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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Ciências Contábeis Estrutura da Contabilidade Brasileira Aula 6 Profs. Edicreia dos Santos e Francisco Granatto CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Oi, seja bem-vindo(a) à sexta aula de Estrutura da Contabilidade Brasileira. O contexto econômico empresarial tem passado por constantes e significativas mudanças nas últimas décadas e as empresas precisam se adequar a este novo cenário mais disputado, para que consigam se manter na disputa por produção de bens e serviços com maior qualidade aliado a preços baixos. As empresas que não se adaptarem correm sério risco de perder seu mercado. As informações sobre a empresa são de fundamental importância para que os gestores consigam ver o real estado em que se encontram e tomar decisões acertadas. Portanto, são necessárias constantes análises econômicas e financeiras sobre os seus demonstrativos. Diante do exposto, o objetivo da presente aula refere-se a explanar sobre a avaliação de desempenho empresarial e apresentar os principais indicadores aplicados nesta finalidade, descrevendo-os quanto a sua função, fórmula e interpretação. No material online, o professor Francisco apresenta os temas que serão abordados nesta aula. Não perca! Contextualizando A informação acompanha o homem desde a sua origem e constitui atualmente um dos bens mais preciosos no contexto empresarial, em decorrência das mudanças de paradigmas das organizações, dinâmica dos negócios e características dos usuários. Na análise de negócios, a informação extraída da contabilidade é entendida como a que modifica o conhecimento de seu usuário em relação à empresa, compreendendo aspectos econômico- financeiros, físicos e de produtividade. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 A avaliação ou análise de desempenho se torna uma aliada e pode ser entendida com um processo de quantificação da eficiência e eficácia das decisões tomadas por determinada empresa e diversas podem ser as formas de sua avaliação. A análise das demonstrações financeiras visa o estudo do desempenho econômico-financeiro de uma empresa em determinado período passado, para diagnosticar qual é a sua posição atual e produzir resultados que sirvam de base para previsão de tendências futuras. Para os usuários externos, que são todas as pessoas ou grupos de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como: Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capital emprestado; Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar no mercado; Governo: necessita obter informações sobre as receitas e as despesas para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne a sua parcela de tributação; Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir a garantia de recebimento futuro; Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado; Investidores: pessoas interessadas em investir em determinada empresa; Entre outros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 A avaliação de desempenho é uma ferramenta de grande poder informativo, potencialmente capaz de indicar o desempenho isolado de uma empresa, comparar sua estrutura de capital, capacidade de solvência e capacidade de remuneração de capital com empresas do mesmo setor, atuando como base para a tomada de decisões quanto à determinação de financiamentos por credores e aplicação de recursos para investidores efetivos ou em potencial. Os índices são componentes na avaliação de desempenho e por meio deles são relacionadas as contas ou grupo de contas das demonstrações contábeis, a fim de evidenciar determinado aspecto da condição de uma empresa. A característica fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômica e financeira da empresa para proporcionar maior subsídio à análise. Através de índices, que servem como medidas de diversos aspectos econômicos e financeiros das empresas, podemos fazer um comparativo com um médico, que faz uso de alguns indicadores para elaborar o quadro clínico do paciente, como pressão e temperatura. Da mesma forma, os índices financeiros também permitem construir um quadro de avaliação da empresa. Todavia, apresentam diferenciais, por exemplo, enquanto o médico pode ter certeza de que há algo errado com o paciente que apresenta febre muito alta, na empresa, um endividamento elevado não significa que esteja à beira da insolvência. Tendo em vista a quantidade de índices disponíveis para uma avaliação empresarial, nem sempre se fará uso de todos os índices ou de grande quantidade deles. O conjunto de índices a ser utilizado é o que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise, sendo que essa profundidade varia conforme o usuário. Quando ocorrer de um indivíduo interessado em adquirir a empresa ou realizar um processo de fusão com a empresa de que tenha propriedade, este indivíduo desejará uma análise aprofundada; se for o caso de um fornecedor, pode apenas querer informações rápidas sobre a empresa, a respeito de seu índice de liquidez, por exemplo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 As análises de desempenho dividem-se em situação econômica e situação financeira. A econômica avalia a capacidade da empresa na geração de resultados e sua rentabilidade frente aos riscos inerentes à atividade e é evidenciada por meio dos Índices de Rentabilidade. A abordagem financeira busca avaliar a situação de caixa e a liquidez da empresa, e são evidenciadas pelos Índices de Estrutura do Capital e os Índices de Liquidez. A partir disso é possível abordar diversas temáticas sobre informações das demonstrações contábeis, como: Análise Vertical; Análise Horizontal; Índices de Liquidez; Estrutura do Capital; Índices de Rentabilidade. No material online, o professor Francisco contextualiza o assunto da aula! Tema 1: Teoria de Análise Vertical A técnica denominada Análise Vertical constitui-se em um processo comparativo que busca acompanhar a evolução de apenas um item, identificando a participação percentual de cada componente da demonstração financeira em relação ao seu total, estabelecendo como 100% para o valor das Receitas Operacionais Líquidas na Demonstração do Resultado do Exercício e para o total do Ativo e Passivo no Balanço Patrimonial. Quando os números das demonstrações forem mapeados, cada valor deve ser comparado com esses totalizadores para verificar a composição. Por meio desta análise pode-se perceber a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e permite inferir se há itens fora das proporções normais, quando comparado a padrões estabelecidos com base em atividades do ramo ou da própria empresa. Como exemplos, temos a apuração da conta Caixa, quanto ele representa no total do Ativo; as dívidas com CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Fornecedores quanto correspondem ao total do Passivo; e se tratando da Demonstração do Resultado do Exercício, pode-seconstatar o percentual da participação de Despesas com Frete em relação às Receitas Operacionais Líquidas. Temos como fórmula de cálculo da Análise Vertical do Balanço Patrimonial (AVBP): AVBP: Elemento Patrimonial do Ativo ou do Passivo X 100 Ativo ou Passivo Total Na análise do Balanço Patrimonial pode ser visualizada uma possível má administração das contas patrimoniais, pode-se se extrair informações da composição detalhada dos recursos tomados pela empresa, qual a participação dos capitais próprios e de terceiros. É importante frisar que a comparação dos índices com seus concorrentes permite saber se a alocação das origens de recursos na demonstração é típica ou não para aquele ramo de atividade. Neste sentido, quando for efetuado o levantamento dos percentuais, o analista focará sua análise nestes percentuais, deixando para trás os valores monetários absolutos, tornando possível verificar as tendências de forma mais objetiva. O quadro a seguir apresenta um exemplo do funcionamento da Análise Vertical no Balanço Patrimonial em uma estrutura modelo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Com a interpretação dos índices apresentados no quadro, é possível verificar, quanto ao Ativo Total, que a conta ‘Imobilizado’ se destaca, representando o maior componente do Ativo, com 50%. De modo geral, essa demonstração encontra-se com as contas com bons índices, demonstrando a sua saúde financeira. Para a avaliação na Demonstração de Resultado do Exercício (AVDRE), a fórmula é a seguinte: AVDRE: Elemento de Receita, Despesa ou Custo X 100 Receita Operacional Líquida Ao colocar como valor total as Receitas Operacionais Líquidas (após deduções dos impostos e devoluções), esse tipo de análise mostra-se mais significativa pelo fato de atribuir à Receita Operacional Líquida (após deduções dos impostos e devoluções) o total de 100%, permitindo uma visão da estrutura CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 de custos e despesas da empresa em termos de comparativo sobre as vendas, possibilitando a análise de despesas com maior valor, estabelecendo uma relação de equilíbrio entre Despesa e Receita e ainda permitindo o controle de cada item da demonstração em função de seu percentual em relação à Receita. O quadro a seguir exemplifica a Análise Vertical na DRE de uma empresa modelo. Nota-se no exemplo que a Análise Vertical permite verificar a quantidade de recursos utilizados em cada item da demonstração. No caso, grande parte da receita concentra-se nos Custos de Produtos/Serviços Vendidos, correspondendo a 70% nos dois anos demonstrados. Essa análise possibilita ao gestor identificar os limitadores de desempenho da empresa. A Análise Vertical é complementada pela Análise Horizontal, que será apresentada no tópico a seguir. No material online, o professor discorre mais sobre a Análise Vertical. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Tema 2: Teoria de Análise Horizontal A Análise Horizontal consiste na comparação entre valores de uma mesma conta ou grupo de contas em diferentes exercícios, o que permite avaliar a evolução nominal dos vários itens de cada demonstração contábil em intervalos sequenciais de tempo, identificando a evolução dos diversos elementos patrimoniais e de resultados ao longo de determinado período, caracterizando uma análise longitudinal da empresa. A Análise Horizontal possui como principal finalidade apontar o crescimento de itens das Demonstrações Financeiras, como Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício, em dois ou mais exercícios, por meio de comparação destes com um valor referencial ou base. Por ser a Análise Horizontal uma análise de evolução, crescimento ou diminuição que permite identificar a variação positiva ou negativa de um período em relação ao anterior, colocam-se como 100% todas as contas de um determinado período e faz-se relação percentual em cima dos dados desse período. O número calculado indica quanto o período subsequente é maior ou menor que o ano anterior. Por ser necessário utilizar vários períodos para a análise, essa sequência torna-se uma ferramenta importante para a construção de uma série histórica, indicando a variação de crescimento ou não, o que é importante para ajudar no estudo de tendência. Como fórmula da Análise Horizontal (AH) temos: AH: Valor do Período Atual/em questão X 100 - 100 Valor do Período Anterior – Base Observe que na Análise Horizontal utiliza-se a técnica dos números índices, em que no primeiro ano de análise todos os valores são considerados iguais a 100 e nos anos seguintes a variação é o que exceder ou faltar para completar 100. É importante frisar que a Análise Vertical, vista no tópico anterior, reflete os efeitos que determinados procedimentos possam ter causado na CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 demonstração e também possibilita descobrir algumas das causas primárias, já a Análise Horizontal trabalha fundamentalmente com efeitos e dificilmente revela as causas da mudança. Portanto, esses métodos de análise devem ser utilizados como uma técnica só, pois em conjunto o nível de detalhamento possibilita localizar pontos específicos de falha, seus problemas e características, permitindo explicar os motivos de determinada situação. Assim, quando for possível visualizar algo fora do controle, essa análise vai cumprir seu papel. O quadro a seguir exemplifica a aplicação da Análise Horizontal na Demonstração do Resultado do Exercício de uma empresa modelo. Observa-se no exemplo que a Análise Horizontal foi aplicada em uma série de 3 anos, o que sem dúvidas poder-se-ia aplicar a uma série de trimestres ou meses, por exemplo. O primeiro ano (no caso 2013) foi atribuído 100% e a partir dos valores deste exercício é que se calculou a evolução para os demais anos, todos comparados com ele (2014/2013; 2015/2013, e assim sucessivamente). Detalhadamente, no demonstrativo em questão, é possível observar que as Receitas com Vendas estão em constante aumento, juntamente com as Despesas com Pessoal, que estão ligados à concretização das vendas. Pode- se perceber que o Custo das Vendas aumentou 24% em 2014 e declinou em 2015 para 19% em comparação ao ano base 2013. A conta Outras Despesas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 sofreu considerável oscilação no período, aumentando 20% no primeiro ano comparativo e posteriormente caindo 40%. Sintetizando As análises das demonstrações contábeis podem ser efetuadas por: Análise Vertical: por meio desta pode-se perceber a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e permite inferir se há itens fora das proporções normais, quando comparado a padrões estabelecidos com base em atividades do ramo ou da própria empresa. Análise Horizontal: consiste na comparação entre valores de uma mesma conta ou grupo de contas, em diferentes exercícios, identificando a evolução dos diversos elementos patrimoniais e de resultados ao longo de determinado período, caracterizando uma análise longitudinal da empresa. No material online, o professor fala mais sobre a Análise Horizontal! Tema 3: Teoria de Índices de Liquidez Liquidez apresenta-se como a conversão de um ativo em dinheiro e perante a isso a situação financeira é representada por índices extraídos do balanço patrimonial, que é uma representação estática da situação da empresa em um dado momento. Os indicadores de liquidez mostram a base dasituação financeira da empresa que, ao confrontar os ativos circulantes com as dívidas, procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa, tornando possível verificar a composição das dívidas, as necessidades de capital de giro e ainda verificar itens como as aplicações em imobilizado. Uma empresa com bons índices de liquidez apresenta condições de pagar suas dívidas em dia em função de outras variáveis, como prazo e renovação de dívidas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 No Balanço Patrimonial as contas são classificadas conforme sua liquidez, ou seja, sua conversibilidade em moeda, portanto, existem ativos mais líquidos que outros. Por exemplo, a conta Caixa é mais líquida que Duplicatas a Receber. Por existirem ativos e passivos com diferentes características e prazos de realização, surgiu a necessidade de criação de diferentes indicadores de capacidade de pagamento, que são divididos em quatro índices: Capacidade de pagamento imediato: indicador de Liquidez Imediata; Capacidade de pagamento a curto prazo: indicador de Liquidez Corrente e de Liquidez Seca; Capacidade de pagamento a longo prazo: índice de Liquidez Geral. O Índice de Liquidez Imediata evidencia o quanto a empresa dispõe imediatamente para saldar suas obrigações a curto prazo, apenas contando com os valores da conta em disponibilidade, sendo os valores em caixa, saldos bancários e aplicações financeiras de curto prazo disponível para resgate. A fórmula de liquidez imediata é a seguinte: Índice Fórmula Indica Interpretação Liquidez Imediata Disponibilidades/ Passivo Circulante Quanto a empresa possui de disponibilidades para cada $ 1 de Passivo circulante Quanto maior, melhor Praticando a fórmula: Período 1 Período 2 Disponível + Títulos + Outros Ativos 1.100.274 1.100.736 Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Para efeitos de análise, o Índice de Liquidez Imediata é um índice sem muita relevância, pois relaciona o dinheiro disponível com valores que vencerão em datas mais variadas possíveis, embora em curto prazo. 0,82 0,78 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 O Índice de Liquidez Corrente é considerado o principal e mais utilizado. Ele indica a quantidade de recursos que a empresa tem nos ativos circulantes para utilização no pagamento dos passivos circulantes vencíveis dentro de um ano, ou seja, curto prazo. Logo, quanto maior for essa relação, pressupõe-se que a empresa terá recursos suficientes para honrar seus compromissos de curto prazo. A construção da fórmula da liquidez corrente é: Índice Fórmula Indica Interpretação Liquidez Corrente Ativo Circulante / Passivo Circulante Quanto a empresa possui de Ativo Circulante para cada $ 1 de Passivo Circulante Quanto maior, melhor Praticando a fórmula com o exemplo: Período 1 Período 2 Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Nos dois períodos, o Ativo Circulante é maior que o Passivo Circulante, e isso significa que os investimentos no Ativo Circulante são suficientes para cobrir as dívidas de curto prazo e ainda permitir uma folga de 46% e 61%, respectivamente, nos períodos 1 e 2. Quando a liquidez corrente é superior a 1, o excesso em relação ao 1 deve-se à existência de capital circulante líquido (CCL). O CCL também pode ser encontrado através da diferença entre ativo circulante e passivo circulante (CCL = AC – PC). Assim, o CCL é a folga financeira a curto prazo (dadas às devidas restrições de conversibilidade e dinheiro no tempo) e indica que a empresa, além de possuir no ativo circulante todos os recursos do próprio passivo circulante para resgatá-lo, ainda possui um excedente que lhe dá uma certa margem de segurança. 1,46 1,61 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Por fim, o índice da liquidez corrente representa a margem de folga para manobra de prazos que visa equilibrar as entradas e saídas de caixa. Quanto maiores os recursos, maior essa margem, maior a segurança da empresa e melhor a situação financeira. O Índice de Liquidez Seca visa medir o grau de excelência financeira, reduzindo-se a conta Estoques do Ativo Circulante, assim, quando conjugado da análise da liquidez corrente, é um reforço para considerar se a empresa tem uma liquidez firme. Enquanto se verificam esses riscos no ativo circulante, o passivo circulante é líquido e certo: deve ser pago no dia e na quantia estabelecida. Daí a ideia de excluir desse índice os estoques da empresa, pois o mesmo ainda terá de ser vendido para ser convertido em disponibilidade imediata e ainda corre o risco de obsolescência, roubo e deterioração, dentre outros. O índice de liquidez seca é obtido pela fórmula: Índice Fórmula Indica Interpretação Liquidez Seca AC - Estoques/ Passivo Circulante Quanto a empresa possui de ativo líquido para cada $ 1 de Passivo circulante Quanto maior, melhor É importante salientar que a análise desse indicador deve levar em conta necessariamente o ramo de atividade, pois as empresas comerciais tendem a ter estoques mais facilmente realizáveis do que as empresas industriais, que têm seu ciclo operacional (período entre a data da compra até o recebimento de cliente) maior. Quando este indicador se apresenta baixo, não indica necessariamente comprometimento da situação financeira, sendo que, em certos casos, pode ser o reflexo de estoques excessivos. Com estoques elevados, caso a empresa tenha uma rotação de estoque muito baixa, pode demonstrar má gestão sobre o volume de compras de material para revenda ou industrialização. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Alguns autores, por experiência prática, entendem que coeficientes acima de 0,70 são aceitáveis para a indústria e acima de 0,50 são aceitáveis para o comércio. O Índice de Liquidez Geral demonstra o quanto a empresa possui de recursos para quitar seus compromissos de curto e longo prazo, ou seja, suas dívidas totais. Quanto maior o índice de liquidez melhor a situação da empresa, pois supõe-se que ela conseguirá pagar todas as suas dívidas e ainda dispor de uma folga ou excedente. A fórmula da liquidez geral é a seguinte: Índice Fórmula Indica Interpretação Liquidez Geral Ativo Circulante + RLP Passivo Circulante +PNC Quanto a empresa possui de ativo circulante + realizável para cada $ 1 de dívida Quanto maior, melhor Praticando a fórmula: Período 1 Período 2 Ativo Circulante 1.960.480 2.269.171 Realizável a Longo Prazo 0 0 Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Passivo Não Circulante 314.360 1.170.788 A representação do índice de liquidez geral evidencia se existe ou não excesso de ativo circulante. Se existir, demonstra uma situação favorável, pois cobre todo o passivo a curto e a longo prazo, com significativa sobra, ou seja, a empresa consegue quitar todos os débitos de curto e longo prazos com folga financeira. 1,18 0,88 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Alguns autores tomam por base o valor de 1,00 para julgar se o índice é bom ou não, porém a realidade e o ambiente da empresa podem interferir nessa interpretação. Muitas vezes, mesmo o índice sendo inferior a 1,00, o que significaria que a empresa não dispõe de recursos para honrar os compromissos, deve ser levado em conta que nemtodas as dívidas vencerão no mesmo tempo. Logo, supõe-se que a empresa terá um certo tempo para gerar recursos correntes. Um exemplo de análise de liquidez é o do Setor de Energia Elétrica na BOVESPA, encontrado no estudo publicado por Aquegawa e Souza em 2010, que teve como objetivo identificar impactos diretos e/ou indiretos provenientes da crise de 2008, analisando os Índices de Liquidez Geral, Circulante, Seca e Imediata dos anos 2004 a 2007 para projetar a tendência para 2008 e ao final comparando com o resultado obtido neste ano. Setor - Energia Elétrica: Índices de Liquidez Geral Corrente Seca Imediata Tendência para 2008 0,224092 0,088093 0,088093 0,486254 Resultado de 2008 0,718228 1,22392 1,22392 0,491774 Obs.: Liquidez Corrente é o mesmo que Liquidez Circulante. Índices de liquidez do Setor de Energia Elétrica. Fonte: Aquegawa e Souza (2010). Observa-se que os índices de liquidez corrente e seca possuem o mesmo valor, visto que o setor de Energia Elétrica não possui estoques. Sintetizando... Há quatro tipos de índices de liquidez: Liquidez imediata: evidencia o quanto a empresa dispõe imediatamente para saldar suas obrigações a curto prazo apenas contando com os valores considerados disponibilidades, sendo os valores em Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras de curto prazo disponível para resgate. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Liquidez corrente: indica a quantidade de recursos que a empresa tem nos ativos circulantes para utilização no pagamento dos passivos circulantes vencíveis a curto prazo. Liquidez seca: visa medir o grau de excelência financeira, reduzindo-se a conta Estoques do Ativo Circulante, assim, quando observado junto com a análise da liquidez corrente, é um reforço para considerar se a empresa tem uma liquidez firme. Liquidez geral: demonstra quanto a empresa possui de recursos para quitar seus compromissos de curto e longo prazo, ou seja, suas dívidas totais. No material online, o professor discorre mais sobre esse tema! Tema 4: Índices de Estrutura do Capital Os indicadores de estrutura do capital, também chamados de índices de endividamento, são utilizados para mensurar a composição das fontes de recursos de uma empresa, permitindo visualizar de que forma os recursos de terceiros estão sendo usados em comparação com o capital próprio. Além disso, fornecem elementos para analisar o grau de comprometimento da empresa perante seus credores, como também a sua capacidade de cumprir os compromissos financeiros assumidos a longo prazo. Os principais indicadores classificados neste grupo são denominados de: i. Endividamento Geral; ii. Participação de Capital de Terceiros; iii. Composição do Endividamento; iv. Imobilização do Patrimônio Líquido; v. Imobilização de Recursos Não Correntes. O indicador de Endividamento Geral (EG) apresenta o volume de aplicações de recursos financiadas por capital de terceiros, representadas no Balanço Patrimonial pelas contas de passivo circulante e passivo não circulante. Este indicador mostra o comprometimento do ativo da empresa para com capital CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 de terceiros que serão exigidos dela, no curto ou no longo prazo. Este índice é obtido através da seguinte fórmula: Índice Fórmula Indica Interpretação (Endividamento Geral) (PC+PNC) / Ativo Total x 100 Quanto a empresa tem de capitais de terceiros para cada R$ 100,00 de ativo total Quanto menor, melhor Obs: PC: Passivo Circulante; PNC: Passivo Não Circulante A interpretação do Endividamento Geral permite assim verificar, por exemplo, quanto a empresa tem de capitais de terceiros para cada 100 reais de ativo total. Ressalta-se aqui que, por exemplo, a fórmula necessariamente não precisa ser multiplicada por 100, pois este artifício permite uma melhor interpretação do índice em percentuais. O próximo indicador é o de Participação de Capital de Terceiros e indica a relação entre capitais próprios e de terceiros e demonstra a parte de terceiros (passivo circulante e passivo não circulante) em relação ao capital próprio investido na empresa. Esse indicador relaciona, portanto, as duas grandes fontes de recursos: Capital Próprio e Capital de Terceiros. Indica risco ou dependência de terceiros por parte da empresa. Quando se aborda esse indicador se faz referência apenas do risco de insolvência e não da relação deste com o resultado obtido pela entidade. É calculado pela divisão do Capital de Terceiros pelo Capital Próprio. Índice Fórmula Indica Interpretação Participação de Capitais de Terceiros (Endividamento) (PC + PNC) / Patrimônio Líquido x 100 Quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada R$ 100,00 de capital próprio Quanto menor, melhor Obs: PC: Passivo Circulante; PNC: Passivo Não Circulante CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior essa relação (CT/PL) menor a liberdade de decisões financeiras da empresa ou maior a dependência a esses terceiros. É desse ângulo que se interpreta o índice de participação de capitais de terceiros. Já do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros, se a remuneração paga a esses capitais de terceiros for menor do que o lucro conseguido com a sua aplicação nos negócios. Vamos acompanhar um exemplo exposto por Matarazzo (2003): Endividamento Esses dois indicadores mostram que, no período x1, para cada R$ 100,00 de Capital Próprio (Patrimônio Líquido), a empresa tomou $ 154,57 de Capitais de Terceiros e que, no período x2, para cada $ 100,00 de Capitais Próprios, tomou R$ 183,12 emprestados. Graficamente, esses índices podem ser visualizados da seguinte forma: Período x1 Período x2 Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865 Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185 1.655.317 2.576.865 1.070.861 1.407.185 = 154,57% = 183,12% CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 O próximo indicador de Composição do Endividamento (CE) possibilita evidenciar as dívidas de curto prazo em relação ao total das obrigações para com terceiros. Para calculá-lo é necessário contrapor as obrigações de curto prazo (passivo circulante) pelo total de capitais de terceiros, como apresentado na fórmula a seguir: Índice Fórmula Indica Interpretação Composição do Endividamento PC / (PC +PNC) x 100 Qual o % de obrigações a curto prazo em relação às obrigações totais. Quanto menor, melhor Obs: PC: Passivo Circulante; PNC: Passivo Não Circulante A interpretação indica que quanto menor melhor, pois a empresa terá mais tempo para gerar recursos para honrar seus compromissos. Isto posto, acompanhe o exemplo baseado em Matarazzo (2003) para seu melhor entendimento: Composição do Endividamento Tais índices indicam que em x1 a empresa tinha 81,01% (mais de ¾) de suas dívidas vencíveis a curto prazo e que em x2 este percentual caiu para 54% (quase metade), melhorando aquilo que se pode chamar de perfil da dívida. Graficamente, tem-se a figura a seguir: Período x1 Período x2 Passivo Circulante 1.340.957 1.406.077 Capitais de Terceiros 1.655.317 2.576.865 1.340.957 1.406.077 1.655.318 2.756.865 = 81,01% = 54% CCDD – Centro de Criação e DesenvolvimentoDialógico 21 O gráfico apresenta, portanto, a composição do endividamento de curto prazo da empresa em comparação com o total de endividamento com terceiros (passivo circulante e passivo não circulante) multiplicado por 100 para se obter em percentual. O indicador denominado de Imobilização do Patrimônio Líquido (PL) ou Capital Próprio representa quanto do Patrimônio Líquido está aplicado nos Grupos de Contas: Imobilizado, Investimentos e Intangível, que representam as aplicações permanentes de recursos da empresa, ou seja, qual a parcela do Patrimônio Líquido foi imobilizada e quanto restou para financiar o capital de giro. A parcela do Patrimônio Líquido que fica destinada ao Ativo Circulante é chamada de Capital Circulante Próprio. O índice de Imobilização do PL é calculado pela divisão dos ativos de natureza permanente (investimento, imobilizado e intangível) pelo Patrimônio Líquido. Quanto mais a empresa investir no ativo imobilizado, menos recursos próprios sobrarão para o ativo circulante e em consequência maior será a dependência de capitais de terceiros para o financiamento do ativo circulante. Sua fórmula é representada pela seguinte equação: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Índice Fórmula Indica Interpretação Imobilização do Patrimônio Líquido (Ativo Não Circulante – RLP) / Patrimônio Líquido x 100 Quanto a empresa aplicou no Ativo Imobilizado para cada $ 100,00 de Patrimônio Líquido Quanto menor, melhor Obs: RLP – Realizável a longo Prazo Pelo exposto conclui-se que, quanto menor esse índice, melhor será a situação financeira da empresa, isso porque as aplicações de recursos do Patrimônio Líquido são mutuamente exclusivas do Ativo Circulante, Ativo Imobilizado e demais ativos. Quanto mais a empresa investir no ativo imobilizado, menos recursos próprios sobrarão para o ativo circulante e, em consequência, maior será a dependência a capitais de terceiros para o financiamento do ativo circulante. O ideal em termos financeiros é a empresa dispor de patrimônio líquido suficiente para cobrir o ativo imobilizado e ainda sobrar uma parcela (Capital Circulante Próprio) suficiente para financiar o ativo circulante. Por suficiente entende-se que a empresa deve dispor de necessária liberdade de comprar e vender sem precisar sair o tempo todo correndo atrás de instituições financeiras. Acompanhe o exemplo baseado em Matarazzo (2003): Imobilização do PL O cálculo destes índices mostra que, em x1, a empresa investiu em ‘permanente’ (não existe mais a expressão legislação contábil brasileira, mas a mantemos aqui para aglutinar os Ativos Imobilizados, os Investimentos e os Período x1 Período x2 Ativo Não Circulante - RLP 765.698 1.714.879 Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.125 765.698 1.714.879 1.070.861 1.407.125 = 71,50% = 121,87% CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Ativos Intangíveis que são os três grupos de ativos mais imóveis), importância equivalente a 71,50% do patrimônio líquido e que, em x2, esse percentual subiu para 121,87%. O Indicador de Imobilização de Recursos Não Correntes indica quantos dos recursos não correntes foram convertidos em ativos de natureza permanente (investimentos, imobilizado e intangível). Pode-se considerar como recursos não correntes a soma do Patrimônio Líquido com o Passivo não Circulante. Como os ativos de natureza permanente têm vida útil longa, a empresa pode utilizar recurso com prazo de vencimento longo para financiá-los, sem comprometer o capital de giro da empresa. A parcela de recursos não correntes destinado aos ativos de natureza circulante também é chamada de Capital Circulante Líquido (CCL). Esse quociente é obtido pela divisão dos ativos de natureza permanente (investimento, imobilizado e intangível), ou seja, Ativo Não Circulante menos as Ativos Realizáveis a Longo Prazo; pela soma dos recursos não correntes (Patrimônio Líquido +Passivo Não Circulante). Sua fórmula é apresentada a seguir: Índice Fórmula Indica Interpretação Imobilização dos Recursos Não Correntes (Ativo Não Circulante – RLP) / (PNC + Patrimônio Líquido) * 100 Que percentual dos recursos não correntes foi destinado ao ativo imobilizado. Quanto menor, melhor Obs: RLP: Realizável a longo Prazo; PNC: Passivo Não Circulante Uma consideração importante é que esse índice não deve em regra ser superior a 100%. Ainda que a empresa quase sempre tenha necessidade de ativo circulante (como é o caso das transportadoras) deve sempre existir um pequeno excesso de recursos não correntes, em relação às imobilizações, destinado ao ativo circulante. Vamos acompanhar o exemplo de Matarazzo (2003): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Imobilização dos Recursos Não Correntes Estes índices mostram que a empresa destinou ao ativo permanente, respectivamente, em x1 e x2, 55,28% e 66,52% dos recursos não correntes. Sintetizando... Há quatro tipos de Índices de Endividamento: Endividamento Geral: revela quanto a empresa aplica de recursos de terceiros no Ativo Total. Composição do Endividamento: indica o percentual de obrigações a curto prazo em relação às obrigações totais. Imobilização do Patrimônio Líquido: avalia quanto do Patrimônio Líquido a empresa investiu em Ativo Imobilizado, Intangível e Investimentos. Imobilização de Recursos Não Recorrentes: avalia quanto dos recursos não recorrentes (Patrimônio Líquido e Exigível a Longo Prazo) a empresa investiu em Ativo Imobilizado, Intangível e Investimentos. No material online, o professor fala em mais detalhes sobre esse tema! Tema 5: Índices de Rentabilidade Os usuários dos resultados da análise, como os investidores e fornecedores, esperam que o capital investido seja remunerado, desejam ter certeza que a empresa possa gerar recursos suficientes para honrar seus ativos e, ainda, quitar obrigações. A obtenção dessas informações é possível com a extração desses índices, que buscam a identificação do retorno sobre investimento total, retorno sobre vendas e o retorno sobre capital próprio, Período x1 Período x2 Ativo Não Circulante - RLP 765.698 1.714.879 Passivo Não Circulante 314.360 1.170.788 Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.125 765.698 1.714.879 1.385.224 2.577.973 = 55,28% = 66,52% CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 portanto, uma avaliação não apenas da produtividade, mas sobretudo da lucratividade do negócio. O termo rentabilidade se origina do conceito de renda. É uma relação do valor bruto obtido com o valor do investimento realizado, buscando mensurar qual o retorno obtido após os valores investidos em um negócio ou aplicação. Esse segmento da Análise Econômica Financeira é caracterizado como fundamental, pois se trata do critério universal de avaliação do desempenho global da empresa, e inquestionavelmente aceito em todo o mundo para avaliação de projetos de investimento. A Rentabilidade do Ativo, sigla ROA, do inglês Return on Assets, mostra quanto a empresa obteve de lucro líquido em relação ao ativo, representando uma medida do potencial de geração de lucro da parte da empresa. Este indicador não é exatamente uma medida de rentabilidade de capital, mas sim uma medida da capacidade da empresa em gerar lucrolíquido e assim poder capitalizar-se. É uma medida do desempenho comparativo da empresa ano a ano e resulta da seguinte fórmula: Índice Fórmula Indica Interpretação Rentabilidade do Ativo Lucro líquido / Ativo Total x 100 Quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 de investimento total Quanto maior, melhor Exemplificando esse indicador, temos: Rentabilidade do Ativo Período 1 Período 2 Lucro Líquido 223.741 167.116 Ativo 2.726.178 3.984.050 223.741 167.116 2.726.178 3.984.050 = 8,20% 4,19% CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 Para cada R$ 100,00 de ativos, a empresa no período x1 obtém de lucro R$8,20 e no período x2 R$4,19 denotando uma perda de rentabilidade de um período para o outro. O próximo índice, Rentabilidade do Patrimônio Líquido ou Return on Equity (ROE), demonstra quanto de ganho os acionistas ou proprietários tiveram em virtude do capital investido na empresa. É o indicador definitivo da rentabilidade do investimento próprio e seu cálculo permite conhecer quanto a administração, fazendo uso dos recursos entregues pelos sócios, obteve de rendimento com a estrutura de despesas financeiras e da relação existente entre recursos próprios e de terceiros. Além disso, possibilita a comparação com outras oportunidades de investimento disponíveis no mercado, identificando se a decisão de investir na empresa em análise foi correta. A obtenção desse índice se dá pela divisão do Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido, obtido por meio da fórmula a seguir: Índice Fórmula Indica Interpretação Rentabilidade do Patrimônio Líquido Lucro líquido / Patrimônio Líquido x 100 Quanto a empresa obtém de lucro para cada $ 100 de capital próprio investido. Quanto maior, melhor. Exemplo: Rentabilidade do Patrimônio Líquido 223.741 167.116 1.070.861 1.407.185 = 20,89% = 1,88% Período x1 Período x2 Lucro Líquido 223.741 167.116 Patrimônio Líquido 1.070.861 1.407.185 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Conforme exemplo, para cada $ 100,00 de Capital Próprio investido, a empresa conseguiu $ 20,89 de Lucro no período 1. No período 2, entretanto, ocorreu uma queda acentuada na rentabilidade da empresa, porém, de aproximadamente 10%. Sintetizando... Índices de rentabilidade: ROA: avalia quanto a empresa obteve de retorno (lucro líquido) em relação ao total das aplicações realizadas em seu ativo. ROE: apresenta a comparação do lucro gerado em decorrência do investimento realizado pelos sócios da empresa. Há outros indicadores de rentabilidade relacionados às vendas que possibilitam a avaliação dos resultados operacionais da empresa, refletindo o quanto ela gerou de recursos por meio de suas atividades. O sucesso de uma empresa depende, em primeiro lugar, de um volume de vendas adequado, que tem relação direta com o montante de investimentos. Não se pode dizer que uma empresa está vendendo pouco ou muito se olharmos apenas para o valor absoluto das vendas. Se analisarmos o contexto, uma empresa que vende dez milhões por mês tem vendas elevadas se seu ativo é de 5 milhões, porém se o ativo for de 200 milhões, suas vendas são baixas. Portanto, o Giro do Ativo mede o volume de vendas da empresa em relação ao seu ativo total. A variação neste índice pode ter diferentes causas, como a retração do mercado como um todo, a perda de participação de mercado e ainda ser decorrente da estratégia da empresa. O índice do giro do ativo pode ser obtivo a partir da seguinte fórmula: Índice Fórmula Indica Interpretação Giro do Ativo Receita Operacional Líquida Ativo Total Quanto a empresa vendeu para cada $ 1 de investimento total Quanto maior, melhor Obs.: Receita Operacional Líquida é igual a Vendas Líquidas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 Exemplificando o Giro do Ativo: Giro do Ativo A empresa vendeu, no período x1, $ 1,76 para cada $ 1,00 investido: o volume de vendas atingiu 1,76 vezes o volume de investimento. No período x2, houve queda acentuada do volume relativo de vendas: para cada $ 1,00 investido a empresa vendeu $ 1,11, ou seja, o volume de vendas gerado pelo total empatado no ativo foi de 76% no período 1 e 11% no período 2, ambos superiores a 1. Graficamente, podemos visualizar esses índices da seguinte forma na figura a seguir: Período x1 Período x2 Receita Operacional Líquida 4.793.123 4.425.866 Ativos 2.726.178 3.984.050 4.793.123 4.425.866 2.726.178 3.984.050 = 1,76 = 1,11 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 A Margem Líquida é outro índice que, juntamente com RPL e ROA, é um dos principais indicadores de retorno dos investimentos. Também conhecida como taxa de lucratividade, oferece a informação de quanto a empresa conseguiu transformar em lucro de cada unidade monetária vendida. É o quociente que mede o grau de sucesso da empresa em termos de lucro sobre as vendas. É obtido pelo confronto do Lucro Líquido com as Vendas Líquidas (receitas operacionais líquidas). Assim sendo, representa quanto a empresa obtém de lucro para cada real em receita, obtido depois de pagar todos os seus impostos e despesas. Quanto maior a margem da empresa, certamente melhor será a contribuição para a análise. Obtêm-se este indicador com a seguinte fórmula: Exemplo: Margem Líquida Como se vê, houve uma considerável queda na margem de lucro da empresa; isso significa que a empresa auferiu menor lucro e ganhou muito menos por unidade vendida. Para cada $100 vendidos, obteve no período 1 $4,66 de lucro, e no período 2, houve uma queda de $3,77. Parâmetro de Comparação: Esse indicador é comparável com qualquer outra empresa, independente do porte. A margem líquida deve ser analisada juntamente com os índices de giro do ativo e de rentabilidade do ativo, pois de nada adianta a empresa ter um alto giro do ativo e não possuir uma margem de lucro. Também é interessante que esse lucro seja o suficiente para remunerar seus ativos, conforme visto anteriormente no índice ROA. Período 1 Período 2 Lucro Líquido 223.741 167.116 Receita Operacional Líquida 4.793.123 4.425.866 223.741 167.116 4.793.123 4.425.866 = 4,66% = 3,77% CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 O quadro a seguir apresenta os valores dos Setores Farmacêutico e de Vestuário entre os anos de 2012 e 2014. Confira mais informações sobre o tema com o professor no material online! Trocando Ideias Para aprofundar os conhecimentos sobre os indicativos, acesse o seguinte artigo: http://aulasprofscarpin.blogspot.com.br/p/analise-de-demonstracoes- contabeis.html Estude também o artigo sobre Modelo de Avaliação de Desempenho Econômico-Financeiro: https://www.researchgate.net/profile/Sandro_Bortoluzzi/publication/2624 81724_Multicriteria_performance_evaluation_as_an_aid_for_management_of_ companies_Implementation_in_a_service_company/links/54ec83680cf2465f53 2f893e.pdf Na prática dos analistas de mercado, conheça os indicadoresmais utilizados: http://www.infomoney.com.br/educacao/guias/noticia/568514/analise- financeira-conheca-indicadores-mais-usados-pelos-analistas CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/indicadores-de- desempenho-ferramentas-para-uma-gestao-mais-competente/28575/ Na Prática (Adaptado de TudoMastigadinho, 2009) O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício da Perdigão S/A dos anos de 2006 e 2007 estão demonstrados a seguir: BALANÇO PATRIMONIAL - NEGÓCIO FORTE S/A (em milhares de reais) 2014 2015 2014 2015 A T I V O PASSIVO CIRCULANTE 2.188.607,00 2.845.033,00 CIRCULANTE 1.129.910,00 1.251.553,00 Disponibilidades 778.594,00 336.565,00 Fornecedores 332.573,00 486.562,00 Bens numerários 778.594,00 336.565,00 Empréstimos a pagar 548.664,00 546.979,00 Créditos 763.932,00 1.771.814,00 Impostos e contribuições 27.345,00 25.016,00 Aplicações financeiras 39.088,00 783.930,00 Salários a pagar e provisões 102.815,00 115.425,00 Contas a Receber de Clientes 555.708,00 701.584,00 Dividendos e juros sobre o capital próprio 59.007,00 35.991,00 Impostos a recuperar 83.232,00 146.907,00 Participação dos Adm. e funcionários 37.956,00 14.491,00 Impostos sobre a renda diferidos 5.911,00 44.177,00 Outros débitos 21.550,00 27.089,00 Outros créditos 79.993,00 95.216,00 Estoques 646.081,00 736.654,00 Produtos acabados próprios 646.081,00 736.654,00 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.436.464,00 1.984.383,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE 1.272.366,00 1.433.981,00 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 220.294,00 238.705,00 Instituições financeiras 1.125.374,00 1.287.073,00 Aplicações financeiras 91.638,00 80.046,00 Impostos e contribuições sociais 1.152,00 2.290,00 Títulos a receber 38.395,00 44.287,00 Impostos diferidos 19.465,00 24.844,00 Impostos a recuperar 18.198,00 38.167,00 Provisões para contingências 126.375,00 118.900,00 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 32 Impostos sobre a renda diferidos 47.220,00 49.476,00 Outras obrigações 0,00 874,00 Depósitos e cauções 10.612,00 13.005,00 Contas a receber de clientes 10.502,00 11.427,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 1.222.795,00 2.143.882,00 Outros direitos 3.729,00 2.297,00 Capital social realizado 800.000,00 1.600.000,00 Investimentos 15.616,00 19.813,00 Reserva de lucros 423.610,00 505.687,00 Imobilizado 1.106.726,00 1.570.342,00 Ações em tesouraria -815,00 -815,00 Intangível 93.828,00 155.523,00 Participação de Acionistas Minoritários 0,00 39.010,00 TOTAL DO ATIVO 3.625.071,00 4.829.416,00 TOTAL DO PASSIVO + PL 3.625.071,00 4.829.416,00 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO NEGÓCIO FORTE S/A (em milhares de reais) 2014 2015 RECEITA OPERACIONAL BRUTA 5.873.297,00 6.105.961,00 Abatimento sobre vendas - - (-) Deduções de vendas 728.121,00 896.203,00 Devoluções - - RECEITA OPERACIONAL LIQUIDA 5.145.176,00 5.209.758,00 (-) Custo das mercadorias vendidas 3.685.910,00 3.865.660,00 LUCRO BRUTO 1.459.266,00 1.344.098,00 (-) Despesas operacionais 920.957,00 1.134.269,00 Vendas 845.643,00 1.070.853,00 Gerais e administrativas 56.897,00 72.275,00 Honorários dos administradores 9.506,00 9.558,00 (+) Outros resultados operacionais 8.911,00 18.417,00 LUCRO OPERACIONAL (EFETIVO) 538.309,00 209.829,00 (-) Financeiras líquidas 82.726,00 129.327,00 Investimento em controladas - - (-) Receitas (despesas) não operacionais 4.457,00 6.177,00 LUCRO ANTES IR 451.126,00 74.325,00 Provisão p/ IR e CSLL 62.528,00 61.559,00 Participações funcionários no lucro 22.777,00 9.934,00 Participação dos administradores 4.857,00 1.576,00 Participação dos minoritários - 7.121,00 LUCRO LÍQUIDO 360.964,00 117.253,00 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 33 A partir desses demonstrativos, elabore as Análises Horizontal e Vertical e aplique os Índices de Liquidez, Índices de Estrutura de Capital e Índices de Rentabilidade. Confira a resolução do exercício no material online. Síntese De acordo com os índices abordados nessa aula, pode-se evidenciar as informações de uma entidade relacionadas à situação financeira, destacando a capacidade de liquidez, a estrutura de capital da empresa e a situação econômica que reflete as mudanças patrimoniais do resultado obtido em um determinado período. Entretanto, é necessário destacar que, para se entender bem as análises realizadas sob estes índices, o analista deve ter um conjunto de informações e conhecimentos básicos para um entendimento mais aprofundado das vantagens e limitações da análise econômico-financeira. Assim, um dos fatores mais importantes é entender as premissas básicas contábeis que determinam a forma pela qual os próprios demonstrativos, objetos de análise, são levantados ou produzidos. O objetivo principal da construção de indicadores é obter uma visão ampla da situação econômica e financeira da empresa em determinado período. As principais informações fornecidas por esta técnica são as capacidades de liquidez de obrigações de curto, médio e longo prazo, a composição do capital e eficácia nos retornos sobre o investimento total e capital próprio. Os índices servem como medida dos diversos aspectos econômicos e financeiros das empresas, mas não se pode tomar decisões analisando a medida encontrada em apenas um índice. O importante não é o cálculo de grande número de índices, mas de um conjunto de índices que permita conhecer a situação da empresa, segundo o grau de profundidade desejada da análise. No entanto, alguns cuidados devem ser observados na análise, como a comparação direta de empresas do mesmo setor com tamanhos diferentes e a análise direta de empresas que atuam em setores diferentes. Adicionalmente, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 34 deve-se dar atenção para empresas com atividades sazonais, cuja flutuação de contas ao longo do ano pode atrapalhar a comparação de resultados, e também eventos extraordinários ou temporários, como crises econômicas nacionais, que podem afetar o desempenho financeiro de empresas de forma isolada em um determinado período. Assista às considerações finais do professor sobre os conteúdos abordados nesta rota no material online. Referências ALMEIDA, Luiz. Fórmula para o cálculo da análise vertical no Balanço Patrimonial (BP). 2014. Disponível em: <http://www.dificuldadefinanceira.com.br/index.php/2014/04/17/formula-para-o- calculo-da-analise-vertical-no-balanco-patrimonial-bp/>. Acesso em 14 de abril de 2016. AQUEGAWA, Haroldo Paulo; SOUZA, Emerson Santana de. Sustentabilidade financeira a partir dos índices de liquidez e ciclo financeiro: uma análise setorial do portfólio ISE frente à crise de 2008. 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Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/20140719215110-77112920- demonstra%C3%A7%C3%B5es-financeiras-elabora%C3%A7%C3%A3o-e- interpreta%C3%A7%C3%A3o-de-an%C3%A1lise-horizontal-e-vertical>. Acesso em 13 de abril de 2016. MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis: Contabilidade empresarial. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2006. PRIORITY PARTNERS, Strategic Consulting. Análises Vertical e Horizontal. 2015. Disponível em: <http://p1p.com.br/blog/analise-vertical-e-horizontal/>. Acesso em 12 de abril de 2016. SILVA. José P. Análise Financeira de Empresas. São Paulo: Atlas, 9ª ed. 2008. TRADERBOL SA. Análise Fundamentalista: Margem Líquida. 2015. Disponível em: <http://www.investimentonabolsa.com/2015/04/analise-fundamentalista- margem-liquida.html>. Acesso em 14 de abril de 2016. TUDOMASTIGADINHO. Análise das Demonstrações Contábeis. 2009. Disponível em: <http://tudomastigadinho.blogspot.com.br/2009/03/analise-de- demonstracoes-contabeis_3624.html>. 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