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DIREITO CIVIL AULA 17

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DIREITO CIVIL - AULA 17 (23/08/12)
PESSOA JURÍDICA
01) Conceito
- Conceito: Como decorrência do fato associativo, a Pessoa Jurídica, em uma primeira noção, pode ser definida como um grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade própria, para atingir fins comuns.
- É claro que, ao longo da evolução do instituto, tipos peculiares de Pessoas Jurídicas surgiriam, escapando deste primeiro standard, a exemplo das fundações.
OBS: O fato de a Receita Federal conferir um CNPJ não significa, segundo a teoria do Direito Civil, que, tecnicamente, o ente seja uma Pessoa Jurídica, pois existem ficções tributárias. Ex: parte da doutrina entende que condomínio não é PJ, apesar de ter CNPJ.
- Durante muitos anos, a doutrina debateu acerca da própria denominação a ser utilizada: Pessoas Morais, Pessoas Fictícias, Universalidades, Entes de Existência Ideal (Teixeira de Freitas), Pessoas Místicas, até que consolidou-se em nosso sistema a expressão Pessoa Jurídica.
02) Natureza e Teorias Explicativas da Pessoa Jurídica
- Existem duas correntes sobre a Natureza da Pessoa Jurídica:
Corrente Negativista: Negava a existência/autonomia da Pessoa Jurídica. Ela negava o próprio instituto. Temos autores como Ihering, Brinz, Bekker, Duguit. Afirmava-se que a Pessoa Jurídica é um grupo de pessoas físicas reunidas. Outros diziam que se tratava de um patrimônio coletivo. Esta corrente não vingou.
Corrente Afirmativista: Aceitava a existência da Pessoa Jurídica. Dentro desta corrente, existiram várias subteorias. As três subteorias mais importantes foram (as outras duas são um adicional):
Teoria da Ficção: Desenvolvida por Windscheid, e defendida por Savigny. Para a Teoria da Ficção, a PJ teria uma existência meramente abstrata ou ideal, por ser pura criação da técnica jurídica. O defeito da teoria é que ela não reconhecia na PJ uma dimensão social.
Teoria da Realidade Objetiva: Esta teoria estava em posto diametralmente distante da primeira. Isso porque esta segunda teoria, de natureza sociológica ou organicista, foi defendida por autores como Lacerda de Almeida. Segundo esta teoria, a PJ seria um simples organismo social vivo, sem intervenção ou dependência da técnica do direito. Esta teoria tem um problema, pois não leva em consideração o direito.
Teoria da Realidade Técnica: É a teoria mais equilibrada, e não cai no exagero das teorias anteriores. Foi defendida por Ferrara e Saleilles. Para esta teoria, mais equilibrada, a PJ, embora dotada de autonomia e dimensão social, seria abstratamente personificada pela técnica do direito (art. 45, CC).
Teoria Lógico-Formal: A PJ é um conjunto de normas (Hans Kelsen).
Teoria Institucionalista: A PJ seria uma instituição (Hauriou).
- Pergunta: Em que momento e de que forma a PJ adquire personalidade? R: A base da resposta encontra-se no art. 45 do CC, segundo o qual COMEÇA A EXISTÊNCIA LEGAL das Pessoas Jurídicas de Direito Privado com a inscrição do seu ato constitutivo (contrato social ou estatuto), no respectivo Registro (em geral, Junta Comercial ou CRPJ – Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas), precedida quando necessário de autorização especial do Poder Executivo.
- À luz do art. 45, CC, o registro é ato constitutivo, e não declaratório. OBS: O registro da PF é ato declaratório, já que a personalidade física se constitui com o nascimento com vida.
OBS: Conforme deve ser visto nas aulas de Direito Empresarial, não havendo registro necessário do ato constitutivo, o qual, segundo Caio Mario, tem efeitos ex nunc (para frente), o ente não tem existência legal, sendo tratado como mera sociedade despersonificada (outrora chamada Irregular ou de Fato), nos termos dos arts. 986 e ss., CC, caso em que os próprios sócios responderão pessoal e ilimitadamente pelos débitos contraídos.
- Excepcionalmente, determinados tipos de PJ, para se constituírem, necessitam de uma autorização especial do poder executivo, a exemplo dos bancos (BACEN) e das seguradoras (SUSEP – Superintendência de Seguros Privados), planos de saúde (ANS).
- Pergunta: O que são entes despersonificados? R: Trata-se de determinadas entidades que, posto tecnicamente pessoas jurídicas não sejam, têm capacidade processual (art. 12, CPC), a exemplo do espólio, da massa falida, da herança jacente, do condomínio.
03) Espécies de PJ de Direito Privado
- Previsão Legal: art. 44, CC.
- Antes, as espécies eram somente: as sociedades, as associações e as fundações.
- Com a L. 10.825/03, foram acrescentadas as organizações religiosas e os partidos políticos.
- O desdobramento do art. 44, CC, mesmo as organizações religiosas e os partidos políticos tendo natureza associativa, foi para, alterando-se também o art. 2.031, CC, isentar tais PJ da obrigação legal de se adaptarem ao Novo CC.
- O legislador, por sua vez, cuidou de estender o prazo de adaptação ao CC para as outras entidades, como forma “de consolo jurídico” (ver item 8 da apostila 02).
- As PJ anteriores que não hajam se adaptado ao Novo CC podem sofrer diversas conseqüências, dentre as quais: impossibilidade de obtenção de crédito ou financiamento, impossibilidade de participação em licitação, e, principalmente, a responsabilidade pessoal dos seus próprios sócios pelos débitos contraídos, eis que passariam a funcionar irregularmente.
- Em conclusão, vale acrescentar ainda que a L. 12.441/11 consagrou nova espécie de PJ de direito privado, objeto do Direito Empresarial, a EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada).
04) Fundações de Direito Privado
- Conceito: As fundações têm natureza jurídica peculiar. Diferentemente das sociedades e das associações, não resultam da união de indivíduos, mas sim, da afetação de um patrimônio que se personifica para a realização de finalidade ideal (art. 62, CC).
- Fins: religiosos, morais, culturais ou assistenciais. Não pode ter fins lucrativos.
- A criação é por estrutura pública ou por testamento.
- A fundação não pode ter finalidade de lucro. Pode até gerar receita, mas ela será investida na própria fundação.
- Requisitos para a criação de uma fundação:
Destacamento ou afetação de bens livres do seu instituidor;
Instituição por escritura pública ou testamento. OBS: a lei não exigiu testamento público. Então pode fazê-lo por qualquer forma de testamento;
Elaboração do estatuto da fundação (art. 65, CC). O ato normativo-organizacional da fundação é o estatuto (não tem contrato social), que definirá o objetivo, a composição do conselho, tempo de funcionamento (ela pode ser temporária). Em geral, a elaboração do estatuto é feita pelo instituidor, mas nada impede que ela seja delegada a um terceiro. Se o terceiro não elaborar, subsidiariamente, poderá ser chamado a elaborar é o Ministério Público (exceção);
A aprovação do estatuto. Em regra a aprovação do estatuto é feita pelo MP. Caso o estatuto haja sido elaborado pelo próprio MP, caberá ao Juiz aprová-lo (art. 1.202, CPC).
Registro da Fundação. O registro da fundação deve ser feito no CRPJ (Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas).
- O MP tem uma precípua função fiscalizatória das fundações de direito privado do Brasil, nos termos do art. 66, CC.
OBS: O § 1º do art. 66, CC, já fora devidamente corrigido pelo STF, ao julgar a ADI 2.794, para se reconhecer, pela própria simetria constitucional, que fundações situadas no DF e Território devem ser fiscalizadas pelo próprio MP do DF, e não pela Procuradoria da República (MPF).
OBS: Logicamente, em havendo justificativa, o MPF pode atuar em parceria com o MP do Estado, na fiscalização, por exemplo, de uma fundação que haja recebido verba do Governo Federal com suspeita de irregularidade na sua aplicação (ver também Enunciado 147, da 3ª Jornada de Direito Civil).
- Ver o art. 69, CC, que cuida do destino do patrimônio da fundação que acaba, bem como os arts. 67 e 68, CC, que tratam da alteração do estatuto da fundação.
05) Associações de Direito Privado
- Conceito: As associações são PJ de Direito Privado formadas pela união de indivíduos, com finalidade ideal(art. 53, CC).
- A associação não pode ter finalidade de lucro. Pode até gerar receita, mas ela será investida na própria associação.
- Ex: clube recreativo.
- Sindicato tem natureza associativa. 
- O ato normativo e organizacional da associação é o seu estatuto, cujos requisitos estão no art. 54, CC. Assim como as fundações, as associações devem ser registradas no CRPJ.
- Geralmente a associação tem uma presidência, um conselho administrativo e um conselho fiscal. Mas o órgão mais importante da associação é a sua soberana assembléia geral, cuja competência está descrita no art. 59, CC.
OBS: O art. 55, CC, permite que, em uma associação, haja categorias diferentes de associados com vantagens especiais, mas, DENTRO DE UMA MESMA CATEGORIA não pode haver discriminação.
OBS: Vale lembrar ainda, nos termos do art. 61, CC, que, regra geral, dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído a entidades de fins não econômicos designadas no estatuto, ou, sendo este omisso, a outra instituição municipal, estadual ou federal de fins iguais ou semelhantes.
- O CC/2002 admite, em seu art. 57, a exclusão de um associado, em havendo justa causa.
OBS: O art. 57, CC, que trata da expulsão do associado, não pode ser diretamente aplicado ao condômino eis que condomínio não é associação. Para condôminos de comportamento antissocial, o p. único do art. 1.337, CC, prevê multa que pode chegar ao décuplo do valor original, podendo, em tese, em caso de execução, resultar na perda do próprio imóvel.

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