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1 Artigo apresentado como requisito para nota do G1, disciplina Ciência Política e TGE do Curso de Direito, do CESUCA – Complexo de Ensino Superior de Cachoeirinha- Faculdade INEDI, sob a orientação do Professor Emerson de Lima Pinto. 2 Acadêmico do Curso de Direito do Cesuca-Faculdade Inedi, disciplina de Ciência Política e Teoria Geral do Estado. Página 1 GRUPOS DE PRESSÃO¹ Leonardo Garcez Guns² Resumo O objetivo do presente artigo é discutir como de certa forma os Grupos de Pressão contribuem para uma Democracia mais forte em nosso país, grande parte da população até mesmo por influência da mídia tende a conceituar este tema somente pelo lado negativo, devido alguns acontecimentos em manifestações não organizadas e não pacíficas, mas esta não é a melhor forma de entender o assunto veremos neste presente artigo, como e por que se formam esses grupos de pressão e qual a sua função na sociedade, a pesquisa será concentrada especificamente nos grupos de pressão, buscando sua formação e sendo objetivo principal conceituá-lo e distingui-lo dos demais. Esses Grupos refletem a força reivindicatória de setores organizados da sociedade, independente de almejarem o poder. Outro elemento que revela a importância da pesquisa é a necessidade da presença dos grupos de pressão como categorias interpostas entre o cidadão e o Estado inclusive com a definição do que são os Lobbyist. Apoiado nas Obras de Ciência Política de alguns autores doutrinários, e usando como reforço a influência de alguns Filósofos que deixaram seu nome na história convido-os a apreciar o conteúdo deste artigo com o interesse de apresentar aos leitores tal argumento que é imprescindível na formação da consciência jurídica sobre o assunto. Palavras-chave: Grupos de Pressão; Lobby; Manifestações; Democracia. Sumário: Introdução. 1– O Fortalecimento da Sociedade. 2– A Distinção dos Grupos. 3– A Atuação dos Grupos. 4– Os Partidos e os Grupos. 5– A Ação dos Lobbyist. 6– A Institucionalização. 7– Considerações Finais. 8 – Bibliografia. INTRODUÇÃO Apesar de vivermos em um país de sistema governamental Democrático, onde através de eleições temos o direito de escolhermos aquele candidato ou candidata que melhor nos representará diante o governo, nem sempre o perfil de governo eleito escolhido satisfará as expectativas de toda a população, sempre ocorrerá divergências, pois os interesses mudam de cidadão para cidadão e o senso de Justiça da população constantemente é abalado seja por escândalos ligados ao governo, ou por contrariedades as questões políticas adotadas no sistema, porque aquilo que às vezes beneficia uma classe pode de certo modo prejudicar a outra e nem sempre é fácil equilibrar esta balança a ponto de acabar com as diferenças. 3– ARISTÓTELES, A política. 2ºedição. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Página 5. Página 2 Os indivíduos, por mais diversos que sejam, acabam de alguma forma sempre encontrando outras pessoas que não somente possuem as mesmas afinidades, mas também os mesmos ideais, visões de mundo e interesses, basta prestarmos a atenção, por exemplo, em uma fila de banco, parada de ônibus ou até mesmo em um ambiente de trabalho, onde quer que estejamos, onde há um aglomerado de pessoas, ali, os assuntos vão e vêm, as informações são trocadas, e opiniões acabam sendo geradas, pois são essas afinidades que fazem com que pessoas dificilmente vivam isoladas no mundo, então acabam participando de um grupo que, dependendo de seu formato, acabem por se contrapor a outros grupos. “Assim, o homem é um animal cívico, mais social do que as abelhas e os outros animais que vivem juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra, que não devemos confundir com os sons da voz. Estes são apenas a expressão de sensações agradáveis ou desagradáveis, de que os outros animais são, como nós, capazes. A natureza deu-lhes um órgão limitado a este último efeito; nós, porém, temos a mais, senão o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto, objetos para a manifestação dos quais nos foi principalmente dado o órgão da fala. Este comércio da palavra é o laço de toda a sociedade doméstica e civil.”3 Ou seja, observando esta passagem de Aristóteles, paramos e observarmos a sociedade em nosso dia-a-dia, e o que se concluirá é que é da natureza do homem não conseguir simplesmente chegar a um acordo sem antes conversar, sem se perguntar, sem expressar seus sentimentos, sem definir aquilo que lhe pareça ser ou não o correto, sem antes discutir e trocar conhecimentos para se chegar a uma conclusão, formar uma opinião. Assim, com o uso desse instrumento, a palavra, a sociedade naturalmente se forma em grupos, grupos estes que vislumbrando ameaças ou a abertura de oportunidades, tentarão incansavelmente com suas forças buscar os seus interesses e o das pessoas que os integram. 1 – O FORTALECIMENTO DA SOCIEDADE A evolução da sociedade faz com que não fiquemos parados no tempo, cabe ao homem o papel de protagonista neste processo evolutivo. “O Homem, que antes dominava um largo espaço existencial autônomo, com a sua casa, a sua granja, a sua horta, o seu estábulo, a sua economia doméstica, 4– BONAVIDES, Paulo. Do estado Liberal ao Estado Social 8°edição. Malheiros 2007. Página 201 Página 3 organizada e independente, aquele Homem, com a qual o século XIX ainda amanhecera, é, em nossos dias um resignatário de toda essa esfera material subjetiva, que o capacitava, na ordem política, a adotar uma filosofia individualista e liberal, e na ordem econômica, a crença em suas próprias energias pessoais e assumir perante o Estado uma atitude de firmeza, independência e altivez.” “Esse Homem tranquilo desapareceu quando o crescimento das populações, as dificuldades econômicas e sociais, as guerras, a expansão do poder estatal, determinaram a perda efetiva daquele espaço autônomo.” 4 Este homem que antes tinha apenas a preocupação com seu lar e com a sua família, hoje vive em uma sociedade, e essa vida na sociedade leva este homem a deveres de extrema importância para que se estabeleça uma convivência pacífica com os demais. Este homem não é mais um na multidão ele agora faz parte de um todo e é de importância sua participação no processo de construção dessa sociedade, pois, junto com esses deveres que agora farão parte da sua vida ele também terá seus direitos e estes, por algumas vezes, deverão ser reivindicados. Em todo mundo movimentos sociais tem por objetivo a agregação de pessoas para que unidas possam ir à busca de seus interesses em comum que vão de um bem coletivo ao intuito de defender seus direitos, em junho do ano passado, o Brasil foi tomado por uma onda de manifestações, movimentos estes que deixaram o país em ênfase internacional, veio a conhecimento de todos os cidadãos bordões como “Vem pra rua” e “O gigante acordou” e muitos outros que rapidamente se espalharam pelo país através da internet pelas redes sociais, porém este seria assunto para outro momento, pois aborda a questão da Globalização, o que desejo definir é que no meio destes movimentos outro fator teve extrema importância senão a maior delas: Os Grupos de Pressão. Lembramos que esta onda de manifestações começou pelo Movimento Passe Livre (MPL) que através de uma manifestação de certa forma organizada conseguiu reduzir a tarifa da passagem de ônibus em vinte centavos, antes de chegarmos a esse ponto é preciso que algumas definições fiquem claras, pois é comum que em um primeiro momento confundamos os Grupos de Pressão pelos Grupos de Interesses. 2 – A DISTINÇÃODOS GRUPOS 5– MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições Almedina. Capitulo IV. Página154. Página 4 É possível distinguirmos estes grupos, alias, não é preciso procurar muito para que entendamos esta questão, a resposta pode estar o mais próxima do que imaginamos, basta olharmos em nossa volta, na nossa rua, no nosso bairro, em nossa cidade. Os problemas sociais estão em nosso cotidiano e é a partir da busca da solução destes problemas que podemos facilmente identificar esta distinção que em primeiro momento nos parece imperceptível, mas, vejamos o seguinte: “Quanto aos modelos, entende-se que um grupo de interesses corresponda a uma situação semelhante, a uma vizinhança ocasional, e que tenha apenas em vista a defesa de interesses estabelecidos que a lei protege. O interesse pode não ser necessariamente político, ter índole cultural ou religiosa, e agregar pessoas que apenas sustentam um gosto comum, ou uma atitude comum perante o mundo e a vida.”5 Ao elegermos um candidato como, por exemplo, um vereador, muitos dos eleitores levam alguns pontos em consideração, o que podemos considerar uma forma de interesse individual como, por exemplo, a proximidade de relação deste candidato com o bairro, as suas promessas e suas inferências no meio político para benefícios desta mesma comunidade. Mas, usando outro exemplo e considerando os desafios que esta comunidade poderá enfrentar como: em casos de falta do abastecimento de água, ou energia elétrica e até mesmo em relação a melhorias na infraestrutura deste bairro, estas pessoas recorrem a associações ou grupos devidamente organizados que possam dar voz ao seu problema. A ideia de um grupo seria exatamente amplificar o que antes seria apenas uma voz frente a um órgão público, no exemplo acima poderíamos exemplificar como alvo destes moradores uma prefeitura ou até mesmo uma câmara de vereadores, assim com esta forma de “pressão” se encontraria uma solução mais rápida para o problema em questão, pois não será uma mão batendo a porta do representante, mas sim um conjunto de mãos unidas para um fim em comum, o que para a base de um candidato, por exemplo, interessa levando em consideração a quantidade de votos ali contidos nestes membros. Este ato de reivindicar, ou reclamar pelos seus ideais entende-se por grupos de interesses. Podemos defini-lo como todo grupo de pessoas de certa forma organizadas, como Clube de Mães, Sociedade Amigos do Bairro, Associação de Moradores, 6– MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições Almedina. Capitulo IV. Página 154. Página 5 Conselhos de Pais e Mestres, Grêmios Estudantis, grupos que configurem em geral uma idéia ligada a determinados objetivos, propósitos, interesses ou direitos que sejam divisíveis dos de outros membros ou segmentos de sua união exercendo pressão como no exemplo acima sobre órgãos públicos em busca de atendimento de seus pedidos que geralmente são de um âmbito regional, como em pequenas comunidades, bairros ou cidades. Neste momento é que podemos começar a compreender melhor como estes grupos de interesse podem ascender a grupos de pressão, observando o que diz o conceito da seguinte citação: “...é a intervenção no processo político para defender interesses de grupo que o transforma em grupo de pressão. O que o caracteriza, como diz Meynaud, são as lutas empreendidas por uma categoria social qualquer para fazer com que as decisões dos poderes políticos sejam favoráveis aos seus interesses e ideais.” 6 A forma mais clara de interpretarmos esta definição é conceituando que os grupos de pressão formam hoje uma ponte entre o cidadão e o Estado, onde os propósitos, interesses e objetivos se unificam (grupo e cidadão) ao ponto de atingir um “bem maior” que se refletirá na defesa de interesses de vários segmentos da sociedade, ou de uma categoria (trabalhista, comercial, etc...) por intermédio de um grupo organizado, que procure influenciar e fazer com que decisões do poder público sejam tomadas conforme os seus interesses e necessidades, como exemplo a adoção de uma medida ou lei que beneficiaria os aposentados. 3 – A ATUAÇÃO DOS GRUPOS Talvez hoje um dos maiores legitimadores destes grupos de pressão são as forças sindicais que através de seus manifestos têm despertado a atenção sejam em suas formas de propagandas, greves ou reivindicações. Conseguem elas garantir nas leis as conquistas obtidas através das lutas da classe trabalhadora, que hoje garantem seus direitos com a utilização dessa ferramenta (grupos de pressão) e trazendo à politica do país uma nova forma de ação e expressão quando se trata das tomadas de decisões favoráveis a sua classe. 7– MARX, Karl e ENGELS, Friedrich – O manifesto Comunista. Instituto José Luis e Rosa – 2003. Pág. 33 e 34. Página 6 “Com o desenvolvimento industrial, no entanto, o proletariado não cresce unicamente em número; concentra-se em massas cada vez maiores, fortalece-se e toma consciência disso. Os vários interesses e as condições de existência dos proletários se igualam, à medida que a máquina aniquila todas as distinções de trabalho, reduzindo todos os salários a um único nível igualmente baixo. A concorrência crescente dos burgueses e as consequentes crises comerciais tornam os salários ainda mais instáveis. O aprimoramento contínuo e o rápido desenvolvimento das máquinas tornam a condição de vida do trabalhador cada vez mais precária; os conflitos individuais entre o trabalhador e o burguês assumem cada vez mais o caráter de conflito entre suas classes. A partir daí os trabalhadores começam a formar uniões (sindicatos) contra os burgueses; atuam em conjunto na defesa dos salários; fundam associações permanentes que os preparam para esses choques eventuais. Aqui e ali a luta se transforma em motim.” 7 Os trabalhadores hoje não se calam quando se trata de seus direitos, mesmo aqueles não filiados em nenhuma sindical acabam de uma forma ou outra se beneficiando do resultado destas lutas, pois se trata de um bem maior que atinge toda uma classe, neste caso, a trabalhadora. Assuntos como reajustes salariais, participação nos lucros da empresa e acerto de horas são figurinhas repetidas que ano vai, ano vem estampam as capas dos principais jornais do país, tivemos agora por ultimo como exemplo a paralização dos funcionários dos Correios que se estendeu por mais de um mês. Forças sindicais como a do Cpers (sindicato dos professores), esta por sinal de intensa presença na mídia, seja em entrevistas, jornais ou campanhas como a do piso salarial dos professores (assunto em pauta no momento) agitam o meio politico e manipulam o pensamento do eleitor que pode acabar aderindo ou não em optar por uma recandidatura de tal político envolvido (no caso do Cpers o governador), afinal a classe de professores é de grande influência e este é um exemplo de como um grupo pode interferir na opinião pública e por consequência na política. Outra força sindical de grande poder influente é a CUT (Central Única dos Trabalhadores), esta a maior central sindical brasileira e de maior inferência na política do país o que nos leva a um novo tema de estudo que inclui os partidos políticos já que no Brasil ocorrem claras vinculações entre partidos e grupos de pressão (é inegável o vínculo da CUT com o PT- Partido dos Trabalhadores fundado pelo ex-presidente Página 7 Lula), porém os grupos não buscam o exercício direto do poder, ao contrário dos partidos políticos como veremos. 4 – OS PARTIDOS E OS GRUPOS Os partidos políticos poderiam ser definidos como uma categoria interposta entre o cidadão e o estado, assim como os grupos de pressão,outra semelhança que poderia ser citada é o poder de influência que ambos exercem sobre o povo, a formação desta opinião muitas vezes apoiada por intermédio dos meios de comunicação, assim como vimos nos casos de publicidade dos sindicatos, é feita também no caso dos partidos através da simpatia que um candidato conquista sobre uma parcela do eleitorado (como exemplo os eternos Brizolistas) e também através da ideologia de um partido que defende, por exemplo, uma minoria étnica. Há também aqueles partidos que lutam pela preservação de valores e acabam conquistando o eleitorado através da defesa de assuntos de cunho moral e religioso e até mesmo poderíamos dizer ideológico (como exemplo, o PV – Partido Verde que defende causas ambientais), são na verdade instrumentos que representam uma parcela da sociedade o que de certa forma também não muito os diferem dos grupos de pressão. A maior diferença ocorre porque ao contrário dos partidos que buscam o exercer do poder, os grupos de pressão somente transitam por ele, procurando com suas forças influenciar o poder publico sobre a adoção de uma lei ou medida com o objetivo de atender os seus interesses, lembrando que nas manifestações de junho um dos assuntos de maior ênfase entre os movidos pela massa manifestante era o do fim da PEC37 (projeto que restringiria os poderes de investigação do Ministério Público nas CPI’s do governo), também conhecida em meio aos movimentos sociais de junho como a “PEC da impunidade”. Assim se daria a influência dos grupos no que diz a seguinte citação: “Os grupos por sua vez, procuram, a partir de uma posição externa ao Estado, conduzir a tomada de decisões pelo poder público, através da ação direta ou indireta sobre ele exercida. Os partidos políticos, enfim, desempenham uma missão de caráter constitucional permanente ao passo que os grupos agem em razão de fatos ou situações episódicas e particulares. Dotados de uma estrutura mais simples que os partidos políticos, com maior mobilidade e capacidade técnica em relação às matérias que procuram versar junto aos poderes constituídos, convertem-se os grupos em elementos intermediários entre o estado e o cidadão, de forma mais eficiente que os partidos, 8– BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política. 5ºedição. São Paulo: Celso Bastos, 2002. Página 260. Citação de Gastão Alves de Toledo. 9– MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas – Cap. V(e-book) Página 8 principalmente quando os interesses em causa não se albergam nos limites do programa, não se coadunando com uma forma ou exigindo resultados imediatos.” 8 Mesmo os partidos buscando o poder para implantar soluções de caráter geral e permanente, têm a preocupação de respeitar suas ideologias particulares, pois estão inseridos no âmbito do Estado, tem a sua responsabilidade política definida e sua exposição na mídia deve ser cuidadosa, e entre escolher defender suas posições partidárias e se envolver nas questões de um grupo, esta última opção poderia ser perigosa, pois qualquer deslize numa defesa errada poderia manchar sua carreira. Os grupos de pressão por sua vez, visam os resultados desta pressão sobre os elementos do poder para o atendimento de um interesse ou pretensão, são representantes da sociedade na luta pelos seus interesses o que não impede que em meio todo este processo estas duas importantes formações democráticas, no caso, os partidos políticos e grupos de pressão apareçam juntos o que não significa que os partidos estejam imunes a ações desses grupos de pressão, já que os partidos participam diretamente do processo político. Os grupos por sua vez propõem exigências que podem afetar o prestigio das agremiações políticas, isto nos leva a refletir a seguinte passagem de Maquiavel: “Quando aqueles Estados que se conquistam, como foi dito, estão habituados a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los: o primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando em seu interior um governo de poucos, que se conservam amigos, porque, sendo esse governo criado por aquele príncipe, sabe que não pode permanecer sem sua amizade e seu poder, e há que fazer tudo por conservá- los.” 9 Podemos refletir nesta passagem a questão da influência que os grupos de pressão exercem sobre as organizações partidárias, influência esta que se estende aos cidadãos eleitores o que reflete diretamente nos votos e na forma de representação caso o grupo consiga colocar no poder um candidato que se identifique com seus interesses o que nos 10– BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. Página 467. Página 9 leva a entender melhor esta questão do “habitar”, citada acima por Maquiavel, que seria ter um representante dentro do âmbito do Estado defendendo os interesses do grupo. No Congresso Nacional Brasileiro existe a atuação de vários grupos de pressão que se encaixariam nesta definição, nos quais podemos tomar de exemplo a Bancada Feminina, a Frente Parlamentar da Pequena e Micro Empresa, a Bancada da Amazônia Legal, a Bancada Evangélica dentre outros, estes grupos, ao verem seus interesses ameaçados agem como grupos de pressão, possuem como característica principal a defesa de seus interesses o que não necessariamente os torna membros vinculados a um só partido. Tanto na Câmara como no Senado, existem aqueles parlamentares com uma maior influência sobre os demais. Estes os membros da elite decisória, são exatamente o alvo principal dos grupos de pressão que atuam nos Congressos Nacionais, e é deste grupo com ação mais direta ao governo que falaremos agora. 5 – A AÇÃO DOS LOBBYIST Definimos como Lobbyist, o grupo de profissionais que tem por objetivo influenciar as decisões do poder público, em especial do poder Legislativo, em favor de determinados interesses. Esta definição de grupo tem como principal ferramenta, o apoio da opinião pública, cabe a esse grupo em especial o trabalho de prepara-la e se necessário cria-la, inclusive com o apoio da mídia, veiculando em rádio e televisão, uma forma de levar esta informação ao alcance de todos pela imprensa, o que de certa forma resulta em uma pressão psicológica, para adquirir o apoio desta opinião e utiliza-la para alcançar uma decisão favorável a esse grupo de pressão, ou seja, um meio para atingir um fim. “A pressão sobre os partidos visa de preferência aos parlamentares de modo individual. O lobbyist ou agente parlamentar do grupo procura convencer o deputado das boas razões de um projeto de lei, oferece-lhe farto material demonstrativo de que se trata de matéria de superior interesse público, ministra-lhe os argumentos para o debate ou a justificação de voto e torna claras as implicações que a posição por ele adotada poderá ter no futuro de sua carreira parlamentar.” 10 Página 10 Esta função do lobbyist de entregar as informações, digamos “mastigadas” ao parlamentar seria como exemplo uma atitude de marketing, uma técnica que um bom vendedor usa quando faz toda uma propaganda do seu produto para conseguir uma boa venda, no caso o lobbyist prepara todo um material para influenciar, por exemplo, um deputado a defender um assunto de interesse do grupo visando à efetivação de uma medida ou lei. Há a possibilidade de esse representante no caso do exemplo o deputado, não demonstrar o interesse esperado pelo material apresentado pelo lobbyist, ao ponto de não aceitar defender a medida em interesse, nesse caso esse representante estará sujeito à ação destes grupos como, uma forma deintimidação, que dependendo do tema em questão poderá ser a de atingir o deputado através de campanhas que afetaram diretamente suas bases eleitoreiras, podendo essas campanhas “destruir” com a sua carreira como já vimos antes em uma passagem de Maquiavel que usa o termo “arruiná-los”, como forma de adquirir o poder. Esta ultima forma de influência dada pela intimidação ao parlamentar é vista por alguns autores como um aspecto negativo dos grupos de pressão, porém há outras formas de intimidação usadas, estas, porém inspiradas em interesses de uma coletividade como nas manifestações em massa que vimos lá no inicio, que se dão através de passeatas, protestos, greves e não muito raro vemos paralizações e obstruções inclusive do tráfego. Na medida em que for necessário, estes grupos farão aquilo que estiver ao seu alcance para darem ênfase aos seus interesses, não atoa estes lobbyist dispõem de influências dentro de diversas organizações publicitárias e jornalísticas, utilizando-as como ferramenta para uma forma de ação mais sutil e refinada, tornando as pressões mais influentes através de notas e editoriais que reforçam ainda mais a opinião pública, o que é positivo para a repercussão dos interesses em pauta. A participação destes lobbyist é tanta neste processo de influências políticas e da opinião pública que poderíamos considera-los como verdadeiras empresas que intermediariam entre os legisladores e os grupos de pressão, o que no leva a discutir outro ponto. 11– STRECK, Lenio. BOLZAN, José Luis. Ciência Política e Teoria do Estado. 6ºedição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. Página 122. 12– BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. Páginas 469 e 470. Página 11 6 – A INSTITUCIONALIZAÇÃO No Brasil a prática do lobbyist está vinculada mais como uma atividade informal, mas apesar de não estarem inseridos em texto legais da nossa Constituição Brasileira, poderíamos dar a estes grupos tamanha importância sobre a construção da mesma. “Não se deve deixar de levar em conta o fato de que, nas democracias de massas das sociedades contemporâneas, os partidos políticos necessitam conviver com variadas formas de representação. Deve ser frisado, porém, que, além da representação partidária – o governo é exercido por um ou mais partidos – existem outras que Leôncio Rodrigues chama de corporativas, que envolvem segmentos de grupos profissionais entre si e deles com o governo. Elas levam a organizações tripartites, envolvendo empresas, sindicatos e autoridades governamentais (comissão, câmaras setoriais, etc). As negociações que se efetuam nesse âmbito intermedeiam interesses que muitas vezes passam ao largo do sistema partidário e do parlamento. Essa questão esteve na ordem do dia quando das negociações desenvolvidas pelas centrais sindicais (CUT, CGT, Força Sindical) sobre as emendas constitucionais relativas à reforma da previdência social no Congresso Nacional.”¹¹ Esta citação aponta a importância que as centrais sindicais têm na representação da sociedade frente ao governo, e o fortalecimento dos laços com esta mesma sociedade independente de partido político. Por terem essa importância, é fato que mais cedo ou mais tarde esta forma de “poder paralelo” exercido pelos grupos (apesar de ainda haver certo preconceito e desconfiança de alguns estadistas sobre suas ações), acabará sendo disciplinada e possivelmente alojada em organismo político legal, como já ocorre com os lobbyist em outros países, onde esta atividade já é regulada. “A lei reconheceu legítimo o trabalho dos grupos de interesses e do mesmo passo trouxe uma série de disposições restritivas, obrigando todos os Lobbyisten a se registrarem na Câmara dos Representantes e na Secretaria do Senado, a revelarem a origem das somas empregadas no exercício de influência, bem como a dar conta da publicidade dos propósitos do grupo e das quantias gastas com a advocacia legislativa no Congresso.”¹² Nos Estados Unidos onde foi dado o primeiro passo para esse meio de legalização da atividade de lobby, funcionam empresas providas das mais altas tecnologias com Página 12 escritórios onde os lobbyist podem realizar sua função contando com a orientação de especialistas, pesquisadores e marqueteiros sempre pronta para esclarecer qualquer orientação necessária para o assessoramento do parlamentar objeto de pressão do grupo. Esta legalização da atividade do lobbyist asseguraria uma forma de identificação pública das pessoas ligadas a esta atividade, bem como disciplinaria a mesma já que é vista por alguns como uma atividade desenfreada devido as exorbitantes pressões dentro do processo político. 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS No presente artigo vemos a importância que o homem exerceu no processo democrático e a consequência disto no processo político, desde quando se iniciou a vida em sociedade até os dias mais atuais o que vemos são pessoas que reclamam do governo, das leis, mas que em um determinado momento passaram a exercer uma função para modificar essas insatisfações, assim podemos dizer que os grupos de pressão, categoria formada por estes indivíduos insatisfeitos, revolucionou o processo democrático exercendo a função de “um porta voz” da sociedade frente ao Estado uma espécie de complemento ao poder político já existente. De fato muitas conquistas foram providas destas ações o que nos leva a considerar que se não fosse por essa pressão exercida pelos grupos muita lei ainda estaria em tramitação e muitos benefícios que foram obtidos com essa forma de reivindicação talvez nem estivessem em pauta no Poder Legislativo. O povo que se sentia ausente, tendo como participação política apenas o poder de seu voto, hoje ocupa uma posição de real participante podendo de certa forma contribuir com o processo decisório através de suas associações sentindo-se assim num ambiente democrático, o que reforça o fato de que não podemos ignorar a ação e a existência destes grupos e sim torcer para que uma regulação ocorra a ponto de mantermos uma sociedade e uma política equilibrada onde todos sairão ganhando. 8 – BIBLIOGRAFIA ARISTÓTELES, A política. 2ºedição. São Paulo: Martins Fontes, 1998. BONAVIDES, Paulo. Do estado Liberal ao Estado Social 8°edição. Malheiros 2007. Página 13 MOREIRA, Adriano. Ciência Política. 3ºedição. Edições Almedina. MARX, Karl. ENGELS, Friedrich – O manifesto Comunista. Instituto José Luis e Rosa. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de teoria do estado e ciência política. 5ºedição. São Paulo: Celso Bastos, 2002. MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. LCC Publicações Eletrônicas. BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16ºedição. São Paulo: Malheiros Editores, 2009. STRECK, Lenio. BOLZAN, José Luis. Ciência Política e Teoria do Estado. 6ºedição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
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