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Aula 4 - O Realismo Aristotélico

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O REALISMO ARISTOTÉLICO
O que é o Realismo?
O realismo aristotélico representa, na Grécia antiga, ao lado das filosofias de Sócrates e Platão, uma reação ao discurso dos sofistas e uma tentativa de superação da oposição dos pensamentos de Parmênides e Heráclito. 
O primeiro negava a realidade do movimento e da mudança, enquanto o segundo via o Ser sobretudo como vir-a-ser, afirmando que toda permanência e estabilidade resultam de precário equilíbrio entre forças opostas. 
Defendendo a possibilidade de uma ciência sobre o real concreto, Aristóteles afirma que é possível conhecer o que é o real concreto e mutável por meio de definições e conceitos que permanecem inalterados.
Aristóteles entende que:
Basta que para isso, seja estabelecido previamente o que importa ser conhecido acerca do ser, distinguindo-o daquilo que pode ser deixado de lado por ser meramente ocasional, fatual ou acidental. 
Considera o Universo como um todo ordenado segundo leis constantes e imutáveis. Essa ordem imutável e eterna rege não só os fenômenos da natureza, como também os de ordem política, moral ou estética. 
A Ciência Primeira
Antecedendo, como fundamento, as diversas ciências que se interessam por determinados aspectos do ser, existe uma ciência “primeira”, a Sabedoria (depois designada como Metafísica), que estuda o Ser e procura enunciar essa ordem subjacente que torna inteligíveis todos os fenômenos.
Aristóteles e sua época
Aristóteles nasceu em Estagira, em 384, filho de Nicômaco, médico do rei da Macedônia. Aos 18 anos vai para Atenas e se torna discípulo de Platão. Em 343 é chamado à Macedônia para ser preceptor de Alexandre, o Grande. Em 335 volta a Atenas e funda o Liceu. Depois da morte de Alexandre, o partido antimacedônico obriga-o a se retirar de Atenas para a Calcídia, onde morre em 322. Aristóteles é contemporâneo do período de decadência da democracia ateniense e da invasão macedônica que unifica a Grécia sob seu domínio. 
Atenas, já despida de seu brilho e de sua força, via seu destino entregue aos demagogos que, aproveitando a indiferença do povo em relação à coisa pública, manobravam os negócios do Estado de acordo com seus interesses mais imediatos. O pensamento aristotélico representa, em muitos aspectos, uma reação a esse estado de coisas.
Dono de um saber enciclopédico, Aristóteles escreveu sobre quase todos os assuntos,examinando as teorias das diversas escolas filosóficas que o precederam na Grécia. Infelizmente, a quase totalidade de suas obras destinadas à difusão de suas ideias fora dos limites do Liceu foi perdida. 
Restam aquelas destinadas ao uso restrito dos cursos do Liceu: anotações de cursos, indicações de questões etc. 
Apesar disso, sua obra conhecida é bastante volumosa: versa sobre as questões de filosofia primeira ou metafísica, sobre lógica (chamada organon), sobre ciências naturais, moral e política; sobre as artes da retórica e da poética.
3. Crítica a Platão
Embora permaneça fiel a seu mestre em muitos e importantes aspectos de sua filosofia, Aristóteles, desde sua mocidade, rejeita a Teoria das Ideias, alegando que ela não explica o movimento dos entes materiais, ordenado e harmonioso, e cria mais dificuldades do que resolve.
A mais importante questão que devemos colocar seria a de perguntar enfim que socorro as ideias trazem para
A mais importante questão que devemos colocar seria a de perguntar enfim que socorro as ideias trazem para os entes sensíveis,quer se trate de entes eternos (astros) ou dos entes que sofrem geração e corrupção. Com efeito, elas não são para esses seres a causa de nenhum movimento e de nenhuma mudança. 
Também não trazem nenhum concurso para a ciência dos outros seres … nem para explicar a sua existência, pois não são nem ao menos imanentes às coisas que delas participam; se fossem imanentes, talvez pudessem assemelhar-se a causas dos seres, como o branco é a causa da brancura no ser branco, entrando em sua composição …
Por outro lado, os outros objetos não podem tampouco provir das ideias, em qualquer dos sentidos em que se entende ordinariamente essa expressão de. — Quanto a dizer que as ideias são os paradigmas e que as outras coisas participam delas, isso não passa do uso de palavras destituídas de sentido, e de metáforas poéticas. Onde então se trabalha com os olhos fixos nas ideias? Pode acontecer, com efeito, que algum ser exista e se torne semelhante a um outro, sem que por isso tenha sido modelado a partir desse outro…. Além disso, teríamos diversos paradigmas do mesmo ser e, por conseguinte, diversas ideias
desse ser; por exemplo, para o homem teríamos o animal, o bípede, e ao mesmo tempo também o homem em si. 
(Metafísica)
Além do mais, as ideias não serão paradigmas (modelos) apenas dos seres sensíveis, mas também das próprias ideias, e, por exemplo, o gênero, enquanto gênero, será o paradigma das espécies contidas nele: a mesma coisa será portanto paradigma e imagem. E depois pareceria impossível que a substância fosse separada daquilo de que ela é substância. 
Como então as ideias, que são a substância das coisas, seriam separadas das coisas?
A origem da Filosofia
Para Aristóteles, a filosofia implica o abandono do senso comum e o despertar da consciência crítica que tem uma função libertadora para o homem. O abandono do senso comum se dá em virtude do espanto (pathos), e este é a origem do filosofar.
O princípio de identidade
Como ciência (episteme), isto é, como conhecimento necessário e universal, a filosofia distinguese da opinião (doxa), que varia de acordo com as situações, os sujeitos e as mutações da realidade.
A garantia de um saber verdadeiro está na possibilidade de sua demonstração a partir de um outro conhecimento já demonstrado como verdadeiro. 
Esse processo seria levado ao infinito, impossibilitando a ciência, se o homem não pudesse perceber como imediatamente evidentes algumas verdades que, por isso mesmo, dispensam demonstração e são consideradas axiomas. A filosofia encontra no princípio da não contradição sua verdade axiomática fundamental.
As causas do Ser
A Filosofia, enquanto ciência do Ser, deve ser capaz de enunciar as causas do mesmo, uma vez que só conhecemos verdadeiramente alguma coisa quando conhecemos seu porquê. Aristóteles enuncia, não uma, mas quatro causas ou razões em vista das quais se pode dizer que um ser é. São elas: a) a causa material: a matéria de que alguma coisa é feita e que, por si mesma, não possui nenhuma determinação, sendo pura disponibilidade; 
Continuação...as causas do Ser
b) a formal ou quididade: isto que o ser é, ou ainda o conjunto de determinações que permitem identificá-lo ou defini-lo; 
c) a eficiente: o princípio do movimento ou causa eficiente, aquele que dá origem ao processo de constituição do ser; 
d) a final, o fim a que se destina, e que coincide sempre com a própria perfeição do ser.

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