versar sobre a essência do ato
praticado, pois sem erro, não haveria ato;
- o erro deve ser escusável, ou seja, desculpável, justificável ao homem médio, pois o direito
não ampara negligência e conhecido pelo outro contraente que não evitou (art. 138).
- o erro deve ser real, efetivo, causador de real prejuízo para o agente.
- o erro deve ser de fato - noção falsa das circunstâncias;
- o erro de direito é admitido pela doutrina e só pode ser alegado quando não objetive
descumprir a lei. É admitido para afastar alegação de má fé, também sendo capaz de
invalidar o negócio. Ex. importação de mercadorias que não sabia que estavam proibidas.
TEXTO COMPLEMENTAR
Dower, Nélson Godoy Bassil. COLEÇÃO CURSO MODERNO DE DIREITO CIVIL. Vol. I - Parte Geral. Ed. Nelpa. Cap.
22 - Dos Defeitos do Negócio Jurídico – do Erro. Disponível no site:
http://www.nelpa.com.br/Editoras/Nelpa/Arquivos_PDF/CMDC_Parte_Geral/Cap%C3%ADtulo_22_CMDC1_2004.pdf
2) DOLO (art.145): consiste no induzimento malicioso à prática de um ato, prejudicial a uma
das partes negociantes, mas proveitoso ao autor do dolo ou terceiro.
Requisitos para anulabilidade:
- o dolo deve ser principal: quando este for essencial, ou seja, a sua causa determinante.
Diferente do acidental – art. 146 – que não é capaz de anular o negócio jurídico. Gera,
apenas o dever de indenizar;
- o dolo intencional - deve haver intenção do agente em enganar o declarante para a
realização do negócio jurídico;
- para ser passível de anulação, o dolo deve ser praticado pelo agente ou por terceiro, nesse
caso o contraente precisa ter ciência da prática dolosa exercida por interposta pessoa;
- para que seja anulado o juiz deve analisar a gravidade do método empregado;
- necessária a relação de causa e efeito entre a manobra dolosa e a declaração de vontade.
OBS: Não se considera dolo o simples elogio (dolus bonus), o dolo deve ser grave para
anular o ato (dolus malus);
O dolo pode ser:
- DOLO POSITIVO – COMISSIVO
- DOLO NEGATIVO – OMISSIVO (art.147)
3) COAÇÃO (art. 151): consiste em ameaça ou pressão exercida sobre um indivíduo para
forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato.
Profa. Francesca Cosenza
http://www.nelpa.com.br/Editoras/Nelpa/Arquivos_PDF/CMDC_Parte_Geral/Cap%C3%ADtulo_22_CMDC1_2004.pdf
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- Coação pode ser física ou absoluta (vis absoluta, nesta não incorre qualquer consentimento
ou manifestação de vontade, o negócio é inexistente, falta requisito de existência que é a
vontade).
- coação relativa ou moral (art.151)(vis compulsiva, só esta constitui vício de vontade).
Para viciar o consentimento:
- a coação deve ser principal, ou seja, ser a causa do ato;
- a coação deve ser grave, deve haver fundado temor de dano a bem que se considera
relevante;
- a coação deve ser injusta, ou seja, ilícita, contrária ao direito ou abusiva;
- a coação deve ser atual ou iminente - dano próximo e provável;
- a coação deve acarretar justo receio de prejuízo igual, pelo menos, ao decorrente do dano
extorquido.
OBS: Não se considerando coação a ameaça do exercício normal de um direito – art. 153,
nem o simples temor reverencial.
Obs.: A coação vicia o ato, ainda quando exercida por terceiro – art. 154, diferente do dolo
exercido por terceiro que só vicia o ato se uma das partes, isto é, o beneficiário, o soubesse
– art. 148. Na coação, se o beneficiário conhecia previamente responderá solidariamente
pelas perdas e danos – art. 154 e se não soube, só terceiro responderá – art. 155.
4) ESTADO DE PERIGO (art. 156): ocorre o estado de perigo quando o agente que,
encontrando-se em situação de perigo conhecido pela outra parte, emite uma declaração de
vontade para salvaguardar direito seu ou de outra pessoa próxima, assumindo obrigação
excessivamente onerosa. É semelhante ao estado de necessidade.
Ex. cheque caução para atendimento hospitalar de emergência.
Requisitos:
- INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO – embora não haja previsão no Código
Civil, no caso de estado de perigo o negócio jurídico celebrado é capaz de ser validado caso haja
uma revisão contratual, equiparando-se as prestações, conforme o Enunciado 148 da III Jornada de
Direito Civil da Justiça Federal, de novembro de 2004:
“Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157.”
11
5) LESÃO (art. 157): Configura-se quando alguém obtém um lucro exagerado,
desproporcional, aproveitando-se da inexperiência ou da situação de necessidade do outro
contratante.
Requisitos de ANULABILIDADE:
11 GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume I: parte geral// Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho. São Paulo: Saraiva. Pág. 370.
Profa. Francesca Cosenza
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- Objetivo ou material: desproporção das prestações;
- Subjetivo, imaterial ou anímico: premente necessidade, inexperiência ou leviandade
(lesado) e o dolo de aproveitamento (beneficiário).
- A lesão só é admitida nos contratos comutativos, em que as prestações são certas e
presumidamente equivalentes;
- a desproporção deve ser verificada no momento do contrato, não em fase posterior (onde
aplica-se a teoria da imprevisão);
- A desproporção deve ser considerável.
II) VÍCIOS SOCIAIS: a vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo, mas é
exteriorizada com a intenção de prejudicar terceiros ou de fraudar a lei.
FRAUDE CONTRA CREDORES (art. 158): ocorre a fraude contra credores quando o devedor que
se encontra insolvente ou na iminência de o ser, desfalca seu patrimônio, onerando ou alienando
bens, subtraindo-os à garantia comum dos credores. A lei presume a fraude na transmissão gratuita
de bens ou remissão de dívidas (art. 158), no pagamento antecipado de dívidas vincendas (art. 162)
e na constituição de direitos de preferência a algum credor quirografário (art. 163).
ELEMENTOS:
- Consilium fraudis – conluio fraudulento;
- Eventus damni – prejuízo causado ao credor.
A lei optou por proteger o adquirente de boa fé, em desfavor aos interesses dos credores, salvo o
caso do art. 159 em que se presume a má-fé do adquirente quando a insolvência for notória, ou se
havia motivo para ser conhecida do outro contratante.
A ação cabível para anulação do ato é a Ação Pauliana ou Revocatória e só estão legitimados a
ajuizá-lo os credores quirografários que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta (art. 158),
sendo sujeito passivo o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação
fraudulenta e o adquirente de má-fé.
Obs.: fraude contra credores é diferente de fraude à execução.
NEGÓCIO JURÍDICO NULO
SIMULAÇÃO (art. 167): é a declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio
diverso do efetivamente desejado. A simulação é produto de um conluio entre os contratantes,
visando obter efeito diverso daquele que o negócio aparenta conferir.
Pode ser:
- absoluta (quando na realidade não realizam negócio algum) – ato nulo;
- relativa - dissimulação (quando na realidade realizam outro negócio).
- Objetiva – quando a simulação diz respeito à natureza do negócio, a seu objeto ou a
algumas características;
- Subjetiva – quando, pela simulação, a pessoa declarada não for a real parte ou beneficiária
do negócio;
- Inocente – quando não houver intençãode prejudicar terceiros ou violar dispositivo legal;
- Maliciosa - quando houver intenção de prejudicar terceiros ou violar dispositivo legal
Profa. Francesca Cosenza
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Só a simulação fraudulenta ou maliciosa, com intenção, (diferente a inocente – sem intenção
de prejudicar o inocente) vicia o ato.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se
conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico
simulado.
RESERVA MENTAL
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de
não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
TEXTO COMPLEMENTAR
JÚNIOR, Humberto Theodoro. DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO NO NOVO CÓDIGO CIVIL: FRAUDE,
ESTADO DE PERIGO E LESÃO. Disponível no site: http://www.preparatorioaufiero.com.br/art/art8.doc.
Profa. Francesca Cosenza
http://www.preparatorioaufiero.com.br/art/art8.doc
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EXERCÍCIOS – DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
1. (OAB/RJ - 21.º) No que se refere ao estado de perigo, assinale a alternativa INCORRETA:
a) O perigo deve ser de natureza grave. Avalia-se a gravidade do perigo em função das
circunstâncias do caso concreto e das condições físicas e psíquicas da vítima;
b) O perigo pode dizer respeito tanto à vida como à saúde, integridade física ou mesmo a
honra do declarante ou membro de sua família;
c) O estado de perigo futuro também é passível de levar, desde logo, à anulação do negócio
jurídico pela vítima;
d) Obrigação excessivamente onerosa no que concerne à configuração do estado de perigo é
aquela que decorre de condições iníquas, com grande sacrifício econômico para uma das
partes.
2. (OAB/RJ - 21.º) No que se refere à lesão é CORRETO afirmar:
a) Lesão é a exagerada desproporção de valor entre as prestações de um contrato bilateral,
concomitante à sua formação, resultado do aproveitamento, por parte do contratante
beneficiado, de uma situação de inferioridade em que então se encontrava o prejudicado;
b) O negócio em que se aufere ganhos com a inexperiência ou a premente necessidade de
contratar da contraparte, é necessariamente um negócio válido;
c) O momento em que a desproporção lesionária deve ser apreciada é o da extinção do
contrato;
d) A premente necessidade configuradora da lesão tem um significado psíquico, refere-se à
necessidade psicológica de contratar, como na compulsão ao consumo.
3. (OAB/RJ - 22.º) Em relação à simulação é CORRETO afirmar:
a) tal como na coação, uma das partes é forçada, mediante grave ameaça, a praticar o ato ou
celebrar o negócio;
b) na simulação relativa o negócio dissimulado não subsiste, mesmo que seja válido na
substância e na forma;
c) nunca é acordada com a outra parte ou com as pessoas a quem ela se destina;
d) é uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio diverso do
efetivamente desejado.
4. (OAB/MG - 2007.3) Gumercindo, sob premente necessidade, adquire à vista um bem móvel
de Adamastor com preço manifestamente superior ao seu real valor de mercado. A luz do
Código Civil, é correto afirmar que esse negócio:
a) não pode ser anulado apenas por este fato.
b) por conter vício do consentimento denominado lesão pode ser anulado.
c) por conter vício do consentimento denominado erro pode ser anulado.
d) por conter vício do consentimento denominado dolo pode ser anulado.
Profa. Francesca Cosenza
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5. (Cartório/RJ - 38.º) Quanto aos defeitos do negócio jurídico, o Código Civil Brasileiro,
dispõe que:
a) o dolo do representante legal de uma das partes obriga o representado a responder
solidariamente com ele por perdas e danos;
b) se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação;
c) configura-se o estado de perigo quando alguém, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta;
d) são anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que não poderia ser percebido por pessoa de diligência normal em face das
circunstâncias do negócio;
6. (OAB/RJ - 22.º) Em relação à simulação é correto afirmar:
a) Tal como na coação, uma das partes é forçada, mediante grave ameaça, a praticar o ato ou
celebrar o negócio.
b) Na simulação relativa o negócio dissimulado não subsiste, mesmo que seja válido na
substância e na forma.
c) Nunca é acordada com a outra parte ou com as pessoas a quem ela se destina.
d) É uma declaração falsa, enganosa, da vontade, visando aparentar negócio diverso do
efetivamente desejado.
7. (OAB - CESPE UnB 2007.3) No que concerne aos defeitos do negócio jurídico, assinale a
opção correta.
a) Para caracterizar a simulação, defeito sujeito à anulabilidade do negócio jurídico, exige-se
que, na conduta do agente, além da intenção de violar dispositivo de lei, haja o desejo de
prejudicar terceiros.
b) Podem demandar a anulabilidade do negócio simulado o terceiro juridicamente interessado
e o Ministério Público, sendo vedada aos simuladores a faculdade de alegar a simulação ou
requerer em juízo a sua anulação, em litígio comum ou contra terceiros.
c) A lesão é vício de consentimento que surge concomitantemente com o negócio e acarreta a
sua anulabilidade, permitindo-se a revisão contratual para evitar a anulação,
aproveitando-se, assim, o negócio.
d) Se, na celebração do negócio, uma das partes induzir a erro a outra, levando-a a concluir a
avença e assumir uma obrigação desproporcional à vantagem obtida pelo outro, esse
negócio será nulo porque a manifestação de vontade emana de erro essencial e escusável.
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8. (Ministério Público/MG - 40.º) Uma pessoa adquiriu imóvel de outra, sem saber que esta
estava em situação precária perante seus credores. O preço pago foi o de mercado. A venda,
em princípio:
a) será anulada, por configurar fraude contra credores.
b) não será anulada, provando o adquirente sua boa-fé.
c) só será anulada se o adquirente não pagar o preço integralmente.
d) será anulada, por configurar fraude de execução.
9. (OAB/MG - 2005.1) É anulável o negócio jurídico quando:
a) for celebrado por pessoa que, por causa transitória, não possa exprimir sua vontade.
b) for indeterminável o objeto.
c) ocorrer vício resultante de dolo.
d) for ilícito o motivo determinante, comum a ambas as partes.
10. A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, considere as seguintes afirmativas:
I. Reputa-se em fraude contra credores a alienação efetuada pelo devedor dos direitos sobre
imóvel penhorado em ação de execução, em detrimento da garantia de que este representa
a satisfação do crédito alheio. Nessa situação, caracterizam-se má-fé e prejuízo,
impondo-se o reconhecimento da nulidade do negócio jurídico.
II. O negócio jurídico apresenta-se defeituoso quando ambas as partes agem reciprocamente
com dolo e com errônea transmissão de vontade. Nessa situação, qualquer um dos
contratantes pode requerer a anulação do negócio, desde que se responsabilize pelos
danos experimentados pelo outro contratante e por aquele causado a terceiro de boa-fé.
III. A lesão inclui-se entre os vícios de consentimento, ensejando a nulidade absoluta do
negócio. Para caracterização da lesão, é necessário que, na conduta do agente, ocorra
intenção de lesar terceiro e demonstração da exagerada vantagem auferida por esse na
conclusão do negócio.
IV. É nulo o negócio jurídico simulado celebrado após a vigência do Código Civil de 2002,
exceto quando se tratar de simulação

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