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1 TEORIA DA PROVA NO PROCESSO PENAL 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 1 – DA INSTRUÇÃO CRIMINAL .................................................................. 3 1.1 - conceito ............................................................................................. 3 1.1.1-Da instrução ........................................................................................ 3 1.1.2 – Denúncia .......................................................................................... 4 1.1.3- Queixa-Crime ..................................................................................... 4 2 - DA PROVA ........................................................................................... 4 2.1- Teoria Geral .......................................................................................... 4 2.1.1- Teoria geral da prova ......................................................................... 5 2.1.2- Prova.................................................................................................. 5 2.1.3- Prova como atividade probatória ....................................................... 5 2.1.4- Fonte de prova ................................................................................... 6 2.1.5- Elemento de prova ............................................................................. 6 2.1.6- Meio de prova .................................................................................... 6 2.1.7- Meio de investigação da prova .......................................................... 6 2.1.8- Objeto de prova ................................................................................. 6 2.1.9- Elemento de prova ............................................................................. 7 2.1.10- Meio de prova .................................................................................. 7 2.1.11- Meio de investigação da prova ........................................................ 7 2.1.12- Objeto de prova ............................................................................... 7 2.1.13 - Classificação da prova .................................................................... 7 3 – MEIOS DE PROVA.............................................................................. 9 4- PROVAS ILÍCITAS ................................................................................ 10 4 - ÔNUS DA PROVA.............................................................................. 14 4.1 - Elementos de mitigação da pena .................................................... 16 5 - PAPEL DO MAGISTRADO ................................................................ 17 6 - SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA ........................................... 18 7- PROVA EMPRESTADA ......................................................................... 20 8- PROCEDIMENTO PROBATÓRIO ......................................................... 21 9- PRINCÍPIOS RELATIVOS À PROVA PENAL........................................ 22 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 25 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1 – DA INSTRUÇÃO CRIMINAL A instrução criminal é uma das fases do procedimento penal na qual se produzem as provas tendentes ao julgamento final do processo. De regra, inicia-se com a tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 do Código de Processo Penal, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. Segundo alterações advindas da lei 11.719/08. 1.1 - conceito Segundo lição de Mirabete, a instrução criminal como sendo "o conjunto de atos ou a fase processual que se destina a recolher os elementos probatórios a fim de aparelhar o juiz para o julgamento". Num sentido lato de acordo a posição defendida por Tourinho Filho é possível englobar as alegações das partes na instrução criminal, pois, este autor divide a fase instrutória em: fase probatória e fase das alegações finais. 1.1.1-Da instrução Ao Juiz da Instrução Criminal compete dirigir a instrução que visa à comprovação judicial da decisão do Ministério Público sobre uma acusação ou arquivamento do 4 inquérito de modo a melhor proteger os interesses das partes de um processo penal, que se inicia com o oferecimento da denúncia ou queixa-crime. 1.1.2 – Denúncia É o nome da peça inicial acusatória ou (petição inicial) da ação penal pública oferecida pelo Ministério Público no convencimento de que há indícios suficientes de materialidade e autoria, não havendo causa de exclusão da antijuridicidade ou que extingam a punibilidade. 1.1.3- Queixa-Crime É a peça inicial (petição inicial) da ação penal privada. Ambas devem conter os mesmos requisitos (art. 41, CPP), sendo que se diferenciam, formalmente, pelo subscritor: a denúncia é oferecida pelo Ministério Público e a queixa, pelo ofendido (querelante) ou por seu representante legal. Observando os prazos descritos nos art. 46 e art. 38, respectivamente sobre denúncia e queixa-crime. 2 - DA PROVA 2.1- Teoria Geral Conforme Badaró, o processo penal, envolve uma controvérsia fática em que há uma imputação de fatos penalmente relevantes realizada pelo Ministério Público ou querelante e a negativa de tais fatos pela defesa. Ponto difícil do processo – proceder à instrução histórica dos fatos, de acordo com as regras legais que disciplinam a investigação, a admissão, a produção e a valoração das provas, razão pela qual o juiz é comparado ao historiador, pois a tarefa de ambos é uma reconstrução histórica na qual, com base em dados obtidos no presente, procura-se reconstruir fatos passados. 5 2.1.1- Teoria geral da prova A doutrina usualmente utiliza-se da expressão teoria geral da prova para introduzir o tema relativo à prova no processo penal. Na verdade, uma teoria acerca de qualquer objeto de investigação cientifica haverá de ser sempre geral, no sentido de examinar integralmente o conteúdo e a essência daquele objeto. Mas, a expressão hoje utilizada refere-se apenas a teoria da prova, para indicar o estudo dos princípios e regras aplicáveis ao tema, sem adentrar, ainda na analise dos meios de prova. De acordo com Paulo Rangel o conceito de prova é por demais diverso no direito processual em face de sua múltipla utilização, pois prova, segundo dicionário da língua portuguesa, significa “aquilo que demonstra que uma afirmação ou um fato são verdadeiros;evidência, comprovação”. No campo jurídico, o conceito de prova significa o meio instrumental de que se valem os sujeitos processuais (autor, juiz e réu) de comprovar os fatos da causa, deduzidos pelas partes como fundamento do exercício dos direitos de ação e de defesa. A prova judiciária tem por objetivo a reconstrução dos fatos investigados no processo, buscando a maior coincidência possível com a realidade histórica, isto é, com a verdade dos fatos, tal como efetivamente ocorridos no espaço e no tempo. 2.1.2- Prova A prova é apontada como o meio pelo qual o juiz chega à verdade, ou seja, é o elemento pelo qual se procura mostrar a existência e a veracidade de um fato. Sua finalidade, no processo, é influenciar no convencimento do julgador, ou seja, a prova é apontada como o meio pelo qual o juiz chega à verdade, convencendo-se da ocorrência dos fatos juridicamente relevantes para o julgamento do processo. 2.1.3- Prova como atividade probatória Consiste no conjunto de atos praticados para a verificação de um fato. É a atividade desenvolvida pelas partes e, subsidiariamente, pelo juiz, na reconstrução histórica dos fatos (ex.: a prova da alegação incumbe a quem a fizer (art. 156 CPP). 6 Distinção entre fonte de prova; meio de prova; elemento de prova e resultado probatório. 2.1.4- Fonte de prova Tudo o que é idôneo a fornecer resultado apreciável para a decisão do juiz, por exemplo, uma pessoa, um documento ou uma coisa. As fontes de provas são anteriores ao processo. (Ex.: alguém que viu um acidente é testemunha do acidente, mas o meio de prova somente ocorrerá se houver um depoimento judicial dessa testemunha). 2.1.5- Elemento de prova O dado bruto que se extrai da fonte da prova, ainda não valorada pelo juiz, e consiste em todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz (Tourinho). Ex. depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. 2.1.6- Meio de prova Instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no processo (Magalhães). Ex. testemunha, documento, perícia. 2.1.7- Meio de investigação da prova Procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais. Ex. busca e apreensão; interceptação telefônica. 2.1.8- Objeto de prova Fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação (Tourinho). 7 2.1.9- Elemento de prova É o dado bruto que se extrai da fonte da prova, ainda não valorada pelo juiz, e consiste em todos os fatos ou circunstâncias em que reside a convicção do juiz (Tourinho). Ex. depoimento de testemunha; resultado de perícia; conteúdo de documento. 2.1.10- Meio de prova Instrumentos ou atividades pelos quais os elementos de prova são introduzidos no processo (Magalhães). Ex. testemunha, documento, perícia. 2.1.11- Meio de investigação da prova Procedimento que tem o objetivo de conseguir provas materiais. Ex. busca e apreensão; interceptação telefônica. 2.1.12- Objeto de prova Fatos principais ou secundários que reclamem uma apreciação judicial e exijam uma comprovação (Tourinho). 2.1.13 - Classificação da prova Paulo Rangel classifica a prova utilizando três critérios: 8 Quanto ao objeto: significa a veracidade da imputação penal feita pelo Ministério Público na denúncia, com todas as circunstâncias. A prova quanto ao objeto pode ser direta ou indireta. Direta – quando se refere ao próprio fato probando, sendo provado sem a dedução de qualquer processo lógico de construção. É aquela que demonstra a existência do próprio fato narrado nos autos. Ex. crime de homicídio testemunha que presenciou a morte da vítima por ação do agente. O depoimento é meio de prova sobre o fato (objeto da Prova) passim como o laudo pericial de exame de corpo de delito. Provas direta do fato descrito na denúncia. Indireta – é a prova que não se dirige a um fato probando, mas que necessita de raciocínio que se desenvolve e se chega a ele. Há uma construção lógica realizada através da circunstancias que se quer provar. Ex: provas indiciárias e presunções. Ex. agente que é encontrado com a arma do crime nas mãos e a vítima caída a seus pés, presume-se que seja ele o autor do crime. Quanto ao sujeito: a prova pode ser pessoal ou real. Sujeito da prova é a pessoa ou a coisa de quem ou de onde promana a prova. Prova pessoal – e toda afirmativa consciente destinada a mostrar a veracidade dos fatos afirmados. Ex. testemunha que narra os fatos que assistiu, assim como o laudo cadavérico assinado pelo perito oficial (art. 159 CPP) são provas pessoais. Prova real – são os vestígios deixados pelo crime. É a prova encontrada na res, não necessariamente no objeto do crime, mas em qualquer coisa que tenha vestígios do crime. Ex. sangue encontrado na parede onde ocorreu o crime ou a faca do crime são exemplos de prova real. Quanto à forma: a prova pode ser testemunhal, documental e material. Ou seja, é a maneira pela qual as partes apresentam em juízo a veracidade de suas manifestações. Guilherme de Souza Nucci (2015) aduz que as provas plenas consistem nas provas que possuem valor probatório suficiente para fundamentar por si só a decisão judicial sobre o fato que se pretende provar. Já as provas não plenas são as aquelas não são idôneas nem suficientes para fundamentar por si só a decisão judicial sobre os fatos 9 que se pretende provar, senão que funcionam conjuntamente com outros mananciais probatórios, como um elemento a mais a permitir ao juiz inferir uma hipótese sobre esses fatos mediante um procedimento de prova indireta ou indutiva. Em razão do exposto, as provas não plenas somente podem coadjuvar a decisão em qualidade de indícios. 3 – MEIOS DE PROVA Falamos acima, no item 2.1.10, os meios de prova são instrumentos utilizados para produzir a prova e levá-la ao conhecimento do magistrado. Ou seja, é tudo aquilo que pode ser usado, direta ou indiretamente, para demonstrar o que se alega no processo. Quanto aos meios, as provas podem ser nominadas ou inominadas. As provas nominadas se referem aos meios de produção previstos em lei, mais especificamente, nos artigos 158 a 250 do CPP. Já as provas inominadas tratam dos meios de produção não disciplinados em lei, como por exemplo, o clichê fônico (identificação da voz). Ambas as espécies de provas supracitadas são aceitas e podem ser usadas, pois o princípio da verdade real permite o uso de meios probatórios atípicos, desde que moralmente legítimos e legais (não afrontadores do próprio ordenamento). Portanto, há um embasamento principiológico para a ampla utilização da prova e os princípios que autorizam essa ampla utilização da prova são: o principio da verdade real (ou material), que estabelece que o processo penal almeja reconstruir aquilo que realmente ocorreu quando o crime foi praticado, sendo que o juiz criminal não irá se conformar com meras ficções de verdade e, por isso, é possível utilizar vasto material probatório para demonstrar o que realmente aconteceu quando o crime foi praticado. A verdade real é importante porque no direito processual penal a sanção para o ilícito praticado é privação da liberdade do indivíduo; o principio da liberdade na produção da prova, no qual aduz que admitido às partes produzir provas nominadas e também provas inominadas, já que se está em busca da verdade real. A liberdade probatória é regra no processo penal, porém ela não é absoluta, encontrando limites na demonstração do estado civil das pessoas, onde o 10 artigo 155 do CPP, em seu parágrafo único, preleciona que: Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditóriojudicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Portanto, conclui-se que devemos seguir as limitações do Código Civil, de forma que a demonstração do estado civil será feita por certidão, como por exemplo, no casamento será feita por certidão de casamento. A respeito da menoridade do réu, o Enunciado 74 do STJ determina que ela deve ser provada por documento hábil. A segunda exceção à liberdade na produção da prova é a vedação das provas ilícitas (artigos 5, LVI, da CF e 157 do CPP), que será tratada a seguir. 4- PROVAS ILÍCITAS A doutrina diferencia os termos provas proibidas, provas ilícitas e provas ilegítimas. As provas proibidas (ou vedadas ou inadmissíveis) são gênero e têm como espécies as provas ilícitas e ilegítimas. As provas ilícitas violam princípios constitucionais penais ou normas de direito material, como o Código Penal e a Legislação Penal Especial. Um exemplo é a confissão obtida mediante tortura (Lei 9.455/1997). As provas ilegítimas violam princípios constitucionais processuais ou normas de direito processual, como o Código de Processo Penal, a Legislação Processual Especial. Um exemplo é a realização do exame de corpo de delito, na falta de perito oficial, por somente uma pessoa não portadora de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, infringindo assim o artigo 159, § 1º do CPP. O artigo 157, "caput", do CPP indica que: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em 11 violação a normas constitucionais ou legais. Esse dispositivo não distingue provas ilícitas de provas ilegítimas, mas tão somente considera como ilícita a prova que viola a norma constitucional ou infraconstitucional, pouco importando tratar-se de norma de direito material ou processual, englobando-se os princípios. A respeito do tema, menciona a Magna Carta que: São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos (art. 5.º, LVI, CF). Sobre a utilização das provas ilícitas temos as seguintes teorias: Teoria da proporciornalidade ou razoabilidade ou do sacrifício Conforme aduz essa teoria, na ponderação de bens jurídicos, o magistrado deve dar prevalência ao bem jurídico de maior importância. Logo, entre a formalidade na produção da prova e o "status libertatis do réu", este último deve prevalecer, sendo a prova ilícita utilizada para inocentá-lo. Acerca da possibilidade de utilização da prova ilícita no processo penal, alguns doutrinadores admitem o uso da prova ilícita em favor do acusado, para demonstrar a sua inocência. Afirmam que entre o "jus puniendi estatal" e a legalidade na produção probatória, em conflito com o "status libertatis do réu", deve-se prevalecer o bem de maior importância, que é o "status libertatis" do acusado, sendo a prova, mesmo que ilícita, utilizada em seu benefício e para obtenção da sua inocência. Nesse sentido, vale observar que a prova ilícita não pode ser utilizada para demonstrar a culpa de outrem, pois seus efeitos são limitados à obtenção da inocência do réu. Para Nestor Távora (2013) a teoria da proporcionalidade deve ser invocada para preservar os interesses do acusado, em favor da absolvição (concepção da prova ilícita utilizada "pro reo"). Há doutrinadores que admitem uso da prova ilícita para condenar o acusado. A respeito do princípio da proporcionalidade "pro societate": "(...) consiste na admissibilidade das provas ilícitas, quando demonstrada a prevalência do interesse público na persecucáo penal, a tendência atual da jurisprudência dos Tribunais Superiores é a da sua não adoção. De acordo com esse entendimento, a não admissão de mecanismos de flexibilização das garantias constitucionais tem o objetivo de preservar o núcleo irredutível 12 de direitos individuais inerentes ao devido processo legal, mantendo a atuação do Poder Público dentro dos limites legais. As medidas excepcionais de constrição de direitos não podem, assim, ser transformadas em práticas comuns de investigação." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p.185) No caso de crime praticado por organizações criminosas adverte que, “(...) desde que haja prévia, fundamentada e detalhada ordem escrita da autoridade judicial competente, sendo admitida corno meio de obtenção de prova, cuja previsão encontra-se no inciso V, art. 3º, da Lei n. 12.850/2013. Não havendo autorização, a prova semente será admitida em hipóteses excepcionais, por adoção ao princípio da proporcionalidade pro societate." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p. 188). Teoria dos frutos árvore envenenada ou "fruits of the poisonous tree" ou teoria da prova ilícita por derivação A teoria dos frutos árvore envenenada se originou no Brasil através da jurisprudência do STF e encontra previsão no artigo 157 do CPP Essa teoria sugere que todas as provas que decorrem de uma prova ilícita também estarão contaminadas, já que a sua origem é ruim. A prova ilícita criada é reproduzida na figura de uma árvore, sendo a fonte que tem o condão de contaminar todas as provas dela decorrentes, que seriam os frutos. Logo, a ilicitude da obtenção da prova ilícita transmite-se às provas dela derivada. Segundo dispõe o artigo 157, § 3 do CPP, as provas ilícitas devem ser desentranhadas dos autos do processo e preclusa a decisão de desentranhamento, haverá a destruição da prova na presença facultativa das partes. Nestor Távora (2013, p. 396) diz que: "se a contaminação probatória for ampla, faltará verdadeira justa causa para a deflagração da ação penal, de sorte que a inicial acusatória deve ser rejeitada caso os elementos informadores sejam contaminados pela extensão da prova ilícita, com arrimo no art. 395 em nova redação dada pela Lei nº 11.719/08." 13 Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (...) § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. No artigo 157 do CPP, pode-se extrair outras quatro teorias, que são decorrentes da teoria da prova ilícita por derivação e constituem exceções à mesma. São elas: a teoria da prova absolutamente independente ou limitação da fonte independente (artigo 157, § 1, 1ª parte do CPP, que estabelece que: "São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras (...)". Com isso, não havendo nexo de causalidade (relação de dependência) entre a prova ilícita e as demais provas que decorreram da ilícita, não haverá contaminação. O processo será aproveitado se houver outras provas válidas absolutamente independentes da prova ilícita, cabendo ao juiz deferir os limites de interdependência da prova; a teoria da descoberta inevitável ou do curso hipotético de investigação ou "inevitable discovery"(art. 157, § 1, parte final e § 2, § 3 do CPP), que aduz que as provas que decorrem de uma prova ilícita não necessariamente estarão contaminadas e serão aproveitadas se ficar demonstrado que elas inevitavelmente seriam descobertas de outra maneira, por uma outra fonte autônoma e por meio válido. Por exemplo, não se deve reconhecer como ilícita as declarações de testemunha que foi descoberta mediante interceptação telefônica sem autorização judicial, se esta pessoa foi indicada por várias outras como testemunha do fato, também, não deve ser declarada a ilicitude de confissão obtida mediante tortura, quando inevitavelmente se chegaria ao autor do homicídio em razão de impressões digitais do mesmo no local do crime. Nesse casoexiste liame entre a prova ilícita e as demais, mas ele não é decisivo e cabe ao juiz definir se existia a inevitabilidade da descoberta, ou seja, se a prova derivada poderia ser descoberta de uma outra forma. 14 Além das teorias já mencionadas, há outras duas teorias: a teoria da contaminação expurgada ou da conexão atenuada, que indica que quando o vínculo entre a prova ilícita e a derivada for irrelevante ou tênue, não haverá contaminação; a teoria da boa- fé, onde busca-se evitar o reconhecimento da ilicitude da prova quando os agentes de polícia ou da persecução penal tiverem atuado destituídos do dolo de infringir a lei, pautados em situação de erro. Teoria da exclusão da ilicitude da prova A prova, aparentemente ilícita, deve ser reputada como lícita quando a conduta do agente na sua captação está amparada pelo direito (excludentes de ilicitude). Por exemplo, caso o réu tenha que violar o domicílio de outrem, sendo tal conduta tipificada como crime nos termos do artigo 150 do CP, para produzir prova fundamental em favor de sua inocência, esta prova será tida como válida, pois o mesmo agiu em estado de necessidade (artigo 24, CP) ao suprimir bem jurídico alheio (tutela domiciliar) para salvaguardar outro bem jurídico (liberdade), em face de um perigo atual (existência de persecução penal), ao qual não deu causa, e cujo sacrifício não era razoável exigir. 4 - ÔNUS DA PROVA O termo ônus vem do latim onus ou oneris e quer dizer encargo, fardo, carga ou peso. Sob o ponto de vista jurídico processual, pode-se dizer que o ônus é o encargo que as partes têm de provar suas alegações que fizeram em suas postulações. Entretanto, não se deve confundir ônus com dever, que é a subordinação ao interesse de outrem, cujo descumprimento acarreta uma pena ou sanção, e, caso o encarregado de realizar o ato não o faz, apenas sofrerá com sua inércia ou ineficiência. Conceito de prova: são os elementos produzidos pelas partes, por terceiros ou pelo próprio juiz, por meio de procedimento legal e regular, visando a apuração do fato criminoso e sua autoria para formar a convicção do julgador, que impinge a sanção punitiva devida pelo Estado. 15 A prova tem como finalidade a reconstrução dos fatos que guardam vínculo com o fato criminoso, influindo no convencimento do juiz. Mas, a quem incumbe o ônus de provar? O art. 156 do Código de Processo Penal (modificado pela Lei n. 11.690/08) estabelece que: “a prova da alegação incumbirá a quem a fizer”, assim, tem-se que o ônus da prova incumbe a quem alega. O art. 156 do Código de Processo Penal (modificado pela Lei n. 11.690/08 de 09 de junho de 2008) estabelece que: Art. 156 – A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.” A redação do art. 156 do CPP, dada pela Lei 11.690/08, em desconformidade com a Carta Política do país, sofre modernamente interpretação conforme a Constituição. Vejamos entendimentos: O referido art. (156) assim expõe: “deve ser este: ressalvadas as presunções, que invertem o ônus da prova, as alegações relativas ao fato objeto da pretensão punitiva têm de ser provadas pelo acusador e as referentes a fatos impeditivos ou extintivos devem ser provadas pelo réu”. Na verdade, o ônus da prova compete àquele a quem o fato aproveita. Essa tem sido a orientação do Código de Processo Civil (art. 333, I e II). (RANGEL, 2015, p.504 apud TORNAGHI, 1991.v.I, p. 308). No mesmo sentido, “para evitar esse prejuízo, devem as partes procurar provar a tese levantada, pois, sem embargo daquela faculdade do juiz, o descaso, conforme adverte Espínola filho, poderá trazer-lhes amargas decepções. Cabe, pois a parte acusadora provar a existência do fato e demonstrar sua autoria. Também lhe cabe demonstrar o elemento subjetivo que se traduz por dolo ou culpa. Se o réu goza da presunção de inocência, é evidente que a prova do crime, quer a parte objecti, quer a parte subjecti, deve ficar a cargo da acusação. Se, por acaso, a defesa arguir em seu prol uma causa excludente de antijuridicidade 16 ou de culpabilidade, é claro que, nessa hipótese, as posições se invertem, tendo inteira aplicação à máxima actori incumbit probatio et réus in excipiendo fit actoir... diga-se o mesmo se a defesa alegar a extinção da punibilidade (RANGEL, 2015, p.504 apud TORNAGHI, 1991.v.I, p. 308). Assim cabe à parte provar aquilo que alegar. Mas se o juiz ao se deparar com as provas, e perceber que não são suficientes para ter a certeza de que o acusado praticou mesmo o fato antijurídico, o correto seria absolver o acusado. Nesse sentido é o entendimento de (Távora, 2009, pag. 325). É necessário que enxerguemos o ônus da prova penal á luz do principio da presunção de inocência, e também do favor rei, se a defesa quedar-se inerte durante todo o processo, tendo pífia atividade probatória, ao final do feito, estando o magistrado em dúvida ele deve absolver o infrator. Deve-se compreender como ônus da prova como a responsabilidade da parte, que possui o interesse em vencer a demanda, na demonstração da verdade dos fatos alegados de forma que, não o fazendo, sofre a sanção processual, consistente em não atingir a sentença favorável ao seu desiderato. (Nucci, 2009, pag. 22). 4.1 - Elementos de mitigação da pena O ônus da prova possui dois aspectos, quais sejam o objetivo e o subjetivo. "No aspecto objetivo, o ônus da prova funciona como uma regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz quando permanecer em dúvida no momento do julgamento" (LIMA; Renato Brasileiro de, 2015, p.593). Além disso, menciona podemos observar que: "Em seu aspecto subjetivo, o ônus da prova deve ser compreendido como o encargo que recai sobre as partes de buscar as fontes de prova capazes de comprovar as afirmações por elas feitas ao longo do processo, introduzindo- as no processo através dos meios de prova legalmente admissíveis. Ao contrário do ônus da prova objetivo, cujo destinatário é o juiz, o ônus subjetivo é voltado para as partes, a fim de que se saiba qual delas deve suportar o risco da prova frustrada. Sob esse aspecto subjetivo, as disposições sobre o ônus da prova funcionam, portanto, como regras de conduta das partes" (...) 17 "No âmbito processual penal, o ônus da prova subjetivo é atenuado por força da regra da comunhão da prova e dos poderes instrutórios do juiz". (LIMA; Renato Brasileiro de, 2015, p.594). 5 - PAPEL DO MAGISTRADO O juiz, no processo penal, não possui ônus probatório, pois é inerente às partes a atribuição de provar. Quanto à iniciativa probatória, o magistrado pode determinar de ofício a produção de prova nas hipóteses do art. 156 do CPP, quais sejam: pode determinar a produção antecipada de prova, mesmo durante a fase preliminar investigativa, desde que seja necessário, adequado e proporcional e haja urgência e relevância; pode determinar a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante, no curso do processo. Vale observar que a atividade do magistrado na determinação da prova é complementar, não podendo o mesmo construir todas as provas que são levadas aos autos, sob pena de incorrer em impedimento (art. 254, CPP) ou suspeição (art. 252, CPP). Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: 18 I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. A determinação de prova "ex officio pelo juiz" é permitida pelo princípio da busca da verdade real, que busca revelar o que realmente aconteceu quando da ocorrência do delito. Mas a constitucionalidade do artigo 156 do Código de Processo Penal é, segundo Nestor Távora (2014), questionada por parcela da doutrina, que afirma que o mesmo infringe o sistema acusatório adotado no ordenamento jurídico brasileiro e é incompatível com o princípio da imparcialidade. 6 - SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA Podemos observar os seguintes sistemas probatórios de valoração: Sistema da íntima convicção ou certeza moral do juiz De acordo com o sistema da certeza judicial o juiz é absolutamente livre para decidir, podendo inclusive se basear em elementos que não estão nos autos e julgar com base em seus pré-conceitos e crenças pessoais. O juiz não precisa motivar a sua decisão e a lei não atribui valor às provas. Em regra é afastado no direito processual brasileiro, porém como resquício desse sistema temos que no Tribunal do Júri os jurados julgam de acordo com a sua íntima convicção e votam os quesitos sem fundamentar, conforme o art. 5, XXXVIII, CF. 19 Assim, afirma Fernando Capez (2015, p.180): "Esse sistema vigora entre nós, como exceção, nas decisões proferidas pelo júri popular, nas quais o jurado profere seu voto, sem necessidade de fundamentação." Sistema da certeza legislativa ou da prova tarifada ou da certeza moral do legislador Segundo o sistema das regras legais, a lei estipula previamente o valor e a aplicação de cada prova e o magistrado, como se fosse um matemático, aplica as regras, estando destituído de senso crítico. Conforme estabelece Fernando Capez (2015, p.180), a lei impõe ao julgador o rigoroso acatamento a regras preestabelecidas e não deixa para o mesmo qualquer margem de discricionariedade. Não há convicção pessoal do magistrado na valoração do contexto probatório, mas obediência estrita ao sistema de pesos e valores imposto pela lei. Desse sistema se origina o absurdo brocardo testis unus, testis nullus, pelo qual o depoimento de uma só testernunha, por mais detalhado e verossímil que seja, não tem qualquer valor. No Brasil vigora como exceção, em casos como o do artigo 158, CPP, onde os crimes que deixarem vestígios necessitam de realização de exame de corpo de delito para demonstrar a materialidade da infração, sendo que nem a confissão do réu supre a falta do exame de corpo de delito, estando o juiz limitado à prova pericial e do artigo 155, parágrafo único do CPP (o estado de pessoas somente é provado mediante certidão, não se admitindo a prova testemunhal). Sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional De acordo com o sistema da verdade real, o juiz tem a liberdade para decidir mas precisa motivar a sua decisão. Não há hierarquia entre as provas, cabendo ao magistrado imprimir na decisão o grau de importância das provas que lhe são apresentadas. Explicita Fernando Capez (2015, p.181) que esse sistema atende as exigências da busca da verdade real, rejeitando o formalismo exacerbado, e impede o absolutismo pleno do julgador, gerador do arbítrio, na medida em que exige fundamentação da decisão. É o sistema adotado pelo Brasil, nos termos do artigo 93, IX, CF c/c art. 155, CPP. 20 Conforme estabelece o artigo 155 do CPP, o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo buscar como fundamento elementos estranhos aos autos ("o que não está nos autos não está no mundo"). Igualmente, não pode o julgador fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na fase do inquérito, tendo em vista que esses elementos não foram passíveis de contraditório nem ampla defesa. Porém há duas exceções à imprestabilidade dos elementos colhidos na fase preliminar na prolação da sentença, sendo elas: as provas cautelares (realizadas em razão da necessidade e urgência, para que os elementos não venham a se esvair, como por exemplo, a busca e apreensão); as provas não repetíveis (são de fácil perecimento e não podem ser refeitas na fase processual, como por exemplo, a perícia em infrações que deixam vestígios); as provas antecipadas (visam evitar o perecimento probatório e tramitam perante o magistrado, com colaboração das futuras partes, resguardando-se contraditório e a ampla defesa, eliminado com isso qualquer obstáculo para utilização dos frutos do incidente na fase processual). 7- PROVA EMPRESTADA Prova emprestada é "aquela que, produzida originariamente em um determinado processo, vem a ser apresentada, documentalmente, em outro. Para que seja admissível, é preciso que ambos os feitos envolvam as mesmas partes e que, na respectiva produção, tenha sido observado o contraditório. Satisfeitas estas duas condições, terá a prova emprestada o mesmo valor das demais provas realizadas dentro do processo. Ausentes, contudo, perderá muito de seu valor probatório, devendo ser considerada como simples indício" (AVENA; Norberto, 2014, p.509). Conforme o conceito estabelecido acima, podemos compreender que os requisitos para a admissibilidade da prova emprestada no processo penal são: a existência das mesmas partes em ambos os processos, o mesmo fato probando, o respeito a disciplina normativa que rege a produção probatória e o respeito ao contraditório no processo emprestante. 21 Com base no último requisito pode-se concluir que não há empréstimo de prova de um inquérito a um processo, em razão do procedimento investigativo preliminar ser regido pela inquisitoriedade. 8- PROCEDIMENTO PROBATÓRIO O procedimento probatório compreende as seguintes etapas: Proposição da prova A proposição se refere ao requerimento das provas a serem produzidas na instrução processual ou ao lançamento aos autos das provas pré-constituídas. Normalmente a acusação (Ministério Público ou querelante) propõe a prova na inicial acusatória (artigo 41 do CPP) e a defesa faz a propositura na resposta escrita à acusação (artigo 396 e 396-A do CPP). Mas no curso do processo as partes podem requerer a produção de provas ou o juiz determinar a sua realização de ofício, com exceção da prova testemunhal, que deve ser indicada na inicial ou na defesa preliminar, sob pena de preclusão. Admissibilidade da Prova Trata-se de ato processual do juiz, que, ao examinar as provas propostas pelas partes e seu objeto, defere ou não a sua produção. O magistrado decidirá se autoriza ou não a realização das provas requeridas pelas partes e também se admite ou não a introdução aos autos das provas pré-constituídas. Produção da prova e submissão ao contraditório "É o conjunto de atos processuais que devem trazer a juízoos diferentes elementos de convicção oferecidos pelas partes." (CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo, 2015, p.180) 22 Valoração A prova produzida será valorada na respectiva decisão judicial. Assim, o magistrado deve nesse momento afastar as provas ilícitas ou ilegítimas, determinado o desentranhamento das mesmas (artigo 157, § 3, CPP) e caso venha a amparar a sua decisão em prova que contraria a lei, poderá haver nulidade, em razão de evidente error in procedendo. Se o julgador valorar mal a sua decisão, ela poderá ser reformada em fase recursal, em razão de error in judicando. 9- PRINCÍPIOS RELATIVOS À PROVA PENAL São princípios que regem a produção probatória: Princípio da autorresponsabilidade das partes As partes assumem as consequências de sua inércia, erro ou negligência relativamente à prova de suas alegações. Logo, a frustração ou o êxito no processo estão ligados à conduta probatória do interessado. Princípio da audiência contraditória Toda prova produzida por uma das partes admite a produção de uma contraprova pela parte contrária. Todo o manancial probatório produzido deve ser submetido ao crivo do contraditório e este princípio está relacionado com a expressão "audiatur et altera parte" (ouça-se também a parte contrária), o que importa em conferir ao processo uma estrutura dialética. Princípio da aquisição ou comunhão A prova pertence ao processo e não à parte que a produziu, logo ela pode ser utilizada por qualquer das partes. Segundo Renato Brasileiro de Lima (2015, p.632 e 633), 23 a aquisição da prova somente existe após a sua realização. Em outras palavras, enquanto a prova não foi produzida, a parte pode desistir de sua produção. Sendo assim, durante o curso de uma audiência, caso a parte não tenha interesse em ouvir testemunha por ela arrolada, que ainda não foi ouvida, ela poderá desistir de sua oitiva, independentemente da anuência da parte contrária. Nesse sentido, o artigo 401, § 2 do CPP, autoriza que a parte desista da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, mas há possibilidade do juiz determinar a oitiva de ofício, ouvindo o indivíduo como testemunha do juízo. Princípio da oralidade O princípio da oralidade encontra guarida no artigo 62 da Lei 9.099/1995 (Lei Juizados Especiais) e por ele compreende-se que deve haver a predominância da palavra falada sobre a escrita, sem que esta seja excluída. Da adoção desse princípio decorrem os seguintes subprincípios: princípio da concentração, no qual busca-se centralizar a produção probatória em audiência única ou no menor número delas (art. 400, § 1, CPP); princípio do imediatismo, no qual o magistrado deve proceder diretamente à colheita de todas as provas, em contato imediato com as partes. Todavia, isso não impede a produção de provas por videoconferência; o princípio da identidade física do julgador, no qual o juiz que preside a instrução é necessariamente aquele que irá julgar o processo, salvo exceções previstas em lei, como a promoção ou aposentadoria (art. 399, § 2, CPP); princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias. Princípio da publicidade A regra no processo penal é a publicidade dos atos, em razão da importância das questões atinentes a esse processo. Os atos que compõem o procedimento, inclusive a realização de provas, não devem ser praticados de forma secreta. Um exemplo da aplicação do princípio da publicidade é a Súmula vinculante nº 14 STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 24 Porém o princípio em tela encontra exceções, nas quais a CF e a legislação infraconstitucional asseguram o segredo de justiça, como é o caso do art. 1º da Lei 9.296/1996 (interceptação telefônica), art. 234-B do CP ("Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título - crimes contra a dignidade sexual- correrão em segredo de justiça"), art. 93, IX, da CF ("todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação"), art. 792, § 1.º, do CPP: ("Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes"), art. 201, § 6.º, do CPP: ("O juiz tomará as providências necessárias à preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de comunicação"). Princípio do livre convencimento motivado O princípio do livre convencimento motivado é reconhecido no item VII da Exposição de Motivos do CPP. Estabelece que o magistrado tem a liberdade para decidir o caso, desde que o faça de forma motivada. Princípio da não autoincriminação ("nemo tenetur se detegere") Em face desse princípio o indivíduo acusado de alguma infração não pode ser obrigado a produzir provas contra si. 25 BIBLIOGRAFIA AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. 6 ed. Rev., atual e ampl. Ed. Método, 2014. CAPEZ, Fernando; COLNAGO, Rodrigo. Código de processo penal comentado. 1 ed. Ed. Saraiva, 2015. LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. 3 ed. Rev., atual e ampl. Salvador: Ed. JusPODIVM, 2015. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo e execução penal. 11. Ed. Rev., atual e ampl. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2014. NUCCI, Guilherme de Souza. Provas no processo penal. 4. Ed. Rev., atual e ampl. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2015. TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 8. Ed. Salvador: Ed. JusPODIVM, 2013. TÁVORA, Nestor; ROQUE, Fábio. Código de Processo Penal para concursos. 5. Ed. Salvador: Ed. JusPODIVM, 2014. Vade Mecum Saraiva. 19. Ed. Atual. E ampl. São Paulo: Ed. Saraiva, 2015.
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