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PROCESSO PENAL AULA 09

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PROCESSO PENAL - AULA 09 (29/05/12)
PRISÃO 
1) Tutela Cautelar no Processo Penal
- No processo penal não há um processo cautelar autônomo.
- A tutela cautelar é prestada através de medidas cautelares que são concedidas incidentalmente no curso das investigações ou do processo.
- A tutela cautelar visa assegurar a eficácia do processo. Uma vez que o processo é lento, se faz necessária uma tutela cautelar, já que em algumas situações não há como aguardar o trânsito em julgado.
Classificação das Medidas Cautelares no Processo Penal
A) De natureza patrimonial
- São aquelas relacionadas à reparação do dano e ao perdimento de bens, como efeito da condenação.
- Ex: Seqüestro, arresto e inscrição de hipoteca legal.
B) De natureza probatória
- São aquelas que visam preservar a prova.
- Ex: Art. 225, CPP; Art. 366, CPP.
- Ex. mais novo: Art. 19-A, L. 9.807/99.
C) De natureza pessoal
- São aquelas que acarretam a privação ou a restrição da liberdade de locomoção do acusado.
- A L. 12.403/11 trouxe uma novidade. 
- Antes do advento desta lei, as opções de medidas cautelares de natureza pessoal que o juiz tinha à sua disposição eram a prisão cautelar e a liberdade provisória. Por este motivo, a doutrina afirmava que havia uma bipolaridade das medidas cautelares de natureza pessoal previstas no CPP. Este sistema anterior era muito pobre e precário, porque haviam alguns casos que causavam dúvidas, pois o crime não era tão grave para se prender o acusado.
- Depois desta lei (L. 12.403/11) o ordenamento jurídico passa a contar com um rol de medidas cautelares diversas da prisão. Estas medidas estão previstas nos arts. 319 e 320 do CPP. Ou seja, com esta lei ainda temos a prisão cautelar e a liberdade provisória que pode vir conjuntamente com medidas cautelares. As medidas cautelares são comparecimento periódico em juízo, proibição de acesso em determinados lugares, proibição de manter contato com determinadas pessoas, proibição de ausentar-se da comarca, recolhimento domiciliar noturno, suspensão do exercício da função pública, internação provisória do inimputável ou semi-imputável, fiança, monitoração eletrônica e retenção do passaporte.
- Portanto, a grande novidade da L. 12.403/11 é a criação das medidas cautelares acima mencionadas.
Poder Geral de Cautela no Processo Penal
- O Poder Geral de Cautela é um poder atribuído ao Estado-juiz, destinado a autorizar a concessão de medidas cautelares atípicas sempre que nenhuma medida cautelar típica se mostre adequada para assegurar a eficácia do processo no caso concreto.
- O art. 798, CPC, consagra o poder geral de cautela.
- Para uma banca mais conservadora, deve-se dizer que não se admite o poder geral de cautela no processo penal, pois viola o princípio da legalidade (posição minoritária).
- Prevalece o entendimento, tanto no STF, como no STJ, que é possível a aplicação subsidiária do art. 798 do CPC no Processo Penal. Isso porque o ordenamento já admite a medida cautelar de natureza mais gravosa, que é a prisão, e, teoricamente, a adoção de uma medida menos gravosa poderia ser utilizada (STF, HC 94.147; HC 86.758
1.3) Pressupostos das Medidas Cautelares
- Quadro comparativo dos pressupostos:
	Prisão Preventiva
	Medidas Cautelares diversas da Prisão
	É necessário o fumus comissi delicti, que é a prova da existência do crime e os indícios suficientes de autoria.
Também é necessário o periculum libertatis*, que é o perigo que a permanência do acusado em liberdade representa durante o processo.
______________Até aqui é igual_____________
A Prisão Preventiva tem caráter de ultima ratio, ou seja, só pode decretar a prisão preventiva quando demonstrada a inadequação ou insuficiência das cautelares diversas da prisão.
	É necessário o fumus comissi delicti.
Também é necessário o periculum libertatis (art. 282, I, CPP). Apesar da escrita diferente, este artigo trata das mesmas garantias do art. 312, CPP.
______________Até aqui é igual_____________
As medidas cautelares têm caráter de prima ratio.
	Quanto à infração penal, a L. 12.403 restringiu bastante a decretação da preventiva. Deve-se verificar a nova redação do art. 313, CPP.
	Quanto à infração penal, deve haver cominação de pena privativa de liberdade.
* As quatro hipóteses são: garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, garantia de aplicação da lei penal e na conveniência da instrução criminal (art. 312, CPP).
2) Procedimento para aplicação das Medidas Cautelares de Natureza Pessoal
- A L. 12.403 trouxe um procedimento para a sua aplicação.
2.1) Aplicação Isolada ou Cumulativa das Cautelares diversas da Prisão
- Todas as medidas cautelares do art. 319, CPP podem aplicadas de maneira isolada ou cumulativas, a depender da necessidade do caso concreto.
- Não pode aplicar estas cautelares em conjunto com a prisão.
- O art. 282, § 1º, CPP trata justamente a aplicação isolada ou cumulativa.
- Ex: O recolhimento domiciliar no período noturno é bem mais eficiente se for aplicado conjuntamente com o monitoramento eletrônico.
2.2) Competência para a decretação das Cautelares
- As medidas cautelares deverão ser decretadas pela autoridade judiciária competente.
- A decretação das cautelares está sujeito à cláusula de reserva de jurisdição. Ou seja, por repercutir na liberdade das pessoas, tais medidas só podem ser decretadas pelo Poder Judiciário.
- A exceção é a fiança, que pode ser concedida pelo juiz ou pela autoridade policial.
- A L. 12.403 ampliou a fiança dada pelo delegado. Se a pena máxima do delito não for superior a 04 anos, o delegado pode conceder fiança.
- As medidas cautelares podem ser decretadas pelo juiz de ofício? R: Deve-se separar a persecução penal em dois momentos distintos. Na fase investigatória não é possível a decretação de medidas cautelares de ofício. O juiz pode agir, desde que provocado. Na fase judicial é possível a decretação de ofício. A partir do momento em que o processo está em andamento, o juiz tem o dever de prestar o exercício da jurisdição, dando à sociedade um andamento justo ao processo (art. 282, § 2º, CPP).
2.3) Legitimidade para o Requerimento de Decretação de Medidas Cautelares
A) Na fase investigatória
- Pode ser requerida através da Representação de autoridade policial (delegado).
- Há uma 1ª corrente que afirma que a concordância do MP não é indispensável. A 2ª corrente afirma que o delegado não possui capacidade postulatória, bem como não é possível a decretação de medida cautelar sem prévia concordância do titular da ação penal, por isso a concordância do MP é indispensável.
- Nesta fase, as medidas cautelares também podem ser decretadas através de requerimento do MP.
- Nos crimes de ação penal privada, o requerimento poderá ser feito pelo ofendido.
- O acusado e seu defensor também podem requerer as medidas cautelares. Esta é uma possibilidade óbvia e concreta, pois as cautelares diversas da prisão podem ser aplicadas substituindo uma anterior prisão.
B) Na fase judicial
- O MP poderá fazer o requerimento, bem como o querelante.
- Antes da L. 12.403/11, o assistente (vítima) não tinha legitimidade para requerer medidas cautelares. Prova disso é o teor da Súmula 208, STF.
- Após a L. 12.403/11, o assistente (vítima) passa a ter legitimidade para requerer a decretação de medidas cautelares. A conseqüência para a Súmula 208, STF está ultrapassada.
- O acusado e seu defensor também podem requerer as medidas cautelares.
2.4) Contraditório prévio à decretação das cautelares
- Antes da L. 12.403/11, a ciência do acusado quanto às medidas cautelares era um contraditório diferido/postergado. Ou seja, o acusado só tomaria conhecimento de uma prisão posteriormente.
- Depois da L. 12.403/11, a regra colocada pelo texto da lei é um contraditório prévio. Ou seja, antes do juiz decretar a medida cautelar, o acusado será cientificado. Mas a própria lei excetua, com a ressalva nos casos de urgência, ou de perigo de ineficácia da medida.
- Ex: A prisão preventiva do traficante Nem nãonecessitaria de contraditório, pelo perigo de ineficácia da medida.
- O art. 282, § 3º, CPP traz a previsão legal da intimação do contraditório.
- Se, no caso concreto, não for observado o contraditório, deverá haver a fundamentação pelo juiz.
2.5) Descumprimento injustificado das cautelares diversas da prisão
- Diante do descumprimento, o juiz poderá realizar a substituição da medida.
- Poderá ainda realizar a imposição de outra medida cumulativamente.
- Por último, poderá decretar a prisão preventiva.
- Previsão Legal: art. 282, § 4º, CPP.
- Quando há descumprimento da cautelar e decreta-se a preventiva, é necessária a observância do art. 313 do CPP? R: A posição majoritária afirma que não é necessária a observância do artigo. Isso é assim por conta da necessidade de força coercitiva das medidas cautelares.
2.6) Revogação e/ou Substituição das Medidas Cautelares

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