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Aula 10 – Polarização em Dielétricos & Constante e Rigidez Dielétrica Professor: Hugo Rodrigues Vieira Disciplina: Eletricidade e Magnetismo Curso: Engenharia Elétrica • Introdução Inicialmente destacamos que a diferença principal entre um condutor e um dielétrico reside na disponibilidade de elétrons livres, nas camadas atômicas mais externas, para a condução de corrente. Embora as cargas em dielétricos não sejam capazes de se movimentar livremente, elas estão presas por forças finitas e, certamente, é esperado um deslocamento das mesmas quando uma força externa é aplicada. Para compreender o efeito macroscópico de um campo elétrico sobre um dielétrico, vamos considerar um átomo de um dielétrico como constituído de uma carga negativa – Q, e uma carga positiva + Q, de acordo com a figura a seguir. Quando um campo elétrico E é aplicado, a carga positiva é deslocada de sua posição de equilíbrio no sentido de E pela força F+, enquanto a carga negativa é deslocada no sentido oposto de E, pela força F-. Um dipolo resulta no deslocamento das cargas, e o dielétrico é dito estar polarizado. No estado polarizado, a nuvem eletrônica é deformada pelo campo elétrico aplicado E. Essa distribuição deformada de cargas é equivalente, pelo princípio da superposição, à distribuição original mais um dipolo cujo momento é dado por: p = Q.d, onde d é o vetor distância entre as cargas do dipolo – Q e + Q. Com o objetivo de estabelecer uma medida de intensidade de polarização, definimos polarização P [C/m2] como o momento de dipolo por unidade de volume do dielétrico, isto é: Dessa forma concluímos que o maior efeito do campo elétrico E sobre o dielétrico é a geração de momentos de dipolo que se alinham na direção de E. Esse tipo de dielétrico é dito apolar pois suas moléculas não possuem dipolos enquanto não for aplicado o campo elétrico. Como exemplos podemos citar, hidrogênio, oxigênio, nitrogêncio e os gases nobres. Outros tipos de moléculas , tais como água, dióxido de enxofre, ácido clorídrico, possuem dipolos permanentes, randomicamente orientados, e são ditos polares. Quando um campo elétrico E é aplicado sobre uma molécula polar, o dipolo permanente sofre um torque que tende a alinhar esse momento de dipolo paralelamente ao campo E. Baseado nessas informações, podemos verificar que a aplicação de um campo elétrico E em um dielétrico irá gerar uma movimentação de cargas em seu interior, e consequentemente o fluxo elétrico também. Concluímos que o efeito líquido do dielétrico sobre o campo elétrico E é de aumentar D no interior do dielétrico em uma quantidade P. Em outras palavras, devido à aplicação de E no material dielétrico, a densidade de fluxo é maior do que seria se esse campo fosse aplicado no espaço livre. Logo: D = Ɛ0 + P Seria de se esperar que a polarização P variasse diretamente com o campo E aplicado, para alguns dielétricos, isso é o que ocorre e temos: P = Xe.Ɛ0.E Definimos Xe como a susceptibilidade elétrica do material e é a medida de quanto um dielétrico é sensível aos campos elétricos. Relembrando Ɛ0 é a permissividade elétrica do meio e nos reporta em quanto o meio é afetado por um campo elétrico. No vácuo seu valor é de 8,854 x 10-12 [F/m]. • Constante e Rigidez Dielétrica Partindo das duas equações anteriores podemos obter: D = Ɛ0.E + Xe.Ɛ0.E colocando em evidência E.Ɛ0 teremos: D = E.Ɛ0.(1 + Xe) que também pode ser escrito como: D = Ɛ.E onde Ɛ = Ɛ0.Ɛr , logo Ɛr = 1 + Xe = Ɛ/Ɛ0. Ɛ é chamado de permissividade do dielétrico, e Ɛr é a permissividade relativa que é a razão entre a permissividade do dielétrico e a do vácuo. Deve ser também observado que Ɛr e Xe são adimensionais, enquanto que Ɛ e Ɛ0 são em [F/m]. A teoria dos dielétricos pressupõe dielétricos ideais. Na prática, nenhum dielétrico é ideal. Quando o campo elétrico no interior de um dielétrico e suficientemente elevado, ele começa a arrancar elétrons das moléculas e o dielétrico se torna um condutor. A ruptura dielétrica ocorre quando um dielétrico torna-se condutor. A ruptura dielétrica ocorre em todos os tipos de materiais dielétricos (gases, líquidos ou sólidos) e depende da natureza do material, da temperatura, da umidade e do intervalo de tempo em que o campo elétrico é aplicado. O menor valor de campo elétrico para o qual essa ruptura ocorre é chamado de rigidez dielétrica do material dielétrico. A seguir uma tabela com alguns valores de Ɛr e Rigidez Dielétrica. • Exemplo 10.1: A intensidade do campo elétrico no poliestireno (Ɛr = 2,55), que preenche o espaço entre duas placas de um capacitor de placas paralelas, é 10 [kV/m]. A distância entre as placas é de 1,5 [mm] calcule: – A) D – Resposta: 225,7 [nC/m2] – B) P – Resposta: 137,23 [nC/m2] – C) Densidade superficial de cargas livres nas placas (ps) – Resposta: 225,7 [nC/m2] – D) Densidade superficial de cargas de polarização (pps) – Resposta: 137,23 [nC/m2] – E) Diferença de potencial entre as placas – Resposta: 15 [V] • Exemplo 10.2: Uma esfera dielétrica (Ɛr = 5,7), de raio 10 [cm], tem uma carga pontual de 2 [pC] colocada em seu centro, calcule a densidade superficial de cargas de polarização (pps). – Resposta: pps = 13,1 [pC/m 2] • Exemplo 10.3: Dado que Xe = 2,4 e D = 300 [µC/m2], determine Ɛr, E e P. – Resposta: Ɛr = 3,4; E = 9,96 [MV/m]; P = 211,6 [µC/m 2] “ O exemplo não é a coisa mais importante para influenciar os outros; é a unica coisa. ” Albert Schweitzer
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