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Aula 10 - 2º semestre

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Aula 10
Contratos de Fiança, compromisso e transação
Prof. Dr. Alexandre Guerra
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FIANÇA
Conceito: “Art. 818. Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.”
Natureza jurídica: Contrato acessório (subsidiário), unilateral, solene, gratuito (como regra) e personalíssimo
Garantia fidejussória (pessoal) vs. Garantia real
Fiança e aval:
Fiança é contrato típico que gera responsabilidade subsidiária ou solidária (a depender do contrato), garantia que se aplica a qualquer tipo de obrigação
Aval é instituto de Direito cambiário, declaração unilateral geradora de responsabilidade sempre solidária
CONTRATO ACESSÓRIO: Se a obrigação principal for nula, nula será a fiança. Art. 824. As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança, exceto se a nulidade resultar apenas de incapacidade pessoal do devedor. Parágrafo único. A exceção estabelecida neste artigo não abrange o caso de mútuo feito a menor.
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva. (negócio jurídico solene)
Súmula 214 do STJ: “O fiador não responde pelas obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”
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ESPÉCIES DE FIANÇA: convencional, legal e judicial
2. Possibilidade de recusa pelo credor do fiador indicado pelo devedor
Art. 825. Quando alguém houver de oferecer fiador, o credor não pode ser obrigado a aceitá-lo se não for pessoa idônea, domiciliada no município onde tenha de prestar a fiança, e não possua bens suficientes para cumprir a obrigação. 
Art. 826. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído.
3. Possibilidade de fixar fiança ainda que sem o consentimento do devedor
Art. 820. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade.
4. Fiança prestada por pessoa casada. Necessidade de outorga uxória-autorização marital
5. Diferença entre “consentimento de fiança prestada pelo cônjuge” e “fiança conjuntamente prestada pelos cônjuges”
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III - prestar fiança ou aval; (...). Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.
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1. EXONERAÇÃO DA FIANÇA
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.
2. Transmissibilidade da fiança dos sucessores do fiador
Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança.
3. Oponibilidade de exceções pessoais do fiador contra o credor e oponibilidade de exceções pessoais do devedor pelo fiador
Art. 837. O fiador pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais, e as extintivas da obrigação que competem ao devedor principal, se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo feito a pessoa menor.
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EFEITOS DA FIANÇA NAS RELAÇÕES ENTRE FIADOR E CREDOR
Benefício de ordem 
Art. 827. O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor.
Parágrafo único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o débito.
Art. 828. Não aproveita este benefício ao fiador:
I - se ele o renunciou expressamente;
II - se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário;
III - se o devedor for insolvente, ou falido.
“No contrato de fiança, é nula a cláusula de renúncia antecipada ao benefício de ordem quanto inserida em contrato de adesão” Enunciado IV JDC-CJF
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1. EFEITOS DA FIANÇA NAS RELAÇÕES ENTRE FIADOR E CREDOR
SOLIDARIEDADE DOS COFIADORES
Art. 829. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão.
Parágrafo único. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
2. Divisibilidade da responsabilidade patrimonial dos fiadores
Art. 830. Cada fiador pode fixar no contrato a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado.
3. EFEITOS DA FIANÇA NAS RELAÇÕES ENTRE FIADOR E AFIANÇADO
Sub-rogação legal do fiador
Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.
Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.
4. Subsistência da responsabilidade do fiador por perdas e danos a que for o afiançado condenado
Art. 832. O devedor responde também perante o fiador por todas as perdas e danos que este pagar, e pelos que sofrer em razão da fiança.
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1. Extinção da fiança
Morte do fiador extingue a fiança, mas a obrigação transmite-se aos herdeiros até a morte do fiador nas força da herança
Morte do afiançado não extingue a fiança
2. Causas de extinção da fiança por comportamento do CREDOR:
Art. 838. O fiador, ainda que solidário, ficará desobrigado:
I - se, sem consentimento seu, o credor conceder moratória ao devedor;
II - se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e preferências;
III - se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção.
Dever de diligência que se impõe ao devedor insolvente
Art. 839. Se for invocado o benefício da excussão e o devedor, retardando-se a execução, cair em insolvência, ficará exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora, suficientes para a solução da dívida afiançada.
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CAPÍTULO XX. Do Compromisso
Conceito: “Acordo de vontades pelo qual as partes preferem não se submeter à decisão judicial e confiam a árbitros a solução de seus conflitos de interesses”
Art. 851. É admitido compromisso, judicial ou extrajudicial, para resolver litígios entre pessoas que podem contratar.
Inadmissibilidade de compromisso para questões não patrimoniais
Art. 852. É vedado compromisso para solução de questões de estado, de direito pessoal de família e de outras que não tenham caráter estritamente patrimonial.
4. Cláusula compromissória (ou compromisso arbitral). Conceito: É a promessa de celebração de um compromisso se surgirem conflitos na execução de um contrato celebrado.
5. CC. Art. 853. Admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial.
6. Lei de arbitragem: Lei n. 9.307/96
7. Compromisso arbitral pode ser celebrado fora da fase judicial ou nos autos do processo, por termo nos autos, cessando as funções do Juiz Togado e passando a lide a ser equacionada por árbitros indicados pelas partes
8. Arbitragem pode ser de Direito ou de Equidade
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CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
1. Espécies: 
CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA (promessa [convenção preventiva ao litígio] de celebração de compromisso). Acessório ao contrato principal. Autonomia em relação ao contrato principal (Art. 8º da LA)
COMPROMISSO ARBITRAL (regulamentação definitiva do conflito de interesses por meio de arbitragem)
2. Natureza jurídica do compromisso: A) contrato (CC/2002). B) forma extintiva de obrigações (CC/1916, Lei n. 9.307/96)
3. Constitucionalidade da Lei n. 9.307/96. Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional?? CF/1998, art. 5º, XXXV?
4. Execução coativa da sentença arbitral somente no Poder Judiciário5. Controle judicial da regularidade formal contra vícios do procedimento e contra nulidades que gera a sentença arbitral. Passível de apreciação judicial nas hipóteses de nulidade ou nas previstas no art. 18 da LA.
6. Sentença arbitral não necessita de homologação judicial (LA, art. 18)
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TRANSAÇÃO
CONCEITO: Negócio jurídico bilateral por meio do qual as partes previnem ou encerram relações jurídicas controvertidas (conflitos) por meio de concessões recíprocas.
Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.
2. ELEMENTOS:
Existência de relações jurídicas controversas (conflito de interesses)
Intenção de extinguir as dúvidas sobre o conflito
Acordo de vontades das partes
Concessões recíprocas das partes
3. NATUREZA JURÍDICA: A) contratual (CC/2002). B) meio de extinção de obrigações (CC/1916).
“Quanto à constituição, é contrato; quanto aos efeitos, é forma da pagamento indireto” (Carlos Roberto Gonçalves)
4. OBJETO DA TRANSAÇÃO
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permite a transação.
5. FORMA
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz..
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1. INTERPRETAÇÃO DA TRANSAÇÃO
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos.
2. NÃO-AFETAÇÃO DOS TERCEIROS QUE DELA NÃO PARTICIPARAM
Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível.
§ 1o Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.
§ 2o Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para com os outros credores.
§ 3o Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos codevedores.
3. FORMAS DE TRANSAÇÃO: Extrajudicial (por escritura pública, se a lei o exigir, ou instrumento particular) ou judicial (por escritura pública ou termo nos autos homologado pelo juiz)
4. TRANSAÇÃO E EVICÇÃO
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferida à outra parte, não revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo direito sobre a coisa renunciada ou transferida, a transação feita não o inibirá de exercê-lo.
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1. EFEITOS PENAIS DA TRANSAÇÃO
Art. 846. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal pública.
Lei n. 9.099/95. Composição civil dos danos
2. CLÁUSULA PENAL
Art. 847. É admissível, na transação, a pena convencional.
3. NULIDADE DA TRANSAÇÃO. PRINCIPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados, independentes entre si, o fato de não prevalecer em relação a um não prejudicará os demais.
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1. ANULABILIDADE DA TRANSAÇÃO
Aplica-se à transação todas as causas de anulabilidade dos negócios jurídicos em geral (CC, art. 177).
Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa.
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia entre as partes.
2. NULIDADE DA TRANSAÇÃO
Aplica-se à transação todas as causas de nulidade dos negócios jurídicos em geral (CC. Art. 166)
Art. 850. É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença passada em julgado, se dela não tinha ciência algum dos transatores, ou quando, por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito sobre o objeto da transação.
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