Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Indaial – 2020 Práticas de eletromagnetismo Prof. Eduardo Vinicius Galle Prof. Guilherme de Lima Lopes Prof. Ivan Rodrigo Kaufman Prof.a Mariana Sacrini Ayres Ferraz 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof. Eduardo Vinicius Galle Prof. Guilherme de Lima Lopes Prof. Ivan Rodrigo Kaufman Prof.a Mariana Sacrini Ayres Ferraz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: G166p Galle, Eduardo Vinicius Práticas de eletromagnetismo. / Eduardo Vinicius Galle; Guilherme de Lima Lopes; Ivan Rodrigo Kaufman; Mariana Sacrini Ayres Ferraz. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 191 p.; il. ISBN 978-65-5663-199-8 ISBN Digital 978-65-5663-194-3 1. Eletromagnetismo. – Brasil. I. Galle, Eduardo Vinicius. II. Lopes, Guilherme de Lima. III. Kaufman, Ivan Rodrigo. IV. Ferraz, Mariana Sacrini Ayres. V. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 530.141 aPresentação Olá, acadêmico! Bem-vindo à disciplina de Práticas de Eletromagnetismo! Esta disciplina visa desenvolver a teoria eletromagnética das equações de Maxwell de forma prática (experimental). Em todos os tópicos procuramos sugerir práticas simples, com materiais do cotidiano, a fim de proporcionar a você, acadêmico, um primeiro contato com o eletromagnetismo. O eletromagnetismo pode ser considerado como o estudo da interação das cargas elétricas em repouso (eletrostática) e em movimento (eletrodinâmica). Essa área da engenharia envolve a análise dos campos elétricos e magnéticos, cujos quais constituem o conjunto das Equações de Maxwell. Todo campo elétrico gera um campo magnético e vice-versa. Esse é o princípio das ondas eletromagnéticas. Os princípios do eletromagnetismo se aplicam em várias disciplinas afins, tais corno, eletromagnetismo aplicado: guias de onda, linhas de transmissão, micro-ondas, antenas e em máquinas elétricas e comunicações por satélite. Neste livro, estudaremos os conceitos fundamentais em que se baseiam todas as equações de Maxwell. O início do nosso estudo, na Unidade 1, abordará os conceitos fundamentais da eletrostática, o cálculo do campo elétrico e o estudo dos diferentes tipos e geometrias de capacitores. O eletromagnetismo está dividido em duas partes, ou seja, o eletromagnetismo em baixas frequências, que foi visto nas Unidades 1 e 2 e o eletromagnetismo em altas frequências, que será visto na Unidade 3. O eletromagnetismo em altas frequências corresponde às equações de Maxwell e as ondas eletromagnéticas que serão mostradas no Tópico 3 da Unidade 3. Na Unidade 2, nosso estudo se aprofunda ao tratar da análise dos campos magnetostáticos, a atuação de uma força magnética sobre as partículas e o conceito de campo magnético, bem como, suas fontes de origem. Por fim, na Unidade 3, são estudados a magnetodinâmica e as equações de Maxwell. Os celulares, os radares, os sonares, os GPS’s e quase todos os equipamentos eletrônicos são baseados na teoria de onda eletromagnética para funcionarem. Sem as equações de Maxwell não teríamos as tecnologias disponíveis atualmente, ao alcance de muitas pessoas no mundo. Você compreende como esta disciplina é importante para a sua formação, acadêmico? Espero que você a desfrute de forma muito agradável e que o conteúdo apresentado o instigue a procurar por mais informações sobre as atividades práticas nessa área. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Para um bom aproveitamento da disciplina, é muito importante que você, acadêmico, leia as unidades com antecedência aos encontros, desenvolva as atividades solicitadas e tire suas dúvidas com a tutoria sempre que necessário. Lembre-se que você não está sozinho nessa jornada do aprendizado. Vamos lá? Bons estudos! Prof.ª Julia Grasiela Busarello Wolff Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA ..................................................................................................... 1 TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA .................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 NATUREZA ELÉTRICA DA MATÉRIA ......................................................................................... 3 3 PROPRIEDADES DE CONDUTORES E ISOLANTES ............................................................... 9 4 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO .................................................................................................. 10 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19 TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO ........................................................................ 21 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21 2 CAMPO ELÉTRICO PRODUZIDO POR UMA CARGA PUNTIFORME ............................. 21 3 CARGA ELÉTRICA EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME ............................................. 24 4 LEI DE GAUSS ................................................................................................................................... 25 5 CAMPO PRODUZIDO POR UMA ESFERA METÁLICA (APLICAÇÃO DA LEI DE GAUSS) ......................................................................................................................................... 29 6 RUPTURA DIELÉTRICA ................................................................................................................. 32 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 39 AUTOATIVIDADE.............................................................................................................................. 41 TÓPICO 3 — CAPACITORES ............................................................................................................ 43 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 43 2 CAPACITÂNCIA ............................................................................................................................... 43 3 CALCULANDO A CAPACITÂNCIA: CAPACITOR DE PLACAS PARALELAS ................ 46 4 CAPACITORES EM PARALELO E EM SÉRIE ............................................................................ 48 5 ARMAZENAMENTO DE ENERGIA EM UM CAPACITOR ................................................... 53 6 DIELÉTRICOS .................................................................................................................................... 54 7 APLICAÇÕES ..................................................................................................................................... 58 8 COMO IDENTIFICAR CAPACITORES? ..................................................................................... 62 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 70 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 71 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72 UNIDADE 2 — CAMPOS MAGNÉTICOS EM REPOUSO ......................................................... 73 TÓPICO 1 — CAMPOS MAGNETOSTÁTICOS ........................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 75 2 CAMPOS EM REPOUSO ................................................................................................................. 75 3 UMA DISCUSSÃO IMPORTANTE............................................................................................... 76 4 AS FACILIDADES MATEMÁTICAS ............................................................................................ 77 5 CONDUTORES E MEIOS ................................................................................................................ 80 6 CONDIÇÕES DE FRONTEIRA ...................................................................................................... 81 7 A FORÇA MAGNÉTICA .................................................................................................................. 83 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 2 — FORÇA MAGNÉTICA SOBRE PARTÍCULA ........................................................ 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 FORÇA MAGNÉTICA ...................................................................................................................... 95 3 FORÇA DE LORENTZ ...................................................................................................................... 98 4 CAMPOS CRUZADOS ..................................................................................................................... 99 5 CARGA EM MOVIMENTO EM TRAJETÓRIA CIRCULAR ................................................. 104 6 TRAJETÓRIAS HELICOIDAIS .................................................................................................... 106 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 109 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 110 TÓPICO 3 — CAMPO MAGNÉTICO E FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO .................... 111 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 111 2 CAMPO MAGNÉTICO .................................................................................................................. 111 3 FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO .......................................................................................... 114 4 LINHAS DE CAMPO MAGNÉTICO E CAMPO MAGNÉTICO EM GEOMETRIA DEFINIDAS ...................................................................................................................................... 117 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 124 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 133 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 134 UNIDADE 3 — MAGNETODINÂMICA ...................................................................................... 137 TÓPICO 1 — MAGNETODINÂMICA I ........................................................................................ 139 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 139 2 O PRINCÍPIO CONCEITUAL E MATEMÁTICO ..................................................................... 139 3 O QUE É UM CAMPO DINÂMICO? .......................................................................................... 139 4 OS POTENCIAIS ............................................................................................................................. 141 5 DADO UM POTENCIAL, COMO ACHAR UM CAMPO? ..................................................... 143 6 APERTANDO A CONVERSA COM OS POTENCIAIS .......................................................... 144 7 TRANSFORMAÇÃO DE CALIBRE ............................................................................................. 144 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 151 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 153 TÓPICO 2 — MAGNETODINÂMICA II ...................................................................................... 155 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155 2 CONDUTORES EM CONDIÇÕES MAGNETODINÂMICAS ............................................. 155 3 CONDUTORES MÓVEIS SEGUNDO A LEI DE FARADAY ................................................. 159 4 CONCEITO DE FEM E DDP ......................................................................................................... 160 5 TENSOR DE MAXWELL ................................................................................................................ 161 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 167 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 168 TÓPICO 3 — AS EQUAÇÕES DE MAXWELL ............................................................................. 169 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................169 2 ELETRICIDADE E MAGNETISMO: A LEI DE FARADAY .................................................... 169 3 EQUACIONAMENTOS, VAMOS LÁ! ........................................................................................ 171 4 RELEMBRANDO ALGUNS TEOREMAS IMPORTANTES .................................................. 172 4.1 TEOREMA DE GAUSS, OU TEOREMA DA DIVERGÊNCIA ............................................ 172 4.2 AS LEIS, OS MANDAMENTOS DO ELETROMAGNETISMO ........................................... 172 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 177 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 185 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 187 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 189 1 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a natureza elétrica da matéria; • diferenciar as propriedades entre condutores e isolantes; • conhecer os processos de eletrização. • calcular campo elétrico de uma carga puntiforme; • determinar o vetor campo elétrico resultante para uma distribuição de cargas puntiformes; • aplicar qualitativamente e quantitativamente a Lei de Gauss para uma distribuição de cargas para corpos com alto grau de simetria. • definir capacitância e o funcionamento de um capacitor, relacionando-os mutuamente; • descrever o raio como quebra de um dielétrico, o ar, e entender a sua alta letalidade; • criar circuitos capacitivos como armazenadores de carga e energia. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA TÓPICO 2 – CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO TÓPICO 3 – CAPACITORES Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 1 INTRODUÇÃO A carga elétrica é a propriedade fundamental da matéria, disponível em todos os corpos, tornando-os sensíveis a interações. Para iniciarmos nossos estudos, vamos analisar as cargas elétricas em repouso. Por que as cargas elétricas exercem forças umas sobre as outras? Como podemos quantificar e aplicar estes conceitos de carga elétrica e força elétrica? Dois tipos de materiais, como o cobre e a madeira, possuem propriedades diferentes, o primeiro é um material condutor e o segundo é um material isolante, mas o que define isso? Por fim, é possível alterarmos a quantidade de carga elétrica de um corpo através de diferentes processos, por exemplo por contato, quais outros processos podem ser utilizados e como funcionam? A partir dos conceitos apresentados neste tópico, você será capaz de responder a estas e outras perguntas. 2 NATUREZA ELÉTRICA DA MATÉRIA Desde o século XIX, cientistas investigam e propõem explicações sobre a constituição da matéria, ou seja, desenvolvem um modelo atômico. Um desses modelos atômicos muito utilizados para compreender a natureza elétrica da matéria é o desenvolvido no decorrer do século XX, por Ernest Rutherford (1871-1937), e aperfeiçoado por Niels Bohr (1885-1962). Neste modelo, o átomo é formado por partículas menores, como elétrons, prótons e nêutrons. Na visão de Rutherford e Bohr, os elétrons orbitam o núcleo atômico, no qual dispõem-se os prótons e os nêutrons, formando um agrupamento surpreendentemente coeso. Tal modelo é bastante semelhante à representação planetária, na qual os astros orbitam o Sol, que analogamente é o núcleo, e os elétrons comportam-se como os astros. A região onde os elétrons encontram-se é definida por eletrosfera. Este modelo atômico está representado na Figura 1. UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 4 FIGURA 1 – MODELO ATÔMICO PROPOSTO POR RUTHERFORD FONTE: <https://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads/2015/03/modelos-at%C3%B4micos.jpg>. Acesso em> 2 jul. 2020. Por meio de estudos sobre os fenômenos elétricos, foi possível verificar experimentalmente que prótons e elétrons têm comportamentos elétricos opostos. Por exemplo, se confrontarmos um corpo carregado com alguma dessas cargas, e em determinada circunstância um for atraído, o outro será repelido. Se um for desviado para a direita, o outro será para a esquerda. Essas propriedades estão associadas ao poder de atração ou repulsão que essas partículas apresentam. Por isso, define-se carga elétrica como uma propriedade intrínseca das partículas fundamentais de que é feita a matéria. Em outras palavras, é uma propriedade associada à própria existência das partículas (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). A Eletricidade é baseada nos conceitos de carga elétrica e, assim, ela torna- se tão importante quanto o conceito de massa para a Mecânica. Em todos os objetos, existe uma imensa quantidade de cargas elétricas, todavia raramente observamos essas propriedades, pois a maioria dos corpos contém quantidades iguais de dois tipos de cargas: as cargas positivas e as negativas. Quando ocorre essa igualdade, ou esse equilíbrio, de cargas, dizemos que o objeto está eletricamente neutro. Sendo assim, a carga total do corpo é zero. Utilizando o mesmo raciocínio, quando a quantidade de cargas positivas e negativas de um objeto for diferente, a carga total será diferente de zero. Dizemos, assim, que o corpo está eletricamente carregado. É válido notar que a diferença entre as quantidades de cargas negativas e positivas é sempre muito menor do que as quantidades absolutas dessas cargas em qualquer objeto. Os corpos eletricamente carregados interagem exercendo uma força sobre outros corpos. TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 5 Você provavelmente já deve ter tomado um choque ao descer do carro. Isso ocorre porque o carro em movimento atrita-se com as moléculas de ar, carregando-se eletricamente. Quando você encosta nele, as cargas elétricas acumuladas são transferidas a você, produzindo a sensação de choque. Observando esses fenômenos, foi possível determinar a Lei de Atração e Repulsão, ou Lei das Cargas Elétricas, em que partículas com cargas de mesmo sinal repelem-se, e partículas com cargas de sinais diferentes atraem-se. Essas forças são geralmente observadas quando as partículas estão próximas, tendo em vista que a força diminui com o aumento da distância entre as cargas. Vamos considerar as seguintes situações: • Dois corpos neutros estão próximos o suficiente para haver atração ou repulsão; não haverá interação entre eles, pois os dois corpos são eletricamente neutros. • Dois corpos são eletrizados com cargas de sinais opostos e colocados próximos o suficiente para haver atração ou repulsão; neste caso, haverá uma atração mútua. • Dois corpos eletrizados com cargas de sinais iguais e próximos o suficiente para haver atração ou repulsão repelem-se reciprocamente. Um corpo eletrizado e um outro neutro são colocados próximos o suficiente para haver atração ou repulsão; o corpo eletrizado atrai o neutro. Tais situações são expressas na Figura 2. FIGURA 2 – ATRAÇÃO E REPULSÃO DE CARGAS ELÉTRICAS. FONTE: A autora UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 6 Segundo o modelo de Rutherford-Bohr, elétrons e prótons são as menores partículas integrantes do átomo, e suas cargas elétricas são as menores existentes na natureza. O próton possui uma massa quase duas mil vezes maior que a doelétron. Apesar disso, a quantidade de carga elétrica dos dois é igual, em valor absoluto. Este valor absoluto foi definido como carga elétrica elementar, simbolizado por “e”, cujo valor foi encontrado de forma experimental, pela primeira vez, pelo físico estadunidense Robert Andrews Millikan (1868-1953), por meio da experiência que levou seu nome, a Experiência de Millikan. A Experiência de Millikan A fim de determinar o valor da carga do elétron, Robert Millikan avaliou o comportamento de gotículas de água eletrizadas submetidas à força peso e força elétrica, que atuavam simultaneamente. Millikan borrifou gotículas eletrizadas entre duas placas carregadas com sinais contrários (+ e -), localizadas no interior de um recipiente com vácuo. Consequentemente, as gotículas foram submetidas à força peso e à elétrica. As cargas da placa estavam reguladas de modo que as gotículas ficassem em equilíbrio. Nessa situação, a força elétrica e a força peso são iguais em módulo. Com esse procedimento, pode-se igualar as forças e, assim, calcular a quantidade de carga presente em uma gotícula (VÁLIO et al., 2016, p. 14). IMPORTANT E Um elétron tem uma carga que vale -e, e um próton tem carga +e, ou seja, ambos possuem cargas iguais à carga elétrica elementar, porém com sinais opostos. A quantidade de carga Q de qualquer corpo ou objeto corresponde à quantidade total de elétrons que esse corpo recebeu ou doou em relação ao seu estado eletricamente neutro. Para calculá-la, multiplicamos a quantidade de elétrons em ganhados ou cedidos pelo valor absoluto da carga elementar: Q = ±n ∙ e (n ∈ Z) O sinal da carga elétrica indicará o estado de eletrização do corpo e, a partir dele, obtemos as seguintes conclusões: TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 7 • Se o corpo tiver carga positiva (+), quer dizer que o número de prótons será maior que o de elétrons; portanto, o corpo perdeu elétrons em relação ao estado eletricamente neutro. • Se o corpo tiver carga negativa (-), significa que o número de elétrons é maior que o número de prótons; portanto, o corpo ganhou elétrons em relação ao estado eletricamente neutro. Vamos considerar um corpo neutro: se este perder elétrons, ele ficará carregado positivamente; e se ganhar elétrons, ficará eletrizado negativamente. Observe que tratamos a eletrização como o acúmulo ou a falta de elétrons, pois eles são partículas eletrizadas presentes em todos os átomos e que podem mover-se pela eletrosfera com maior facilidade que os prótons presos ao núcleo. Contudo, não há impedimento para ocorrer a eletrização por recebimento ou doações de partículas elétricas positivas, como, por exemplo, no acréscimo de íons de prata (Ag+) em uma solução iônica, sob condições específicas. A Figura 3 representa três corpos: um eletricamente neutro; um eletrizado negativamente; e um eletrizado positivamente. FIGURA 3 – CORPO a) ELETRICAMENTE NEUTRO, b) ELETRIZADO NEGATIVAMENTE E c) ELETRIZADO POSITIVAMENTE FONTE: A autora A soma algébrica das quantidades de carga elétrica contidas em um sistema eletricamente isolado (que não realiza trocas de carga) é uma constante. Isso constitui o princípio de conservação de cargas elétricas. Vamos considerar inicialmente três objetos, A, B e C, eletrizados e com cargas elétricas de QA, QB e QC, respectivamente. Após terem realizado transferências de cargas entre si, em um sistema eletricamente isolado, adquirem os seguintes valores de cargas: Q’A, Q’B e Q’C. Segundo o princípio de conservação de cargas, temos: QA + QB + QC= Q’A+ Q’B +Q’C → ∑Qantes = ∑Qdepois UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 8 Note que no decorrer dos processos de eletrização os elétrons não são criados e nem destruídos; eles são apenas trocados entre um corpo e outro, conforme estabelece o princípio de conservação de cargas. EXEMPLO Três corpos carregados com Q1 = 2µC, Q2 = -4µC e Q3 = 6µC, encontram- se em um sistema eletricamente isolado. Depois de algumas trocas de cargas entre eles, os corpos 2 e 3 ficaram com cargas Q’2 = -2µC e Q’3 = 3µC. Pede-se o seguinte: 1. Determine a carga final do corpo 1 (Q’1). 2. O corpo 1 cedeu ou recebeu elétrons? Calcule o número de elétrons do corpo 1 após as transferências. 3. Após a troca de cargas, haverá atração ou repulsão entre os corpos 1 e 3? Explique. Resolução: 1. Pelo princípio de conservação de cargas elétricas, temos: ∑Qantes = ∑Qdepois Q1 + Q2 + Q3= Q’1 + Q’2 + Q’3 2µC + (-4µC) + 6µC = Q’1 + (-2µC) + 3µC 4µC = Q’1+ 1µC Q’1 = 3µC 2. A quantidade de carga transferida pelo corpo 1 é dada por: ΔQ1 = Q’1 - Q1 ΔQ1 = 3µC - 2µC ΔQ1 = 1µC Para calcular o número de elétrons envolvidos nessas trocas, temos: ΔQ1 = n ∙ e 1µC = n ∙ 1,6 ∙ 10-19 C n = 6,25 ∙ 1012 elétrons 3. Após as trocas de cargas, Q’1 = +3µC e Q’3 = +3µC, portanto, segundo o princípio de atração e repulsão de cargas elétricas, cargas de mesmo sinal repelem-se. TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 9 3 PROPRIEDADES DE CONDUTORES E ISOLANTES As características dos condutores e dos isolantes (não condutores) devem- se à estrutura e às propriedades elétricas dos átomos. Os materiais podem ser classificados conforme a facilidade com a qual as cargas elétricas deslocam-se no seu interior. Temos, então: • Nos condutores – como os metais, o grafite, as soluções eletrolíticas, os gases ionizados, o corpo humano, a superfície da Terra, entre outros –, as cargas elétricas movem-se com facilidade. • Nos não condutores, ou isolantes ou dielétricos – como o ar seco, a água pura, o vidro, o plástico, a seda, a lã, o enxofre, a parafina, a madeira, a cortiça, a borracha, entre outros –, as cargas não se movem. • Os semicondutores – como o germânio, o silício, entre outros – têm propriedades elétricas ora iguais aos dos condutores e ora iguais aos dos isolantes. • Os supercondutores são condutores perfeitos, ou seja, materiais nos quais as cargas deslocam-se sem qualquer resistência. Durante a formação de um sólido de material condutor, elétrons que estão mais afastados do núcleo – estando, portanto, mais fracamente atraídos – tornam-se livres e vagam pelo material. Esse processo gera átomos positivamente carregados, íons positivos. A facilidade de ceder ou receber elétrons livres uns dos outros faz com que conduzam eletricidade. Esses elétrons livres recebem o nome de elétrons de condução. Os materiais isolantes possuem um número muito reduzido, ou mesmo nulo, de elétrons de condução. Os materiais condutores são assim chamados por conduzirem eletricidade – e mesmo que os materiais dielétricos não conduzam eletricidade, eles podem ser eletrizados. Geralmente isso ocorrerá em duas situações: 1. Um material isolante permanece com a carga elétrica localizada na região em que recebeu ou doou elétrons. Essa região atuará como um polo positivo ou negativo e exercerá atração ou repulsão sobre corpos com os quais interagir. 2. Ao submeter-se a forças elétricas externas, substâncias não condutoras formadas de moléculas polares podem orientar-se no interior do dielétrico. Dessa maneira, o objeto ainda permanece eletricamente neutro, tendo em vista que sua carga total permanece nula, porém agora estará polarizado e poderá atrair ou repelir outros objetos devido às polaridades que o corpo apresentará (Figura 4). UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 10 FIGURA 4 – ISOLANTE ELETRICAMENTE NEUTRO a) ANTES DA POLARIZAÇÃO E b) POLARIZADO FONTE: A autora 4 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO Um corpo é eletricamente neutro quando as quantidades de prótons e elétrons contidas nele forem iguais. Um corpo em que há excesso de uma dessas partículas, dizemos que está eletrizado. Existem diferentes processos para eletrizar corpos neutros, que são: eletrização por contato, eletrização por atrito e eletrização por indução. Na eletrização por contato, no mínimo, um dos corpos deveestar previamente eletrizado. Os corpos são aproximados, fazendo com que ocorra o contato entre eles, acarretando, assim, na transferência de carga. É importante entender que, na eletrização por contato, os corpos ficam com cargas do mesmo sinal que o objeto previamente eletrizado. Esse processo de eletrização por contato está representado na Figura 5. FIGURA 5 – ELETRIZAÇÃO POR CONTATO, EM QUE a) OS CORPOS ATRAEM-SE ANTES DO CONTATO E b) OS CORPOS REPELEM-SE DEPOIS DO CONTATO FONTE: A autora TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 11 Se o objeto eletrizador A e o eletrizador B forem esféricos e de mesmo material, com raios RA e RB diferentes, parte da carga do corpo A é transferida para o corpo B, obedecendo à proporcionalidade dos raios das esferas. Dessa forma, a relação entre as quantidades de cargas dos corpos (Q’A e Q’B) após o contato será proporcional aos seus raios, ou seja: Q’A = RA Q’B RB Particularmente quando temos duas esferas iguais, de mesmo material e mesmo raio, depois de realizado o contato, cada uma delas terá metade da quantidade de carga total que havia antes do contato. ATENCAO A eletrização por atrito dá-se quando atritamos dois corpos de materiais diferentes, podendo ocasionar trocas de elétrons entre os objetos envolvidos. Após o atrito, um dos corpos estará carregado negativamente, pois recebeu elétrons do outro objeto. Consequentemente, o segundo corpo, que cedeu os elétrons, ficará eletrizado positivamente. Esse tipo de eletrização pode ser facilmente demonstrado da seguinte maneira: atrite uma régua plástica em uma folha de caderno repetidamente e em um único sentido; separe pequenos pedaços de papel picado (eletricamente neutros) e aproxime a régua deles; você verá que os pedaços de papel são atraídos para a régua, comprovando que o objeto está carregado e eletrizado pelo processo de atrito. Nesse tipo de eletrização, ao final do processo, os corpos adquirem cargas de sinais opostos. A fim de determinar qual dos corpos cederá e qual receberá elétrons, devemos consultar a Série Triboelétrica, conforme a Figura 6. UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 12 FIGURA 6 – SÉRIE TRIBOELÉTRICA Isopor Cobre Borracha Âmbar Papel Lã Náilon Vidro Pele humana + FONTE: A autora A Série Triboelétrica informa o material que ficará eletrizado negativamente e o que será carregado positivamente. Os materiais à esquerda ficaram carregados negativamente e os mais à direita eletrizaram-se positivamente. Assim, se atritarmos um isopor contra nossa pele, supondo que os dois corpos estão eletricamente neutros, a pele humana cederá elétrons ao isopor. Sendo assim, o isopor ficará carregado negativamente e a pele, positivamente. A eletrização por atrito acontece devido aos elétrons dos materiais que estão mais fracamente ligados aos núcleos – elétrons mais afastados – serem transferidos para o outro material. Sobre a eletrização por atrito, ainda é importante considerar os seguintes fatos: • Nem sempre é possível eletrizar dois corpos por atrito. Por exemplo, quando atritamos dois corpos de mesmo material, poderá não acontecer a troca de elétrons entre eles. • Na eletrização por atrito de corpos não condutores ou isolantes, o excesso de cargas permanecerá localizado na região do corpo onde ocorreu o atrito, semelhante ao ocorrido na eletrização por contato. • Na eletrização por atrito de materiais condutores, as cargas distribuir-se-ão por toda a sua superfície. Tal fenômeno ocorre devido à repulsão das cargas elétricas no interior do material, fazendo, assim, com que as cargas fiquem o mais distante possível umas das outras. • Para manter um corpo eletrizado, é necessário isolá-lo, utilizando, por exemplo, um material dielétrico como apoio. TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 13 Na eletrização por indução, é possível eletrizar um corpo neutro sem a necessidade de encostar dois corpos, seja por atrito ou contato. Quando um condutor eletrizado, chamado de indutor, é aproximado de um condutor neutro, denominado “induzido”, ocorre uma indução eletrostática, ou seja, a separação de cargas no corpo neutro. Aproximando os corpos sem contato, ocorrerá uma movimentação de cargas no induzido. A eletrização por indução está representada na Figura 7. FIGURA 7 – ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO a) ANTES DA INDUÇÃO E b) DURANTE A INDUÇÃO FONTE: A autora A seguir, na Figura 8, está apresentada uma situação específica com indução eletrostática, em que é colocado um fio no condutor induzido, ligando-o ao solo. A essa ligação dá-se o nome de “aterramento”, pois possibilita o deslocamento de cargas através do fio condutor à Terra. Quando a carga de um objeto é neutralizada pela retirada do excesso de cargas negativas ou positivas através do solo, dizemos que o objeto foi descarregado. O solo, por ser um corpo muito extenso, geralmente pode ser tratado como um corpo infinito em relação à maioria dos objetos, o que significa que a distribuição não altera em nada as propriedades dele, e, portanto, pode comportar-se doando ou recebendo elétrons. Sendo assim, a carga no induzido depende somente do indutor e tem sinal contrário à sua carga. A eletrização por indução é temporária, ocorrendo enquanto o indutor estiver suficientemente próximo ao induzido. Para que o corpo permaneça eletrizado após a retirada do indutor, é necessário que ocorra o aterramento. Assim, ao final de uma eletrização por indução, os corpos envolvidos adquirem cargas de sinais opostos, assim como no processo de eletrização por atrito. Note, ainda, que esse processo de eletrização se dá em condutores, pois, em isolantes, as cargas elétricas movimentam-se pouco ou não no interior do objeto. UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 14 FIGURA 8 – ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO COM ATERRAMENTO, a) ANTES DA INDUÇÃO, b) DURANTE A INDUÇÃO E c) APÓS A INDUÇÃO FONTE: A autora Os estudos a respeito da eletricidade estática, criadora dos campos elétricos, remontam ao filósofo grego Tales de Mileto no século VI a.C. O filósofo e estudioso da natureza descreveu o fenômeno que consiste em uma barra de âmbar que atrai pequenos objetos depois de atritada com uma pele de coelho. No cotidiano, é o mesmo que esfregar uma caneta de plástico (material isolante) contra um pano ou o próprio cabelo. Em ambas as situações, o objeto fica eletricamente carregado. FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_el%C3%A9trico>. Acesso em: 2 jul. 2020. INTERESSA NTE TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 15 EXPERIMENTO 1 Eletrização Esse experimento visa demonstrar os princípios da eletrização, seja por atrito, por contato e por indução e, a força elétrica ou Lei de Coulomb, mostrada na Equação (1), na qual os objetos se atraem ou se repelem: (1) A intensidade da força elétrica é diretamente proporcional ao produto dos módulos de cada carga e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa, sendo K uma constante eletrostática que é definida em função da constante de permissividade elétrica no vácuo. Objetivo Movimentar a latinha de refrigerante usando a força eletrostática entre as cargas na bexiga e na latinha. Ganha quem conseguir movimentar a latinha para o seu lado, de forma equivalente a um cabo de guerra. Materiais utilizados • duas bexigas cheias; • uma latinha de refrigerante vazia. Explicações O princípio básico é que ao atritar a bexiga com o cabelo, esta irá se eletrizar pelo atrito. As cargas presentes na bexiga são capazes de atrair a latinha pela força elétrica descrita pela Lei de Coulomb. Outras informações A brincadeira permite uma abordagem lúdica do tema, atraindo a atenção dos alunos para o conteúdo da aula. Montagem e procedimentos1. Dois participantes ficam em lados opostos da mesa, com uma latinha vazia na posição média entre eles. 2. Cada um atrita vigorosamente a bexiga inflada no cabelo. 3. Ao dar início, cada competidor aproxima sua bexiga da latinha, sem encostar, buscando atraí-la para o seu lado UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA 16 FIGURA - DEPOIS DE ATRITADA, A LATA (a) SOFRE ATRAÇÃO PELA BEXIGA, DEVIDO À FORÇA ELETROSTÁTICA QUE GERA MOVIMENTO NA MESMA (b) FONTE: Monteiro e Delgado Silva (2018, p. 9-10) FONTE: MONTEIRO, H. R.; DELGADO SILVA, A. O. Manual para a construção de experimentos sobre eletromagnetismo. Sorocaba: UFSCar, 2018. Disponível em: http:// www.mnpefsorocaba.ufscar.br/produtos/produto-hudson. Acesso em: 16 mar. de 2020. • O processo de eletrização por atrito consiste basicamente colocando dois corpos de substancias diferentes e inicialmente neutros em contato, cria-se então um atrito entre os dois corpos e os mesmos tornam-se carregados com cargas de diferentes sinais e módulos iguais. • O processo de eletrização por contato, é feito quando dois corpos condutores, sendo um deles eletrizado, são postos em contato. Ao entrarem em contato, as cargas são distribuídas pelos corpos até se estabilizarem, com isso os dois corpos ficam com cargas de mesmo sinal e módulo. • Indução eletrostática é a separação das cargas de um corpo condutor provocada pela aproximação de um corpo eletrizado. Na eletrização por indução, o corpo induzido sempre se eletriza com carga de sinal contrário à do indutor. IMPORTANT E TÓPICO 1 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ELETROSTÁTICA 17 Chama-se serie triboelétrica a relação ordenada de substâncias em que, ao atritarmos duas delas, a que figura antes se eletriza positivamente e a que figura depois, negativamente. FIGURA – CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS NA SÉRIE TRIBOELÉTRICA FONTE: <https://www.stoodi.com.br/resumos/fisica/eletrostatica/>. Acesso em: 19 mar. de 2020. INTERESSA NTE 18 Neste tópico, você aprendeu que: • A carga elétrica é a propriedade fundamental da matéria, disponível em todos os corpos, tornando-os sensíveis às interações. • A principal interação entre as cargas é a lei de atração e repulsão. • Cargas de mesmo sinal tendem a se repelir mutuamente. • Cargas de sinais opostos tendem a se atrair, também de forma mútua. • Existem diversos tipos de eletrização de corpos: eletrização por contato, eletrização por atrito e eletrização por indução. • A eletrização por contato ocorre quando dois condutores um eletrizado e outro neutro, por exemplo, forem colocados em contato físico entre si. • Através do contato os elétrons livres se encarregam de conduzir e redistribuir as cargas nos dois condutores. • A eletrização por atrito ocorre quando atritamos dois corpos de substâncias diferentes (ou não), inicialmente neutros, e haverá transferência de eletros de um corpo para o outro, de tal forma que um corpo fique eletrizado positivamente (cedeu elétrons), e outro corpo fique eletrizado negativamente (ganhou elétrons). • A eletrização por indução consiste em atribuir carga elétrica a um objeto utilizando outro corpo carregado sem que haja contato entre eles. • A eletrização por indução ocorre quando a carga elétrica final do condutor que estava neutro sempre possui sinal oposto à do indutor. • Um exemplo de eletrização por indução é a ocorrência de raios. Quando uma nuvem está carregada eletricamente, ela induz na superfície terrestre cargas de sinais contrários, criando um campo elétrico entre a nuvem e a superfície. Se o campo elétrico for muito intenso, o ar pode funcionar como condutor de eletricidade, acarretando uma descarga elétrica. RESUMO DO TÓPICO 1 19 1 O que é carga elétrica? 2 O que é eletrização? 3 Quais são os processos de eletrização? 4 Descreva a experiência de Millikan. AUTOATIVIDADE 20 21 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 1 INTRODUÇÃO O que faz uma partícula carregada perceber outra partícula sem entrar diretamente em contato? Como acontece o movimento ordenado de cargas dentro de um fio condutor? Esses são exemplos em que o campo elétrico é o agente responsável por proporcionar a interação entre cargas eletricamente carregadas. Graças ao campo elétrico, possuímos os inúmeros eletrodomésticos que compõem as nossas casas e que fazem parte do nosso dia a dia. Neste tópico, você vai aprender a calcular o campo elétrico para cargas pontuais e para um sistema de cargas homogeneamente distribuídas. Para esse último caso, você saberá resolver problemas utilizando a Lei de Gauss, que facilita muito a resolução de problemas para certas geometrias de cargas. 2 CAMPO ELÉTRICO PRODUZIDO POR UMA CARGA PUNTIFORME Todos os equipamentos eletrônicos funcionam com base nos princípios que regem o campo elétrico. O campo elétrico é o agente, por assim dizer, responsável por mover cargas eletricamente carregadas. Essas cargas elétricas são elétrons ou átomos ionizados, que ganharam ou perderam elétrons, tornando-os carregados eletricamente. A interação entre duas partículas carregadas acontece através da força eletrostática envolvida. Ou seja, uma partícula percebe a outra por meio do campo elétrico estabelecido entre elas. Sempre que uma partícula é mais carregada que outra, representamos o campo elétrico por meio de mais linhas deste. Lembre-se que, quando temos uma carga positiva, as linhas de campo elétrico são direcionadas para fora da carga. Já, quando temos uma carga negativa, as linhas são direcionadas para dentro da carga. A Figura 9 ilustra as duas situações para o caso de uma carga +q e –q. 22 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA FIGURA 9 – UMA CARGA +Q E OUTRA CARGA –Q COM A REPRESENTAÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO ELÉTRICO PARA CADA UMA DAS SITUAÇÕES FONTE: A autora Para encontrar o valor do campo elétrico E em uma determinada região do espaço devido à presença de uma carga carregada (usualmente chamada de carga pontual), podemos colocar uma carga de prova positiva em um ponto próximo da partícula, com uma distância r em relação à partícula carregada. A força F de interação entre as duas partículas é dada a partir da Lei de Coulomb: Sendo uma constante (em que ε0 é a constante de permissividade, com valor de 8,85×10-12 C2/Nm2), q0 a carga de prova positiva e q a carga que gera o campo elétrico. Se a carga q é positiva, a carga de prova q0 sente uma força de interação que tende a afastá-la da carga q. Já, quando a carga q é negativa, a força de interação eletrostática entre as cargas tende a aproximar da carga de prova. FIGURA 10 – INTERAÇÃO ELETROSTÁTICA ENTRE DUAS CARGAS +q E –q EM RELAÇÃO A UMA CARGA DE PROVA q 0 FONTE: A autora TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 23 Note que a força eletrostática de interação entre a carga positiva e a carga de prova aponta na mesma direção e no mesmo sentido das linhas de campo elétrico gerado por uma carga positiva da Figura 9. O mesmo raciocínio vale para a força eletrostática e as linhas de campo elétrico da carga –q. Desta forma podemos determinar imediatamente a direção do campo elétrico E a partir do sinal da carga elétrica da partícula carregada. Nesse caso, a carga de prova sempre é uma carga positiva (por definição) e move-se na direção indicada pelo campo elétrico. O campo elétrico é direcionado para fora da partícula, se a carga é positiva, e direcionado para dentro da partícula, se a carga é negativa. Como a força eletrostática pode ser escrita em função da carga de prova e do campo elétrico (F = q0 ∙ E), podemos obter a expressão para o campo elétrico no caso de uma partícula carregada (carga puntiforme): Como já sabemos determinar a direção e o sentido do campo elétrico gerado por uma carga puntiforme positiva ou negativa, podemos expressar o módulo do campo elétrico como sendo: A unidade de campo elétrico é dada pelo SI como sendo N/C(Newton/ Coulomb). Considerando o módulo da carga q, evitamos confusões em relação a se obter um campo elétrico negativo quando a carga q é negativa, o que poderia levar ao raciocínio errôneo de que o sinal do campo elétrico teria relação com a direção do campo elétrico. Para pensar sobre a direção do campo elétrico, pense sempre nas linhas de campo geradas pela carga que gera o campo elétrico. Vamos analisar como o campo elétrico comporta-se com relação à distância da carga que o gera. Imagine que você tenha uma carga de prova e coloque-a próxima da carga pontual que gera um campo elétrico. Você pode pensar na intensidade do campo elétrico como sendo a densidade das linhas dele. Quanto mais próximo da carga pontual, mais próximas serão as linhas de campo elétrico. Dessa forma, a intensidade do campo elétrico aumenta. Já, quando você começa a afastar a carga de prova da carga pontual carregada, as linhas de campo também tendem a se afastar uma das outras. Ou seja, a densidade das linhas de campo nessa região mais afastada da carga diminui. Com isso, o campo elétrico em um ponto mais distante da carga pontual também diminui. Como você pode ver pela equação que define o campo elétrico, este é proporcional ao inverso do quadrado da distância. Dessa forma, podemos representar graficamente o campo elétrico em função da distância da carga pontual, como ilustrado na Figura 11. A função que representa o campo elétrico, neste caso, é inversamente proporcional ao quadrado da distância. 24 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA FIGURA 11 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO CAMPO ELÉTRICO E EM FUNÇÃO DA DISTÂNCIA R DA CARGA PONTUAL CARREGADA FONTE: A autora Para uma situação na qual queremos determinar o campo elétrico resultante em um ponto pré-determinado no espaço, para o caso de duas partículas carregadas (podendo ser uma positiva e a outra negativa, ou as duas com mesmo sinal), devemos calcular o campo elétrico resultante. Ou seja, podemos calcular o vetor campo elétrico naquele ponto do espaço referente a cada uma das partículas carregadas. Em seguida, somamos vetorialmente os campos elétricos e, assim, obtemos o campo elétrico resultante, indicando a direção e o sentido. No caso de um sistema com várias partículas carregadas, o procedimento é o mesmo. O campo elétrico resultante também é a soma vetorial de cada um dos campos elétricos gerados por cada uma das partículas em uma determinada região do espaço. 3 CARGA ELÉTRICA EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME Quando uma carga elétrica se encontra imersa em um campo elétrico uniforme, a mesma pode mover-se na direção do campo elétrico ou contrariamente a ele. Quem definirá a direção do movimento será a própria carga. Se for uma carga positiva, ela irá mover-se na direção do campo elétrico. Se for uma carga negativa, irá mover-se contrariamente ao campo elétrico. Considere a situação em que temos duas placas planas e paralelas, uma carregada positivamente e a outra carregada negativamente, como é ilustrado na Figura 12. TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 25 FIGURA 12 – CAMPO ELÉTRICO UNIFORME ENTRE DUAS PLACAS CARREGADAS POSITIVAMENTE (PLACA SUPERIOR) E NEGATIVAMENTE (PLACA INFERIOR). A FORÇA ELETROSTÁTICA PARA DUAS CARGAS INTERNAS É INDICADA PELO VETOR F FONTE: A autora O campo elétrico interno às placas é constante devido à distribuição homogênea de cargas nas duas placas. Você pode imaginar que cada linha de campo gerada por uma carga positiva na placa superior vai de encontro à carga negativa da placa inferior. Se ambas as placas forem carregadas com a mesma quantidade de cargas, mas com sinais contrários, o campo elétrico interno às placas mantém-se constante e uniforme. Dessa forma, não importa onde uma carga qualquer (positiva ou negativa) for colocada, ela irá sentir uma força eletrostática devido ao campo elétrico uniforme existente entre as placas. A força eletrostática que uma partícula carregada sente quando se encontra dentro de um campo elétrico uniforme pode ser calculada a partir da equação: A força eletrostática F, atuando na partícula carregada q localizada em um campo elétrico E, tem a direção de E, se a carga q é positiva, e tem a direção oposta, se a carga q for negativa. 4 LEI DE GAUSS Até agora tratamos das situações de uma carga pontual gerando um campo elétrico e uma partícula carregada imersa em um campo elétrico homogêneo. Mas, quando queremos determinar o campo elétrico de uma distribuição de cargas, como procedemos? A Lei de Gauss é uma ferramenta abstrata que nos auxilia no cálculo do campo elétrico para uma distribuição de cargas pontuais. Do contrário, teríamos que calcular o campo elétrico em uma determinada região do espaço referente a cada uma das cargas pontuais da distribuição de cargas. A Figura 13 ilustra essa situação, em que uma fita linear carregada de comprimento L gera um campo elétrico em um ponto P, a uma distância d da fita. Nesse caso, 26 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA o campo elétrico no ponto P é calculado para cada uma das cargas, gerando os campos elétricos E1, E2, E3... Ex. O campo elétrico resultante é a soma vetorial de cada um dos campos elétricos em separado. Se o número de cargas da fita é muito grande, teríamos que calcular trabalhosamente cada um dos campos elétricos e depois realizar a soma vetorial. Caso a distribuição de cargas seja homogênea, a nossa álgebra pode ser facilitada tornando o somatório em uma integral que varia seus limites de integração do início da fita até o seu final. FIGURA 13 – FITA COM UMA DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS LINEARMENTE DISTRIBUÍDAS E O CAMPO ELÉTRICO PARA CADA UMA DAS CARGAS, CALCULADAS PARA O PONTO P QUE FICA A UMA DISTÂNCIA d DA FITA FONTE: A autora Na situação do exemplo anterior, poderíamos considerar uma superfície hipotética com simetria parecida com a linha de cargas para o cálculo do campo elétrico no ponto P. Todas as cargas internas dessa superfície hipotética, chamada, muitas vezes, de superfície Gaussiana, geram o campo elétrico que pode ser calculado a partir do fluxo de linhas de campo que entram e saem dessa superfície. Em outras palavras, a Lei de Gauss relaciona o fluxo resultante de um campo elétrico por uma superfície fechada (superfície Gaussiana) com a carga resultante envolvida qenv pela superfície. Algebricamente temos: Sendo Φ o fluxo das linhas de campo elétrico, dada pela seguinte integral: TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 27 Ou seja, o fluxo das linhas de campo pode ser calculado pela integral de linha do campo elétrico multiplicado de forma escalar por um elemento de área dA. Quando obtemos um fluxo negativo, é porque as linhas de campo que entram na superfície são em maior número do que aquelas que saem da superfície. Isso só é possível se a carga resultante interna à superfície Gaussiana é negativa. Deste modo, o vetor E está direcionado para dentro da superfície. O vetor dA sempre estará direcionado perpendicularmente para fora da superfície. Como o fluxo é dado pelo produto escalar entre os dois vetores, sabemos que E ∙ dA = E ∙ dA ∙ cosθ, sendo θ o ângulo formado pelos vetores E e dA. De forma geral, podemos escrever a Lei de Gauss como sendo: Vamos aplicar a Lei de Gauss para um exemplo simples. Assim poderemos entender melhor esse conceito um tanto quanto abstrato, envolvendo uma superfície Gaussiana. Digamos que temos uma carga q positiva pontual. Dada uma distância r dessa carga, vamos calcular o campo elétrico neste ponto. A Figura 14 ilustra o nosso exemplo. FIGURA 14 – UMA SUPERFÍCIE GAUSSIANA ESFÉRICA CENTRADA EM UMA PARTÍCULA DE CARGA +q FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2014, p. 666) A carga pontual +q pode ser envolvida por uma superfície simétrica, como uma esfera, representada em amarelo na figura. Note que essa superfície envolve perfeitamente a carga. Se vocêimaginar as linhas de campo saindo da carga e passando pela superfície, todas elas saem, também, perpendicularmente à superfície Gaussiana. Logo, o ângulo formado entre o vetor E e o vetor elemento de área dA é de 0° (o elemento de área dA sempre aponta perpendicularmente à superfície Gaussiana). Agora, podemos aplicar diretamente a Lei de Gauss: 28 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA Como o campo elétrico é o mesmo em todos os pontos da superfície Gaussiana (todos os pontos da superfície ficam a uma distância r da carga), o campo elétrico é constante em toda essa superfície. A carga envolvida qenv é a carga +q. Dessa forma, podemos escrever: A integral que sobrou é somente a soma de todos os elementos de área da superfície Gaussiana. Ou seja, somando todos os elementos de área, obtemos a área de uma esfera, dada por A = 4πr2. Substituindo a área na equação anterior, obtemos que: Assim chegamos à equação do campo elétrico para uma carga pontual, exatamente a equação que obtivemos anteriormente, utilizando a Lei de Coulomb. Se quisermos aplicar a Lei de Gauss para calcular o campo elétrico resultante de uma distribuição de cargas em uma fita, como no exemplo da Figura 13, podemos usar uma simetria cilíndrica, como ilustrado na Figura 15. FIGURA 15 – UMA SUPERFÍCIE GAUSSIANA EM FORMA CILÍNDRICA ENVOLVENDO UMA FITA CARREGADA COM UMA DENSIDADE DE CARGAS LINEAR FONTE: Halliday, Resnick e Walker (2014, p. 671) TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 29 Neste caso, a distribuição de cargas na fita deve ser conhecida. Digamos que a fita tenha uma densidade de cargas λ (C/m). Dessa forma, a carga envolvida pela superfície Gaussiana pode ser calculada como sendo a densidade de cargas multiplicada pelo comprimento da fita (L): qenv = λ ∙ L. O campo elétrico • perpendicular em todas as partes do cilindro, exceto na base e no topo do cilindro, onde o vetor elemento de área nessas regiões forma um ângulo de 90° com o campo elétrico (que é no plano horizontal da página). Nesses dois casos, o fluxo elétrico é nulo. Portanto, o fluxo elétrico que importa é aquele que permeia toda a lateral do cilindro, que tem uma área total de A = (2πr) ∙ L. Aplicando a Lei de Gauss, obtemos: Assim, obtemos o campo elétrico para uma distribuição de cargas linear em uma fita. 5 CAMPO PRODUZIDO POR UMA ESFERA METÁLICA (APLICAÇÃO DA LEI DE GAUSS) Agora você já sabe como calcular o campo elétrico, dada uma distribuição de cargas em uma determinada superfície. Então, como fica o campo elétrico no interior de uma casca esfera metálica carregada ou de uma esfera maciça carregada? E externamente a essas esferas? Se você pensar na Lei de Gauss, esse raciocínio torna-se muito trivial. Vamos começar pensando como fica o campo elétrico externamente à esfera, de uma distância r da esfera, como ilustrado no exemplo da Figura 16a. 30 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA FIGURA 16 – a) UMA SUPERFÍCIE GAUSSIANA ENVOLVENDO UMA CASCA ESFÉRICA METÁLICA COM CARGA +Q E b) UMA SUPERFÍCIE GAUSSIANA INTERNAMENTE À CASCA METÁLICA FONTE: A autora Como a carga +Q distribui-se igualmente sobre a superfície da esfera metálica, podemos considerar, neste caso, uma superfície Gaussiana esférica para calcular o campo elétrico. Esse é um caso similar ao exemplo calculado para uma carga pontual. Como a superfície Gaussiana engloba toda a carga da esfera, que possui a carga igualmente distribuída em sua superfície, podemos calcular o campo elétrico por meio da aplicação da Lei de Gauss. É importante notar aqui que a distância R da superfície Gaussiana é maior que a distância r da casca esférica, R > r. Somente nessa situação teremos a superfície Gaussiana envolvendo toda a casca esférica. Desse modo, podemos calcular o campo elétrico: Este é o campo elétrico calculado quando R > r. Quando R = r, o campo elétrico é máximo. Agora, vamos calcular o campo elétrico interno à casca metálica. Neste caso, novamente desenhamos uma superfície Gaussiana esférica centrada internamente à casca metálica. Porém, aqui R < r, uma vez que estamos interessados em analisar o campo elétrico interno. Fica fácil notar qual é a carga envolvida pela superfície Gaussiana. Não existe nenhuma carga! Deste modo, o campo elétrico internamente à casca metálica é zero. Você ainda não está convencido? Então, vamos fazer um exercício mental: pense que agora colocamos uma carga de prova bem no centro da casca metálica. Neste caso, o campo elétrico resultante sobre a carga de prova é nulo, uma vez que a soma vetorial de todos os campos TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 31 elétricos, gerados por cada uma das infinitesimais cargas distribuídas na casca, anula-se. Pense agora que a carga de prova se mova para bem próximo do lado esquerdo da casca metálica. As cargas positivas da casca esférica redistribuem-se, de modo que a maioria das cargas positivas se mova para o lado direito. Por sua vez, as cargas negativas da casca esférica são transferidas para o lado esquerdo. Um condutor carregado majoritariamente com um tipo de carga não quer dizer que a carga oposta também não exista. Ela existe, porém, em minoria. Dessa forma, o campo elétrico entre as cargas negativas na esquerda e a carga positiva da carga de prova são contrabalanceados pelo campo elétrico gerado pelas cargas positivas do lado direito da casca com as cargas negativas do lado esquerdo. Por fim, o campo elétrico resultante é nulo. A Gaiola de Faraday é uma estrutura metálica que funciona com o princípio do campo elétrico nulo no seu interior. Para tanto, a estrutura metálica é completamente fechada, ou seja, isola eletricamente o meio interno do meio externo. As ondas eletromagnéticas (que possuem uma de suas componentes o campo elétrico) não conseguem penetrar esse tipo de estrutura. As aplicações desse tipo de estrutura são várias, como, por exemplo, para isolar a radiação de micro-ondas internas ao aparelho de micro-ondas da sua casa. Neste caso, é importante que o aparelho não vaze a radiação para o meio externo, o que não seria agradável para o usuário ao lado do aparelho que também iria sofrer a incidência da radiação no seu corpo. Por isso, a blindagem elétrica para essa faixa de radiação é essencial. Outro exemplo prático é a blindagem elétrica da estrutura metálica do carro, de modo a evitar grandes descargas elétricas provenientes de um raio. Quando um raio incide sobre um carro, toda a descarga elétrica distribui- se sobre a estrutura metálica, que, depois, descarrega no solo. Aliás, o local mais seguro para se ficar em uma tempestade não é debaixo de uma árvore, e, sim, dentro do carro! Podemos representar graficamente o campo elétrico de uma casca esférica carregada com +Q. Nesse caso, o campo elétrico até a distância r em relação ao centro da casca é nulo. Já, quando R > r, o campo elétrico decai com o inverso do quadrado da distância. A Figura 17 ilustra o campo elétrico em função da distância para o caso de uma casca esférica metálica. 32 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA FIGURA 17 – CAMPO ELÉTRICO EM FUNÇÃO DA DISTÂNCIA PARA UMA CASCA ESFÉRICA METÁLICA CARREGADA E DE RAIO r FONTE: A autora 6 RUPTURA DIELÉTRICA Para falar sobre a ruptura dielétrica, precisamos entender, primeiramente, o que são materiais isolantes e materiais condutores. Um material isolante é um tipo de material que não conduz cargas pelo seu meio. Isso porque esse tipo de material não possui muitos elétrons livres e, portanto, o campo elétrico não faz fluir nenhuma carga sobre ele. Já um material condutor possui muitos elétrons livres em sua estrutura, permitindo, assim, que um campo elétrico aplicado no material faça fluir corrente elétrica (cargas em movimento). Quando for aplicado um campo elétrico muito elevado em um material isolante, a partir de certo valor limiar, este material deixa de ser isolante e passa a conduzircorrente elétrica. Esse valor de campo elétrico limiar aplicado, no qual, então, a propriedade isolante deixa de existir, é o que chamamos de rigidez dielétrica, causando uma ruptura dielétrica do material. O ar possui um campo elétrico de ruptura dielétrica na ordem de 3 milhões V/m, o que equivale a 3 milhões N/C. Campos elétricos igual ou acima desse valor fazem com que a rigidez dielétrica do ar seja rompida e, assim, conduza corrente elétrica. Já a borracha possui um campo elétrico de ruptura ainda maior, na ordem de 25 milhões V/m. Por isso, ela é utilizada para isolar eletricamente ferramentas e até circuitos elétricos. A ruptura dielétrica também deve ser levada em conta no projeto de circuitos integrados e outros dispositivos eletrônicos de estado sólido. Camadas isoladoras nesses dispositivos são designadas para funcionar operando certas faixas de campo elétrico (ou tensões). Em situações em que o campo elétrico é aumentado drasticamente, como, por exemplo, em descarga eletrostática, os TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 33 dispositivos podem ser danificados e, até mesmo, ficarem inutilizados, afetando severamente as camadas isoladoras. Se você já abriu um rádio velho ou qualquer outro tipo de eletrônico danificado, pode ter notado que os componentes capacitores, muitas vezes, estão inchados ou, até mesmo, estourados. Nesses casos, a ruptura dielétrica aconteceu e danificou completamente os mesmos. Ruptura dielétrica do ar a partir de um raio Quando um campo elétrico é alto demais, pode acontecer o processo de ruptura dielétrica. Esse é o caso típico da descarga elétrica de um raio em meio a uma tempestade. As nuvens ficam tão carregadas que criam um campo elétrico muito intenso capaz de romper a rigidez dielétrica do ar. Nesse processo, o campo elétrico remove elétrons dos átomos do ar. O ar começa a conduzir esses átomos ionizados e elétrons removidos. Estes começam um processo chamado “efeito cascata”, no qual a ionização do ar acontece muito rapidamente, pois os íons acabam colidindo com outros átomos, ionizando-os, que, por sua vez, também acabam ionizando outros átomos. Em alguns milésimos de segundos, todo um caminho no ar, das nuvens até o solo, é ionizado. Por meio desse caminho é que acontece a descarga de corrente elétrica, gerando o raio. O processo de ionização também emite luz, que é o “clarão” que um raio produz. Você pode obter mais informações sobre o assunto acessando o seguinte link: https://goo. gl/pNhwFQ. IMPORTANT E O campo elétrico em um ponto é uma grandeza vetorial, portanto, é representado por um vetor. Para verificarmos a sua presença neste ponto, colocamos neste uma carga de prova positiva. Se esta ficar sujeita a uma força eletrostática, dizemos que a região em que a carga se encontra está sujeita a um campo elétrico. O vetor campo elétrico tem sempre a mesma direção da força a que a carga está sujeita e, no caso de a carga ser positiva, o mesmo sentido. Se negativa o oposto. FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Campo_el%C3%A9trico>. Acesso em: 2 jul. 2020. NOTA 34 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA EXPERIMENTO 2 Linhas equipotenciais Objetivo Fazer o estudo qualitativo da distribuição de linhas equipotenciais e de campo elétrico em diferentes "distribuições de cargas" (configurações de eletrodos). Material • solução de sulfato de cobre; • fonte de tensão dc (12v); • galvanômetro de ponteiro central; • cuba para solução; • folhas de papel milimetrado; • sondas; • eletrodos. Fundamentação Teórica Nesse experimento mapeamos as linhas equipotenciais e, por meio destas, determinamos as linhas de campo elétrico, geradas por diferentes configurações de eletrodos mergulhados em uma solução condutora de sulfato de cobre (CuSO4), que atuarão como cargas elétricas. O campo elétrico gerado por uma distribuição de cargas em repouso (campo eletrostático) configura- se como um campo conservativo. Ao dizermos conservativo estamos dizendo que a integral. ∫ 𝐸⃗. 𝑑𝑙 = 0, Ou seja, a integral de caminho do campo eletrostático, 𝐸⃗, independe da trajetória. Assim, se calcularmos essa integral entre dois pontos quaisquer, o seu resultado deverá depender apenas do ponto inicial e do sinal, assim, ∫ 𝐸⃗. 𝑑𝑙 𝑏 𝑎 = − (𝑉𝑏 − 𝑉𝑎 ), Em que a função 𝑉 = 𝑉 (𝑥, 𝑦, 𝑧), chamamos de potencial eletrostático ou potencial elétrico e a diferença (𝑉𝑏 − 𝑉𝑎 ) = 𝑈𝑎 𝑏 , TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 35 Chamamos de diferença de potencial ou d.d.p., simplesmente. Como vimos nos experimentos anteriores, essa diferença de potencial está associada ao surgimento de uma corrente elétrica em um condutor, cuja intensidade é estabelecida pela Lei de Ohm: 𝑖 = 𝑈. 𝑅 Dessa forma, se em algum momento a d.d.p. sobre um condutor se anula, a corrente a ela associada também se anulará. Essa situação é denominada equilíbrio eletrostático. Assim, um condutor se encontrará em equilíbrio eletrostático se a d.d.p. sobre o mesmo for constante (𝑈 = 0), configurando-se, portanto, a superfície desse condutor como uma superfície equipotencial (de mesmo potencial). Superfícies equipotenciais são formadas sempre que temos a presença de um campo eletrostático, visto que para esse campo sempre será possível se obter pontos: 𝑃1 (𝑥1, 𝑦1, 𝑧1), 𝑃2 (𝑥2, 𝑦2, 𝑧2), . . . , 𝑃𝑁 (𝑥𝑁 , 𝑦𝑁 , 𝑧𝑁 ), Tais que, 𝑉 (𝑥1, 𝑦1; 𝑧1) = 𝑉 (𝑥2; 𝑦2; 𝑧2) = 𝑉 (𝑥𝑁 ; 𝑦𝑁 ; 𝑧𝑁 ). FIGURA – REPRESENTAÇÃO DAS LINHAS DE CAMPO E LINHAS EQUIPOTENCIAIS DE UMA CARGA PUNTIFORME Um exemplo simples disso é o campo gerado por uma carga puntiforme 𝑞, onde suas superfícies equipotenciais são esferas concêntricas cuja origem se encontra na própria carga (Fig. 2). Nesse caso, o potencial assume a forma 𝑉 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑘 𝑞 𝑟 36 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA Em que, e 𝑘 é uma constante associada ao meio (no caso do vácuo, ela assume o valor 𝑘0 = 9 x 109 [𝑁 𝑚2/𝐶2]). Podemos ver, então, que para os pontos nos quais 𝑟 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎 𝑛𝑡𝑒 acarretarão em superfícies nas quais 𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎 𝑛𝑡𝑒 e, consequentemente, 𝑈 = 0. Uma característica importante das linhas equipotenciais é que elas apresentam sempre perpendiculares às linhas de campo, assim, conhecidas as linhas equipotenciais, podemos determinar a direção das linhas de campo (ou de força no caso de haver cargas livres) e vice-versa. Em nosso experimento, mapearemos as linhas de campo elétrico através das linhas de corrente geradas numa solução de 𝐶𝑢𝑆𝑂4(sulfato de cobre). A presença de eletrodos, negativo e positivo (ligados a uma fonte de tensão), no líquido produzir á o deslocamento de portadores de cargas positivas (íons 𝐶𝑢++) e portadores de cargas negativas (íons 𝑆𝑂4−−) dessa solução aos respectivos eletrodos. Na parte exterior, por baixo da cuba, foi colocado um papel milimetrado que serve como padrão de referência das medidas. Estabelecida, então, uma configuração de eletrodos (ver Figuras. 3 a 5), fixaremos uma sonda, que está ligada a um galvanômetro de ponteiro central (G), em uma parte da solução enquanto a outra (também ligada ao mesmo galvanômetro) irá mapear toda a região em busca de uma posição na qual a leitura do medidor (galvanômetro) se anula (Fig. 3 - esquerda). Esses pontos, portanto, pertencem a uma mesma linha equipotencial. Conhecidas as linhas equipotenciais é possível se determinar as linhas de campo elétrico geradas por diferentes configurações de eletrodos na solução. EXPERIMENTO 1. Derrame um pouco da solução de CuSO4 sobre a cuba e tome o cuidado para que ela se espalhe uniformemente sobre toda ela. Verifique se não há algum declive. Se houver ajuste com um calço. Qual a importância desse procedimento? (Lembre-se que estamos tratando de uma solução). TÓPICO 2 — CÁLCULO DE CAMPO ELÉTRICO 37 FIGURA – MONTAGEM EXPERIMENTALE UMA CONFIGURAÇÃO DE ELETRODOS 2. Monte as configurações indicadas pelo professor, mergulhando os eletrodos conectados a uma fonte de tensão (não esqueça de indicar a polaridade dos eletrodos), na solução e utilizando o galvanômetro encontre uma família de linhas equipotenciais para cada configuração. Priorize pontos importantes como pontas e bordas dos eletrodos. Seja criterioso também com o número de pontos mapeados para cada linha e com a quantidade de linhas para cada configuração. Qualquer dúvida, consulte o professor. FIGURA – OUTRAS CONFIGURAÇÕES DE ELETRODOS 3. Analise também com as sondas a superfície dos eletrodos. O que podemos afirmar sobre cada um deles? 4. O que é medido ao se mergulhar a sonda móvel na solução? 5. Se duas linhas equipotenciais se interceptam elas pertencem, obrigatoriamente, à mesma superfície equipotencial? Justifique. 6. Seria possível a realização desse experimento sem a presença da solução condutora (no ar, por exemplo)? Por quê? 7. Como é possível realizar esse experimento quantificando o valor do potencial em cada linha? Sugira um método neste intuito (desenhe um diagrama se for necessário). 38 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA FIGURA – OUTRAS CONFIGURAÇÕES POSSÍVEIS FONTE: CAVALCANTE, E. S.; SANTOS, E. S. dos; MENEZES Jr., R. dos S. Roteiros de atividade experimental de Física: eletricidade e magnetismo. Salvador: IFB, 2014. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/74509404/roteiros-ifba-fis-3. Acesso em: 15 jul. 2020. Um típico exemplo de interação acontece quando encostamos o braço na tela de uma televisão recém-desligada e os pelos ficam arrepiados. Esse fenômeno acontece porque os circuitos elétricos internos da televisão geram uma alta tensão para o seu funcionamento, a qual é aplicada internamente, bem próximo da tela. FONTE: <https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/fisica/campo-eletrico>. Acesso em: 2 jul. 2020. INTERESSA NTE 39 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • O campo elétrico é definido como a força elétrica por unidade de carga. • A direção do campo elétrico define a direção da força elétrica que surge entre duas cargas. • O campo elétrico é radial e pode apontar tanto para dentro quanto para fora da carga, para as cargas de sinal negativo e positivo, respectivamente. • Costumamos chamar as cargas elétricas positivas de fontes de campo elétrico e as cargas elétricas negativas de sumidouros. • Uma partícula percebe a outra por meio do campo elétrico estabelecido sobre ela. • Quando temos um campo elétrico positivo as linhas de campo são direcionadas para fora da carga. • Quando temos um campo elétrico negativo as linhas de campo são direcionadas para dentro da carga. • Toda carga elétrica é capaz de influenciar o meio ao redor através do seu campo elétrico. • Quando uma carga elétrica é colocada em uma região próxima de outra carga, seus campos elétricos se somam vetorialmente. • Força eletrostática é a força de interação eletrostática entre duas cargas elétricas através da atração e da repulsão. • A constante eletrostática, também conhecida como constante de Coulomb, é influenciada pelo meio onde as cargas elétricas se encontram. Assim, a constante eletrostática influencia o valor da força. • A lei que nos permite calcular o módulo da força elétrica exercida entre duas cargas é a Lei de Coulomb, apresentada pela expressão a seguir: 40 • O campo elétrico gerado por uma carga elétrica Q1 pode ser calculado por meio da expressão a seguir: • O potencial elétrico é uma grandeza física escalar representada totalmente por seu módulo e medida em Volts (V) no Sistema Internacional de Unidades. Essa grandeza mede a quantidade de energia fornecida por um campo elétrico para cada Coulomb de carga. • O potencial elétrico gerado por uma carga elétrica de módulo Q1 pode ser calculado utilizando-se a expressão a seguir: • A lei de Gauss é a lei que estabelece a relação entre o fluxo do campo elétrico através de uma superfície fechada com a carga elétrica que existe dentro do volume limitado por esta superfície. • A lei de Gauss é geral, mas a sua utilidade no cálculo do campo elétrico criado por uma distribuição de cargas depende da simetria desta distribuição. • Superfície gaussiana é uma superfície fechada tridimensional e imaginária utilizada em Eletromagnetismo para o cálculo do Campo Elétrico e Fluxo Elétrico através da Lei de Gauss. • O campo elétrico no interior de um condutor em equilíbrio eletrostático é sempre nulo. Assim sendo, a lei de Gauss nos permite demonstrar que todo o excesso de carga no condutor deverá migrar para a sua superfície. • Gaiola de Faraday foi um experimento conduzido por Michael Faraday. • A Gaiola de Faraday serve para demonstrar que uma superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior, dado que as cargas se distribuem de forma homogênea na parte mais externa da superfície condutora. 41 1 O que é campo elétrico? 2 Como é calculado o campo elétrico? 3 O que são superfícies equipotenciais? 4 Como acontece a interação através de duas partículas carregadas? AUTOATIVIDADE 42 43 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 CAPACITORES 1 INTRODUÇÃO Capacitores são altamente usados em circuitos eletrônicos e suas principais funções são armazenar cargas e energia potencial elétrica, opor-se a mudanças de tensão e discriminar frequências, útil em circuitos de corrente alternada (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Muitos equipamentos utilizam capacitores, como desfibriladores, nobreaks e estabilizadores de tensão, sendo essenciais para seu funcionamento. Neste tópico, você entenderá como um capacitor funciona e qual é o conceito de capacitância. Aprenderá a calcular a capacitância de capacitores de placas paralelas, entendendo do que ela depende. Verá, também, como encontrar a energia potencial acumulada nos capacitores e qual a função dos dielétricos. 2 CAPACITÂNCIA A capacitância é uma propriedade dos condutores (BAUER; WESTFALL; DIAS, 2012). Os capacitores são basicamente formados por dois condutores isolados, que, independentemente de sua forma, são chamados de placas. A Figura 18a mostra um exemplo genérico de capacitor, e a Figura 18b mostra alguns tipos de capacitores encontrados, com diversos tamanhos e formas. FIGURA 18 - CAPACITORES: a) DOIS CONDUTORES ISOLADOS SEM GEOMETRIA ESPECÍFICA FORMANDO UM CAPACITOR; b) EXEMPLOS DE CONDUTORES ENCONTRADOS, COM DIVERSOS TAMANHOS E FORMAS FONTE: Halliday, Resnick e Walker (1996, p. 92); Bauer, Westfall e Dias (2012, p. 98) 44 UNIDADE 1 — ELETROSTÁTICA Nos capacitores, as placas são carregadas com cargas opostas, +q e –q. Como elas são condutoras, cada uma delas constitui uma superfície equipotencial, com uma diferença de potencial V entre elas. Essa diferença de potencial V em um capacitor é proporcional à carga q, ou seja: q = CV Cuja constante de proporcionalidade C é chamada de capacitância do capacitor, e depende da geometria das placas. A unidade em SI da capacitância 5 C/V, que é equivalente ao farad (F), ou seja: 1F=C/V O capacitor pode ser carregado ligando-o a uma bateria ou alguma outra fonte de energia que tenha tensão constante. O capacitor, então, carregará até atingir uma diferença de potencial entre as placas igual à tensão da fonte. GARRAFA DE LEYDEN FIGURA – EXEMPLO DE GARRAFA DE LEYDEN FONTE: <https://miro.medium.com/max/184/1*kulQO1ZPZ0rjxCjwUCnK5w.jpeg>. Acesso em: 2 jul. 2020. A garrafa de Leyden é considerada o primeiro modelo de capacitor. Ela foi inventada por Pieter van Musschenbroeck (1692-1761), docente na Universidade de Leyden na Holanda, no ano de 1745. Inicialmente, ela consistia apenas em uma garrafa preenchida com água e um fio, como terminal interior, e a mão do experimentador, como terminal exterior. Existem algumas versões da
Compartilhar