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REVISÃO HISTÓRIA DO DIREITO Século XVII Várias repercussões do Período do Renascimento Principal característica do Período do Renascimento: a ruptura com a tradição medieval: TEOCENTRISMO X RAZÃO Disputa de poder decorrente das rupturas feitas por Lutero no século XVI: religião protestante e religião católica (ambas se fragmentaram no cristianismo) disputavam espaços políticos e cada rei iria aderir a uma dessas propostas. Obs.: a religião católica tinha um grande poder temporal/político. Seria melhor para os reis/monarcas que aderissem à religião protestante, pois iriam se emancipar da igreja. Outra característica importante é que formas mais democráticas de poder (o povo como origem do poder) estão relacionadas a regimes protestantes em alguns contextos em boa parte da Europa. Dois importantes autores: Hobbes e Locke Hobbes: Autor do livro “O Leviatã”: defesa por meio de um jus naturalismo de um poder concentrado, um poder plenamente soberano, o absolutismo. Obs.: Neste período acontece a Revolução Burguesa na Inglaterra. Locke: Por volta da década de 80 do século XVII se tem a publicação do Segundo Tratado do Governo Civil que defende um governo liberal, liberalismo. Analisando nos dias de hoje é óbvio que a forma liberal permanece sobre todos os Estados, porém, ainda há regimes absolutistas. Concepção de Direito Natural: dada também pelo Renascimento. 3 raízes do jus naturalismo: perspectiva teocêntrica: que tem a sua força relativizada; jus naturalismo que se origina da própria natureza; jus naturalismo racionalista que se origina das razões da própria concepção do homem. Se tem uma listagem do que agora são Direitos Naturais: não são mais direitos pura e simplesmente de uma legitimação de uma determinada estrutura de poder, Ao invés de se entender que as coisas são da forma que são por uma vontade divina ou por vontade de algum deus... ... deve-se descrever todas as coisas, inclusive as formas jurídicas, por uma forma racional/pelo conhecimento humano. Freio ao poder A compreensão de Direito Natural vêm das ideias dadas pela natureza ou até mesmo ideias que derivam da própria razão, não mais de uma manifestação divina. mas sim busca-se agora atribuir sentido e significado ao que poderia compor os direitos naturais. Pensador Grócio: atribuiu a natureza/buscou na natureza o direito de legítima defesa. Grócio atribui a natureza os Direitos Naturais. Rompe com a tradição medieval, pois na tradição medieval o direito era revelado/produzido por uma autoridade fundamentada e referenciada por um poder teocrático. Nenhuma forma de poder instituído, nenhuma forma de poder político poderia atentar contra os Direitos Naturais, seja na atuação política ou na elaboração de leis que fossem contrárias ás leis da natureza ou ás leis da razão. A lei começa a dar limites ao poder soberano. O homem deveria estar a baixo da lei. “O Rei não deve estar submisso a nenhum outro homem, e sim a Deus e a lei”. Direito Penal: tríplice função para a pena: 1. Reestabelecer o delinquente; 2. Desestimular o crime; 3. Preservação da Segurança Pública. É uma grande característica deste século também o uso de Suplício: vigiar e punir o delinquente como forma de preparação para uma vida após essa vida. Direito Internacional: Paz de Vestefália que após um acordo entre os países europeus coloca fim à Guerra dos Trinta Anos, e reconhece os Estados como agentes de uma ordem internacional. Século XVIII Século das grandes Revoluções Burguesas; Rousseau: grande revolucionário francês deste período; Motor propulsor do pensamento desta época: Iluminismo: se direciona contra toda a autoridade posta, contra toda a forma convencional de pensamento, com base nas críticas realizadas pela razão; A grande ambição desta época foi a Enciclopédia: obra que englobou todo o conhecimento derivado da razão; A pretensão a universalização do conhecimento racional é que vai desabrochar a criação dos códigos; os códigos como grandes instrumentos de legisladores para que se pudesse prever todas as condutas em que fosse necessária a intervenção do Estado. Concepção de Estado e seus fundamentos: Contratualismo Liberal: legitima um poder que é exercido por meio de freios ao poder soberano; Direito Natural: Kant: O Direito Natural é visto por Kant através do motivo que as pessoas têm para cumpri-lo. Ele entende que a norma básica de conduta moral (também considerada natural) possui obrigatoriedade que parte da razão pura. As pessoas irão respeitá-la somente por causa da ideia do dever que possuem. Já a norma positivada possui uma característica própria, que é a possibilidade de coagir o indivíduo a obedecê-la, por meio do uso de sanções pré-estabelecidas. Para entendermos os elementos que dialogam com os Direitos Naturais que foram inseridos nos documentos desse período temos a Declaração de Direitos da Virgínia (1776): Declaração de direitos formulada pelos representantes do bom povo de Virgínia, reunidos em assembléia geral e livre; direitos que pertencem a eles e à sua posteridade, como base e fundamento do governo. I Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm certos direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem por qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros e que são: o gozo da vida e da liberdade com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de buscar e obter felicidade e segurança. Constituição Francesa de 1991: Art. 1º Todos os cidadãos são admissíveis aos cargos e empregos sem outra distinção senão aquela decorrente das suas virtudes e das suas aptidões; Art. 2º Todas as contribuições serão igualmente repartidas entre todos os cidadãos proporcionalmente aos seus recursos; Declaração de Direitos do homem e do cidadão: Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. Na constituição e declarações acima se vê nitidamente a preocupação com a liberdade, igualdade, propriedade, felicidade... as quais são decorrentes dos Direitos Naturais; Surgimento das constituições: as constituições servem para determinar quais os direitos que são garantidos aos cidadãos e como vai funcionar a distribuição dos poderes; Avanços das constituições: As constituições passaram a ser escritas (antes eram pautadas nos costumes); É incorporada a doutrina de separação dos poderes: não se tem mais um Estado soberano na mão de apenas uma entidade; É possível fazer o controle judicial da lei: não se pode mais legislar sobre qualquer coisa; Houve processos revolucionários que mudaram estruturalmente a sociedade, porém, o modo como a sociedade absolutista se relacionava com os cidadãos acaba sendo similar, como por exemplo o modo como o Estado intervém na renda das pessoas, na sociedade, cobrando tributos... Portanto, esse modo de relacionamento do Estado com a sociedade foi preservado. Antes apenas uma cabeça decidia, após, eram os 3 poderes que decidiam, porém estavam sob a coleira da constituição. Estabelecimento do Primado do Direito: a lei é instrumento de liberdade do controle de poder político por excelência; preocupação com o bem público. Direito Penal: ainda há formas desuplicio; Beccaria acaba se tornando símbolo da preocupação humanitária da pena, ou seja, não traz mais o sofrimentos do condenado como forma de execução da pena, mas trata ela de forma mais racional/objetiva; O Direito Penal nessa época surge como instrumento de retenção do poder punitivo do Estado, não surge necessariamente para punir, mas sim como forma de freio do poder violento do Estado – “ultima ratio” “ultimo recurso”. Século XIX Plena racionalização do direito: essa racionalização cada vez mais ganha evidência e tem como principal expressão o processo de codificação. 2 expressões da forma de pensar: 1. Positivismo Exegético: se originou na França, é considerado como o primeiro grande momento da Teoria do Direito nas sociedades modernas, onde havia um texto específico em torno do qual giravam os estudos jurídicos, e caberia ao seu interprete, o juiz, aplica-lo sem inovação, fase conhecida como “juiz boca da lei”. 2. Jurisprudência dos conceitos: se originou na Alemanha, essa jurisprudência tenta amarrar por meio de uma relação de cadeia de conceitos a aplicação da lei; Se limitaria o alcance e a interpretação que o juiz pudesse ter; Ex.: divisão do código: Parte geral – análise de um contrato de compra e venda; Aspectos sociais: Há uma Revolução Industrial que começa a se desenvolver de forma mais clara principalmente a partir de 1820 quando o motor a vapor é lançado, o qual traz a reprodução em escala, coisa que antes não era possível; Os industriais cada vez mais vão adquirindo terras, pois é na terra que irá ser produzida a matéria prima; os indivíduos que possuíam pequenas e médias propriedades vão perdendo essas propriedade e migram para a cidade para consequentemente trabalharem em industriais, e desse modo o espaço urbano deverá ser reconfigurado para acomodar a grande massa de indivíduos; Há também que se formar uma nova sociedade disciplinar, como chamou Focault, a qual deverá ensinar os indivíduos a trabalharem no ritmo de máquinas, ou ainda a sociedade que irá moldar os indivíduos como dóceis. Nós, hoje, vivemos em uma sociedade disciplinar, como por exemplo, obedecer horários. Resultado do processo de Revolução Industrial: a Ascensão (melhora) de Movimentos Trabalhistas e Sindicais: nessa época não havia limite de carga horária de trabalho, as crianças poderiam trabalhar nas industrias, as condições de trabalho eram extremamente agressivas quanto a saúde do trabalhador, não se tinha a garantia de salário mínimo, não se tinha décimo terceiro, licença à maternidade; tudo isso ocorria em nome do capitalismo industrial. Em contrapartida a esse processo houve várias manifestações, sendo a mais importante o Movimento Socialista Comunista; Direitos Fundamentais de Segunda Dimensão: implicam na necessidade do Estado prestar serviço à sociedade, como por exemplo o serviço de educação; também é preciso que o Estado assegure legislações específicas de defesa dos trabalhadores, por exemplo. Nascem os Direitos Fundamentais de Segunda Dimensão como espécie de pacto entre as necessidades dos trabalhadores e a intenção dos industriais de continuarem usufruindo a mão de obra dos trabalhadores do espaço urbano; Não agradavam nem aos comunistas nem aos industriais, foi uma espécie de conciliação entre eles. Escola Histórica: nasceu na Alemanha como resistência a jurisprudência dos conceitos; a Escola Histórica tem como objetivo fazer um Direito que fosse alinhado com o processo histórico que viviam. Os alemães pegaram um costume germânico e incorporaram a formas jurídicas romanas, e então a intenção dessa escola era estudar esses processos como eles eram entendidos principalmente no período de transição entre o medieval e o renascimento e tentar reestabelecer formas jurídicas no século XIX que remetessem a esse processo e ai construir um código. Século XX 1ª metade do século XX Desenvolvimento de uma nova forma de relação comercial em escala: os países que não passaram pelo processo industrial exportavam produtos/matéria prima para as fábricas dos países que haviam sido industrializados; Houve conflito entre os países recém consolidados, e esse conflito vai direcionar a primeira grande guerra, e as causas da primeira grande guerra vão causar a segunda guerra no sentido em que os países que perderam a oportunidade de se expandir tiveram que pagar as contas da primeira guerra mundial, principalmente a Alemanha que teve que assinar Tratados Internacionais reconhecendo a sua culpa pela Primeira Guerra Mundial e ainda ficar submissa aos países que saíram vitoriosos; Surgiu Hitler com discursos que diziam que os Alemães eram grandes, porém um povo fraco escravizado, dizia que as minorias deveriam ser combatidas para que o povo alemão fosse forte, e assim conseguiu promoção ao poder com o apoio popular de forma legítima, e assim instaurou o Nazismo, e não somente na Alemanha, mas sim, na Itália, na Espanha, em Portugal e no Brasil que tínhamos Vargas; O combate as minorias pregado por Hitler (ciganos, negros, judeus, homo afetivos) todos foram perseguidos em prol de que democracia seria essa ditadura da maioria X minoria; Após o conflito há a invasão em Berlim pela URSS e Hitler se mata junto com seus assessores; Declaração Universal dos Direitos Humanos: os direitos humanos não nascem para defender bandidos, mas sim para defender a humanidade de psicopatas como Hitler, e também para expressar novamente o conceito de democracia como uma possibilidade de convivência com o diferente; Escola jurídica: Positivismo Normativista: identifica que o que não pode ser provado racionalmente não pode ser conhecido. O julgador terá que interpretar a lei e o Direito irá conduzir o julgador para um conjunto de hipóteses. Ex.: a norma diz que roubar é crime, e dá uma pena de 4 a 6 anos, portanto, cabe ao julgador analisar e ver se a pena ficará mais próxima a 4 ou a 6 anos de detenção; Movimento do Direito Livre: ideia de dar liberdade ao julgador para aplicar a solução que lhe parecesse mais correta; Realismo Americano: a intimidação está no momento da aplicação na certeza da efetividade do Direito e não necessariamente na teoria, por isso se diz que o Direito é o que os tribunais dizem que é; Direito Natural: preocupação de justiça após a Segunda Guerra Mundial. 2ª metade do século XX Reconfiguração da sociedade dos Estados Formação de blocos econômicos: esses blocos econômicos vão tentar adequar a formulação do Direito a melhor possibilidade de comércio entre os países, serão adequadas as leis de um país às necessidades do investidor de outro país; Direito enquanto integridade: como se o julgador fosse um escritor, logo ele não poderá falar qualquer coisa no capitulo que irá escrever, mas sim continuar o capitulo que parou, em outras palavras, é o mesmo que aplicar a norma jurídica de acordo com o contexto do desenvolvimento que ela vem sendo aplicada. Essa integridade impede que o julgador decida de qualquer forma o caso que ele vai analisar; Escola da Análise econômica do Direito: o Direito deve ser efetivado a partir de uma relação de custo benefício, deve-se analisar as implicações econômicas da decisão e a decisão deverá ser tomada considerando essas implicações econômicas. Ex.: o direito vai ser efetivado a saúde até que isso seja viável economicamente, não será efetivado além disso nem menos que isso; Uma das características mais importantes dessa 2ª metade do século é o mercado ditando as normas que o direito vai internalizar. Ex.: CPC
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