Buscar

Fundamentos da Filosofia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA DE FUNDAMENTOS 
DA FILOSOFIA 
 
Prof. Marcus Vinicius Fontenele Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parnaíba, 
Abril de 2019 
 
 
1 A Filosofia 
 
O uso do saber ao qual o homem tem acesso é, em primeiro lugar, um 
juízo sobre a origem ou a validade desse saber. A respeito disso, surgem duas 
alternativas fundamentais: Ou o saber é revelação ou dom divino; ou ele é uma 
conquista ou produção do próprio homem. A primeira alternativa é própria da 
cultura oriental. No entanto, a segunda surgiu na Grécia e esta foi herdada pela 
sociedade ocidental. 
A filosofia foi criação do gênio helênico: não derivou aos gregos a partir 
de estímulos precisos tornados das civilizações orientais; do Oriente, porém, 
vieram alguns conhecimentos científicos, astronômicos e matemático-
geométricos, que o grego soube repensar e recriar em dimensão teórica, 
enquanto os orientais os concebiam em sentido prevalentemente prático. 
Inicialmente os filósofos chamavam-se sábios. Pitágoras, que cunhou o 
termo Filosofia – philos (φίλος) e sophia (σοφία), isto é, amor de amizade à 
sabedoria – observando que a sabedoria convém propriamente só a Deus, e 
desejando que não o chamassem de sábio, mas tão somente amigo ou 
desejoso da sabedoria. 
Estabeleceu-se assim, desde sua origem, uma diferença de natureza 
entre a ciência, enquanto saber específico, conhecimento sobre um domínio do 
real, e a Filosofia que tem um caráter abstrato, mais reflexivo, no sentido da 
busca dos princípios que tornam possível o saber. 
No que se alude ao método, a filosofia investigação uma "explicação 
puramente racional daquela totalidade" que tem por objeto. O que é válido na 
filosofia é o argumento da razão, a motivação lógica ou, como dizem os 
filósofos antigo: o logos. Não basta à filosofia constatar, determinar dados de 
fato ou acumular experiências: ela deve ir além do fato e das experiências, 
para encontrar a causa ou as causas conhecíveis apenas possíveis por meio 
da razão. É este o caráter que confere a "cientificidade" a filosofia. 
 
 
 
 
1.1 Filosofia no Real 
 
Para passar de uma definição nominal e simplificada a uma definição 
mais profunda, definição real, que leve ao conhecimento da natureza da coisa, 
é importante considerar, na realidade histórica, a formação ou a gênese daquilo 
que os homens concordaram em chamar de Filosofia. 
Segundo Aristóteles todos os homens tendem por natureza ao saber. O 
saber, sob esse ponto de vista, não é privilégio ou patrimônio reservado a 
poucos; qualquer um pode contribuir para sua aquisição e para seu 
enriquecimento, tendo, por isso, direito de julgá-lo, aprová-lo ou rejeitá-lo. Sob 
esse ponto de vista, a tarefa fundamental da Filosofia é a busca e a 
organização do saber. 
 
1.2 Objeto material e Objeto formal da Filosofia 
 
O objeto material de uma ciência é o conteúdo de sua investigação, ou 
seja, a «matéria» que da qual esta trata. A aritmética, por exemplo, estuda os 
números; a botânica estuda as plantas e a geografia se ocupa dos fenômenos 
naturais da terra. O que também ocorre com a filosofia no âmbito da Metafísica. 
O objeto formal consiste no aspecto do objeto material estudado, isto é, a 
luz, a perspectiva ou o ponto de vista sob o qual se analisa o conteúdo da 
ciência. Determinando a diferença específica de cada ciência. A psicologia, a 
sociologia e a história têm o mesmo objeto material – o ser humano –, porém 
são diversos objetos formais ou perspectivas: a psique, a vida do homem em 
sociedade, seu passado. 1 
 
 
 
 
 
 
1 Cf. AGUILAR, Alfonso. Tema 1.1: ¿ Qué es la Metafísica? 
<http://es.catholic.net/op/articulos/9007/tema-11-qu-es-la-metafsica.html#modal> Acesso em 9 
de Janeiro de 2019. 
1.2.1 Objeto Material da Filosofia (Metafísica) 
 
O objeto material de todas as ciências consiste em um setor particular da 
realidade. A metafísica, ao contrário, busca compreender toda a realidade. Ela 
estuda todas as coisas que existem, ou seja, tudo aquilo do qual possa dizer 
que «é» (cores, coisas, matéria, tempo, espírito, Deus...). Não exclui nada, só 
exclui «o nada», que não é. 
 
1.2.2 Objeto Formal da Filosofia (Metafísica) 
 
A metafísica estuda todas as realidades do ponto de vista particular e 
exclusivo: enquanto «são». Porque somente a partir das perfeições do ser – 
característica fundamental e fundamento de tudo – pode-se compreender tudo 
o que é. Interessa para a Metafísica o «ente enquanto tal»: a realidade toda 
enquanto tem o ato de ser. Destarte, é considerar os princípios, propriedades e 
causas comuns a todos os entes. 
2 Os pré-socráticos e os Sofistas 
 
A filosofia surgiu na Grécia porque ali se formou uma temperatura 
espiritual particular e um clima cultural e político favoráveis. Eis, portanto, a 
razão humana que se resolve a investigar, só com seus próprios meios, os 
princípios e as causas das coisas. Aquilo que o homem vê, pode tocar, enfim, 
conhecer pelos sentidos, impressiona desde logo sua inteligência. E quando 
deseja explicar qualquer coisa, procura, em primeiro lugar, saber do que é feita 
tal coisa. Desse modo os primeiros pensadores da Grécia limitam-se a 
considerar nas coisas os elementos de que são feitas, a matéria 
 
2.1 Tales de Mileto 
 
O pensador ao qual a tradição atribui o começo da filosofia grega é Tales, 
que viveu em Mileto, na Jônia, provavelmente nas últimas décadas do séc. VII 
e na primeira metade do séc. VI a.C. Tales foi o iniciador da filosofia da 
physis(natureza), pois foi o primeiro a afirmar a existência de um principio 
originário único (arché), causa de todas as coisas que existem, sustentando 
que tal princípio é a Água. "Princípio" que também é chamado de arché não é 
um termo próprio de Tales. 
Segundo o filósofo ao observar-se que as plantas e os animais se nutrem 
de umidade e que os germes vivos são úmidos, este afirmou que a Água é a 
substância única permanecendo sempre a mesma em todas as transformações 
dos corpos. 
 
2.2 Anaximandro de Mileto 
 
Anaximandro nasceu por volta de fins do séc. VII a.C. e morreu no início 
da segunda metade do séc. VI. Com ele, a problemática do princípio se 
aprofundou. Ele sustenta que a água já é algo derivado e que, ao contrário, o 
"princípio" (arché) é o infinito, ou seja, uma natureza (physis) in-finita e in-
definida, da qual provêm todas as coisas que existem. 
O termo usado por Anaximandro é apeiron2, que significa aquilo que está 
privado de limites, tanto externos (ou seja, aquilo que é espacialmente e, 
portanto, quantitativamente infinito), como internos (ou seja, aquilo que é 
qualitativamente in-determinado). 
 
2.3 Anaxímenes de Mileto 
 
Em Mileto floresceu Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, no séc. VI 
a.C. Anaxímenes pensa que o "princípio" deva ser infinito, sim, mas que deva 
ser pensado como ar infinito, substância aérea ilimitada. Assim como a alma 
(ou seja, o princípio que dá a vida), que é ar, se sustenta e se governa, assim 
também o sopro, o ar abrange o cosmo inteiramente. 
Por sua própria natureza de grande mobilidade, o ar se presta muito bem 
para ser concebido como em perene movimento. Além do mais, o ar age 
melhor do que qualquer outro elemento diante das variações e transformações 
necessárias para fazer nascer as diversas coisas. Por exemplo ao se 
condensar, resfria-se e se torna água e, depois, terra; ao se distender (ou seja, 
rarefazendo-se) e dilatar, esquenta e torna-se fogo. 
 
2.4 Heráclito 
 
Heráclito viveu entre os séculos VI e V a.C., em Éfeso. Os filósofos de 
Mileto haviam notado o dinamismo universal das coisas, que nascem, crescem 
e perecem, bem como do mundo. Heráclito não se distanciou dessa ideia, criou 
assim o termo (panta rhei) “Tudo se move” Esta realidade é a mudança o “vir-
a-ser”; nada permanece imóvel e fixo, tudo muda e se transmuta, sem exceção. 
Segundo o efésio, não se pode descer duasvezes no mesmo rio nem se pode 
tocar duas vezes algo mortal no mesmo estado, justamente pela velocidade da 
mudança que é impetuosa. Dessa maneira nós descemos e não descemos 
 
2 O infinito ou o indeterminado: segundo Anaximandro de Mileto, o princípio e o elemento 
primordial das coisas. Não é uma mistura dos vários elementos corpóreos, em que estes 
estejam compreendidos cada um com as suas qualidades determinadas, mas é matéria em 
que os elementos ainda não estão distinto seque, por isso, além de in-finita,é também 
indefinida e indeterminada (Diels ,A,9).Essa determinação dupla de in-finitude no sentido de 
inexauribilidade e de indeterminação permaneceu por muito tempo ligada ao conceito de 
infinito(v.). ABBAGNANO, p 71. 
respectivamente pelo mesmo rio, nos e assim nós mesmos somos e não 
somos da mesma forma. não se desce duas vez pela mesma agua do rio, 
porque ao se descer pela segunda vez pelo rio já são outras águas que 
sobrevieram: além disso o próprio homem muda na primeira 
Heráclito indica o fogo como principio primeiro e fundamental e considera 
tudo que existe como transformações do fogo. Atribuindo a ele (fogo) a 
natureza de todas as coisas: o fogo (etéreo, vivo e divino) é o elemento que 
expressa melhor as características da mudança continua, do contraste e da 
harmonia. Atribui também a esse mesmo fogo divino o nome de 
Lógos(Palavra). 
De acordo com Heráclito, o Lógos está sempre presente e os homens que 
não se predispõem a ouvi-lo não o conhecerão como tampouco terão 
capacidade de falar e de pensar no verdadeiro sentido destas palavras; quer 
dizer, falar e pensar o Lógos. Isso porque o Lógos não é pura e simplesmente 
a palavra como tal e, justamente por isso, não pode ser reduzido (ou 
empobrecido) a uma questão meramente linguística ou mesmo a uma questão 
relativa à linguagem em sua significação comum ou apenas exteriormente ou 
aparentemente humana.3 
 
2.5 Parmênides 
 
Parmênides estava, então, diante de um grande problema; ele precisava 
explicar como ocorre o movimento, ou o vir-a-ser (ou seja, a mudança; um não- 
ser que se torna ser, ou um ser que se torna não-ser). Foi então que 
Parmênides fez uma constatação sem precedente ao decidir por seguir a 
lógica, somente a lógica, Parmênides descobriu que não sabia de nada com 
certeza, livre de certezas intuitivas, não fosse questionável, nada que fosse 
realmente claro e certo. Assim, Parmênides partiu em uma busca por um 
pensamento fundamental, algo que fosse evidente em si. 
 
3 FARIA, Carlos Eduardo S.. O Lógos em Heráclito < 
http://filosofaracademico.blogspot.com/2011/04/o-logos-em-heraclito.html> Acesso em 10 de 
Fevereiro de 2019. 
 
No âmbito da filosofia da physis, Parmênides se apresenta como inovador 
radical e, em certo sentido como Pensador revolucionário. Efetivamente, com 
ele, a cosmologia recebe como que um profundo e benéfico abalo do ponto de 
vista conceitual transformando-se em uma ontologia (teoria do ser). 
Em Parmênides, esse pensamento se manifestou como o Princípio da 
Identidade – “o que é, é”, ou seja, “n” é igual a “n”, e somente igual a “n” – se 
“n” for igual a “a”, então nada mais pode ser do que “n” (você não pode ser 
igual e diferente ao mesmo tempo). Isso parecia ser tão óbvio e tão evidente 
que parecia ilógico que não fosse verdade. (Simplificando o ser é e o não ser 
não é). 
Aqui entram as complicações de Parmênides- diante do Ser e do Não-
Ser, e da Identidade, ele não podia enxergar um caminho para que ocorresse o 
vir-a-ser O Ser é, e o Não-ser não é, pensava Parmênides: como pode-se dizer 
que “algo era”, ou “algo será”? o ser não pode vir do não- ser, pois o não- ser, 
é o nada e nada pode surgir do nada; e se viesse do Ser, o que seria isso 
senão a criação de si mesmo? O perecimento- o deixar de ser- também sofre 
do mesmo problema. Nesse momento, Parmênides marcha para sua conclusão 
final- não há mudança, e, portanto, não há distinção entre seres e não- seres. 
Portanto, o Ser é Uno, um único grande ser eterno que jamais se altera e a 
qual tudo, seres e Não-Seres, são apenas ilusões de si mesmo. 
 
2.6 Os sofistas 
 
Os sofistas eram considerados mestres da retórica e da oratória, 
acreditavam que a verdade é múltipla, relativa e mutável (Os mais conhecidos 
são: Protágoras, Górgias e Pródico). Protágoras foi um dos mais importantes 
sofistas. Na Grécia Antiga, haviam professores itinerantes que percorriam as 
cidades ensinando, mediante pagamento, a arte da retórica às pessoas 
interessadas. A principal finalidade de seus ensinamentos era introduzir o 
cidadão na vida política. Eles eram chamados de sofistas, termo que 
originalmente significaria “sábios”. Porém, Aristóteles, por exemplo, definiu a 
sofística como "a sabedoria (sapientia) aparente, mas não real”. 
Platão apresenta dois métodos opostos de discussão, a saber, o método 
dialético, socrático, e o método sofista, da retórica. Pelo último só podemos 
atingir uma interpretação do que é discutido, nossa própria. Protágoras e a 
relatividade sobre o que é benéfico para cada pessoas em particular. Sobre o 
método sofista, ainda, lembrar dos aplausos recebidos depois dos discursos de 
Protágoras e o método socrático, totalmente oposto, em que realmente existe 
uma discussão de igual para igual, seca e sem floreios. A retórica, na 
aparência, é agradável e prazerosa de se ouvir. O que aparentemente é 
prazeroso e agradável pode nos trazer a própria destruição. Devemos enxergar 
mais longe, através do imediato e das aparências, para realmente ver o 
verdadeiro bem. Segundo Protágoras: “O homem é a medida de todas as 
coisas”. A frase na íntegra é: "O homem é a medida de todas as coisas, das 
coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são. 
"Esta frase é fundamentada na teoria do filósofo Heráclito que descreveu o fluir 
incessante da realidade, revelando que o conhecimento pode ser alterado 
graças às circunstâncias mutáveis da percepção humana. Esta frase se 
enquadra nas doutrinas sofistas, que defendem o relativismo e a subjetividade, 
ou seja, cada pessoa constrói a sua própria verdade. 
Protágoras diz que na Arte Política ou Virtudes (justiça e pudor) todo ser 
humano tem a sua porção sobre isso. Mas para exercer essa/s virtude/s é 
necessário que ela seja ensinada, ou seja, que o que existe é o potencial dessa 
virtude inato em todos nós, mas que precisa ser despertado e melhorado, 
lapidado, através de lições, ensinamentos e punição. Em outras palavras, a 
virtude ou virtudes podem ser ensinadas. 
3 Sócrates, Platão, Aristóteles 
 
Os três primeiros filósofos foram os inauguradores da filosofia ocidental, 
como a que concebemos ainda hoje em muitos aspectos. O período em que 
Sócrates, Platão e Aristóteles despontaram é considerado como o período 
áureo da Filosofia, dada a imensa contribuição deles para o avanço do 
pensamento filosófico. Já Plotino teve papel fundamental no desenvolvimento 
do neoplatonismo, doutrina muito utilizada nos primórdios da filosofia cristã. 
 
3.1 Sócrates 
 
Sócrates, que é uma personagem real, não deixou escritos. Foi 
determinado por seu discípulo Platão como o responsável por levar a filosofia 
em uma direção mais ética e política, Sócrates foi um filósofo de tamanha 
relevância que a história dos filósofos da Grécia clássica é dividia em pré-
socráticos, socráticos (Platão, de certa dor Aristóteles, Plotino, além de outros) 
e pós-socráticos (Os helênicos). 
Sócrates nasceu em Atenas em 4701469 a.C. e morreu em 399 a.C., 
após condenado por "impiedade" foi acusado de não crer nos deuses da 
cidade e de corromper os jovens; mas, por trás de tais acusações, escondiam-
se ressentimentos políticos; ele teve de beber cicuta, um veneno mortal. 
Sócrates nada escreveu, considerando que a sua mensagem era 
transmissível pela palavra viva, atravésdo diálogo e da “oralidade dialética”, 
como já se disse muito bem. 
Sócrates representando o aluno começava o diálogo com um interlocutor, 
apresentando na falsa parte do mestre e constrangia este a definir de modo 
preciso os termos de seu discurso medir logicamente seu conhecimento. Na 
maioria das vezes, o resultado era que o interlocutor se confundia e caia em 
diversas contradições. De tal maneira, que refutava o interlocutor que era 
obrigado a reconhecer os próprios erros. O nome dessa arte era ironia que é a 
característica peculiar da dialética socrática, não apenas do ponto de vista 
formal, mas também do ponto de vista substancial. Em geral, ironia significa 
"simulação". Como uma espécie de brincadeira função de um objetivo sério e, 
portanto, sempre metódica. Portanto, dialogar com Sócrates levava a um 
"exame da alma" e a uma prestação de contas da própria vida, ou seja, a um 
"exame moral", como bem destacavam seus contemporâneos. 
Para Socratiza alma pode alcançar a verdade apenas "se ela estiver 
grávida". Sócrates desenvolveu um método próprio de análise filosófica, 
denominado de “maiêutica” (em grego “parto das ideias”), o qual tem como 
objetivo possibilitar ao homem o conhecimento de si mesmo. Como emprega a 
arte de fazer nascer, que é própria da obstetra, como se diz em grego 
“maiêutica”, Sócrates caracterizou justamente tal nome este momento e 
conclusivo de seu método. A maiêutica consiste em fazer perguntas e analisar 
as respostas de maneira sucessiva até chegar à verdade ou contradição do 
enunciado. Ela estimula o pensamento a partir daquilo que não conhecem, ou 
seja, pela ignorância. Daí a sua famosa frase: “eu só sei que nada sei”. 
Sócrates concentrou definitivamente seu interesse na problemática do 
homem procurando resolver os problemas do princípio e da physis, os 
naturalistas se contradisseram a ponto de sustentar tudo e o contrário de tudo 
você é uma, o ser é múltiplo, nada se move, tudo se move; nada se gera nem 
se destrói, tudo se gera e tudo se destrói. Àquilo que hoje chamamos de 
"virtude" os gregos denominavam “areté”, significando aquilo que torna uma 
coisa boa e perfeita naquilo que é; ou, melhor ainda, “areté” significa a 
atividade ou modo de ser que aperfeiçoa cada coisa, fazendo-a ser aquilo que 
deve ser. Por exemplo: a virtude do cão de caça é que ele seja astuto para 
encontrá-la, já a do cavalo é que ele corra bastante. Porém a virtude do homem 
não pode ser outra a não ser aquela que complete sua alma, aquilo que faz 
com que o homem seja homem, a essa virtude o conhecimento ou a sabedoria, 
ao passo que o vício seria a ignorância. 
 
Na ética socrática podemos enxergar a virtudes como. 
1)A virtude: (sabedoria, justiça, fortaleza, temperança) é a ciência ou o 
conhecimento; e o vício (cada um e todos os vícios) e a ignorância. 
2) Ninguém peca voluntariamente; quem faz o mal, fá-lo por ignorância do 
bem. 
 
A mensagem socrática é uma mensagem de felicidade. Em grego, 
"felicidade" se diz "eudaimonia", que, originalmente, significava ter tido a sorte 
de possuir um “demônio-guardião”( O daimonion socrático era, portanto, "uma 
voz divina" que lhe vetava determinadas coisas: ele o interpretava como 
espécie de oráculo, que o salvou várias vezes dos perigos ou de experiências 
negativas. Entretanto, entre as muitas acusações contra Sócrates estava 
também a de que era culpado de introduzir os daimonion, como novas 
entidades divinas. Abandonando assim os deuses gregos, ou seja, acusaram-
no de impiedade. 
 
 
 
3.2 Platão 
 
Platão (428 a.C.-347 a.C.) foi filosofo grego, considerado um dos 
principais pensadores de sua época. Discípulo de Sócrates, procurava 
transmitir uma profunda fé na razão e na verdade, adotando o lema de 
Sócrates "o sábio é o virtuoso". Quando Sócrates morreu, desiludiu-se com a 
política e dedicou-se à filosofia. Resolveu eternizar o pensamento e a imagem 
de seu mestre nos seus livros, onde existem vários diálogos que em sua 
maioria a personagem principal era Sócrates. Em Atenas, por volta de 387 
a.C., Platão fundou sua escola filosófica a "Academia", onde reunia seus 
discípulos para estudar Filosofia, Ciências, Matemática e Geometria. Entre 
suas principais obras está A República, na qual explicita a maior parte de suas 
teorias, principalmente a da melhor forma de organização da sociedade. 
A compreensão do pensamento Platônico não é fácil, porque ele não 
escreveu suas mensagens filosóficas em sua totalidade Platão viveu no 
momento em que acontecia uma revolução cultural que consistia em um 
conflito entre a oralidade e a escrita. 
Platão recuperou o valor cognoscitivo do mito como complemento do 
Logos; sua filosofia torna-se uma espécie de Mito de fé raciocinada, no sentido 
de que quando a razão chega aos limites extremos de suas capacidades, deve 
ultrapassar intuitivamente estes limites, aproveitando as possibilidades que se 
me oferecem na dimensão da Imagem e do mito. 
A principal descoberta da filosofia platônica é a da realidade superior ao 
mundo sensível ou seja uma dimensão suprassensível ou seja metafísica. O 
plano suprassensível é constituído pelo mundo das ideias (formas), tudo qual 
Platão fala nos diálogos e pelos princípios primeiros do Uno e da Díade, dos 
quais falando as doutrinas não escritas ponto as ideias platônicas não são 
simples conceitos mentais, são entidades ou essências que subsistem em si e 
por si em um sistema hierárquico bem organizado ( representado pela imagem 
do Hiperurânio) e que constituem o verdadeiro ser. 
No vértice do mundo das ideias encontra-se a ideia do bem, que coincide 
com o Uno das doutrinas não escritas. O Uno é o princípio do ser, da Verdade 
e dou valor. Todo o mundo inteligível Deriva da cooperação do princípio do 
Uno, que serve como limite, com o segundo princípio (a Díade de grande-e-
pequeno), entendido como uma determinação e ilimitação. 
O mundo inteligível é o resultado da cooperação bipolar e imediata dos 
dois princípios Supremos, o Uno e a díade. O mundo sensível do contrário, tem 
necessidade de um mediador de um artífice o qual Platão denomina de 
"demiurgo"; ele cria o mundo animado pela bondade: toma como molde as 
ideias e plasma O Receptáculo material informe. Seu trabalho é procurar 
descer na realidade física os modelos do mundo das ideias, em função das 
figuras geométricas e dos números. 
Os entes matemáticos, que estão no nível mais baixo do mundo 
inteligível, são, portanto, os entes intermediários mediadores que permitem a 
inteligência demiúrgica transformar o princípio caótico do sensível em cosmo, 
desdobrando de modo matemático a unidade na multiplicidade em função dos 
números e, portanto, produzir ordem deste modo, o mundo sensível aparece 
como cópia do mundo inteligível. O mundo inteligível é eterno, enquanto o 
sensível existe no tempo, que é imagem móvel do eterno. 
No começo, podemos definir a teoria das Ideias dizendo que o mundo 
sensível é apenas uma cópia do mundo ideal, e que o objeto da ciência é o 
mundo real das Ideias. Neste plano existem apenas cópias das Formas 
verdadeiras que se encontram no Mundo das Ideias. Para Platão, a razão é o 
instrumento que possibilita o conhecimento das verdades eternas que se 
encontram no referido mundo perfeito. Através do exercício intelectual, o 
homem pode relembrar verdades que já se encontram em seu íntimo e que 
foram anteriormente assimiladas pela alma no Mundo das Ideias. Com o mito 
da caverna é possível compreender essa temática. 
A República, onde explicita a maior parte de suas teorias da melhor forma 
de organização da sociedade. Segundo Platão, a alma humana não é uma 
unidade e múltipla, conforme a função que realize: conservação do corpo, 
proteção do corpo e conhecimento. Platão situa cada função da alma numa 
região do corpo: 
 
• Concupiscível (Ventre): Força motivadora dos impulsos Ela dá 
origem a desejos para estase outras coisas que, em cada caso, se 
baseiam, de forma simples e imediata, no pensamento de que a 
obtenção do objeto relevante do desejo é ou seria agradável. 
(autoafirmação). Entretanto essa parte é mortal e irracional. 
• Irascível (Peito): Incitação ao combate a tudo que é contra a vida; 
lutando contra qualquer ameaça a segurança do corpo e tudo quanto 
lhe cause dor e sofrimento. Essa parte também é mortal e irracional. 
• Racional (Cabeça): é a faculdade do conhecimento. Por sua própria 
natureza, está ligada ao conhecimento e à verdade. É, no entanto, 
preocupada em orientar e regular a vida que é idealmente 
responsável pela sabedoria, mas que leva em consideração as 
preocupações de cada uma das três partes separadamente e da 
alma como um todo. Parte espiritual e imortal, é função ativa e 
superior da alma, o princípio divino em nós. 
Para uma sociedade justa e equilibrada Platão dizia que cada pessoa 
nascia com aptidões distintas e que elas definiam a que classe as pessoas 
pertenceriam. Expõe assim sua concepção aristocrática da política, na qual os 
que tendem por prevalecer em si a alma concupiscível teriam como função 
social serem artesãos ou produtores de bens; os que possuíssem o irascível 
como tendência seriam os guardiões da cidade e assim haveria a Justiça que é 
o equilíbrio entre os três princípios sob a preponderância dos sábios e filósofos 
onde prevalece a alma racional (governantes). Disto surge a proposta 
platônica do Rei Filósofo. E assim se forma a sociedade ideal. 
 
VIRTUDES (Areté) CIDADE ALMA 
Sabedoria Governantes Raciocínio 
Coragem Guardiões Cólera 
Temperança Todas as classes 
Todos os 
elementos 
Justiça Todas as classes 
Todos os 
elementos 
 
 
3.3 Aristóteles 
 
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) foi um dos mais importantes filósofos 
gregos. nasceu em Estagira, na Macedônia e partiu para Atenas e começou a 
frequentar a Academia de Platão. em 335 a.C. Depois em Atena Aristóteles 
também decidiu fundar sua própria escola chamada Liceu. No Liceu, estudava-
se geometria, física, química, botânica, astronomia, matemática etc. 
A filosofia de Aristóteles é extremamente sistemática observemos este 
quadro: 
 
 
Aristóteles afirmava que só havia um mundo. A grande diferença era 
como conhecemos este mundo, pois captaremos através dos sentidos e do 
intelecto que ele considera como inato no homem. Ele cria o conceito de 
substância ao afirmar que não existe a ideia de um objeto e o dito objeto. Por 
sua vez, Aristóteles afirmava que só havia um mundo. Afirma que é possível 
superar a ideia abstrata platônica e conhecer as coisas em si mesmas, como 
por exemplo uma cadeira, através de características: como o material, a forma, 
a origem e a finalidade deste objeto. 
O Estagirita manifestou a opinião de que todos os objetos da natureza 
estavam em constante movimento. Classificou pela primeira vez os dois tipos 
de movimento reduzindo-a três nascimento destruição e transformação. 
A filosofia de Aristóteles abrange a natureza de Deus (metafísica) e do 
homem (ética) e do Estado (política). Segundo a metafísica aristotélica Deus 
não é o criador, mas o motor do universo. Deus não pode ser resultado de 
alguma ação, não pode ser escravo de amo algum, ele é a fonte de toda a 
criação, amo de todos os amos, o instigador de todo pensamento e primeiro 
motor do mundo que move todas as coisas. 
Eis os três primeiros princípios segundo Aristóteles: identidade: uma 
proposição é sempre ela mesma; não contradição: uma proposição somente 
pode ser falsa ou verdadeira e não ambas; terceiro excluído: não existe 
terceira hipótese para uma proposição: apenas falsa e verdadeira 
Ele também sugere que existem quatro causas para a existência de todas 
as coisas causa material: indica do que é feita a coisa; causa formal: indica 
qual a forma da coisa; causa eficiente indica o que dá origem a coisa; causa 
final indica qual a função da coisa. 
A ética aristotélica indica que tudo tende ao bem, pois o bem É o fim de 
todas as coisas ponto segundo o pensamento de Aristóteles a felicidade ou 
também chamada eudaimonia é o único objetivo do homem e para ser feliz é 
preciso fazer o bem a outrem então o homem é um ser social e mais 
precisamente um ser político o efeito cabe ao estado garantir o bem-estar e a 
felicidade dos seus governantes. Aristóteles também divide três formas de 
governo a monarquia aristocracia e a Democracia, o contrário destas três são a 
tirania a oligarquia demagogia respectivamente. 
 
4 A Filosofia Cristã 
 
4.1 Patrística 
 
A Patrística é a filosofia que teve como objetivo consolidar o papel da 
igreja e propagar os ideais do cristianismo. Baseadas nas Epístolas de São 
Paulo e o Evangelho de São João, a escola patrística advogou a favor da igreja 
e propagou diversos conceitos cristãos como o pecado original, a criação do 
mundo por Deus, ressureição de juízo final. 
 
4.1.1 Agostinho de Hipona 
 
Aurélio Agostinho (354-430), bispo de Hipona, nasceu em Tagaste na 
Argélia, e é um dos mais importantes iniciadores da tradição platônica no 
surgimento da filosofia cristã, sendo um dos principais responsáveis pela 
síntese entre o pensamento filosófico clássico e o cristianismo. Estudou em 
Cartago, e depois em Roma e Milão, tendo sido professor de retórica. 
Reconverteu-se ao cristianismo, que fora a religião de sua infância, em 386, 
após ter passado pelo maniqueísmo ele se havia integrado à seita maniqueísta 
no passado, uma doutrina persa que pregava a existência de dois polos 
equivalentes e em constante luta o bem e o mal.. e pelo ceticismo, doutrina 
segundo a qual o espírito humano não pode atingir nenhuma certeza a respeito 
da Verdade. No entanto foi a partir do pensamento neoplatônico que Agostinho 
mudou sua forma de pensar. Regressou então à África (388), fundando uma 
comunidade religiosa. Suas obras mais conhecidas são As confissões (400), de 
caráter autobiográfico. e A cidade de Deus, composta entre 412 e 427. 
Agostinho sofreu grande influência do pensamento grego, sobretudo da 
tradição platônica, através da escola de Alexandria e do neoplatonismo, com 
sua interpretação espiritualista de Platão. Sua filosofia tem como preocupação 
central a relação entre a fé e a razão, mostrando que sem a fé a razão é 
incapaz de promover a salvação do homem e de trazer-lhe felicidade. A razão 
funciona assim como auxiliar da fé, permitindo esclarecer, tornar inteligível, 
aquilo que a fé revela de forma intuitiva. Este o sentido da célebre fórmula 
agostiniana Credo ut intelligam (Creio para que possa entender). Na Cidade de 
Deus, Agostinho interpreta a história da humanidade como conflito entre a 
Cidade de Deus, inspirada no amor a Deus e nos valores cristãos, e a Cidade 
Humana, baseada exclusivamente nos fins e interesses mundanos e 
imediatistas. Ao final do processo histórico, a Cidade de Deus deveria triunfar. 
Devido a esse tipo de análise, Agostinho é considerado um dos primeiros 
filósofos da história, um precursor da formulação dos conceitos de historicidade 
e de tempo histórico. 
Agostinho verificou que todas as coisas são boas, porque são obras de 
Deus e o mal é culpa da forma como utilizamos o livre arbítrio. Todos os 
homens buscam a felicidade e o bem. Reconhecer o bem e a felicidade é o 
problema. Porque a felicidade somente se encontra em Deus, o bem Supremo 
e que nós temos esse conhecimento em nosso íntimo de forma confusa. Ele 
formula, assim uma nova doutrina sobre o conhecimento do homem. 
A doutrina da iluminação Divina caracteriza-se por uma luz que não é 
material e que se atinge quando do encontro com o conhecimento da verdade 
para que o homem possa ter uma vida feliz e beata. O lembrar-se disto, Isto é o 
recordasse de um conhecimento prévio é o que o filósofo denomina 
rememoração de Deus; herança da teoria da reminiscência platônica. 
 
 
4.2 Escolástica 
 
Filosofia Escolástica(séc. IX ao séc. XV): nesse período ocorreu uma 
retomada de muitos princípios filosóficos gregos. A grande preocupação da 
igreja era aliar a razão e a ciência aos ideais da igreja católica. Nesse contexto, 
surgiu a teologia que foi uma ciência que buscava explicar racionalmente a 
existência de Deus, da alma, do céu e inferno e as relações entre homem, 
razão e fé. 
 
4.2.1 Tomás de Aquino 
 
Tomás de Aquino nasceu em Roccasecca em 1221. Entrou na ordem dos 
dominicanos e foi discípulo de Alberto Magno. Ensinou em Paris nas principais 
universidades europeias colônia Bolonha Roma e Nápoles 
Tomás é o representante máximo da Escolástica. Sua Filosofia é 
considerada como um preâmbulo para a fé. Tendo um viés apologético sua 
filosofia permite discutir com quem não aceita nenhuma fé. 
Para o Aquinate a filosofia tem sua configuração e autonomia, mas não 
exaure tudo o que se pode dizer ou conhecer. Assim é preciso integrar a tudo 
que está contido na Sagrada doutrina em relação à Deus, ao homem, e ao 
mundo. A diferença entre a filosofia e a teologia não está no fato de que uma 
trata de certas coisas e a outra de outras coisas, porque ambas falam de Deus 
do homem e do mundo. A diferença está no fato de que a primeira oferece um 
conhecimento imperfeito daquelas mesmas coisas que a teologia está em 
condições de esclarecer. 
A metafísica de Tomás distingue o ente da Essência. ente é tudo o que é. 
O ente é tudo o que existe, a essência é (aquilo que é) de uma coisa; por isso é 
considerada a metafísica do ser. 
Diante do tema do ser parece que é necessário dizer logo que ele 
pertence ao âmbito do Mistério, do indizível já que Funda a própria 
possibilidade de todo discurso. Tal Filosofia é otimista, porque descobre um 
sentido para o fundo no fundo daquilo que existe; é uma filosofia do concreto já 
que você é o ato de todos os atos graças ao qual as essências existem de fato. 
O Angélico também considera a existência dos transcendentais. Todo 
ente é Uno, Verdadeiro, e Bom. Esses transcendentais convertem-se 
totalmente entre si. Dizer que o ente é uno significa dizer que ele não é 
contraditório, sendo não dividido. Dizer que ente é verdadeiro diz-se no sentido 
de que todo ente é inteligível. Dizer que o ente é bom significa exprimir que 
isso acontece porque tudo o que existe é fruto da Bondade Suprema e livre de 
Deus. 
Tomás também preocupou-se com a questão da analogia, este termo 
indica a relação de participação que existe entre o ser infinito de Deus Criador 
e o ser finito docentes criados: trata-se de uma relação analógica Isto é de 
semelhança intermediária entre a univocidade e a equivocidade, o que significa 
dizer que nem completamente idêntico e nem completamente diferente, você é 
o conceito analógico por Excelência enquanto se predicado toda realidade 
porque seu modo varia essencialmente de um gênero para o outro. 
Aqui se encontram alguns conceitos importantíssimos para entender a 
filosofia do Aquinate, com base em Aristóteles: 
 
ATO E POTÊNCIA 
 
Ato: tem o sentido de realidade que se realiza, que está se 
realizando é a forma atual da coisa. 
Potência: o que é simplesmente potencial ou possível. 
 
MATÉRIA-PRIMA E FORMA SUBSTANCIAL 
 
Matéria-prima: nunca é, senão em potência, que se atualiza pela 
forma e que há tudo dá origem e subjaz. 
Forma substancial: Da forma à matéria-prima formando a 
essência da coisa. 
 
 
 
 
 
 
ESSÊNCIA E ATO DE SER 
 
Essência: é tratada como elemento característico do ser em uma 
coisa, abrange tudo que está expresso na definição da coisa, tanto a sua 
forma com a sua matéria. 
Ato de ser: Dado por Deus, atualizando assim a essência dando 
criando um ente 
 
SUBSTÂNCIA E ACIDENTES 
 
Substância: o ente em si mesmo, não é em outro. 
Acidente: O ente que não é em si mesmo, mas é no outro. 
 
ENTE 
 
Tudo aquilo que é. 
 
 
 
 
 
 
5 Racionalismo X Empirismo: Renascimento e Ciência 
Moderna 
 
O Renascimento constitui a peculiaridade dá Renascença foi mais o 
nascimento de outra civilização de outra cultura: A Renascença representou o 
grandioso os fenômenos de regeneração e de reforma espiritual em que volta 
aos antigos e ficou um revivenciar das origens um retorno aos princípios 
autênticos e a imitação dos antigos revelou-se como caminho mais eficaz para 
recriar e regenerar assim mesmo.. 
O termo Humanismo foi usado pela primeira vez no início do ano 800 para 
indicar a área cultural coberta pelos estudos clássicos e pelo Espírito que lhe é 
próprio, em contraposição ao âmbito das disciplinas científicas. 
Logo depois ocorreu o nascimento da ciência moderna, no século XVII, 
que teve lugar de início a Europa Ocidental Cristã, em uma boa parte graças 
aos trabalhos que se desenvolveram ao longo de vários séculos na Idade 
Média. Contudo a nova ciência nasceu no meio de uma grande polêmica com a 
tradição anterior e, a falta de um equilíbrio que era difícil naquela época, foram 
abandonados os aspectos válidos do pensamento clássico juntamente com os 
erros. 
 
5.1 Descartes 
 
Nesse período surgiu René Descartes (1596-1650) que influenciou no 
nascimento de uma nova ciência, insistindo no enfoque matemático e 
realizando algumas contribuições parciais. Com efeito, utilizando-se do critério 
de evidência das ideias claras e distintas; reduziu a substância corpórea a 
extensão, e a mente a coisa pensante; negando a realidade das qualidades e 
eliminando o dinamismo próprio da matéria. 
Descartes introduziu o princípio da filosofia racionalista, que pretende 
vedar a Deus o direito de nos dar a conhecer pela Revelação verdadeira 
verdades que ultrapassam o alcance natural da nossa razão. Foi o criador do 
pensamento cartesiano, sistema filosófico que deu origem a filosofia moderna, 
sua principal obra foi o discurso do método um tratado filosófico e matemático 
onde está escrita a famosa frase "penso, logo existo" - Cogito ergo sum. 
Acreditava na existência de uma verdade absoluta, incontestável e porque 
para atingi-la desenvolveu então o método da dúvida, que consiste a 
questionar todas as ideias e teorias pré-existentes. 
Descartes convenceu-se de que a única verdade possível era sua 
capacidade de duvidar, reflexo de sua capacidade de pensar. Assim a verdade 
absoluta está sintetizada na fórmula eu penso, a partir da qual conclui sua 
própria existência, sua teoria passou a ser resumida na frase" penso, logo 
existo". 
 
5.2 O Empirismo Britânico 
 
Do lado contrário da corrente racionalista-cartesiana, estão os empiristas 
que acreditam que a única fonte possível de conhecimento está nos sentidos, 
na experiência. 
 
Francis Bacon propunha-se a entender quais seriam os entraves (ídolos) 
da mente humana, que atrapalhavam o desenvolvimento produtivo das 
ciências, para enfim, poder propor e aplicar seu novo método. 
• Ídolos da Tribo: “se alicerçam na própria natureza humana e na 
própria família humana ou tribo”. 
• Ídolos da Caverna: São advindos de cada indivíduo quando preso 
a uma espécie de caverna pessoal. 
• Ídolos do Foro: São ídolos, que através das palavras, penetram 
no intelecto. 
• Ídolos do Teatro: Ocorrem pela adesão a diversas doutrinas 
filosóficas e por causa das péssimas regras de demonstração 
delas. 
John Locke (1632-1704) escreveu: "as ideias das qualidades primárias 
dos corpos são semelhanças destas qualidades, e realmente existem seus 
modelos nos corpos mesmos; mas em nada se assemelham as ideias que é 
nos produzem as qualidades secundárias. Não há nada que resista nos corpos 
mesmos que se pareça a essas ideias nossas. Somente existe um poder para 
produzir em nós essas sensações nos corpos aos quais denominamos 
conforme a essas ideias; o que é doce, azul, ou quente segundo uma ideia, 
não é nos corpos assim denominados, senão certo volume forma e movimento 
das partes insensíveis dos mesmos corpos". 
A visão de “tabula rasa”que é o fundamento de sua doutrina é 
extremamente famoso dentro da filosofia por criticar os conceitos básicos do 
ideal racionalista ponto para o filósofo somos Como folhas em branco isso 
significa dizer que todos os conhecimentos possuídos pelo homem são 
adquiridos ao longo do tempo não tendo nenhuma influência prévia ou inata. 
Mas isso não significa que Locke considera a razão como algo descartável ou 
desnecessário, mas que somente temos que sair do inatismo natural para 
adentrar na recepção não critica dos conhecimentos que conseguimos pelos 
sentidos. Portanto a razão seria subordinada aos conhecimentos gerados pela 
experiência sensível. 
David Hume (1711-1776) formulou, a partir de sua posição empirista, 
uma crítica radical ao conceito de substância. Afirmou que a ideia de 
substância reduz-se a uma coleção de qualidades particulares que se 
encontram Unidas pela imaginação se trataria de um simples nome que 
impomos a essa coleção para conservar sua memória ponto ele busca 
estabelecer certos princípios que organizam os acontecimentos na mente do 
indivíduo dividindo em impressões e ideias. 
Conhecimento de ideias: neste caso a verdade pode ser conhecida por 
uma simples análise lógica do significado de determinadas ideias. A verdade 
independe completamente da relação com a experiência. Ou seja, podemos 
conhecer sem a necessidade da experiência, isto é, as impressões ponto 
exemplo: "o triângulo tem três lados". Conhecimento de impressões: são as 
proposições cuja verdade só pode ser conhecida mediante a experiência 
observando o mundo dos fatos para verificar se as coisas são verdadeiras ou 
falsas, a verdade ou a falsidade só pode ser determinada a posteriori. Exemplo: 
" este corpo é verde". 
O filósofo também não crê na causalidade de fatos, determinado 
acontecimento fato A, que sempre foi originado por um fato B, nenhuma 
instância garante que esses acontecimentos irão repetir-se infinitamente ponto 
o exemplo mais usado por ele é o nascer do sol, apesar de todos os dias ele 
nascer não existem garantias do nascimento de amanhã. 
6 Kant, Hegel e Marx 
 
6.1 Kant 
 
Immanuel Kant (1724-1804), devemos reconhecer que o verdadeiro giro 
histórico-filosófico se verificou com Descartes. Kant realiza o giro copernicano 
no campo da teoria do conhecimento enquanto diz que doravante nosso 
conhecimento não se orientará mais nos objetos, mas esses devem orientar-se 
em nosso conhecimento. A reviravolta kantiana caracteriza-se pela palavra 
transcendental. Em primeiro lugar, com esta palavra designa a tematização das 
condições a priori do conhecimento humano. 
Assim podemos dizer que pensar transcendentalmente é indagar pelas 
condições de possibilidade do conhecimento de objeto determinado no próprio 
sujeito deste conhecimento. Em outras palavras, indagar transcendentalmente 
é mostrar como o material recebido de fora, pelos sentidos, é transformado 
mediante a atividade do sujeito cognoscente em objeto do conhecimento. Este 
não é representação ou reprodução do real, mas uma constituição do objeto 
através de diferentes elementos, ou seja, uma espécie de produção da 
atividade criadora do homem. Assim o ponto de partida do conhecimento 
humano, segundo Kant, é a razão que imprime suas forças puras (categorias) 
nos objetos para assim constituí-los. Kant parte do a priori transcendental, ou 
seja, pergunta pelas condições de possibilidade do conhecimento em geral. 
Sua obra é essencialmente crítica, pois questiona a perspectiva objetivista. 
Na lógica afirma que a verdadeira filosofia consiste em responder a quatro 
perguntas: a) que posso saber? b) que devo fazer? c) que posso esperar? d) 
que é o homem? Segundo ele, a metafísica, a moral, a religião e a antropologia 
ocupam-se dessas perguntas. A última resume as três primeiras. Também 
nega a metafísica como ciência possível. 
Kant faz a diferença entre dois tipos de juízos. Os Juízos Sintéticos a 
posteriori: são aqueles em que o predicado não está contido no sujeito, mas 
relaciona-se a ele por uma síntese. - Juízos Sintéticos a priori: são juízos em 
que também o predicado não é extraído do sujeito, mas que pela experiência 
forma-se como algo novo, construído. 
 
6.2 Hegel 
 
Nos tempos modernos, a questão chegou ao auge no sistema filosófico 
de Georg Friedrich Hegel (1770-1831), um dos maiores gênios da filosofia de 
todos os tempos. Conduz o idealismo alemão ao ápice da sistematização. 
O finito, segundo ele, não pode ser pensado sem pensar o infinito, pois 
não é conceito isolado e com conteúdo próprio. O finito consiste em ser 
momento do verdadeiro infinito. O finito é atingido de negação, mas não é 
simples negação, uma vez que é limitado por outro que não é ele mesmo. Por 
isso devemos negar a negação e afirmar que o finito é mais que finito, ou seja, 
que é momento da vida do infinito. 
Segundo Hegel, Deus deve ser visto como aquele que passa por uma 
história e nela se revela. Este é o tema de sua obra filosófica A fenomenologia 
do Espírito. Como se é de imaginar, o Método Dialético, frequentemente 
referido apenas como Dialética, é uma forma de discurso entre duas ou mais 
pessoas que possuem diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto, 
mas que pretendem estabelecer a verdade através de argumentos 
fundamentados e não simplesmente vencer um debate ou persuadir o opositor. 
Em Hegel existe o idealismo absoluto com a Tríade dialética de tese, antítese 
e síntese, cuja síntese supera a tese e a antítese e penetra-os. 
 
6.3 Marx 
 
O pensamento de Karl Marx influenciou grande parte dos movimentos 
políticos do século XX. Assim, o marxismo se tornou ao mesmo tempo uma 
importante teoria da sociedade moderna e uma influente doutrina para 
movimentos sociais de contestação ao capitalismo e de promoção do 
comunismo ou do socialismo. 
Karl Marx, sociólogo e filósofo alemão, trabalha com o conceito de 
materialismo histórico dialético. Ao contrário do idealismo hegeliano (que 
acreditava que tudo era realização do espírito - Geist), o marxismo defende que 
o responsável pela realização da história é o ser humano com necessidades 
materiais de produção, que se realiza no seu trabalho. 
Na linguagem dialética (tese, antítese e síntese), há a luta de classes. 
Exemplo: burguesia (tese), o proletariado (antítese) e revolução socialista 
(síntese). 
Comunismo não é uma identidade para o socialismo. O socialismo é um 
trajeto que sai do capitalismo, vai para um Estado socialista (proveniente de 
uma revolução proletária) e, com a ditadura do proletariado, o mundo é 
conduzido para o comunismo (sociedade sem classes). 
Na ótica marxista, nós já vivemos uma ditadura: a ditadura burguesa. 
Para desmontá-la, Marx dizia que era necessário haver uma ditadura proletária, 
que conduziria o mundo ao comunismo. 
Durante a Comuna de Paris (1871), que ocorreu no final da unificação 
alemã, muitos parisienses ocuparam as ruas da capital francesa e montaram 
governos comunais. 
Na perspectiva marxista, o trabalho é o realizador da vida humana. Antes 
da indústria, o ser humano produzia coisas que ele precisava. Com a indústria, 
esse ser humano torna-se proletário e opera máquinas, produzindo coisas que 
ele não vai usar ou, muitas vezes, nem tem dinheiro para comprar. Esse ser 
humano está, portanto, alienado do seu trabalho. 
7 Nietzsche e Sartre 
 
7.1 Nietzsche 
 
O alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844-1900) formou-se como 
filólogo clássico em Bonn. Chegou à filosofia por meio da leitura de Arthur 
Schopenhauer, o que, com a admiração por Richard Wagner e a paixão pelo 
mundo grego, determinou, em boa parte, seus primeiros escritos. Foi um crítico 
feroz da filosofia socrática que, segundo ele, tirou do ser humano as forças 
apolíneas (ordem, equilíbrio, beleza, racionalidade) e dionisíacas (paixão, 
terror, intensidade) e criticou especialmente da tradição filosófica e do 
cristianismo que,segundo ele, levaram o homem à submissão e impediram-no 
de se desenvolver como um “espírito livre”. 
Estes são os quatro pontos vitais da filosofia nietzschiana: a vontade de 
potência, o super-homem, a autossuperação da moral e o eterno retorno. 
Para ele, existe uma moral que é do escravo e outra que é do senhor. 
Nietzsche critica a moral cristã, pois corresponde à moral do escravo, que é 
subserviente. Ele defende que se tenha a moral do senhor, aquele que conduz 
seu destino. 
O super-homem de Nietzsche é aquele que se libertou completamente 
das amarras da moral do escravo. É um ser humano, cuja moral é ele próprio e 
que tem vontade de potência (aquilo que realiza a vida). Niilismo, ao contrário 
de vontade de potência, nega a vida. É desse modo que o homem supera as 
antigas oposições metafísicas (essência/aparência, sensível/inteligível, 
mutável/permanente) e se toma consciente de estar integrado ao cosmo. Esse 
processo o conduz à criação de novos valores, ascendentes, e ao fazer isso. 
 
7.2 Sartre 
 
Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu em Paris, dia 21 de junho de 
1905. foi um filósofo e crítico francês. É considerado um dos maiores 
pensadores do século XX e representantes da filosofia existencialista. A 
corrente existencialista é pautada na liberdade do ser humano e de acordo com 
Sartre: “Estamos condenados a ser livres.” O ser humano está condenado a 
ser livre. Para Sartre, fazer escolhas - o livre arbítrio - é algo angustiante. A 
liberdade é uma angústia do homem. 
A filosofia existencial de Sartre, intuição que fundamenta todo o seu 
pensamento, é fruto de sua experiência, tanto pessoal quanto histórica. Num 
contexto conturbado, de grandes guerras e de desvalorização do homem, 
Sartre se impõe como expoente da filosofia existencialista. Em seus escritos, 
se mostra uma pessoa que não apenas passou pela existência, mas que se fez 
questionar o sentido real dessa, e que conferiu à mesma um fim diferente, livre 
de deliberações exteriores. 
Enquadrado no que chamamos de Existencialismo Ateu, ele tentou 
compreender a existência fora das explicações divinas. Publicou O Ser e o 
Nada, sua obra filosófica mais conhecida, versão pessoal da filosofia 
existencialista de Heidegger. O ser humano existe como uma coisa (em si), 
mas também como uma consciência (para si), que sabe da existência das 
coisas, sem ser ela mesma uma em si com tais coisas, mas sua negação (o 
nada). 
Para Sartre, a aparição não esconde a essência: o fato de não 
conseguirmos captar, pela aparição, a essência, não significa que o fenômeno 
está escondendo essa essência. Ele é capaz de explicar a aparência. faz, 
também, uma distinção entre o ser-do-fenômeno (algo além da consciência) e 
o fenômeno-do-ser (a aparição). Segundo ele o ser humano existe como uma 
coisa e uma consciência (mente). A consciência como fluxo contínuo: ela não é 
uma coisa dura, tem leveza; ela não é um lugar, nem fixa, nem estática. 
A consciência localiza o homem ante a possibilidade de escolher o que 
será. Esta é a condição da liberdade humana. Escolhendo sua ação, o homem 
se escolhe a si mesmo, mas não escolhe sua existência, que já lhe vem 
concedida e é requisito de sua escolha, daqui surge a famosa máxima 
existencialista: a existência precede a essência. 
8 Filosofia do Brasil 
 
Mesmo tratando-se de um país novo em relação à Itália, contando cinco 
séculos de existência, o Brasil dispõe de algumas tradições culturais que se 
têm revelado muito sólidas. Assim, embora o intercâmbio filosófico obrigue que, 
de uma forma ou de outra, por aqui repercutam as principais correntes 
europeias, estas encontram maior ou menos receptividade na medida em que 
se afeiçoam a essa ou aquela tradição cultural. 
Considerando o que se poderia denominar de Época Moderna em 
Portugal, trata-se de fenômeno tardio, situado na segunda metade do século 
XVIII. Desde então, estruturam-se duas tradições culturais consistentes e uma 
terceira mais débil, todas repousando em doutrinas filosóficas perfeitamente 
explicitadas, embora, no fundo, seu sustentáculo efetivo resida no substrato 
moral, este nem sempre formulado com clareza, pelo menos em relação a 
todas as três tradições em seus diversos ciclos. 
As duas tradições fortes são o tradicionalismo e o cientificismo. E, a 
terceira, mais débil, a liberal. As duas primeiras sobrevivem e chegam a dar o 
tom no Período Contemporâneo, que é justamente o objetivo desta exposição, 
que espero seja breve e informativa, ainda que peque em relação a outros 
aspectos, certamente relevantes, mas, na circunstância, tidos à conta de 
secundários, à vista da limitação do espaço. 
Define-se o Período Contemporâneo da Filosofia como aquele em que se 
consuma a superação do positivismo, entendido globalmente como a crença no 
desaparecimento dos problemas que sustentaram a meditação filosófica 
através dos tempos, graças ao progresso das ciências. Apenas para explicitar 
o que tenho em mira, tal superação está consumada na Alemanha na altura da 
Primeira Guerra Mundial, quando há de novo uma corrente filosófica 
dominante, o neokantismo, principal marco referencial da Filosofia 
contemporânea naquele país. 
No Brasil, processo análogo somente se consuma por volta da década de 
trinta. Os marcos referenciais são os livros O problema fundamental do 
conhecimento (1937), de Francisco Pontes de Miranda (1892-1979); Kant e a 
idéia do Direito (1932), de Djacir Menezes (nasc. 1910) e Fundamentos do 
direito (1940), de Miguel Reale (nasc. 1910). Tais obras coroam as duas linhas 
principais do embate com os positivistas, a primeira no âmbito da filosofia das 
ciências e, a segunda, no plano da filosofia do direito. Essas correntes em 
formação (a neopositivista e a neokantiana) têm, entretanto, que conviver com 
as vertentes tradicionais, que assumirão nova feição, a saber, o tradicionalismo 
apropriando-se do neotomismo e a cientificista encaminhando-se na direção do 
que se convencionou denominar de versão positivista do marxismo. 
 
8.1 Urbano Zilles 
 
Urbano Zilles (nasc. em 1937) trilhando o caminho de Van Acker (1896-
1986), teve a oportunidade de demonstrar que tem algo de valor a dizer em 
relação a cada um dos temas contemporâneos mais acentuados. Para tanto, 
contudo, compete reconhecer a distinção um pouco ignorada entre a 
perspectiva filosófica e o sistema filosófico. Somente tomando o tomismo como 
uma perspectiva filosófica – e não simplesmente como um sistema – torna-se 
possível entreter aquele diálogo um tanto quanto complexo. 
9 As cinco vias da existência de Deus (Sth I, q. 2, a. 3)4 
 
Art. 3 — Se Deus Existe. 
(I Sent., dist. 3, div. Prim. Part. Textus; Cont. Gent. I, 13, 15, 16, 44; II, 15; 
III, 44; De Verit., q. 5, a. 2; De Pot., q. 3, a. 5; Compend. Theol., c. 3; VII 
Physic., lect. 2; VIII, lect. 9 sqq; XII Metaph., lect. 5 sqq.) 
 
O terceiro discute-se assim — Parece que Deus não existe. 
 
1. Pois, um dos contrários, sendo infinito, destrói o outro totalmente. E 
como, pelo nome de Deus, se intelige um bem infinito, se existisse Deus, o mal 
não existiria. O mal, porém, existe no mundo. Logo, Deus não existe. 
 
2. Demais — O que se pode fazer com menos não se deve fazer com 
mais. Ora, tudo o que no mundo aparece pode ser feito por outros princípios, 
suposto que Deus não exista; pois, o natural se reduz ao princípio, que é a 
natureza; e o proposital, à razão humana ou à vontade. Logo, nenhuma 
necessidade há de se supor a existência de Deus. 
 
Mas, em contrário, diz a Escritura (Ex 3, 14), da pessoa de Deus: Eu sou 
quem sou. 
 
SOLUÇÃO. — Por cinco vias pode-se provar a existência de Deus. A 
primeira e mais manifesta é a procedente do movimento; pois, é certo e 
verificado pelos sentidos, que alguns seres são movidos neste mundo. Ora, 
todo o movido por outro o é. Porque nada é movido senão enquanto potencial, 
relativamente àquilo a que émovido, e um ser move enquanto em ato. Pois 
mover não é senão levar alguma coisa da potência ao ato; assim, o cálido 
atual, como o fogo, torna a madeira, cálido potencial, em cálido atual e dessa 
maneira, a move e altera. Ora, não é possível uma coisa estar em ato e 
potência, no mesmo ponto de vista, mas só em pontos de vista diversos; pois, 
 
4 PERMANÊNCIA. Suma Teológica < https://permanencia.org.br/drupal/node/148.html> Acesso 
em 06 de Março de 2019. 
o cálido atual não pode ser simultaneamente cálido potencial, mas, é frio em 
potência. Logo, é impossível uma coisa ser motora e movida ou mover-se a si 
própria, no mesmo ponto de vista e do mesmo modo, pois, tudo o que é movido 
há-de sê-lo por outro. Se, portanto, o motor também se move, é necessário 
seja movido por outro, e este por outro. Ora, não se pode assim proceder até 
ao infinito, porque não haveria nenhum primeiro motor e, por conseqüência, 
outro qualquer; pois, os motores segundos não movem, senão movidos pelo 
primeiro, como não move o báculo sem ser movido pela mão. Logo, é 
necessário chegar a um primeiro motor, de nenhum outro movido, ao qual 
todos dão o nome de Deus. 
 
A segunda via procede da natureza da causa eficiente. Pois, descobrimos 
que há certa ordem das causas eficientes nos seres sensíveis; porém, não 
concebemos, nem é possível que uma coisa seja causa eficiente de si própria, 
pois seria anterior a si mesma; o que não pode ser. Mas, é impossível, nas 
causas eficientes, proceder-se até o infinito; pois, em todas as causas 
eficientes ordenadas, a primeira é causa da média é esta, da última, sejam as 
médias muitas ou uma só; e como, removida a causa, removido fica o efeito, se 
nas causas eficientes não houver primeira, não haverá média nem última. 
Procedendo-se ao infinito, não haverá primeira causa eficiente, nem efeito 
último, nem causas eficientes médias, o que evidentemente é falso. Logo, é 
necessário admitir uma causa eficiente primeira, à qual todos dão o nome de 
Deus. 
 
A terceira via, procedente do possível e do necessário, é a seguinte — 
Vemos que certas coisas podem ser e não ser, podendo ser geradas e 
corrompidas. Ora, impossível é existirem sempre todos os seres de tal 
natureza, pois o que pode não ser, algum tempo não foi. Se, portanto, todas as 
coisas podem não ser, algum tempo nenhuma existia. Mas, se tal fosse 
verdade, ainda agora nada existiria pois, o que não é só pode começar a existir 
por uma coisa já existente; ora, nenhum ente existindo, é impossível que algum 
comece a existir, e portanto, nada existiria, o que, evidentemente, é falso. 
Logo, nem todos os seres são possíveis, mas é forçoso que algum dentre eles 
seja necessário. Ora, tudo o que é necessário ou tem de fora a causa de sua 
necessidade ou não a tem. Mas não é possível proceder ao infinito, nos seres 
necessários, que têm a causa da própria necessidade, como também o não é 
nas causas eficientes, como já se provou. Por onde, é forçoso admitir um ser 
por si necessário, não tendo de fora a causa da sua necessidade, antes, sendo 
a causa da necessidade dos outros; e a tal ser, todos chamam Deus. 
 
A quarta via procede dos graus que se encontram nas coisas. — Assim, 
nelas se encontram em proporção maior e menor o bem, a verdade, a nobreza 
e outros atributos semelhantes. Ora, o mais e o menos se dizem de diversos 
atributos enquanto se aproximam de um máximo, diversamente; assim, o mais 
cálido é o que mais se aproxima do maximamente cálido. Há, portanto, algo 
verdadeiríssimo, ótimo e nobilíssimo e, por consequente, maximamente ser; 
pois, as coisas maximamente verdadeiras são maximamente seres, como diz o 
Filósofo. Ora, o que é maximamente tal, em um gênero, é causa de tudo o que 
esse gênero compreende; assim o fogo, maximamente cálido, é causa de 
todos os cálidos, como no mesmo lugar se diz. Logo, há um ser, causa do ser, 
e da bondade, e de qualquer perfeição em tudo quanto existe, e chama-se 
Deus. 
 
A quinta procede do governo das coisas — Pois, vemos que algumas, 
como os corpos naturais, que carecem de conhecimento, operam em vista de 
um fim; o que se conclui de operarem sempre ou frequentemente do mesmo 
modo, para conseguirem o que é ótimo; donde resulta que chegam ao fim, não 
pelo acaso, mas pela intenção. Mas, os seres sem conhecimento não tendem 
ao fim sem serem dirigidos por um ente conhecedor e inteligente, como a seta, 
pelo arqueiro. Logo, há um ser inteligente, pelo qual todas as coisas naturais se 
ordenam ao fim, e a que chamamos Deus. 
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz 
Agostinho, Deus sumamente bom, de nenhum modo permitiria existir algum 
mal nas suas obras, se não fosse onipotente e bom para, mesmo do mal, tirar o 
bem. Logo, pertence à infinita bondade de Deus permitir o mal para deste fazer 
jorrar o bem. 
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A natureza, operando para um fim 
determinado, sob a direção de um agente superior, é necessário que as coisas 
feitas por ela ainda se reduzam a Deus, como à causa primeira. E, 
semelhantemente, as coisas propositadamente feitas devem-se reduzir a 
alguma causa mais alta, que não a razão e a vontade humanas, mutáveis e 
defectíveis; é, logo, necessário que todas as coisas móveis e suscetíveis de 
defeito se reduzam a algum primeiro princípio imóvel e por si necessário, como 
se demonstrou. 
 
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO I
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO II
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO III
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO IV
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO V
166
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO VI
185
Marcus Vinicius
Rectangle
Marcus Vinicius
Typewriter
ANEXO VII
186
Marcus Vinicius
Rectangle
	Untitled
	Untitled

Outros materiais