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Direitos e Garantias Fundamentais na Constituição

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DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Os direitos e garantias fundamentais correspondem às normas que possibilitam as condições mínimas para a convivência em sociedade, estabelecendo direitos e limitações aos particulares e ao Estado, e normalmente estão expressamente previstos nas Constituições dos Estados contemporâneos.
Os direitos fundamentais de 1.ª geração são os direitos e garantias individuais e políticos clássicos (liberdades públicas: direito à vida, à liberdade, à expressão e à locomoção).
Os direitos fundamentais de 2.ª geração são os direitos sociais, econômicos e culturais surgidos no início do século XX (direito ao trabalho, ao seguro social, à subsistência, amparo à doença, à velhice, entre outros).
Os direitos fundamentais de 3.ª geração, também chamados de solidariedade ou fraternidade, englobam um meio ambiente ecologicamente equilibrado, a paz, uma qualidade de vida saudável, a autodeterminação dos povos, além de outros direitos difusos.
Os direitos fundamentais de 4.ª geração, também chamados de direito dos povos, são provenientes da última fase da estruturação do “Estado Social” (globalização do Estado Neoliberal), e englobam o direito à democracia, à informação, ao pluralismo, do patrimônio genético, entre outros. Há quem entenda ser o direito vinculado à evolução da ciência (genética, DNA, clonagem, biodireito, biotecnologia, entre outros).
Os direitos fundamentais de 5.ª geração são aqueles vinculados a paz universal. Nesse sentido, o texto constitucional determina que o Brasil nas suas relações internacionais adota os princípios da não intervenção, da defesa da paz, da solução pacífica dos conflitos (art. 4.º, IV, VI e VII, da CF/1988).
Os direitos fundamentais de 6.ª geração são aqueles referentes ao acesso à água potável. No texto constitucional há a preocupação em proteger o meio ambiente no art. 225 da CF/1988.
No ordenamento jurídico brasileiro, os direitos e garantias fundamentais têm a natureza jurídica de direitos constitucionais, pois estão expressamente elencados no Título II da Constituição Federal vigente. Tais direitos e garantias fundamentais, de regra, têm aplicação imediata (§ 1.º, art. 5.º). Porém, para seu efetivo exercício, por vezes, é necessária regulamentação infraconstitucional (são exemplos os incs. XXXII, XLI, LXXVI do art. 5.º, entre outros).
Decisão sobre o tema:
“Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) ‘que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais’ realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) ‘que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas’ acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade” (STF, MS 22.164/SP, Plenário, j. 30.10.1995, rel. Min. Celso de Mello, DJU 17.11.1995).
16.1 DIFERENÇA ENTRE DIREITOS E GARANTIAS
Direitos são disposições declaratórias de poder sobre determinados bens e pessoas. Representam por si sós certos bens. São principais e visam a realização das pessoas. Direito é o poder para realizar algo, pois o ordenamento jurídico possibilita.
Garantias, em sentido estrito, são os mecanismos de proteção e de defesa dos direitos. Traduzem-se na garantia de os cidadãos exigirem dos Poderes Públicos a proteção dos seus direitos, bem como o reconhecimento de meios processuais adequados a essa finalidade. Por exemplo: habeas corpus, mandado de segurança, entre outros. São acessórios, estando vinculados aos direitos.
16.2 DESTINATÁRIOS DA PROTEÇÃO (AMPLITUDE DA PROTEÇÃO)
A CF/1988, em seu art. 5.º, caput, estabelece: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”.
Abrangência: assegurar a validade e gozo dos direitos fundamentais dentro do território brasileiro, não se excluindo o estrangeiro em trânsito. São protegidas também as pessoas jurídicas. Dessa forma, são titulares dos direitos e garantias fundamentais: os brasileiros, os estrangeiros, as pessoas físicas e jurídicas.
16.3 DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS: ART. 5.º DA CF/1988
Direitos protegidos no art. 5.º, caput, da CF/1988:
16.3.1 Direito à vida
É o primeiro e mais importante dos direitos fundamentais.
O Estado deve proteger a vida de maneira global, inclusive a vida uterina, além de viabilizar a subsistência dos necessitados.
O direito à vida engloba a não interrupção do processo vital senão pela morte espontânea e inevitável. Exceção: pena de morte em caso de guerra declarada (art. 5.º, XLVII, a, da CF/1988).
16.3.2 Direito à igualdade
As Constituições reconhecem a igualdade no sentido jurídico-formal, ou seja, a igualdade perante a lei. Neste sentido, encontra-se o caput do art. 5.º, onde se lê que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
O legislador, ao criar as normas, não poderá se afastar do princípio da igualdade, sob pena de incorrer em inconstitucionalidade, sujeitando-se ao controle de constitucionalidade.
16.3.3 Direito à liberdade
A liberdade, em sentido genérico, tem vinculação estreita com o conhecimento. O conteúdo da liberdade se amplia com a evolução da humanidade; portanto, a liberdade é uma conquista constante.
De acordo com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, “a liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Esses limites apenas podem ser determinados pela lei”.
16.3.4 Direito à propriedade
O art. 1.228 do Código Civil (Lei 10.406/2002) assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens e o direito de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua ou detenha.
A propriedade, bem como os demais direitos fundamentais, deve sujeitar-se às limitações exigidas pelo bem comum, podendo ser perdida em favor do Estado quando o interesse público o reclamar.
16.3.5 Direito à segurança
É considerado um conjunto de garantias e direitos composto por situações, proibições, limitações e procedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de algum direito individual fundamental. Por exemplo:
a) a segurança do domicílio (art. 5.º, XI, da CF/1988): “A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
b) a segurança de comunicações pessoais (art. 5.º, XII, da CF/1988);
c) a segurança em matéria penal (art. 5.º, XXXVII a XLVII, da CF/1988);
d) a segurança em matéria tributária (art. 150 da CF/1988).
16.4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
No art. 5.º da CF/1988 podemos encontrar alguns dos grandes princípios do direito, tais como:
a) Princípio da isonomia: “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição” (art. 5.º, I).
Doutrina e jurisprudência assentam que o princípio da igualdade jurídica consiste em assegurar às pessoas de situações iguais os mesmos direitos, prerrogativas e vantagens, com as obrigações correspondentes, ou, segundo a forma clássica, “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na proporção em que se desigualam”.
b) Princípio da legalidade: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5.º, II, da CF/1988).
c) Princípio da irretroatividadeda lei: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (art. 5.º, XXXVI, da CF/1988).
d) Princípio do acesso ao Judiciário: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5.º, XXXV, da CF/1988).
e) Princípio do juiz natural: “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” (art. 5.º, XXXVII e LIII, da CF/1988).
f) Princípio do devido processo legal: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal” (art. 5.º, LIV, da CF/1988).
g) Princípio do contraditório e da ampla defesa: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (art. 5.º, LV, da CF/1988).
h) Princípio da celeridade: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação” (art. 5.º, LXXVIII, da CF/1988).
16.5 REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
Os remédios constitucionais são meios postos à disposição dos indivíduos e dos cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando corrigir ilegalidade ou abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses individuais. São também chamados de garantias individuais ou ações constitucionais.
Consideram-se remédios constitucionais o direito de petição, o habeas corpus, o mandado de segurança, o mandado de injunção, o habeas data e a ação popular.
16.5.3 Habeas data
O art. 5.º, LXXII, da CF/1988, enuncia: “Conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”.
Conceito: é um remédio constitucional que tem por finalidade proteger a esfera íntima dos indivíduos (pessoas físicas ou jurídicas), possibilitando a obtenção e a retificação de dados e informações constantes de entidades governamentais ou de caráter público. Por exemplo: dados sobre a origem racial, ideológica, religiosa, política, filiação partidária ou sindical, orientação sexual, regularidade fiscal, entre outros.
Natureza jurídica: é uma ação constitucional; portanto, é um pedido de tutela jurisdicional, devendo preencher as condições e os pressupostos processuais.
Finalidade: assegurar o direito de acesso e o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante e o direito de retificação desses dados.
Característica: de regra, é ação personalíssima, não se admitindo pedido de terceiros nem sucessão no direito de pedir; porém, existem decisões judiciais admitindo que os herdeiros legítimos do falecido ou seu cônjuge supérstite possam impetrá-lo.
É necessário fazer o pedido na esfera administrativa, sob pena de carência de ação por falta de interesse de agir (art. 8.º, parágrafo único, I, da Lei 9.507/1997).
Polo passivo: devem figurar sempre as entidades governamentais ou de caráter público. Portanto, podem figurar como sujeitos passivos os órgãos da administração direta e indireta, bem como das entidades de caráter público, ou seja, entidades privadas que prestam serviço público por meio de concessão, permissão, licença ou autorização. O § 4.º do art. 43 da Lei 8.078/1990 estabelece: “Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público”.
16.5.4 Mandado de injunção
O art. 5.º, LXXI, da CF/1988 estabelece: “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”.
Origem: remonta aos fins do século XIV, na Inglaterra, onde existia sob a forma de ordem de um tribunal para que alguém fizesse ou se abstivesse de fazer algum ato, sob pena de desobediência à corte.
Fundamento: existe uma norma constitucional de eficácia limitada ainda não regulamentada impedindo o exercício de um direito em caso concreto.
Finalidade: o tribunal deve determinar ao poder competente que edite a norma geral dentro de certo prazo, sob pena de, decorrido este prazo, ser devolvida ao tribunal a faculdade de edição da norma.
O Supremo Tribunal Federal entendia haver apenas uma mera recomendação ao Poder Legislativo para que editasse a norma, sem qualquer consequência no caso de não atendimento.
Segundo a doutrina, pode haver a solução apenas do caso concreto pelo Poder Judiciário. Este é o atual posicionamento do STF (MI 670/ES e 721/DF).
Natureza jurídica: é uma ação constitucional, pois há um pedido de proteção jurisdicional previsto na Constituição.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, física ou jurídica, interessada na questão. Também podem ser impetrantes as associações, desde que haja autorização expressa dos associados.
Sujeito passivo: em face de órgão ou poder incumbido de elaborar a norma.
Quando a elaboração da norma for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio STF caberá ao STF julgar (art. 102, I, q, da CF/1988).
Procedimento: se não houver necessidade de produção de prova, é igual ao mandado de segurança; caso contrário, o procedimento é o ordinário.
16.5.5 Mandado de segurança
O art. 5.º, LXIX, da CF/1988 preceitua: “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.
Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração – desse modo, o direito deve vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante. De regra, comprova-se documentalmente. Caso contrário, ou seja, havendo dúvida sobre o direito, deve-se ingressar com uma ação ordinária para demonstrá-lo e exigi-lo.
Sujeito ativo: somente o próprio titular do direito violado tem legitimidade para impetrar o mandado de segurança individual. Pode ser qualquer pessoa, física ou jurídica, desde que tenha capacidade de direito e seja titular do direito violado.
Sujeitos passivos:
a) autoridades públicas: compreende todos os agentes públicos, ou seja, todas as pessoas físicas que exercem alguma função estatal, como os agentes políticos e os agentes administrativos;
b) agentes de pessoas jurídicas com atribuições de Poder Público: todos os agentes de pessoas jurídicas privadas que executem, a qualquer título, atividades, serviços e obras públicas – por exemplo, universidades privadas.
Cumpre destacar que o mandado de segurança não deve ser proposto contra a pessoa jurídica de direito público, mas contra a autoridade coatora.
A autoridade coatora será a pessoa física que concretiza a lesão a direito individual como decorrência de sua vontade. Não se levam em consideração as pessoas que estabelecem regras e determinações genéricas, nem tampouco aquelas que meramente executam a ordem. Infere-se que os atos normativos gerais não estão sujeitos a mandado de segurança. Além disso, não cabe mandado de segurança contra ato de particular e mérito de decisão impugnada.
Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil.
Procedimento: recebida a inicial, notifica-se a autoridade coatora para prestar informações em 10 dias; após, os autos, com tais informações, irão para o Ministério Público para confecção de parecer em cinco dias, seguindo-se a sentença. Destaque-se que não há dilação de prazo para prova testemunhal, pericialou vistorias. Além disso, a liminar pode ser concedida se em virtude da demora ocorrer dano irreparável.
A participação do Ministério Público é indispensável, justificada na tutela do interesse público.
Prazo decadencial: 120 dias a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser impugnado (art. 23 da Lei 12.016/2009). Tal prazo não se suspende nem se interrompe.
16.5.7 Ação popular
O art. 5.º, LXXIII, da CF/1988 estabelece: “Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
Finalidade: invalidar atos ou contratos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio federal, estadual ou municipal, ou de entes jurídicos subvencionados com o dinheiro público (mais de 50% do patrimônio).
Sujeito ativo: cidadão brasileiro (eleitor).
Sujeito passivo: o administrador da entidade lesada e os beneficiários.
Natureza jurídica: ação constitucional de natureza civil.
Formas:
a) preventiva: ajuizada antes da consumação dos efeitos do ato, podendo ser deferida a suspensão liminar do ato impugnado;
b) repressiva: visa corrigir os atos danosos consumados;
c) supridora da omissão (supletiva): o autor obriga a Administração omissa a atuar.
Cabimento: em casos como incompetência de quem praticou os atos danosos, forma não prescrita em lei, desvio de finalidade, ilegalidade do objeto, entre outros.
Saliente-se que as causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal (art. 109, § 2.º, da CF/1988).
O Ministério Público deve funcionar como fiscal da lei e substituir o autor, caso venha este a desistir da ação (art. 9.º da Lei 4.717/1965).
Na sentença, normalmente, o juiz deverá determinar a invalidade do ato e a condenação ao ressarcimento das perdas e danos por parte dos responsáveis. A sentença de improcedência da ação, por falta de fundamento da pretensão, faz coisa julgada; porém, se a improcedência foi por insuficiência de provas, não faz coisa julgada, podendo a ação ser proposta novamente.
Execução: pode ser feita pelo autor, qualquer outro cidadão ou o Ministério Público (se o autor não promove a execução em 60 dias da publicação da sentença – art. 16 da Lei 4.717/1965). Destaque-se que a execução é contra os responsáveis pelo ato.
16.5.8 Ação civil pública
O art. 129, III, da CF/1988 estabelece: “São funções institucionais do Ministério Público: (…) III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.
Origem e finalidade: foi introduzida no Brasil pela Lei 7.347/1985, para a proteção dos direitos do consumidor, do meio ambiente, dos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, da ordem econômica e urbanística. Posteriormente, outras leis ampliaram ou reforçaram o seu âmbito de proteção: Lei 7.853/1989: pessoas portadoras de deficiência (necessidades especiais); Lei 7.913/1989: investidores no mercado de valores mobiliários; Lei 8.069/1990: Estatuto da Criança e do Adolescente; Lei 8.078/1990: Código de Defesa do Consumidor; Lei 8.429/1992: improbidade administrativa; Lei 12.966/2014: proteção à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, entre outras à Lei 13.146, de 06.07.2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Natureza jurídica: é uma ação constitucional.
Competência: funcional e absoluta do lugar do dano (art. 2.º da Lei 7.347/1985).
Sujeito ativo: Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Distrito Federal, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia mista, associações constituídas há pelo menos um ano, nos termos da lei civil, e que tenham por fim a proteção de interesses difusos e coletivos (art. 5.º, caput, I a V, da Lei 7.347/1985).
Sujeito passivo: a Administração Pública ou o particular.
O Ministério Público intervém obrigatoriamente em todas as ações civis públicas, seja como parte, seja como fiscal da lei. É possível o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados (art. 5.º, §§ 1.º e 5.º, da Lei 7.347/1985). “Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade da ação” (art. 5.º, § 3.º, da Lei 7.347/1985). Inquérito civil é um procedimento administrativo preliminar por meio do qual o membro do Ministério Público apura a existência ou não de atos lesivos aos interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos para a propositura de ação civil pública (art. 8.º, § 1.º, da Lei 7.347/1985). O inquérito civil é dispensável se já houver provas suficientes para a ação.
Termo de ajustamento de conduta: é possível a transação mediante compromisso de ajustamento de conduta celebrado pelos órgãos públicos (art. 5.º, § 6.º, da Lei 7.347/1985). As associações civis, empresas públicas, fundações e sociedades de economia mista não podem transacionar. Trata-se de um acordo extrajudicial, não se exigindo homologação judicial. Porém, se o acordo for celebrado em ação judicial, será necessária a homologação judicial para extinguir o processo.
Destaque-se que, no mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 horas (art. 2.º da Lei 8.437/1992; art. 22, § 2.º, da Lei 12.016/2009).
Condenação e execução: “a ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer” (art. 3.º da Lei 7.347/1985). Qualquer dos colegitimados pode promover a execução, e o Ministério Público deverá promover a execução se for autor da ação ou se o colegitimado não promover a execução em 60 dias do trânsito em julgado da sentença (art. 15 da Lei 7.347/1985). O juiz poderá determinar multa diária em razão do não cumprimento da sentença (astreinte), que reverterá para um fundo destinado à reconstituição dos bens lesados. Tal fundo também receberá os valores provenientes de condenação em dinheiro.
Interesses difusos: os titulares não são pessoas determinadas ou determináveis, mas se encontram ligados por uma situação de fato, possuindo interesses indivisíveis – por exemplo, viver em meio ambiente sadio, respeito aos direitos humanos, entre outros.
Interesses coletivos: seus titulares são pessoas determináveis, que se encontram ligadas por um vínculo jurídico, possuindo interesses indivisíveis – por exemplo, reajuste de mensalidade de uma entidade particular de ensino, entre outros.
Interesses individuais homogêneos: seus titulares são pessoas determinadas, que se encontram ligadas por uma situação de fato, possuindo interesses divisíveis – por exemplo, compradores de veículos com o mesmo defeito, entre outros.
Quadro comparativo dos remédios constitucionais:
	Remédio
	Fundamento
	Objeto
	Direito de Petição
	Art. 5.º, XXXIV, a, da CF/1988
	Defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder, independentemente do pagamento de taxas.
	Habeas corpus
	Art. 5.º, LXVIII, da CF/1988
	Quando alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
	Habeas data
	Art. 5.º, LXXII, da CF/1988
	(a) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
(b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ouadministrativo.
	Mandado de injunção
	Art. 5.º, LXXI, da CF/1988
	Falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
	Mandado de segurança
	Art. 5.º, LXIX, da CF/1988
	Para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
	Mandado de segurança coletivo
	Art. 5.º, LXX, da CF/1988
	Para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Cuidado: a diferença do MS individual é a legitimidade ativa (pode ser impetrado por: (a) partido político com representação no Congresso Nacional; (b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados).
	Ação popular
	Art. 5.º, LXXIII, da CF/1988
	Qualquer cidadão pode propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
	Ação civil pública
	Art. 129, III, da CF/1988
	Para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
NACIONALIDADE
17.1 NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO DA NACIONALIDADE
No Brasil, a nacionalidade é um direito de ordem constitucional (material e formalmente).
17.2.11 Institutos ligados à nacionalidade
17.2.11.1 Extradição
É o ato pelo qual um Estado entrega à Justiça de outro Estado um indivíduo acusado de um delito ou já condenado, por considerá-lo competente para julgá-lo e puni-lo.
Compete à União legislar sobre extradição (art. 22, XV, da CF/1988), vigorando a respeito os arts. 76 a 94 da Lei 6.815/1980, alterada pela Lei 6.964/1981.
Limites constitucionais à extradição:
a) art. 5.º, LI, da CF/1988: “Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”;
b) art. 5.º, LII, da CF/1988: “Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião”.
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar originariamente a extradição solicitada por Estado estrangeiro (art. 102, I, g, da CF/1988).
“Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro” (Súmula 421 do STF).
17.2.11.2 Expulsão
Expulsão é um modo coativo de retirar o estrangeiro do território nacional por delito, infração ou ato que o torne inconveniente à defesa e à conservação da ordem interna do Estado. A União é a entidade política que tem a competência para legislar sobre expulsão (art. 22, XV, da CF/1988).
Não ocorrerá a expulsão se esta implicar em extradição não admitida pelo direito brasileiro ou quando o estrangeiro tiver (art. 75 da Lei 6.815/1980):
a) “cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de 5 anos”;
b) “filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente”.
17.2.11.3 Deportação
É a saída compulsória do estrangeiro que ingressou ou permanece irregularmente no território nacional, ou seja, é o modo coativo de devolver o estrangeiro ao exterior em virtude de desobediência ao ordenamento jurídico que trata da entrada e permanência no Brasil (art. 5.º, XV, da CF/1988).
A deportação não decorre da prática de delito no território, mas do não cumprimento dos requisitos para entrar ou permanecer no território. Quando o estrangeiro não se retirar voluntariamente no prazo determinado, será feita a deportação para o país de origem ou de procedência dele, ou para outro que consinta em recebê-lo. Não sendo ela exequível ou existindo indícios sérios de periculosidade ou de indesejabilidade do estrangeiro, proceder-se-á a sua expulsão. Mas não se dará a deportação se esta implicar em extradição vedada pela lei brasileira (Lei 6.815/1980).
Em resumo:
a) extradição: há um delito praticado fora do território nacional. É vedada de modo absoluto a de brasileiro nato, sendo possível a de brasileiro naturalizado;
b) expulsão: há um delito praticado no território nacional por estrangeiro, tendo como restrição casamento com brasileiro há mais de 5 anos ou existência de filho sob sua guarda ou dependência. Não há expulsão de brasileiro;
c) deportação: é a devolução compulsória de estrangeiro pelo não cumprimento dos requisitos para entrar ou permanecer no território. Não há deportação de brasileiro.
DIREITOS POLÍTICOS
18.1 CIDADANIA
A doutrina afirma que a cidadania formal é a participação dos cidadãos (eleitores) na vida do Estado por meio do voto, e a cidadania material ou real vai além desse ato, com a participação da população na fiscalização e resolução dos problemas do Estado. Pode ser externada pelas campanhas de moralização das instituições públicas, de formação de organizações não governamentais para incentivo e auxílio nas atividades do Estado, de denúncias de corrupção e desvio de verbas públicas, entre outros.
Em sentido estrito (jurídico), cidadão é o indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa (votar), podendo, se preencher determinadas exigências legais, possuir também a capacidade eleitoral passiva (ser votado).
18.4 RESTRIÇÕES AOS DIREITOS POLÍTICOS
As restrições aos direitos políticos podem ser entendidas como as regras que proíbem a pessoa de votar e de ser eleita, previstas na Constituição Federal e na legislação infraconstitucional.
A privação definitiva denomina-se perda dos direitos políticos, e a privação temporária é conhecida como suspensão. A CF/1988, no art. 15, não indica expressamente quais são os casos de perda quais são os casos de suspensão, mas a doutrina procura elucidar essa questão, de modo que são casos de suspensão:
a) inc. II: incapacidade civil absoluta (interdição do incapaz) – por exemplo, os menores de 16 anos de idade, entre outros;
b) inc. III: condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;
c) inc. IV: recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5.º, VIII, da CF/1988;
d) inc. V: improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4.º, da CF/1988.

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