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MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS DIREITO PROCESSUAL PENAL

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MEDIDAS CAUTELARES
PESSOAIS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
VON
JURÍDICO
Q U E S T Õ E S P A R A C O N C U R S O
1 
SUMÁRIO 
 
PARTE I ............................................................................................................................................... 6 
1. PREMISSAS FUNDAMENTAIS E ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ...................................... 6 
1.1. Classificação .......................................................................................................................... 6 
1.1.1. Medidas cautelares de natureza patrimonial .................................................................. 6 
1.1.2. Medidas cautelares relativas à prova ............................................................................. 6 
1.1.3. Medidas cautelares de natureza pessoal ......................................................................... 6 
1.2. Lei n° 12.403/11 e o fim da bipolaridade das medidas cautelares de natureza pessoal 
previstas no Código de Processo Penal ............................................................................................ 6 
2. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL .... 9 
2.1. Necessidade ........................................................................................................................... 9 
2.1.1. Necessidade para aplicação da lei penal ........................................................................ 9 
2.1.2. Necessidade para a investigação ou para a instrução criminal ...................................... 9 
2.1.3. Necessidade para evitar a prática de infrações penais ................................................... 9 
2.2. Adequação ............................................................................................................................. 9 
2.3. Proporcionalidade em sentido estrito .................................................................................... 9 
3. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................... 10 
3.1. Jurisdicionalidade.................................................................................................................... 10 
3.2. Provisoriedade ......................................................................................................................... 10 
3.3. Revogabilidade........................................................................................................................ 10 
3.4. Excepcionalidade .................................................................................................................... 11 
3.5. Substitutividade ....................................................................................................................... 11 
4. REQUISITOS DAS MEDIDAS CAUTELARES EM GERAL ................................................ 11 
4.1. Fumus comissi delicti .......................................................................................................... 12 
4.2. Periculum libertatis ............................................................................................................. 12 
5. PROCEDIMENTO PARA A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES DE 
NATUREZA PESSOAL .................................................................................................................... 12 
5.1. Oportunidade ....................................................................................................................... 12 
5.2. Aplicação isolada ou cumulativa das medidas cautelares ................................................... 12 
5.3. Decretação de medidas cautelares pelo juiz de ofício ......................................................... 13 
5.3.1. Regime anterior à Lei nº 13.964/2019 ......................................................................... 13 
5.3.2. Nova redação do art. 311 do CPP determinada pela Lei nº 13.964/2019 .................... 13 
5.4. Legitimidade para requerimento da medida cautelar .......................................................... 14 
5.5. Contraditório prévio à decretação das medidas cautelares .................................................. 14 
5.6. Descumprimento injustificado das obrigações inerentes às medidas cautelares ................. 14 
5.7. Revogabilidade e/ou substitutividade das medidas cautelares ............................................ 15 
5.8. Recursos cabíveis ................................................................................................................ 16 
2 
5.8.1. Em favor da acusação .................................................................................................. 16 
5.8.2. Em favor do acusado .................................................................................................... 16 
5.9. Duração e extinção das medidas cautelares de natureza pessoal ........................................ 17 
5.10. Detração ........................................................................................................................... 18 
PARTE II ........................................................................................................................................... 18 
1. CONCEITO DE PRISÃO E SEU FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL ............................. 18 
2. ESPÉCIES DE PRISÃO ............................................................................................................ 18 
3. IMUNIDADES PRISIONAIS ................................................................................................... 19 
3.1. Presidente da República e Governadores de Estado ........................................................... 19 
3.2. Imunidade diplomática ........................................................................................................ 19 
3.3. Senadores, deputados federais, estaduais e distritais .......................................................... 19 
3.4. Magistrados e Membros do Ministério Público .................................................................. 19 
3.5. Advogados ........................................................................................................................... 20 
4. PRISÃO PROVISÓRIA ............................................................................................................ 20 
4.1. Efetivação da prisão: tempo e forma de execução .............................................................. 21 
4.2. Mandado de prisão: conteúdo, formalidades e exibição ..................................................... 22 
4.3. Prisão do indivíduo que se encontra em território de outra comarca .................................. 23 
4.4. A hipótese de perseguição do indivíduo que ingressa em território sujeito a outra jurisdição
 23 
4.5. Prisão com base em informações de sistema virtual de dados ............................................ 24 
1. PRISÃO EM FLAGRANTE .......................................................................................................... 24 
1.1. Conceito e natureza jurídica ................................................................................................ 24 
2. FUNÇÕES DA PRISÃO EM FLAGRANTE ............................................................................ 25 
3. FASES DA PRISÃO EM FLAGRANTE .................................................................................. 25 
4. SUJEITO ATIVO DA PRISÃO EM FLAGRANTE ................................................................. 26 
4.1. Flagrante facultativo ............................................................................................................ 26 
4.2. Flagrante obrigatório, compulsório ou coercitivo ............................................................... 26 
5. SUJEITO PASSIVO DO FLAGRANTE ................................................................................... 27 
6. ESPÉCIES DE FLAGRANTE...................................................................................................27 
6.1. Flagrante próprio, perfeito, real ou verdadeiro .................................................................... 27 
6.2. Flagrante impróprio, imperfeito, irreal ou quase-flagrante ................................................. 27 
6.3. Flagrante presumido ou ficto ............................................................................................... 28 
6.4. Flagrante preparado, provocado, crime de ensaio, delito de experiência ou delito putativo 
por obra do agente provocador ....................................................................................................... 28 
6.5. Flagrante esperado ............................................................................................................... 28 
6.5.1. Venda simulada de droga ............................................................................................. 28 
6.6. Flagrante prorrogado, protelado, retardado ou diferido: ação controlada e entrega vigiada
 29 
3 
7. Prisão em flagrante nas várias espécies de crimes ..................................................................... 29 
7.1. Prisão em flagrante em crime permanente .......................................................................... 29 
7.2. Prisão em flagrante em crime habitual ................................................................................ 29 
7.3. Prisão em flagrante em crime continuado ........................................................................... 29 
7.4. Prisão em flagrante em crime de ação penal privada e em crime de ação penal pública 
condicionada .................................................................................................................................. 30 
7.5. Prisão em flagrante em crimes formais ............................................................................... 30 
8. LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO ................................... 31 
8.1. Autoridade com atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante ....................... 31 
8.2. Prazo para lavratura do auto de prisão em flagrante ........................................................... 32 
8.3. Relaxamento da prisão em flagrante pela autoridade policial (auto de prisão em flagrante 
negativo)......................................................................................................................................... 33 
8.4. Recolhimento à prisão ......................................................................................................... 33 
8.5. Remessa do auto de prisão em flagrante delito à autoridade judiciária e à Defensoria Pública
 33 
8.6. Nota de culpa ....................................................................................................................... 33 
9. Convalidação judicial da prisão em flagrante ............................................................................ 34 
9.1. Audiência de custódia ......................................................................................................... 35 
9.1.1. Procedimento na audiência de custódia ....................................................................... 35 
9.1.2 Perguntas do MP e depois da defesa ................................................................................. 36 
9.1.2. Concessão de liberdade provisória ao flagranteado ..................................................... 37 
9.1.3. Obrigatoriedade da realização de audiência de custódia ............................................. 38 
9.2. Relaxamento da prisão em flagrante ................................................................................... 40 
9.3. Conversão da prisão em flagrante em preventiva ............................................................... 40 
9.4. Concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada (ou não) com as medidas 
cautelares diversas da prisão .......................................................................................................... 41 
9.5. Concessão de liberdade provisória sem fiança .................................................................... 41 
9.6. Obrigatoriedade de denegação da liberdade provisória ...................................................... 41 
1. PRISÃO PREVENTIVA ........................................................................................................... 42 
2. MOMENTO DA DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA DURANTE A FASE PRELIMINAR 
DAS INVESTIGAÇÕES E DURANTE O CURSO DO PROCESSO CRIMINAL......................... 42 
3. INICIATIVA PARA DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA ..................................................... 42 
4. CONCESSÃO ANTECIPADA DE BENEFÍCIOS PRISIONAIS AO PRESO CAUTELAR . 42 
5. PRESSUPOSTOS ...................................................................................................................... 43 
5.1. Fumus comissi delicti .......................................................................................................... 43 
5.2. Periculum libertatis.............................................................................................................. 43 
5.2.1. Garantia da ordem pública ........................................................................................... 44 
5.2.2. Garantia da ordem econômica ...................................................................................... 44 
4 
5.2.3. Conveniência da instrução criminal ............................................................................. 44 
5.2.4. Segurança de aplicação da lei penal ............................................................................. 44 
5.2.5. Contemporaneidade do perigo da liberdade do réu ..................................................... 45 
6. HIPÓTESES DE ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA .................................... 45 
6.1. Crimes dolosos punidos com pena máxima superior a 4 (quatro) anos .............................. 45 
6.2. Investigado ou acusado condenado por outro crime doloso em sentença transitada em 
julgado, ressalvado o disposto no art. 64, inciso I, do Código Penal ............................................. 46 
6.3. Quando o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, 
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas 
protetivas de urgência .................................................................................................................... 46 
6.4. Dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou não fornecimento de elementos suficientes para 
seu esclarecimento ......................................................................................................................... 46 
6.5. Hipótese negativa de decretação da preventiva ................................................................... 47 
7. PRISÃO PREVENTIVA E EXCLUDENTES DE ILICITUDE E CULPABILIDADE ........... 47 
8. FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO QUE DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA ............ 48 
8.1. Requisito da contemporaneidade das razões para decretação das medidas cautelares ....... 49 
8.2. Vetores para a fundamentação das decisões judiciais ......................................................... 50 
9. REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA .......................................................................... 50 
9.1. Controle permanente da manutenção da prisão preventiva ................................................. 51 
1. PRISÃO DOMICILIAR ............................................................................................................ 52 
1.1. Agente maior de 80 anos ..................................................................................................... 53 
1.2. Agente extremamente debilitado por motivo de doença grave ........................................... 53 
1.3. Agente que seja imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de 
idade ou com deficiência ................................................................................................................54 
1.4. Gestante ............................................................................................................................... 54 
1.5. Mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos ........................................... 54 
1.6. Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de 
idade incompletos .......................................................................................................................... 54 
2. FISCALIZAÇÃO DA PRISÃO DOMICILIAR ........................................................................ 54 
3. UTILIZAÇÃO DA PRISÃO DOMICILIAR COMO MEDIDA CAUTELAR DIVERSA DA 
PRISÃO PREVENTIVA ................................................................................................................... 54 
4. DETRAÇÃO .............................................................................................................................. 55 
5. NOVAS HIPÓTESES DE PRISÃO DOMICILIAR ................................................................. 55 
1. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO ............................................................ 57 
2. COMPARECIMENTO PERIÓDICO EM JUÍZO ..................................................................... 58 
3. PROIBIÇÃO DE ACESSO OU FREQUÊNCIA A DETERMINADOS LUGARES .............. 58 
4. PROIBIÇÃO DE MANTER CONTATO COM PESSOA DETERMINADA ......................... 58 
5. PROIBIÇÃO DE AUSENTAR-SE DA COMARCA OU DO PAÍS ........................................ 59 
5 
6. RECOLHIMENTO DOMICILIAR NO PERÍODO NOTURNO E NOS DIAS DE FOLGA 
QUANDO O INVESTIGADO OU ACUSADO TENHA RESIDÊNCIA E TRABALHO FIXOS . 59 
7. SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA OU DE ATIVIDADE DE 
NATUREZA ECONÔMICA OU FINANCEIRA ............................................................................. 59 
8. INTERNAÇÃO PROVISÓRIA ................................................................................................. 61 
9. FIANÇA ..................................................................................................................................... 61 
10. MONITORAÇÃO ELETRÔNICA ......................................................................................... 62 
1. LIBERDADE PROVISÓRIA .................................................................................................... 62 
2. DISTINÇÃO ENTRE RELAXAMENTO DA PRISÃO, LIBERDADE PROVISÓRIA E 
REVOGAÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR ...................................................................................... 63 
3. CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................... 65 
3.1. Liberdade provisória obrigatória ......................................................................................... 65 
3.2. Liberdade provisória permitida ........................................................................................... 65 
4. FIANÇA ..................................................................................................................................... 66 
4.1. Momento para a concessão da fiança .................................................................................. 66 
4.2. Concessão da fiança pela autoridade policial ...................................................................... 66 
4.3. Cabimento ........................................................................................................................... 66 
4.4. Valor da fiança .................................................................................................................... 67 
4.5. Obrigações processuais ....................................................................................................... 68 
4.6. Incidentes relativos à fiança ................................................................................................ 68 
4.6.1. Quebramento da fiança ................................................................................................ 68 
4.6.2. Perda da fiança ............................................................................................................. 69 
4.6.3. Cassação da fiança ....................................................................................................... 69 
4.6.4. Reforço da fiança ......................................................................................................... 69 
4.6.5. Destinação da fiança .................................................................................................... 69 
4.6.6. Execução da fiança ....................................................................................................... 70 
QUADRO-RESUMO DAS MEDIDAS CAUTELARES ................................................................. 71 
TABELA DAS MUDANÇAS DA LEI Nº 13.964/2019 ................................................................... 73 
 
 
 
 
6 
MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL1 
 
 
PARTE I 
 
 
1. PREMISSAS FUNDAMENTAIS E ASPECTOS 
INTRODUTÓRIOS 
 
Apesar de não ser possível se admitir a existência de um processo penal cautelar autônomo, certo 
é que, no âmbito processual penal, a tutela jurisdicional cautelar é exercida através de uma série de 
medidas cautelares previstas no Código de Processo Penal e na legislação especial, para 
instrumentalizar, quando necessário, o exercício da jurisdição. Afinal, em sede processual penal, é 
extremamente comum a ocorrência de situações em que essas providências urgentes se tornam 
imperiosas, seja para assegurar a correta apuração do fato delituoso, a futura e possível execução da 
sanção, a proteção da própria coletividade, ameaçada pelo risco de reiteração da conduta delituosa, 
ou, ainda, o ressarcimento do dano causado pelo delito. 
A razão de ser desses provimentos cautelares é a possível demora na prestação jurisdicional, 
funcionando como instrumentos adequados para se evitar a incidência dos efeitos avassaladores do 
tempo sobre a pretensão que se visa obter através do processo. 
 
1.1. Classificação 
 
1.1.1. Medidas cautelares de natureza patrimonial 
 
São aquelas relacionadas à reparação do dano e ao perdimento de bens como efeito da 
condenação, tais como as previstas nos artigos 125 e 144 do estatuto processual penal (seqüestro, 
arresto e hipoteca legal), e a restituição de coisas apreendidas, prevista nos arts. 118 a 124 do CPP. 
 
 
1.1.2. Medidas cautelares relativas à prova 
 
São aquelas que visam à obtenção de uma prova para o processo, com a finalidade de assegurar a 
utilização no processo dos elementos probatórios por ela revelados ou evitar o seu perecimento. A 
título de exemplo, podemos citar a busca domiciliar (e pessoal), prevista nos arts. 240 e seguintes do 
CPP, assim como a produção antecipada de prova testemunhal, disposta no art. 225 do CPP. 
 
1.1.3. Medidas cautelares de natureza pessoal 
 
São aquelas medidas restritivas ou privativas da liberdade de locomoção adotadas contra o 
imputado durante as investigações ou no curso do processo, com o objetivo de assegurar a eficácia 
do processo, importando algum grau de sacrifício da liberdade do sujeito passivo da cautela. 
 
1.2. Lei n° 12.403/11 e o fim da bipolaridade das medidas cautelares de natureza 
pessoal previstas no Código de Processo Penal 
 
 
1 Atualizado em 5 de julho de 2020. 
7 
Na disciplina do Código de Processo Penal de 1941, duas eram as condições a que poderia estar 
submetido o agente no curso da investigação criminal e no decorrer do processo penal: sob prisão 
provisória ou em liberdade. 
Tem-se aí o que a doutrina denominava de bipolaridade cautelar do sistema brasileiro. Significa 
dizer que, no sistema originalmente previsto no CPP, ou o acusado respondia ao processo com total 
privação de sua liberdade, permanecendo preso cautelarmente, ou então lhe era deferidoo direito à 
liberdade provisória. 
Com as reformas introduzidas pela Lei nº 12.403/2011, este sistema foi abandonado, dando lugar 
a outro caracterizado pela multicautela, na medida em que submete o imputado a um terceiro status, 
que não implica prisão e, ao mesmo tempo, não importa em liberdade total: trata-se da sua sujeição 
às medidas cautelares diversas da prisão, listadas nos arts. 319 e 320 do CPP. 
 
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para 
informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para 
evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou 
necessária para a investigação ou instrução; 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou 
acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou 
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou 
grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do 
Código Penal) e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do 
processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem 
judicial; 
IX - monitoração eletrônica. 
§ 1o (Revogado). 
§ 2o (Revogado). 
§ 3o (Revogado). 
§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo 
ser cumulada com outras medidas cautelares. 
 
Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades 
encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou 
acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. 
 
Essas medidas cautelares diversas da prisão previstas nos arts. 319 e 320 do CPP podem ser 
adotadas: 
a) Como instrumento de contracautela, substituindo anterior prisão em flagrante, preventiva ou 
temporária: conforme o disposto no art. 321 do CPP, ao receber o auto de prisão em flagrante, se o 
juiz verificar a ausência dos requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, deve 
conceder ao preso liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no 
art. 319, observados os critérios de necessidade e adequação do art. 282, I e II, do CPP: 
 
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz 
deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas 
no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. 
 
8 
b) Como instrumento cautelar ao acusado que estava em liberdade plena: desde que presentes 
seus pressupostos, as medidas cautelares diversas da prisão listadas nos arts. 319 e 320 do CPP 
também podem ser aplicadas de maneira autônoma, ou seja, como medidas que não guardam nenhum 
vínculo com anterior prisão em flagrante, preventiva ou temporária. É o que se extrai da nova redação 
do art. 282, § 2º, do CPP. O art. 282, § 3º, do CPP, também reforça o entendimento de que as medidas 
cautelares do art. 319 do CPP podem ser decretadas autonomamente: 
 
Art. 282. 
(...) 
§ 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando 
no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante 
requerimento do Ministério Público. 
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber 
o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar 
no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, 
permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados 
e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa 
medida excepcional.2 
 
A vantagem quanto à aplicação autônoma dessas medidas cautelares é evidente, já que seus 
requisitos são menos exigentes quando comparados com os da prisão preventiva. Em outras palavras, 
com a entrada em vigor da Lei n° 12.403/11, persecuções penais em relação a infrações que, pela 
legislação pretérita, se encontravam desprovidas de providências acautelatórias, doravante poderão 
encontrar nas medidas cautelares diversas da prisão importantes instrumentos de tutela cautelar do 
processo. 
 
Esquematizando: 
 
 
 
Fluxograma baseado no livro de Norberto Avena 
 
2 Nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019 
SISTEMA
ANTES DA LEI Nº 
12.403/2011
PRISÃO 
PROVISÓRIA
Aguardar em 
liberdade o curso 
das investigações 
e do processo 
criminal
DEPOIS DA LEI Nº 
12.403/2011
MULTICAUTELA
Medidas 
Cautelares 
Diversas da Prisão 
(arts. 319 e 320)
Prisão Provisória
Aguardar em 
liberdade o curso 
das investigações 
e do proceso 
criminal
9 
2. PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS MEDIDAS CAUTELARES DE 
NATUREZA PESSOAL 
 
As medidas cautelares de natureza pessoal estão reguladas conjuntamente no título XI do Livro 
I do Código de Processo Penal, a elas incidindo, então, a regra do art. 282, que dispõe: 
 
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se 
a: 
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos 
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais; 
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais 
do indiciado ou acusado. 
 
Quis o legislador, dessa forma, que tanto para a prisão como para as demais medidas cautelares 
diversas da prisão fossem observadas a necessidade e a adequação como critérios norteadores de sua 
aplicação. 
 
2.1. Necessidade 
 
A necessidade relaciona-se com o risco verificado no caso concreto enquanto se aguarda o 
provimento judicial definitivo por meio do trânsito em julgado da sentença, risco este que guarda 
estreita correspondência com os fundamentos que justificam a decretação da prisão preventiva, 
previstos no art. 312 do CPP. 
 
2.1.1. Necessidade para aplicação da lei penal 
 
Trata-se do risco de fuga. Confunde-se com um dos fundamentos da prisão preventiva dispostos 
no art. 312, qual seja, o objetivo de assegurar a aplicação da lei penal. 
 
2.1.2. Necessidade para a investigação ou para a instrução criminal 
 
Tem o objetivo de garantir a efetividade da colheita de provas, seja na fase que antecede a 
instauração do processo criminal, seja no curso da instrução processual penal, confundindo-se com o 
requisito referente à conveniência da instrução criminal. 
 
2.1.3. Necessidade para evitar a prática de infrações penais 
 
Corresponde ao fundamento da garantia da ordem pública. 
 
2.2. Adequação 
 
Diz respeito à pertinência abstrata da medida em face do crime sob apuração e do indivíduo que 
deverá cumpri-la. 
 
2.3. Proporcionalidade em sentido estrito 
 
Não obstante o art. 282, I e II, do CPP tenha estabelecido. como princípios 
informadores das medidas cautelares, apenas a necessidade e a adequação, a verdade é que, ínsita às 
alterações da Lei 12.403/2011, encontra-se, também, a proporcionalidade em sentido estrito, 
consistente no juízo de ponderação entre os danos causados com a aplicação da medida cautelar 
10 
restritiva e os resultados que comela serão auferidos, a fim de, com isto, verificar-se se o ônus 
imposto é proporcional à relevância do bem jurídico que se pretende resguardar. 
 
 
Fluxograma baseado no livro de Norberto Avena 
 
 
3. CARACTERÍSTICAS 
 
3.1. Jurisdicionalidade 
 
Devem ser impostas pelo Poder Judiciário, excetuando-se desta regra o disposto no art. 322 do 
CPP, que possibilita à autoridade policial arbitrar fiança nos crimes cuja pena máxima não seja 
superior a quatro anos de prisão. 
 
3.2. Provisoriedade 
 
Como se vê do art. 282, I, CPP, norteia a aplicação das medidas cautelares a necessidade. Daí se 
infere que devem elas vigorar apenas enquanto perdurar a situação de urgência que justificou sua 
decretação. 
 
3.3. Revogabilidade 
 
É característica coligada à provisoriedade, corporificando-se no art. 282, § 5º, 1ª parte, do CPP, 
ao dispor que o juiz poderá revogar a medida cautelar quando verificar a falta de motivo para que 
subsista. Eis a nova redação do dispositivo, com as alterações da Lei nº 13.964/2019: 
 
Art. 282, §5º. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou 
substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-
la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
 
A principal modificação desse dispositivo foi prever expressamente a possibilidade de o juiz 
revogar ou substituir a medida cautelar de ofício, sem necessidade de provocação das partes. 
PRINCÍPIOS 
QUE 
INFORMAM AS 
MEDIDAS 
CAUTELARES
ADEQUAÇÃO
- Gravidade do crime
- Circunstâncias do fato
- Condições pessoais 
do indiciado ou acusado
PROPORCIONALIDAD
E EM SENTIDO 
ESTRITO
- Requisito presente 
nos termos implícitos 
das alterações ditadas 
pela Lei nº 12.403/2011
- Juízo de ponderação 
entre o gravame 
imposto e o resultado 
esperado do processo
NECESSIDADE
- Aplicação da lei penal
- Investigação ou 
instrução criminal
- Evitar a prática de 
novas infrações penais
11 
Note-se que, mais uma vez, essa mudança atende ao espírito do PAC: se é para decretar medidas 
cautelares, o juiz deve ser provocado, sendo vedada sua atuação ex officio; porém, para revogá-las, o 
juiz pode, sim, atuar sem provocação das partes. 
Tal situação atende aos postulados da cláusula rebus sic stantibus (enquanto as coisas assim 
permanecerem. 
 
3.4. Excepcionalidade 
 
As medidas cautelares devem ser aplicadas em hipóteses emergenciais, com o objetivo de superar 
situações de perigo à sociedade, ao resultado prático do processo ou à execução da pena. Nesse 
sentido, a nova redação do § 6º do art. 282 do CPP optou por deixar clara a necessidade de 
fundamentação concreta, de forma individualizada, em relação à impossibilidade de substituição da 
prisão por outra medida menos gravosa, expressando, assim, o princípio da preferibilidade 
(Gustavo Badaró). 
 
Art. 282, §6º. A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua 
substituição por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento 
da substituição por outra medida cautelar deverá ser justificado de forma fundamentada nos 
elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. 
 
Assim, diante da necessidade da tutela cautelar, a primeira opção deverá ser sempre uma das 
medidas previstas nos arts. 319 e 320. Portanto, o magistrado só poderá decretar a prisão preventiva 
quando não existirem outras medidas menos invasivas ao direito de liberdade do acusado por meio 
das quais também seja possível alcançar os mesmos resultados desejados pela prisão cautelar. 
 
3.5. Substitutividade 
 
Esta característica decorre do art. 282, § 4º, facultando ao juiz, no caso de descumprimento de 
medida cautelar imposta, substitui-la por outra. 
 
Art. 282, §4º. No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, 
mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá 
substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão 
preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. 
 
Note-se que na sistemática antiga, em vista do descumprimento injustificado da medida cautelar 
menos gravosa, o juiz poderia ex officio decretar a prisão preventiva, nos termos do art. 312, parágrafo 
único. 
Com a nova sistemática do art. 282, § 4º, o juiz só poderá decretar a preventiva sancionatória, 
nos termos do art. 312, parágrafo único, em caso de prévia e circunstanciada provocação das partes e 
demais interessados. 
 
 
4. REQUISITOS DAS MEDIDAS CAUTELARES EM GERAL 
 
Como espécies de provimentos de natureza cautelar, as medidas cautelares de natureza pessoal 
jamais poderão ser adotadas como efeito automático da prática de determinada infração penal. Sua 
decretação também está condicionada à presença do fumus comissi delicti e do periculum libertatis. 
Não se pode pensar que as medidas diversas da prisão, por não implicarem a restrição absoluta 
da liberdade, não estejam condicionadas à observância dos pressupostos e requisitos legais. Pelo 
contrário. À luz da garantia da presunção de não culpabilidade e da própria redação do art. 282 do 
12 
CPP, nenhuma dessas medidas pode ser aplicada sem que existam os pressupostos do fumus comissi 
delicti e do periculum libertatis. 
 
4.1. Fumus comissi delicti 
 
O fumus boni iuris enseja a análise judicial da plausibilidade da medida pleiteada ou 
percebida como necessária a partir de critérios de mera probabilidade e verossimilhança e em 
cognição sumária dos elementos disponíveis no momento, ou seja, basta que se possa perceber ou 
prever a existência de indícios suficientes para a denúncia ou eventual condenação de um crime 
descrito ou em investigação, bem como a inexistência de causas de exclusão de ilicitude ou de 
culpabilidade. Este requisito corresponde aos indícios suficientes de autoria e à prova da existência 
do crime, tal como previsto no art. 312, CPP. 
 
4.2. Periculum libertatis 
 
Corresponde à efetiva demonstração de que a liberdade plena do agente (sem qualquer restrição, 
obrigação ou condicionamento) poderá colocar em risco a aplicação da pena que venha a ser imposta, 
o resultado concreto do processo ou a própria segurança social. 
 
 
5. PROCEDIMENTO PARA A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS 
CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL 
 
5.1. Oportunidade 
 
No aspecto relativo à oportunidade em que podem ser decretadas as medidas cautelares de 
natureza pessoal, duas regras devem ser consideradas: a primeira, de caráter geral, aplicada tanto à 
prisão preventiva como às demais medidas cautelares diversas da prisão, consubstanciada no art. 282, 
§ 2º, do CPP; e a segunda, norma específica para a prisão preventiva, inscrita no art. 311 do CPP. 
 
NORMA GERAL APLICÁVEL À PRISÃO 
PREVENTIVA E ÀS MEDIDAS 
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO 
NORMA ESPECÍFICA APLICÁVEL À 
PRISÃO PREVENTIVA 
Art. 282, §2º As medidas cautelares serão 
decretadas pelo juiz a requerimento das partes 
ou, quando no curso da investigação criminal, 
por representação da autoridade policial ou 
mediante requerimento do Ministério Público. 
Art. 311 Em qualquer fase da investigação 
policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento 
do Ministério Público, do querelante ou do 
assistente, ou por representação da autoridade 
policial. 
 
5.2. Aplicação isolada ou cumulativa das medidas cautelares 
 
O art. 282, § 1º, do CPP, estabelece que as medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou 
cumulativamente. Significa dizer que, a depender da adequação da medida e da necessidade do caso 
concreto, é possível que o juiz adote uma ou mais das medidas acautelatórias, devendo, logicamente, 
verificar a compatibilidade entre elas. 
Evidentemente, na hipótese de decretação da prisão cautelar (ou internação provisória), não será 
possível a cumulação com outra medida cautelar, uma vez que já se estará impondo ao acusadoo 
13 
grau máximo de restrição cautelar, privando-o de sua liberdade de locomoção. Porém, à exceção 
dessas hipóteses, as demais medidas cautelares poderão ser aplicadas, isolada ou cumulativamente. 
 
Art. 282 
§ 1º As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente 
 
5.3. Decretação de medidas cautelares pelo juiz de ofício 
 
5.3.1. Regime anterior à Lei nº 13.964/2019 
 
No regime instituído anteriormente à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019, era vedada a 
decretação de medidas cautelares pelo juiz de ofício, sob pena de evidente violação ao sistema 
acusatório. 
Isso porque, antes do início do processo, destoa das funções do magistrado exercer qualquer 
atividade de ofício que possa caracterizar uma colaboração à acusação. 
Diante do teor da então redação do art. 282, §§ 2º e 4º, c/c art. 311, ambos do CPP, com redação 
determinada pela Lei n° 12.403/11, concluía-se que, durante a fase investigatória, a decretação das 
medidas cautelares pelo juiz só poderia ocorrer mediante provocação da autoridade policial, do 
Ministério Público ou do ofendido - neste caso, exclusivamente em relação aos crimes de ação penal 
de iniciativa privada. 
Todavia, uma vez provocada a jurisdição por denúncia do Ministério Público ou queixa-crime 
do particular ofendido, a autoridade judiciária competente passava a deter poderes inerentes à própria 
jurisdição penal, podendo, assim, decretar medidas cautelares de ofício caso verificasse a necessidade 
do provimento para preservar a prova, o resultado do processo ou a própria segurança da sociedade. 
 
5.3.2. Nova redação do art. 311 do CPP determinada pela Lei nº 13.964/2019 
 
Com a nova redação do art. 311, CPP, o juiz deve ser provocado para decretar a prisão preventiva 
do réu. Jamais, com a nova sistemática, poderá decretar prisão preventiva por iniciativa própria. 
O regime anterior, em relação à necessidade de provocação da autoridade policial, do Ministério 
Público ou do ofendido, para decretação de prisão preventiva durante as investigações permanece a 
mesma. O que mudou foi a possibilidade de o juiz decretar, de ofício, a prisão, no curso da ação penal. 
Dessa forma, assim como fez com o art. 282, § 2º, CPP (decretação de medidas cautelares em geral), 
o legislador, mais uma vez valorizou o sistema acusatório. Desse modo, tanto na fase da investigação 
quanto na fase processual, não cabe ao magistrado decretar a prisão preventiva de ofício, sendo 
imprescindível, em ambos os casos, que seja provocado. 
Eis a nova redação do dispositivo: 
 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do 
assistente, ou por representação da autoridade policial. 
 
Nos dizeres de Renato Brasileiro, a mudança em questão vem ao encontro do sistema 
acusatório, acolhido de forma explícita pela Constituição Federal de 1988 (art. 129, I), segundo o qual 
a relação processual somente pode ter início mediante a provocação de pessoa encarregada de deduzir 
a pretensão punitiva (ne procedat judex ex officio). Destarte, deve o juiz se abster de promover atos 
de ofício, seja durante a fase investigatória, seja durante a fase processual. 
Desde que o magistrado seja provocado, é possível a decretação de qualquer medida cautelar, haja 
vista a fungibilidade que vigora em relação a elas. 
 
14 
5.4. Legitimidade para requerimento da medida cautelar 
 
Como se vê, agora, tanto na fase investigatória, quanto durante o curso do processo criminal, tais 
medidas somente podem ser decretadas em face de requerimento da autoridade policial, do Parquet, 
do querelante ou do assistente de acusação. 
A nova redação do art. 311, continuando a tradição anterior, manteve a legitimidade do assistente 
de acusação para requerer a prisão preventiva. Essa legitimidade, todavia, somente pode ocorrer 
durante o curso do processo. Afinal, segundo o art. 268 do CPP, só se admite a habilitação do 
assistente da acusação no curso do processo penal. 
 
5.5. Contraditório prévio à decretação das medidas cautelares 
 
No processo penal, sempre prevaleceu o entendimento de que não seria possível conceber e 
admitir a intervenção defensiva do investigado e/ou de seu advogado em momento anterior à 
decretação da prisão cautelar, sob pena de frustração da eficácia da medida cautelar pleiteada. 
Assim, as medidas cautelares pessoais eram sempre aplicadas inaudita altera pars, ou seja, sem 
a oitiva da parte contrária. 
Com a entrada em vigor da Lei n° 12.403/11, e na esteira da moderna legislação europeia, o art. 
282, § 3º, do CPP, passou a prever o contraditório prévio à decretação da medida cautelar. 
O novo art. 282, §3º, com as alterações da Lei nº 13.964/2019, determina prazo de 5 (cinco) para 
manifestação da parte alvo da medida cautelar. Percebe-se que, transcorrido in albis o prazo, o juiz 
fica livre para decidir sobre o requerimento da cautelar. 
Apesar de o art. 282, § 3º, do CPP, ter instituído o contraditório prévio à decretação da medida 
cautelar, o próprio dispositivo ressalva os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida. 
Neste ponto reside a segunda inovação do art. 282, §3º, dispondo acerca da necessidade de 
fundamentação da decisão que determina a medida cautelar. Agora, em vista de limitar ainda mais a 
discricionariedade judicial, o PAC determina que o juiz deve motivar sua decisão com elementos do 
caso concreto aptos a legitimar a medida extrema. 
 
Art. 282 
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber 
o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, para se manifestar 
no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, 
permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados 
e fundamentados em decisão que contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa 
medida excepcional. 
 
Renato Brasileiro ressalta que, ausente fundamentação explícita apontando a impossibilidade de 
observância do contraditório prévio em virtude da urgência ou perigo de ineficácia da medida, ter-se-
á medida cautelar manifestamente ilegal, passível, pois, de relaxamento, pela instância superior. 
 
5.6. Descumprimento injustificado das obrigações inerentes às medidas 
cautelares 
 
De nada adianta a imposição de determinada medida cautelar se a ela não se emprestar força 
coercitiva. É nesse sentido que se destaca a importância dos arts. 282, § 4º, e 312, § 1º, ambos do 
CPP. 
Perceba-se que na sistemática antiga, em vista do descumprimento injustificado da medida 
cautelar menos gravosa, o juiz poderia ex officio decretar a prisão preventiva, nos termos do art. 312, 
parágrafo único. Com a nova sistemática do art. 282, § 4º, o juiz só poderá decretar a preventiva 
15 
sancionatória, nos termos do art. 312, § 1º, em caso de prévia e circunstanciada provocação das partes 
e demais interessados. 
 
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante 
requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a 
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos 
termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. 
 
Por fim, ressalte-se que esse tipo de prisão preventiva não pode se dar automaticamente, ou seja, 
a medida cautelar diversa da prisão (art. 319) não pode ser convertida de pronto em prisão preventiva, 
devendo o juiz observar 3 caminhos não taxativos: a) substituição da medida por outra mais eficaz; 
b) cumulação com nova medida cautelar; c) decretação da prisão preventiva, em último caso, nos 
termos do art. 282, § 4º c/c 312, parágrafo único do Código de Processo Penal. 
Com efeito, o descumprimento a que se refere o art. 282, §4º, do CPP, além de injustificado, deveser comprovado mediante o devido processo legal, assegurados ao investigado ou acusado o direito 
ao contraditório e à ampla defesa, salvo na hipótese de urgência ou de perigo de ineficácia da medida. 
Questão que tem provocado acirrada controvérsia na doutrina diz respeito à possibilidade de 
decretação da prisão preventiva diante do descumprimento injustificado das cautelares diversas da 
prisão se acaso a infração penal não preencher uma das hipóteses do art. 313 do CPP. 
Doutrina majoritária (Pacelli, Nucci, Guilherme Madeira Dezem) e a própria jurisprudência do 
STJ entendem que é possível decretar a preventiva substitutiva/sancionatória sem atender aos 
requisitos do art. 313, CPP, pois a norma jurídica das medidas cautelares necessita de coercibilidade, 
sob pena de ineficácia, já que a ausência de sanção ao descumprimento de decisão judicial desnatura 
o ordenamento jurídico e a própria segurança jurídica. 
Parcela minoritária da doutrina, capitaneada por Luiz Flávio Gomes, entende que, em apreço ao 
princípio da homogeneidade, que determina que se não há possibilidade real de prisão do réu ao final 
do processo, a prisão preventiva jamais poderá ser decretada. Logo, para a decretação da preventiva 
substitutiva/sancionatório seria necessário atender aos requisitos do art. 313, CPP. 
 
5.7. Revogabilidade e/ou substitutividade das medidas cautelares 
 
Como desdobramento de sua natureza provisória, a manutenção de uma medida cautelar depende 
da persistência dos motivos que evidenciaram a urgência da medida necessária à tutela do processo. 
São as medidas cautelares situacionais, pois tutelam uma situação fática de perigo. Desaparecido o 
suporte fático legitimador da medida, consubstanciado pelo fumus comissi delicti e pelo periculum 
libertatis, deve o magistrado revogar a constrição. 
Por isso é que se diz que a decisão que decreta uma medida cautelar sujeita-se à cláusula rebus 
sic stantibus, pois está sempre sujeita à nova verificação de seu cabimento, seja para eventual 
revogação, quando cessada a causa que a justificou, seja para nova decretação, diante do surgimento 
de hipótese que a autorize. 
A principal modificação inserida pela Lei nº 13.964/2019 no §5º do art. 282, foi a previsão 
expressa da possibilidade de o juiz revogar ou substituir a medida cautelar de ofício, sem necessidade 
de provocação das partes. 
 
Art. 282 
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-
la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se 
sobrevierem razões que a justifiquem. 
 
Da mesma forma que, uma vez decretada a prisão cautelar, esta pode ser revogada, caso o juiz 
verifique a falta de motivo para que subsista, também é possível o contrário, ou seja, revogada a 
16 
prisão preventiva, nada impede que, sobrevindo razões que a justifiquem, possa o magistrado decretá-
la novamente. É o que dispõe o art. 316, com a nova redação dada pela Lei nº 13.964/2019: 
 
Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva se, no 
correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para que ela subsista, bem 
como novamente decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. 
 
5.8. Recursos cabíveis 
 
5.8.1. Em favor da acusação 
 
De acordo com o art. 581, inciso V, in fine, do CPP: 
 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
(...) 
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento 
de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em 
flagrante; 
 
Logo, tal instrumento de impugnação também se revela adequado contra a decisão que indefere 
requerimento de medida cautelar diversa da prisão ou revoga constrição anteriormente imposta. 
No caso de RESE interposto contra o indeferimento do requerimento de medidas cautelares, o 
acusado deve ser intimado para apresentar contrarrazões, tal qual explicitado pelo próprio art. 282, § 
3º, do CPP, que passou a assegurar o contraditório prévio à decretação das medidas cautelares. O 
contraditório prévio também deve ser respeitado por ocasião da interposição do RESE, assegurando-
se ao acusado a possibilidade de apresentar contrarrazões recursais, salvo na hipótese de risco de 
esvaziamento da eficácia da medida cautelar. 
 
5.8.2. Em favor do acusado 
 
O Código de Processo Penal não prevê o cabimento de recurso contra a decisão que decreta a 
prisão preventiva e/ou quaisquer das medidas cautelares diversas da prisão, nem tampouco contra a 
decisão que indefere o pedido formulado pela defesa de revogação e/ou substituição da medida 
cautelar. Não obstante, o indivíduo (ou qualquer pessoa) poderá impetrar ordem de habeas corpus. 
À primeira vista, poder-se-ia pensar que o habeas corpus somente seria cabível quando tivesse 
havido a decretação da prisão preventiva. Porém, não se pode afastar o cabimento do writ para as 
demais medidas cautelares de natureza pessoal. Em primeiro lugar, porque a decretação de quaisquer 
das medidas cautelares de natureza pessoal acarreta algum tipo de constrangimento à liberdade de 
locomoção. Segundo, porque as medidas cautelares de natureza pessoal só podem ser adotadas em 
relação à infração penal à qual seja cominada, isolada, ou alternativamente, pena privativa de 
liberdade. Por fim, não se pode esquecer que o descumprimento injustificado de uma das medidas 
cautelares diversas da prisão pode ensejar a conversão em prisão preventiva (art. 282, § 4º). 
 
Esqueminha, amor! 
 
17 
 
Fluxograma baseado no livro de Norberto Avena 
 
5.9. Duração e extinção das medidas cautelares de natureza pessoal 
 
Nada disse a Lei n° 12.403/11 quanto ao prazo de duração das medidas cautelares de natureza 
pessoal. O problema, como se percebe, assemelha-se à ausência de previsão de prazo de duração da 
prisão preventiva. 
Renato Brasileiro destaca apenas que, em se tratando de medidas cautelares diversas da prisão, 
o prazo de sua duração deve ser mais dilatado quando comparado ao da prisão. Na verdade, há uma 
relação inversa entre a gravidade da restrição à liberdade de locomoção e o prazo de sua manutenção, 
ou seja, quanto mais grave a restrição aos direitos fundamentais do acusado, menor deve ser o prazo 
de duração da medida cautelar. 
 
 
 
Medidas 
cautelares 
de natureza 
pessoal
Recursos e 
impugnações
Prisão 
Preventiva
Deferiment
o
Habeas 
Corpus
Indeferiment
o
Recurso 
em Sentido 
Estrito
Medidas 
cautelares 
diversas da 
prisão
Deferiment
o
Tratando 
da hipótese 
prevista no 
art. 313 do 
CPP
Cabível 
Habeas 
corpus, 
tendo em 
vista a 
possibilida
de de 
conversão 
em prisão 
preventiva
Não se 
tratando da 
hipótese de 
admissibilida
de prevista 
no art. 313 
do CPP
1ª Corrente: 
o 
descumprim
ento da 
cautelar, 
nestas 
hipóteses, 
não autoriza 
a conversão 
em 
preventiva
Não é 
cabível HC, 
restando a 
impetração 
de 
mandado 
de 
segurança
2ª Corrente: 
o 
descumprim
ento da 
cautelar 
autoriza a 
conversão 
em 
preventiva
Cabível HC, 
tendo em 
vista a 
possibiliade 
de 
conversão 
em 
preventiva
Indeferiment
o
Recurso 
em sentido 
estrito (art. 
581, V, 
CPP)
18 
5.10. Detração 
 
Por força do art. 42 do Código Penal, computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida 
de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no exterior, e o de internação em hospital de 
custódia e tratamento psiquiátrico. A detração consiste, portanto, no desconto, da pena final aplicada, 
do tempo em que o acusado ficou preso cautelarmente. 
Esclareça-se que, em se tratando de medidas cautelares diversas da prisão que acarretam a 
restrição completa à liberdade de locomoção, não há qualquer óbice à detração. Logo, na hipótese de 
internação provisória do inimputável (CPP, art. 319, VII) e prisão domiciliar (CPP, arts. 317 e 318), 
otempo referente ao cumprimento da cautelar deve ser descontado da pena definitiva aplicada ao 
agente. 
Todavia, quanto às demais medidas cautelares, como não há restrição absoluta à liberdade de 
locomoção e como elas não guardam homogeneidade com uma possível pena de prisão a ser aplicada 
ao final do processo, revela-se inviável a aplicação do art. 42 do Código Penal. 
 
 
PARTE II 
 
1. CONCEITO DE PRISÃO E SEU FUNDAMENTO 
CONSTITUCIONAL 
 
No sentido que mais interessa ao direito processual penal, prisão deve ser compreendida como a 
privação da liberdade de locomoção, com o recolhimento da pessoa humana ao cárcere, seja em 
virtude de flagrante delito, ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, seja 
em face de transgressão militar ou por força de crime propriamente militar, definidos em lei (CF, art. 
5º, LXI). 
 
 
2. ESPÉCIES DE PRISÃO 
 
No ordenamento jurídico pátrio há, fundamentalmente, 3 (três) espécies de prisão: 
 
a) prisão extrapenal: tem como subespécies a prisão civil e a prisão militar; 
b) prisão penal, também conhecida como prisão pena ou pena: é aquela que decorre de sentença 
condenatória com trânsito em julgado3. 
c) prisão cautelar, provisória, processual ou sem pena: tem como subespécies a prisão em 
flagrante, a prisão preventiva e a prisão temporária. 
 
Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja 
a modalidade de depósito. 
 
Súmula 419, STJ - Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel. 
 
Embora Renato Brasileiro aborde exaustivamente as prisões extrapenais, para os fins a que se 
presta esse material, iremos nos limitar a tratar das diversas espécies de prisões cautelares do CPP. 
 
3 Olha o gancho: o plenário do STF julgou em conjunto as ADCs 43, 44 e 54, onde, por maioria, julgou procedente a 
ação para assentar a constitucionalidade do artigo 283, do CPP, na redação dada pela lei 12.403/11. Dessa forma, 
estabeleceu-se a garantia fundamental do cidadão de ser considerado inocente até que não seja mais possível reverter 
eventual decisório condenatório, deixando-se explicitado que o artigo 283 do CPP não viola o texto constitucional. 
19 
3. IMUNIDADES PRISIONAIS 
 
3.1. Presidente da República e Governadores de Estado 
 
O Presidente da República, nas infrações comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória, 
não estará sujeito à prisão (CF, art. 86, § 3º). Como se vê, não cabe contra o Presidente da República 
nenhuma prisão cautelar. 
Ademais, por força do disposto no art. 86, § 4º, da Constituição Federal, enquanto vigente o 
mandato, o Presidente da República não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de 
sua função (fatos praticados antes ou durante o mandato). Trata-se da cláusula da irresponsabilidade 
relativa, que não protege o Presidente da República quanto aos ilícitos praticados no exercício da 
função ou em razão dela, assim como não exclui sua responsabilização civil, administrativa ou 
tributária. Extinto ou perdido o mandato, o Presidente da República poderá ser criminalmente 
processado pelo fato criminoso estranho ao exercício da função, ainda que praticado antes ou durante 
a investidura. 
Renato Brasileiro entende que a regra do art. 86, § 3º, da Constituição Federal, é de aplicação 
exclusiva ao Presidente da República. 
 
3.2. Imunidade diplomática 
 
Chefes de governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e membros das comitivas, 
embaixadores e suas famílias, funcionários estrangeiros do corpo diplomático e suas famílias, assim 
como funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA, etc.) gozam de imunidade 
diplomática, que consiste na prerrogativa de responder no seu país de origem pelo delito praticado no 
Brasil. 
Em virtude disso, tais pessoas não podem ser presas e nem julgadas pela autoridade do país onde 
exercem suas funções, seja qual for o crime praticado (CPP, art. 1º, inciso I). 
 
3.3. Senadores, deputados federais, estaduais e distritais 
 
Senadores, deputados federais, estaduais ou distritais, desde a expedição do diploma, não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. É a chamada freedom from arrest. 
Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, 
pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (CF, art. 53, § 2º, c/c art. 27, § 1º). 
Vale ressaltar que vereadores, ao contrário do que ocorre com parlamentares federais, estaduais 
ou distritais, não gozam de incoercibilidade pessoal relativa (freedom from arrest), embora sejam 
detentores da chamada imunidade material em relação às palavras, opiniões e votos que proferirem 
no exercício do mandato e na circunscrição do município (CF, art. 29, VIII) e possuam, em alguns 
Estados da Federação, prerrogativa de foro assegurada na respectiva Constituição. 
 
3.4. Magistrados e Membros do Ministério Público 
 
De acordo com a Lei Orgânica da Magistratura Nacional (LC 35/79), são prerrogativas do 
Magistrado não ser preso senão por ordem escrita do Tribunal ou do Órgão Especial competente para 
o julgamento, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará imediata 
comunicação e apresentação do Magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (art. 33, 
inciso II). 
Por sua vez, nos exatos termos da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei n° 8.625/93), 
constituem prerrogativas dos membros do Ministério Público ser preso somente por ordem judicial 
20 
escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que a autoridade fará, no prazo máximo de 
vinte e quatro horas, a comunicação e a apresentação do membro do Ministério Público ao 
Procurador-Geral de Justiça (art. 40, inciso III). 
 
3.5. Advogados 
 
Por motivo ligado ao exercício da profissão, advogados somente poderão ser presos em flagrante 
em caso de crime inafiançável, assegurada, nesse caso, a presença de representante da OAB para 
lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à 
seccional da OAB (Lei n° 8.906/94, art. 7o, § 3º). Portanto, se o delito em virtude do qual o advogado 
foi preso em flagrante estiver relacionado ao exercício da profissão, sua prisão somente será possível 
se o delito for inafiançável, assegurada a presença de representante da OAB quando da lavratura do 
respectivo auto. 
Interpretando-se a contrario sensu o referido dispositivo, conclui-se que, por motivo ligado ao 
exercício da profissão, advogados não poderão ser presos em flagrante pela prática de crimes 
afiançáveis. Ademais, caso a prisão em flagrante ocorra por motivos estranhos ao exercício da 
advocacia, a prisão poderá ser realizada normalmente, independentemente da natureza do delito - 
afiançável ou inafiançável -, com a ressalva de que subsiste a obrigatoriedade de comunicação 
expressa à seccional da OAB. 
 
 
4. PRISÃO PROVISÓRIA 
 
A prisão provisória é aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. 
Não tem por objetivo a punição do indivíduo, mas sim impedir que venha ele a praticar novos 
delitos (relacionados ou não com aquele pelo qual está segregado) ou que sua conduta interfira na 
apuração dos atos e na própria aplicação da sanção correspondente ao crime praticado. 
Possui natureza eminentemente cautelar, razão pela qual não viola o princípio da presunção de 
inocência, tampouco qualquer outro direito ou garantia assegurados na Constituição Federal. 
De acordo com o art. 283 do CPP: 
 
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e 
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar ou em 
virtude de condenação criminal transitada em julgado. 
 
A partir daí, constata-se que a prisão do indivíduo apenas pode decorrer de: 
 
a) Prisão em flagrante. 
b)Ordem escrita da autoridade judiciária competente, resultante de prisão temporária (Lei 
7.960/1989) ou de prisão preventiva. 
 
Acerca da necessidade de trânsito em julgado para se executar a pena, o STF, em sede de ação 
no controle concentrado-abstrato de constitucionalidade estabeleceu o seguinte entendimento: O art. 
283, CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da pena, 
é constitucional, sendo vedada a execução provisória da pena. (STF. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 
54/DF, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, 07/11/2019 – Info 958) 
 
 
 
 
21 
Esquematizando: 
 
 
Fluxograma baseado no livro de Avena 
 
4.1. Efetivação da prisão: tempo e forma de execução 
 
Dispõe o art. 283, § 2º do CPP que a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer 
hora, respeitadas as restrições constitucionais quanto à inviolabilidade do domicílio. 
Dessa forma, deverão ser observadas as restrições previstas na Constituição quanto à violação do 
domicílio, isto é, aquelas previstas no art. 5º, XI, dispondo que "a casa é o asilo inviolável do 
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante 
delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou durante o dia por determinação judicial"4 
Quanto à forma de execução da prisão, preceitua o art. 284 do CPP que não será permitido o 
emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de fuga do preso. Com 
isso, depreende-se que o legislador pretendeu evitar toda a forma de violência desnecessária no ato 
de prisão do indivíduo, autorizando apenas o uso da força indispensável para a sua efetivação. 
 
 
4 A Lei nº 13.869/19, ao prever o crime de invasão de residência no contexto de abuso de autoridade, acabou por delimitar 
o tema sobre a conceituação de Dia/Noite. 
Art. 22 da Lei nº 13.869/19 - Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, 
imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das 
condições estabelecidas em lei: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º Incorre na mesma pena, na 
forma prevista no caput deste artigo, quem: I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o 
acesso a imóvel ou suas dependências; II – (VETADO); III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 
21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). § 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou 
quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de 
desastre. 
Fixa-se, portanto, que o período noturno deve ser entendido como entre as 21h e 05h. 
Art. 283 CPP
Prisão em flagrante
Não possui natureza 
cautelar, já que não 
possui legitimidade para 
manter o indivíduo 
segregado, exigindo, 
para tanto, a conversão 
em prisão preventiva
No período compreendido 
entre a voz de prisão e as 
providências do art. 310 do 
CPP, em que permanece 
preso o agente, o flagrante 
possui natureza precautelar 
(antecedente de eventual 
prisão preventiva - esta sim, 
com natureza cautelar)
Ordem escrita
Prisão preventiva
Possui natureza cautelar, 
pois é forma de custódia 
decretada com vista à 
tutela lato sensu das 
investigações ou do 
processo. autorizando a 
permanência do agente 
sob custódia pelo tem--
po necessário a este 
resguardo.
Prisão temporária
Possui natureza cautelar, já que a
sua decretação lato sensu visa
à tutela das investigações 
policiais, possibilitando a 
realização de diligências que 
poderiam restar
inexitosas caso em liberdade o
investigado. A prisão temporária
autoriza, por si, a custódia do
agente pelo tempo considerado
em lei como sendo o necessário
para essa tutela
22 
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência 
ou de tentativa de fuga do preso. 
 
No que tange ao uso de algemas no preso: 
 
Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de 
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte 
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da 
prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do 
Estado. 
 
4.2. Mandado de prisão: conteúdo, formalidades e exibição 
 
Em se tratando de prisão ordenada pela autoridade judiciária (abstraído o flagrante, portanto), 
esta determinará a expedição do respectivo mandado, que deverá preencher os requisitos formais 
elencados no art. 285, CPP, a saber: 
 
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado. 
 
Parágrafo único. O mandado de prisão: 
 
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade; 
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos; 
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão; 
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração; 
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução. 
 
Uma vez ordenada a expedição do mandado de prisão, este deverá ser confeccionado em 
duplicidade, vale dizer, em duas cópias originais, devendo ambas ser assinadas pelo Juiz. 
 
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e o executor entregará ao preso, logo depois 
da prisão, um dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da diligência. Da entrega 
deverá o preso passar recibo no outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder escrever, 
o fato será mencionado em declaração, assinada por duas testemunhas. 
 
Eventualmente, pode ocorrer que não seja possível a exibição do mandado à pessoa que deva ser 
presa. 
Nesta situação, estabelece o art. 287 do CPP: 
 
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de exibição do mandado não obstará a prisão, 
e o preso, em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que tiver expedido o mandado, 
para a realização de audiência de custódia. 
 
A nova redação do art. 287 mantém a possibilidade da prisão sem necessidade de mandado físico, 
nos casos de crimes inafiançáveis, porém acrescenta a necessidade de apresentação imediata perante 
o juiz que tiver expedido o mandado para realização da audiência de custódia. 
O novo dispositivo, a despeito de pretender encerrar a discussão acerca da necessidade ou não 
de realização de audiência de custódia também nos casos de prisões cautelares (considerando que a 
prisão em flagrante tem natureza pré-cautelar), acirrou ainda mais a discussão acerca da referida 
necessidade. 
O STF debate o tema – se cabe audiência de custódia em outros tipos de prisão – na Reclamação 
29.303, processo de Relatoria do Min. Edson Fachin, que entendeu que o julgamento da ADPF 
347/DF (“estado de coisas inconstitucional”) só atinge os casos de prisão em flagrante. 
23 
Para Fachin, em momento algum se fixou a necessidade de audiência de custódia nos casos de 
prisão preventiva, temporária ou definitiva decretada por juízes ou tribunais, tendo se limitado a 
discutir os casos de flagrante delito. 
O Min. Gilmar Mendes abriu divergência e a Segunda Turma resolveu afetar o tema para 
julgamento no plenário. 
Para Gilmar, a decisão do Plenário não se limitou aos casos de prisão em flagrante nem 
apresentou obstáculos para alcançar também os casos de prisões preventivas e temporárias. 
Em decisão monocrática proferida na Reclamação 35.566/RJ, o Min. Gilmar Mendes determinou 
a realização de audiência de custódia para um preso preventivo. 
Na Rcl 29.303, o Supremo definirá: 1) se, com a edição da Lei 13.964/19, e a nova redação do 
art. 287 CPP, a discussão está superada ou 2) qual ou quais as reais extensões da decisão proferida na 
ADPF 347.4.3. Prisão do indivíduo que se encontra em território de outra comarca 
 
Estabelece o art. 289 do CPP, alterado pela Lei 12.403/2011, que, se o acusado estiver no 
território nacional, mas fora da jurisdição do juiz que ordenou a prisão, esta será deprecada, devendo 
constar da carta precatória o inteiro teor do mandado. 
Em tal caso, a precatória deverá obedecer aos requisitos formais dispostos no art. 354 do CPP. 
Havendo urgência, preceitua o art. 289, § 1º, que o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer 
meio de comunicação, do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como valor da fiança, se 
arbitrada. 
Urna vez efetivada a prisão, caberá ao juiz processante providenciar a remoção do preso, no prazo 
máximo de trinta dias, contados da efetivação da medida (art. 289, § 3º). 
 
Art. 289. Quando o acusado estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz 
processante, será deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do 
mandado. 
 
§ 1º Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a prisão por qualquer meio de comunicação, 
do qual deverá constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se arbitrada. (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
§ 2º A autoridade a quem se fizer a requisição tomará as precauções necessárias para 
averiguar a autenticidade da comunicação. 
 
§ 3º O juiz processante deverá providenciar a remoção do preso no prazo máximo de 30 
(trinta) dias, contados da efetivação da medida. 
 
4.4. A hipótese de perseguição do indivíduo que ingressa em território sujeito a 
outra jurisdição 
 
Se, em regra, o mandado de prisão do indivíduo que reside em jurisdição distinta deve ser 
cumprido por meio de carta precatória, no art. 290 o Código de Processo Penal contemplou uma 
exceção: trata-se da hipótese do indiciado ou do réu que, sendo perseguido, avança sobre o território 
de outra comarca. De acordo com o dispositivo, no caso nele previsto, o executor poderá efetuar a 
prisão do sujeito no lugar onde o alcançar, devendo, contudo, apresentá-lo imediatamente, à 
autoridade local. 
 
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o 
executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente 
à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará 
para a remoção do preso. 
24 
§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: 
 
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de 
vista; 
 
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, 
em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. 
 
§ 2º Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da 
pessoa do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o 
réu, até que fique esclarecida a dúvida. 
 
4.5. Prisão com base em informações de sistema virtual de dados 
 
Com a inserção do art. 289-A ao Código de Processo Penal, determinando que o mandado de 
prisão, uma vez expedido pela autoridade judiciária, seja imediatamente registrado junto ao Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ), que deverá manter um banco de dados destinado a este fim (caput). Uma 
vez registrado o mandado de prisão, qualquer agente policial poderá efetuar a prisão nele 
determinada, ainda que fora da competência territorial do juiz que o expediu. Não obstante, uma vez 
efetuada essa prisão, deverá ela ser comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida, cabendo 
a este, a partir de certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça, informar a ocorrência 
ao juízo que decretou a prisão. 
A ausência do referido registro não impedirá que os agentes policiais localizados em competência 
territorial diversa do juiz que expediu o mandado de realizar a prisão. 
 
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o imediato registro do mandado de prisão em 
banco de dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para essa finalidade. 
§ 1º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão determinada no mandado de prisão 
registrado no Conselho Nacional de Justiça, ainda que fora da competência territorial do juiz 
que o expediu. 
§ 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem registro no 
Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias para averiguar a 
autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a decretou, devendo este providenciar, 
em seguida, o registro do mandado na forma do caput deste artigo. 
§ 3º A prisão será imediatamente comunicada ao juiz do local de cumprimento da medida o 
qual providenciará a certidão extraída do registro do Conselho Nacional de Justiça e 
informará ao juízo que a decretou. 
§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art. 5º da 
Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será 
comunicado à Defensoria Pública. 
§ 5º Havendo dúvidas das autoridades locais sobre a legitimidade da pessoa do executor ou 
sobre a identidade do preso, aplica-se o disposto no § 2º do art. 290 deste Código. 
 
 
PARTE III 
 
1. PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
1.1. Conceito e natureza jurídica 
 
O flagrante é forma de prisão autorizada expressamente pela Constituição Federal (art. 5º, XI). 
Rege-se pela causalidade, pois o flagrado é surpreendido no decorrer da prática da infração ou 
momentos depois. Inicialmente, funciona como ato administrativo, dispensando autorização 
judicial. Portanto, apenas se converte em ato judicial no momento em que ocorre a sua comunicação 
25 
ao Poder Judiciário, a fim de que seja analisada a legalidade da detenção e adotadas as providências 
determinadas no art. 310 do CPP. 
Pode-se definir a prisão em flagrante como uma medida de autodefesa da sociedade, 
consubstanciada na privação da liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de 
flagrância, a ser executada independentemente de prévia autorização judicial. 
Quanto à sua natureza jurídica, a doutrina majoritária entende que a prisão em flagrante tem 
caráter precautelar. Não se trata de uma medida cautelar de natureza pessoal, mas sim precautelar, 
porquanto não se dirige a garantir o resultado final do processo, mas apenas objetiva colocar o 
capturado à disposição do juiz para que adote uma verdadeira medida cautelar: a conversão em prisão 
preventiva (ou temporária), ou a concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada ou 
não com as medidas cautelares diversas da prisão. 
 
 
2. FUNÇÕES DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
A prisão em flagrante tem as seguintes funções: 
 
a) evitar a fuga do infrator; 
b) auxiliar na colheita de elementos informativos: persecuções penais deflagradas a partir de um 
auto de prisão em flagrante costumam ter mais êxito na colheita de elementos de informação, 
auxiliando o dominus litis na comprovação do fato delituoso em juízo; 
c) impedir a consumação do delito, no caso em que a infração está sendo praticada (CPP, art. 
302, inciso I), ou de seu exaurimento, nas demais situações (CPP, art. 302, incisos II, III e IV); 
d) preservar a integridade física do preso, diante da comoção que alguns crimes provocam na 
população, evitando-se, assim, possível linchamento. 
 
 
3. FASES DA PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
Inicialmente, a prisão em flagrante funciona como mero ato administrativo, dispensando-se 
autorização judicial. Exige apenas a aparência da tipicidade, não se exigindo nenhuma valoração 
sobre a ilicitude e a culpabilidade. Com efeito, tanto esta circunstância não impede a sua prisão em 
flagrante que o próprio Código de Processo Penal, no art. 310, § 1º, refere que se o juiz verificar, pelo 
auto de prisão em flagrante, que o agente praticou

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