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PROCESSO PENAL AULA 06

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PROCESSO PENAL - AULA 06 (26/04/12)
PROVAS
01) Princípios Relativos à prova penal
01.1) Princípio da Presunção de Inocência
- Alguns doutrinadores chamam de Princípio da Presunção de não-culpabilidade.
- Consta expressamente na CF, art. 5º, inc. LVII. A Convenção Americana de Direitos Humanos também faz referência, no art. 8º, § 2º. A CF usa a expressão “ninguém será considerado culpado”, não fazendo menção à inocência. Por esse motivo, alguns autores preferem dizer que a CF adota o princípio da presunção de não-culpabilidade. Contudo, a Convenção Americana de Direitos Humanos afirma que toda pessoa acusada de um delito “tem direito a que se presuma a sua inocência”. Por este motivo, a doutrina entende que, neste caso, a terminologia correta seria dizer princípio da presunção de inocência. Este é o motivo da diferença de expressões.
- No STF predomina a expressão princípio da presunção de não-culpabilidade.
- Apesar da doutrina ser distinta, trata-se da mesma coisa.
- Até quando, de acordo com a Convenção Americana, a pessoa é presumida inocente? R: Enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. De forma mais concreta, a presunção de inocência se estenderá até o exercício do direito ao duplo grau de jurisdição. Lembrando que isso está previsto na Convenção Americana.
- Na CF, o assunto é diferente. A CF afirma que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. É de se analisar que a CF é muito mais benéfica ao acusado do que a Convenção Americana. Isso porque a CF afirma que a presunção de não-culpabilidade cabe até quando não houver mais nenhum tipo de recurso cabível, diferente do que a Conv. Americana, que a presunção irá até o momento do exercício ao direito do duplo grau.
- A presunção de não-culpabilidade até o trânsito em julgado traz um sério problema, tendo em vista que o trânsito em julgado de um processo é muito demorado, em razão da justiça ser lenta.
- A doutrina afirma que deste princípio da presunção de inocência derivam duas regras fundamentais:
a) Regra probatória: recai sobre a acusação o ônus de comprovar a culpabilidade do acusado, sob pena de absolvição caso haja dúvida razoável (in dubio pro reo). Art. 386, VI do CPP.
- O princípio do in dubio pro reo aplica-se à revisão criminal? R: A revisão criminal só pode ser ajuizada depois do trânsito em julgado de sentença penal condenatória ou absolutória imprópria (absolve mas submete o acusado ao cumprimento de medida de segurança). Por este motivo, não se o in dubio pro reo na revisão criminal, porque o princípio da presunção de inocência se estende até o trânsito em julgado.
- Na revisão criminal aplica-se o in dubio contra reo. Se houver dúvida no pedido da revisão, o desembargador deve negar o pedido.
b) Regra de Tratamento: em regra, o acusado deve permanecer em liberdade durante a persecução penal. Porém, é possível a decretação de medidas cautelares de natureza pessoal, desde que demonstrada sua necessidade.
Fora do ar: às 20:05
* HC 84.078 (STF)
- Antes do HC 84.078: Como os recursos extraordinários (RE/REsp) não são dotados
- Depois do HC 84.078: O recolhimento do acusado à prisão só poderá ocorrer após o trânsito em julgado de sentença condenatória, salvo se presente alguma hipótese que autorize a prisão preventiva.
- O entendimento do HC 84.078 foi positivado pela L. 12.403/11. Basta ler no CCP, a nova redação do art. 283.
- Conclusão: Não há que falar, portanto, em execução provisória da pena. Isso, no entanto, não impede a concessão antecipada de benefícios prisionais ao preso cautelar.
- Ex: Tício praticou um crime de roubo circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2°, I, CP), e teve sua prisão preventiva decretada. Ele está preso por 02 anos. A sentença condenou Tício a uma pena de 06 anos. Contra essa sentença condenatória, foi interposto um Recurso Exclusivo da defesa. O processo sobe ao TJ. Esta pena de 06 anos não pode ser aumentada, porque o MP não recorreu (princípio da non reformatio in pejus). Por estar em prisão preventiva por 02 anos, e por ter uma pena para cumprir de 06 anos, Tício cumpriu 1/3 da pena, o que lhe garante uma progressão da pena (na verdade, para a progressão, é necessário cumprir 1/6 da pena). Portanto, Tício tem direito a progressão de regime. Isto é chamado de concessão antecipada de benefício prisional ao preso cautelar. Este benefício é dado pelo juiz da execução, porque pode ser que o acusado tenha contra si outras execuções.
01.2) Princípio da Busca da Verdade
- A doutrina antiga dizia que no processo penal, deveria se aplicar o princípio da verdade real, e no processo civil se aplicar o princípio da verdade formal. Mas os doutrinadores modernos afirmam que o processo civil já está buscando a verdade real, pois o juiz já está fazendo um papel mais atuante.
- A terminologia está abandonando a terminologia verdade real. Isso porque a verdade real é uma mentira, porque não existe no processo uma verdade que seja real. Não é possível reproduzir no processo com absoluta veracidade o que ocorreu no dia do delito. A doutrina moderna afirma que o que existe é uma verdade processual.
- De acordo com a doutrina moderna, o que existe é a busca da verdade pelo juiz, que nunca será uma verdade real, mas sim uma verdade processual.
- Pergunta: O juiz, no processo penal, pode produzir prova? R: A busca da verdade pelo juiz (ou gestão da prova) deve se dividir em duas fases. Na fase investigatória o juiz não é dotado de iniciativa acusatória, podendo agir apenas se provocado pelas partes. Por este motivo que a doutrina majoritária vem entendendo que o inciso I do art. 156 do CPP é inconstitucional, pois viola a imparcialidade e o sistema acusatório. Já na fase processual, o juiz tem certa iniciativa probatória, a ser utilizada de maneira residual (subsidiária). Sobre o assunto, ver art. 212, CPP.
- A verdade consensual é a que existe no âmbito dos juizados especiais criminais, pois nos juizados deixa-se de descobrir a “verdade real” para se firmar um acordo.
01.3) Princípio do Nemo tenetur se detegere
- Por conta desse princípio, o acusado não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Este princípio veda a autoincriminação.
- Previsão: art. 5º, inc. LXIII, CF. Convenção Americana de Direitos Humanos, art. 8º. § 2º, alínea “g”.
a) Titular do direito à não autoincriminação
- De acordo com a CF, o titular deste direito seria o preso. Mas deve haver uma interpretação extensiva para considerar também como titular o suspeito, o investigado, o indiciado e o acusado. Pouco importa se a pessoa está presa ou em liberdade.
- Quanto às testemunhas, se das respostas puder resultar autoincriminação, a testemunha tem direito a não produzir prova contra si mesmo. Se a testemunha estiver como terceiro não interessado, deverá falar a verdade, sem o direito de se calar.
b) Advertência quanto ao direito à não autoincriminação
- De acordo com o art. 5º, LXIII da CF assegura que o direito à não autoincriminação deve ser informado ao preso. Não cabe aqui a presunção de que todos devem conhecer a lei.
- Ex: Art. 186, do CPP, quando fala que “o acusado será informado pelo juiz”.
- O acusado deve ser informado, sob pena de ilicitude da prova.
- Sobre o assunto ver STF: HC 80.949. É um caso concreto de gravação clandestina de conversa informal do preso com autoridade policial sem prévia advertência quanto ao direito ao silêncio. O STF entendeu ser uma prova ilícita que foi desentranhada do processo.
- Aviso de Miranda vem do direito norte americano, onde é conhecido por Miranda Rights (ou Miranda Warmings). De acordo com ele, nenhuma validade pode ser dada às declarações feitas pela pessoa à polícia sem que antes seja informada:
De que tem o direito de não responder;
De que tudo o que disser, pode ser usado contra ela;
De que tem direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado.
- No Brasil, o documento que contém as informações é a Nota de Culpa.
- O dever de informação não se aplica à mídia. Ouseja, se o acusado falar alguma coisa para o repórter, poderá ser usado contra ele. Quanto ao assunto, STF: HC 99.558. Chegou-se à conclusão de que o dever de informação aplica-se apenas ao poder público.
c) Desdobramentos do Nemo tenetur
c.1) O acusado tem direito ao silêncio.
- Lembrando que o silêncio do acusado não importa em confissão ficta.
- Ver art. 198, CPP. A doutrina majoritária afirma que a parte final deste artigo não foi recepcionado pela CF/88, já que há o direito ao silêncio, que não poderá ser usado para o convencimento do juiz.
- Quanto ao Plenário do Júri também há o direito ao silêncio, mas essa conduta repercute negativamente perante aos jurados e ao próprio juiz de direito.
- Ainda sobre o Júri, com o advento da L. 11.689/08 a presença do acusado no júri não é mais obrigatória (seja crime afiançável ou inafiançável). Este fato está intimamente ligado ao direito ao silêncio, pois é menos prejudicial não aparecer do que ficar calado perante os jurados. Esta lei também prevê que o direito ao silêncio não pode ser usado como argumento para convencer os jurados (art. 478, II, CPP).
c.2) Inexigibilidade da Verdade:
- No Brasil, não há o crime de perjúrio, que é quando o próprio acusado mente.
- Assim, a mentira acaba sendo tolerada. Em outras palavras, não é exigível a verdade.
- A mentira agressiva, que é quando conta uma mentira incriminando terceiro inocente, é proibida, e estará caracterizado o crime de calúnia (art. 138, CP) ou denunciação caluniosa (art. 339, CP).
c.3) Direito de não produzir qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo:
- Reconstituição: não é obrigado a participar, pois demanda comportamento ativo.
- Exame grafotécnico: não é obrigado a fornecer material, pois demanda comportamento ativo. Se não quiser participar, deve apreender um caderno, uma prova, ou algum documento que ele assinou.
- Reconhecimento: é obrigado a participar, pois não demanda comportamento ativo. O acusado está se sujeitando a ele.
- Bafômetro: no caso de soprar, é um comportamento ativo, e não é obrigado. Mas o etilômetro passivo (instrumento que colocam na frente do condutor para captar alguma concentração de álcool) é obrigado.
c.4) Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva:
- Este tipo de prova envolve penetração no organismo humano para extração ou utilização de alguma parte dele.
- Ex: DNA, fio de cabelo (descartado no lixo não goza mais da proteção. Esse material pode ser apreendido), espirro.

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