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DIREITO CIVIL - AULA 12 (19/06/12) Continuando Questões Especiais envolvendo Dano 01) O que é dano reflexo? 02) O que é dano indireto? 03) O que é dano in re ipsa? 04) O que é dano bumerangue? - Dano in re ipsa é aquele que dispensa sua prova em juízo, ou seja, um dano presumido (REsp. 649.104/RJ e REsp. 775.766/PR e REsp. 357.404/RJ). Ex: Inscrição indevida no SCPC. - O dano em/por ricochete, também chamado de dano reflexo, teve seu desenvolvimento no direito francês e se caracteriza por atingir uma vítima indireta ligada à vítima direta do ato ilícito (ver Noticiário de 10/04/11). Ex: João foi atingido por um dano, e o filho de João recebeu um dano em ricochete. OBS: A expressão dano indireto, segundo Fernando Gaburri, pode ter um sentido diverso para significar uma cadeia de prejuízos. Ex: O sujeito compra um cavalo de raça por R$ 12.000,00, mas depois da compra percebe que o animal está com uma doença fatal. Este animal infectou outro animal do sujeito. Este é um dano indireto. - Dano bumerangue ocorre quando o sujeito passivo do dano (vítima) reage incontinenti e se torna ofensor. OBS: Haverá uma aula online, do prof. Tartuce, sobre causas excludentes da responsabilidade civil, dano moral e responsabilidade objetiva. Continuação dos Elementos de Responsabilidade Civil 03) Nexo de Causalidade - O nexo de causalidade, elemento da responsabilidade civil, segundo Serpa Lopes, consiste em uma noção revestida de profundo aspecto filosófico e dificuldades de ordem prática. - Para que haja responsabilidade civil, é necessário que haja o nexo de causalidade. - Neste ínterim, o nexo causal é o liame que une a conduta do sujeito ao resultado danoso. - Existem três teorias fundamentais para explicar o nexo de causalidade. 03.1) Teorias explicativas do Nexo de Causalidade A) Teoria da equivalência de condições (conditio sine qua non) - Para esta teoria, todo antecedente fático que concorra para o resultado deve ser considerado causa. OBS: Esta teoria, em sua essência, tem o inconveniente de levar o intérprete a um raciocínio sem fim: Quem deflagrou o tiro deu causa, quem vendeu a arma também, etc. Todavia, por óbvio, determinados raciocínios a relativizam, como se dá no próprio direito penal. - Em direito civil, esta teoria não é bem vista. B) Teoria da causalidade adequada - Para esta segunda teoria, causa não é qualquer antecedente que concorra para o resultado, mas é apenas aquele antecedente que, segundo um juízo de probabilidade, seja abstratamente adequado a determinar o resultado. - Ex: comprar a arma em uma loja não é, segundo um juízo de probabilidade, uma causa adequada para a morte de alguém, porque a arma poderia ter sido utilizada para praticar tiro ao alvo. A causa adequada para a morte é o tiro no coração. - Esta teoria é seguida por vários doutrinadores. C) Teoria da causalidade direta e imediata - Esta teoria, que alguns denominam de teoria da necessariedade do dano ou interrupção do nexo causal, embora semelhante à segunda, permite um raciocínio mais limpo e objetivo. Ela sustenta que causa, simplesmente, é o comportamento anterior que determina o resultado danoso, como conseqüência sua direta e imediata. - Ex: Caio dá um soco em Tício. Este deslocou o maxilar e foi levado ao hospital. No caminho, o carro capota e Tício morre. Para esta teoria, o soco não foi causa direta e imediata do resultado morte, concluindo que Caio não deu causa ao resultado. - O prof. adota esta teoria. - Qual das três teorias foi adotada pelo CC Brasileiro? R: O artigo que trata do nexo causal é o artigo 403, CC. De acordo com o prof., a dicção deste artigo confirma que a melhor teoria é a terceira. Vale lembrar ainda que o próprio STJ e o STF têm decisões que aparentemente reforçam a terceira teoria (REsp. 686.208/RJ e RE 130.764). Na prova discursiva, deve dizer que há uma divergência doutrinária e jurisprudencial entre a segunda e a terceira teoria. - O que é Teoria “do Resultado Mais Grave”, também conhecida pelas expressões “The Thin Skull Rule” ou “The Egg-Shell Skull Rule” (A Regra do Crânio Fino)? R: Esta teoria não é aplicada amplamente no sistema brasileiro, uma vez que ultrapassa os próprios limites das teorias tradicionalmente consagradas. Para esta teoria se o agente do dano deu causa a um resultado mais grave, ainda que não se possa visualizar responsabilidade pelas teorias tradicionais, deverá indenizar a vítima. RESPONSABILIDADE CIVIL INDIRETA - Este tópico se desdobra em dois subtópicos: Responsabilidade Civil pelo FATO da coisa/animal; Responsabilidade Civil por ATO de terceiro. Responsabilidade Civil pelo Fato da coisa/animal - Em doutrina, costuma-se fundamentar a responsabilidade pelo fato da coisa e do animal na denominada teoria da guarda, com especial desenvolvimento no direito francês. Para esta teoria, em regra, a responsabilidade é do guardião da coisa ou do animal, vale dizer, da pessoa que detém o seu poder de comando (geralmente o proprietário). Responsabilidade pelo Fato do animal - O CC/1916, em seu art. 1.527, tratava da responsabilidade pelo fato do animal com base no elemento culpa, na medida em que o réu poderia afastar a sua responsabilidade, alegando não ter atuado com culpa in vigilando. - O Novo CC, corretamente, adotou, em seu art. 936, uma responsabilidade objetiva. OBS: Ainda quanto aos animais, o STJ já entendeu (REsp. 1.198.534/RS) que haverá responsabilidade civil do Estado subjetiva pela omissão no policiamento e vigilância da pista quando acidente for causado por animal. Se o acidente ocorrer em rodovia pedagiada, nos termos do REsp. 687.799/RS, a responsabilidade da concessionária é objetiva com base no CDC. Responsabilidade pelo Fato da coisa - Previsão legal: art. 937, CC (Ruína de Edifício ou Construção) e art. 938, CC (Objetos lançados/caídos em local indevido). - A ruína não se dá somente quando o prédio todo vem abaixo. A ruína poderá ser parcial. - Uma parte da doutrina afirma que a responsabilidade do art. 937, CC seria subjetiva, baseada na teoria da culpa. Mas o próprio CC sustenta que esta responsabilidade é objetiva, independendo da demonstração da culpa. - De acordo com o art. 937, CC, quem responde pelos prejuízos é o dono do edifício ou construção. - Também no art. 938, CC, temos uma hipótese de responsabilidade objetiva. - Neste caso, o responsável será aquele que habitar o prédio, ou parte dele. - A ação ajuizada pela vítima é chamada de Actio de Effusis Et Dejectis. - Não se podendo identificar o causador do dano, a responsabilidade civil será de todo o condomínio, com base na Teoria da Causalidade Alternativa, excluídos os blocos ou fachadas de onde seria impossível o arremesso. Questões Especiais: OBS: O STJ tem firme entendimento no sentido de que o dono do veículo é responsável solidário pelos danos causados pelo seu condutor (REsp. 343.649/MG, REsp. 577.902/DF). OBS: Em caso de veículo alienado, nos termos da Súmula 132, STJ, EM HAVENDO ACIDENTE, a responsabilidade civil é exclusivamente do novo proprietário, mesmo que não tenha havido ainda transferência formal no Detran. - Nos casos de infração administrativa em geral, o STJ, em um primeiro momento, com base no art. 134, do CTB, afirma que a responsabilidade é solidária, entre o antigo e o novo proprietário. Todavia, aparentemente esta primeira posição pode ser modificada, à luz do AgRg no REsp. 1.204.867/SP, que afasta a responsabilidade do antigo dono.
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