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Conceito
Prova é todo e qualquer elemento material dirigido ao juiz da causa para esclarecer o que foi alegado por escrito pelas partes, especialmente circunstâncias fáticas.
Conforme a definição de Scarpinella Bueno, prova é “tudo que puder influenciar, de alguma maneira, na formação da convicção do magistrado para decidir de uma forma ou de outra, acolhendo, no todo ou em parte, ou rejeitando o pedido do autor”. Já nas palavras de Marinoni e Mitidiero, poderíamos definir prova como “meio retórico, regulado pela legislação, destinado a convencer o Estado da validade de proposições controversas no processo, dentro de parâmetros fixados pelo direito e de critérios racionais”.
A partir dos conceitos, conseguimos diferenciar as nomenclaturas “alegar um fato” e “provar um fato”, algo que será objeto de instrução processual, respeitando-se as disposições e limites fixados pela legislação adjetiva de regência.
Objeto da prova
O objeto da prova são fatos controvertidos relevantes. Fatos incontroversos/notórios, confessados não precisam ser consequentemente provados; fatos irrelevantes/impertinentes também não dependem de prova.
Realmente, o grande objeto da prova recai sobre os “fatos”, já o “direito” dificilmente será matéria a ser provada, a não ser em casos excepcionais regulados no artigo 376 do novo CPC. Somado a isso, só os fatos “controversos” e “relevantes” merecerão investigação instrutória. Resumindo, para se perfectibilizar detida averiguação judicial sobre fato deve existir determinada dúvida a respeito da veracidade e extensão do evento, como também só será incrementada a aludida investigação se a elucidação do fato for decisiva para a melhor compreensão do fato jurídico abarcado na causa de pedir.
Fontes e meios de prova
Há uma diferenciação entre fontes e meios da prova, no caso, o primeiro é um elemento (mecanismo) externo do processo aptos a provar, já o segundo, é um elemento (mecanismo) interno do processo apto a provar, ou seja, as formas pelas quais se podem produzir provas em juízo de acordo com a legislação processual do país (confissão, depoimento pessoal, interrogatório, testemunhas, documentos, perícia e inspeção judicial).
Na prática, nem toda a fonte de prova pode se converter em meio lícito e apto a prova, diante justamente das restrições impostas pela legislação processual vigente: uma informação só poderá ser obtida de uma fonte se isso se enquadrar entre os meios de prova admitidos pelo sistema.
Um exemplo comum é quando a testemunha é amigo íntimo/familiar do autor da demanda, o peso da inquirição tende a acabar por ser rebaixado ou mesmo excluído. Mesmo que haja 5 testemunhas para o mesmo fato, a lei só possibilita ouvir no máximo 3 por fato.
Logo, a diferenciação entre fontes e meios de prova, pode-se concluir que nem toda fonte de prova pode ser convertida em meio de prova a ser utilizado na instrução do processo, já que há restrições legais ao uso das provas, mesmo lícitas.
A dinâmica da prova e o procedimento judicial apto à produção de prova na fase instrutória
A doutrina afirma que são previstas determinadas etapas, em ordem cronológica, para a realização da prova em juízo, geralmente podendo ser catalogadas em quatro: requerimento da prova, pela parte; deferimento (admissão) da prova, pelo juiz; produção da prova, pela parte ou por terceiro (perito) e valoração da prova (pelo juiz).
Uma análise atenta dessa sequência, que representa a dinâmica da prova, aponta, no entanto, que seria realmente própria para os meios de prova produzidos na fase instrutória (prova pericial e prova testemunhal, especialmente), não se aplicando, por exemplo, à prova produzida na fase (prova documental), já que daqui o procurador da parte junta com a petição inicial os documentos, independentemente de fase de requerimento, deferimento, produção, nessa situação, os documentos são juntados unilateralmente pelas partes e, por regra, avaliados em sentença pelo juiz, em cognição exauriente junto com os demais meios de prova.
Podemos, assim, definir uma diferenciação entre “fase instrutória” e “instrução”. Sendo sem dúvida, o último termo, o mais amplo, já que compreende não só a prova produzida na fase instrutória (pericial e testemunhal, especificamente), mas também a prova produzida desde a fase postulatória, documental. Resumindo, toda a fonte convertida em meio de prova, utilizada no processo, independente da fase processual, integra a instrução.
Para ser proferida decisão final de mérito, sentença, tem-se a necessidade de serem vencidas determinadas etapas procedimentais, quais sejam: fase postulatória, fase saneadora e fase instrutória. A primeira integraria o momento inicial, contestação, réplica e apresentação das provas documentais. Após, caberia ao magistrado uma preliminar análise do feito, determinando o prosseguimento da demanda em caso de necessidade, quando não manifestasse a opção pela extinção do feito sem julgamento de mérito ou entendesse que caberia o imediato julgamento do mérito com a prova documental já acostada. Somado a isso, haveria uma fase complementar destinada ao prosseguimento da instrução, denominada fase instrutória, quando provas mais técnicas ou específicas se apresentassem indisponíveis para que o Estado-juiz pudesse melhor enfrentar o objeto litigioso da demanda.
“Se o processo chegou a essa fase (instrutória ou probatória) é porque os elementos da prova, sobretudo documentais, apresentados na fase postulatória, não foram suficientes para formar a convicção do juiz, a fim de que ele possa compor o litígio, com o regular acolhimento ou rejeição do pedido do autor, de acordo com o artigo 487, I do novo CPC”, frase de Elpídio Donizetti.
Logo, pela exposição dos oportunos conceitos, a instrução se dá em todo e qualquer momento da etapa cognitiva, em que apresentados meios de prova aptos a elucidar a verdade dos fatos; sendo que a fase instrutória será o momento de aprofundamento dessa instrução, quando não fosse o caso de imediato julgamento da lide.
Momento de produção e avaliação da prova; diferença entre juízo de admissibilidade e juízo de valoração; história e sistemas contemporâneos de valoração da prova
Momento de produção e avaliação da prova: Pode se dar ordinariamente: ao longo das fases do processo, especialmente instrutória; via carta precatória, fora do processo principal e via medida cautelar, especialmente precatória ao processo principal (cautelar de produção antecipada das provas). Já o momento de avaliação da prova só se dá na conclusão dos autos principais ao juiz para a prolação de sentença (fase decisória, encerrada a instrução do processo).
Juízo de admissibilidade e valoração: Não pode haver também confusão por parte do julgador, no sentido de antecipar juízo de valor a respeito do conjunto probatório, em momento próprio que deveria tratar da sua admissão aos autos.
História e sistema contemporâneo de valorização da prova
Para finalizarmos esse processo de valoração das provas, na teoria geral da prova, fixando os acordos do atual sistema adotado pelo direito processual pátrio.
Quatro são os tradicionais sistemas de valoração da prova anotados nos mais diversos processos civis, assim encontrados em ordem cronológica: a) ordálios, b) sistema do livre convencimento imotivado, c) sistema da prova tarifada, d) sistema da persuasão racional.
Ordálios: julgamentos de Deus, próprios da idade média, caráter irracional e sobrenatural, caminho justo encontrado pela magia, sistema de valoração não mais utilizado.
Sistema do livre convencimento imotivado: convicção íntima do magistrado, caráter racional mas despido de motivação, julgava-se com base em provas constantes nos autos e experiência do julgador, sem que se pudesse duvidar do juízo emitido pelo magistrado, resquício atualmente existente no campo penal pátrio, como tribunal do júri.
Sistema da prova tarifada: prova legal ou plena, vedado ao juiz a valoração da prova porque todo seu valor está pré-fixado pelo ordenamento jurídico, magistrado seriaum matemático, resquícios atualmente presentes na limitação da prova testemunhal a prova de dívida em contratos acima de 10 salários mínimos e na limitação da mesma prova para comprovar sozinha tempo rural para fins previdenciários.
Sistema da persuasão racional: livre convencimento motivado do juiz; não é aceita hierarquia absoluta de provas, podendo o julgador se valer de qualquer uma, desde que haja motivação a respeito, é o sistema atualmente adotado pelo Brasil, como está na constituição.

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